Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 01 (Parte 3) – Vol 06 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 01 (Parte 3) – Vol 06

Capítulo 1 – Um quarto de um dia. (Parte 3)

Tradução: Tinky Winky

— Ohm, rel, ect, el, vel, darsh! — Shihoru usou o feitiço Shadow Echo (Eco das Sombras) para lançar três elementais das sombras, que atingiram o gigante branco. O dano foi mínimo, sem dúvida, mas sua magia era puramente de suporte aqui.

— …Ufa. — Ranta se aproximou de Haruhiro e se agachou.

— Bom trabalho — disse Haruhiro, olhando ao redor enquanto falava.

Enquanto fazia isso, ele flexionava os joelhos, pronto para se mover a qualquer momento. Por causa disso, em momentos assim, Haruhiro ficava em uma posição levemente inclinada para frente, com os braços soltos ao lado do corpo, olhando ao redor com olhos cansados. Se alguém que não o conhecesse visse, provavelmente pensaria: Esse cara tá bem?

Haruhiro sabia que aquela não era uma boa postura, mas era a posição ideal para ele, então não havia muito o que pudesse fazer. Ele já tinha desistido de parecer estiloso. Por enquanto, precisava focar na praticidade. Haruhiro nunca seria como Tokimune.

Falando em Tokimune, ele chegou aos novos inimigos antes de Kuzaku.

— A verdadeira arte de matar no ar! — gritou Tokimune.

Saltando de telhado em telhado, ele desceu com um chute espetacular na cabeça do Pansuke F. Depois de derrubá-lo e aterrissar, Tokimune afastou a lança do Pansuke G com seu escudo e enfiou sua espada no buraco do olho do cultista. Sem perder o ritmo, avançou sobre o Pansuke H e o atingiu com os golpes Bash (Pancada) e Double Thrust (Dupla Estocada). Pansuke H conseguiu torcer o corpo para evitar um golpe fatal no olho, mas estava completamente sobrecarregado e recuava. Quando Kuzaku e os outros dois finalmente chegaram, a luta já estava ganha.

Tokimune era forte. Ele era forte quando se empolgava e também quando estava encurralado. Basicamente, ele era sempre forte. Além disso, tinha carisma e uma boa personalidade.

Se ele tinha uma falha, talvez fosse o fato de ser impulsivo, arbitrário, e de sair correndo para fazer as coisas por conta própria. Mas isso era algo comum entre todos os membros dos Tokkis.

Quando as pessoas são parecidas, muitas vezes elas se tornam hostis e rejeitam umas às outras, mas isso não acontecia com os Tokkis. Todos pareciam se dar bem e se divertir, então deviam estar fazendo algo certo.

— Go, go! — O gigante branco provavelmente tinha medido mal as distâncias, pois colidiu com um prédio enquanto se movia de forma quase rastejante. Não, ele não conseguia enxergar, então não podia medir coisa alguma.

— Seu brutamontes desajeitado! — berrou Tada.

Como se estivesse esperando por esse momento, Tada desferiu uma série de golpes no cotovelo do gigante branco, quase destruindo-o. Agora, tanto o joelho quanto o cotovelo esquerdo do gigante tinham sofrido danos graves. Em seguida, mirando no pé direito do gigante branco, Tada atacou o tornozelo, e depois de mais alguns golpes, derrubou o calcanhar. O joelho direito também já havia sido atingido, então o alcance de movimento do gigante branco estava bastante limitado agora.

Haruhiro assentiu.

— Ranta. Mais uma vez, é sua vez.

— Heh. — Ranta se levantou, balançando a cabeça de um lado para o outro, girando os ombros e respirando fundo. — Tudo bem, se você insiste. Eu vou fazer isso!

— Tada-san! — Haruhiro gritou.

Quando Haruhiro deu o sinal, Tada recuou, e Ranta entrou em seu lugar.

Tada foi para um beco. Provavelmente pretendia subir no telhado.

— Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! — Ranta acertou o gigante branco com sua Lightning Sword Dolphin. Ele acertou. E acertou, e acertou, e acertou, e acertou, e acertou, e acertou, e acertou.

Parecia que Tokimune e os outros já haviam terminado de eliminar os reforços inimigos. Eles estavam voltando para cá.

Tada deu um mortal para frente descendo do telhado.

Ainda assim, estou impressionado que ele consiga fazer algo tão perigoso, pensou Haruhiro. Neste ponto, isso não o surpreendia mais, mas ainda o impressionava.

Ultra! Somersault! Booomb! — O martelo de guerra de Tada desceu com força incrível sobre a nuca do gigante branco.

Eles já tinham tentado muitas coisas diferentes, mas os pontos fracos de um gigante branco pareciam ser seu único olho e a nuca. Ou melhor, comparado ao resto do corpo, a pele nesses lugares era um pouco mais fina. Não era apenas que seus pescoços eram especialmente vulneráveis a impactos; parecia que também havia algo análogo à medula espinhal dos humanos ali. Era uma área difícil de atingir, mas os ataques que acertavam ali eram extremamente eficazes.

— Já chega, Ranta! — Haruhiro gritou.

— Eu sei?! — Ranta se afastou do gigante branco.

Embora Tada tenha caído no chão depois de usar seu Somersault Bomb, ele parecia ter aterrissado bem.

O gigante branco desabou de frente. Nesse ponto, Haruhiro não precisou motivar ninguém.

— Certo, party time! Não é?! — Anna-san gritou.

Com essa declaração, Mimorin foi a primeira a começar a subir nas costas do gigante branco. Tokimune rapidamente a alcançou e passou à frente, seguido por Kikkawa e Inui. Kuzaku veio um pouco depois deles. Ranta e Tada correram em direção ao gigante branco e começaram a golpeá-lo. E a esfaqueá-lo.

Haruhiro sentiu vontade de participar também, mas se conteve. Não havia necessidade, e mais cultistas podiam aparecer. Também era possível que outro gigante branco viesse para cá.

Haruhiro, Yume, Shihoru e Mary ficaram à margem dessa celebração impiedosa, sem participar. Eles torciam junto com Anna-san.

Preciso manter a cabeça fria o tempo todo, pensou Haruhiro. Claro, haverá momentos em que terei que arriscar minha vida também. Quando esses momentos chegarem, em vez de raciocinar, a única opção será confiar no instinto e na selvageria, e contar com a agilidade para me salvar, tenho certeza. Mas eu não quero provocar esse tipo de situação, e para evitá-las, preciso realmente me manter calmo.

Você é chato, sabia?, Ranta sempre dizia para ele. Haruhiro não achava que fosse uma pessoa interessante. Se estavam dizendo que ele era chato, provavelmente era verdade.

Minha personalidade é simples. Meu rosto é comum. No meio da média, ou até abaixo. Também não sou alto. Não sou especialmente perspicaz, nem alguém que tem um talento incrível mas está tentando esconder isso ou algo assim. O melhor que posso dizer é que sou mediano. Bem, sou normal.

A questão é que eu não me importo com meu eu atual, alguém que pode dizer “Estou bem com ser normal” e não se menosprezar por isso.

Eu sou normal, e tenho certeza de que vou continuar sendo normal. Não posso me tornar alguém especial, e nem estou tentando. Embora não seja como se eu estivesse satisfeito com a situação atual, também.

Eu diria para dar um passo de cada vez, mas isso é pedir demais, então meio passo está bom. Mesmo que seja só um quarto de um passo, e mesmo que não possamos fazer tanto progresso todos os dias, daqui a dez dias, eu quero ter avançado um pouco mais.

De alguma forma, tenho a sensação de que estamos conseguindo isso. Talvez seja por isso que consigo não me odiar.

Estou fazendo o meu melhor, certo? Além disso, tenho resultados para mostrar, o que significa que estou sendo recompensado, não é? Ser recompensado pelo esforço é uma bênção, correto? Isso significa que sou bastante afortunado, não sou? Posso olhar para o céu e dizer a Manato e Moguzo, que nunca veremos novamente: “Ainda estamos nos esforçando, pessoal.” Não é incrível?

Eu acho que é.

Enquanto observava o massacre com seus olhos sonolentos, Haruhiro olhou ao redor para garantir que nenhum novo inimigo estivesse chegando. Não importa o quão vantajosa fosse a situação, mesmo que a batalha estivesse praticamente decidida, algo poderia acontecer de repente para mudar tudo. Se isso acontecesse, aconteceria, e eles teriam que aceitar e seguir em frente, mas ele não queria tomar esse tipo de decisão se não fosse necessário.

A nuca do gigante branco e a parte de trás da cabeça dele estavam praticamente destruídas, e ele já havia parado de se mover. Parecia estar morto.

Mas, de certa forma, a parte mais difícil de lidar com um gigante de quatro metros ainda estava por vir. Era uma tarefa demorada e incômoda, mas que valia a pena.

A princípio, os gigantes brancos eram essas coisas enormes e perigosas que só atrapalhavam, e a party de Haruhiro os tratava como algo de que deviam fugir assim que os vissem. No entanto, Shinohara, do Clã Orion, descobriu que os gigantes brancos possuíam vários órgãos internos onde um metal desconhecido estava concentrado. Desde que alguém espalhou essa descoberta, os gigantes brancos se tornaram alvos preferidos dos soldados voluntários.

A propósito, isso não era algo recente. Tinha acontecido quase um mês atrás.

— Achei uma piroxena arco-íris! — gritou Ranta, como um idiota, segurando uma esfera com quinze centímetros de diâmetro, que brilhava com as cores de um arco-íris, como o nome sugeria.

Até onde Haruhiro sabia, esses órgãos de piroxena arco-íris, que eram exclusivos dos gigantes brancos, normalmente tinham o tamanho de um punho, então essa era considerada grande.

— Eu também! Eu também! Eu também! Eu achei uma! — Kikkawa ergueu outra piroxena arco-íris, com um olho fechado e a língua de fora. Essa segunda tinha cerca de dez centímetros de diâmetro, talvez. Ainda assim, não era pequena.

No final, essas foram as únicas duas piroxenas arco-íris que eles extraíram do gigante branco. No entanto, ao despirem os ponchos dos cultistas e revistá-los, encontraram vários acessórios com pequenas peças de piroxena arco-íris incrustadas. Essas piroxenas tinham sido polidas com cuidado, então, apesar de pequenas, tinham um valor alto.

— Bom, eu diria que vamos fazer umas seis — disse Tokimune de cima dos restos do gigante, exibindo seus dentes brancos em um sorriso brilhante.

Enquanto pensava, Uau, eles são brilhantes, Haruhiro inclinou a cabeça de lado em dúvida.

— Nah… Eu diria que umas cinco, talvez?

— Só? — perguntou Tokimune.

— Provavelmente.

Cinco moedas de ouro. Dividido meio a meio com os Tokkis, a parte da party de Haruhiro seria duas moedas de ouro e cinquenta pratas. Dividido em seis partes, dava um pouco mais de 41 pratas para cada um. Nada mal. Ou melhor, era uma quantia incrível que eles jamais poderiam ter imaginado ganhar alguns meses atrás.

Não posso me acostumar com isso, ele pensou. Tenho que presumir que ganhar essa quantia não será algo garantido.

Os restos do gigante branco teriam que ser deixados onde estavam, mas pelo menos eles arrastaram os corpos dos cultistas para a beira da estrada antes da party de Haruhiro e os Tokkis seguirem em frente.

Logo, eles passaram por alguém. Não era um cultista, nem um gigante branco, mas um humano.

Não, humanos. Para ser preciso, soldados voluntários.

— Oh. — O caçador que liderava a party emanava uma vibração desagradável. Ele vestia uma roupa de couro, um chapéu com uma pena e carregava um arco e uma aljava de flechas nas costas. Provavelmente era um pouco mais velho que Haruhiro e os outros. Tinha olhos de raposa e uma boca torta. — São os Matadores de Goblins e os palhaços.

— Olá, Kuzuoka-san. — Haruhiro inclinou levemente a cabeça.

Entre todos os soldados voluntários mais experientes, havia alguns com quem ele não ficava feliz de ter que falar, e esse era um deles. Eles não tinham tido muita interação, mas Haruhiro tinha uma mágoa desse homem. Quando tinham acabado de chegar em Grimgar, Kuzuoka tentou recrutar Moguzo para sua party, depois roubou seu dinheiro e o abandonou.

— Tch… — Ranta estalou a língua, com desdém.

Kuzuoka estreitou os olhos, tentando intimidá-los com um “Huhhh…?”

Havia um guerreiro, um ladrão, um mago, um sacerdote e um cavaleiro das trevas seguindo Kuzuoka. Um parecia querer dizer “Lá vamos nós de novo…”, outro estava impassível, e outro parecia achar a situação divertida. Cada um dos cinco tinha sua própria reação, mas nenhuma delas era remotamente amigável.

— Ora, ora, ora, Kuzuoka-saaaaan — Kikkawa interrompeu, dando um tapa no ombro de Kuzuoka de forma exageradamente amigável. — Já faz séculos. Tá tudo bem com você, Kuzuoka-saaaaan? Como têm sido as coisas ultimamente?

— Droga, não me toque, Merda-kawa! — Kuzuoka gritou.

— Hã? O que é isso? Eu sou fofo pra caramba? Cara, sempre achei que fosse.

— Eu não disse isso, estúpido!

— Não, não, não precisa ser tímido, Lixo-oka-saaaaan. Ops, errei, é Kuzuoka! Malz, malz! Vou refletir sobre o que fiz!

 

(NT: Kuzu, escrito em katakana, pode significar ‘lixo’, ‘escória’ ou ‘pedaço de bosta’).

 

— Não tem como você refletir sobre coisa alguma! — Kuzuoka gritou.

— É! Não vou! Hehe!

— Você me irrita, sabia? — Kuzuoka rosnou. — Saia do caminho, ou morra! Eu vou te matar!

— Isso não é possível — disse Tokimune com um sorriso amigável. — Não te conheço muito bem, mas sei que você é mais fraco do que eu. Quer testar e ver?

— N-Não vou fazer isso! — Kuzuoka empurrou Kikkawa para o lado.

— Vamos embora! — ordenou aos seus companheiros, e eles foram saindo. Mesmo enquanto se afastava, Kuzuoka continuava a murmurar o que pareciam ser insultos ao grupo, algo bem típico dele.

— Aquele cara. — Ranta chutou o chão. — Com uma personalidade podre dessas, me surpreende que ele consiga ser líder de uma party. Não consigo acreditar.

— É… — Haruhiro coçou a nuca. — Mas você também não é muito diferente…

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