Hai to Gensou no Grimgar
Autor: Jyumonji Ao
Level 2 – Tudo é Precioso, Nada é Substituível.
Capítulo 01 – Um Nível Diferente
A party havia vendido o saque do dia, dividido os lucros e estavam conversando ociosamente sobre o que fazer em seguida.
*Um som alto ecoou repetidamente em Altana.
— Ah, o sino das seis horas? — Haruhiro franziu a testa. — Não, não é isso, certo? Digo, soou sete vezes da última vez que eles tocaram. Além disso, o sino das 18:00 não toca tão freneticamente…
— O quê, o quê, o quê?! — Ranta balançou a cabeça da esquerda para a direita.
— Hmm. — Yume puxou suas tranças, seus olhos se arregalaram. — O que será que é?
— Uma emergência… Talvez? — Shihoru se aninhou mais perto de Yume.
Moguzo esfregou a parte de trás de seu capacete, olhando com preocupação. —…Hum? —
— Não, não pode ser… — Mary baixou um pouco a postura, apertando os olhos. — Um ataque inimigo?
— Hã? — Haruhiro inclinou a cabeça para o lado. Ele sabia o que a palavra significava, mas não estava acostumado a ouvi-la. — Por invasão inimiga, você quer dizer…
Aaaaaarrrgh! Um grito se elevou.
De onde vinha isso? Parecia estar muito longe.
Ranta abriu as narinas, gritando:
— Whoa, Whoa, Whoa!” e “Caramba, Caramba, Caramba!”
Por que está tão animado? Você é um idiota? Pensou Haruhiro.
— Mary, que inimigos? — Haruhiro gritou, ao que Mary respondeu rapidamente:
— Provavelmente orcs.
Orcs?
— Corram! — alguém gritou.
— Orcs!
— São orcs!
— Os orcs estão aqui!
— Eles estão invadindo…!
— Hmmm? — Yume levou o dedo indicador ao queixo. — O Ochre-kun é amigo de alguém?
— É óbvio que não é isso! — Haruhiro a corrigiu instintivamente.
Foi então que aconteceu.
As pessoas que estavam cuidando de seus negócios no mercado se transformaram em um riacho furioso. Demorou apenas um instante. Haruhiro foi pego pela onda de pessoas. Agora, ele só podia ir para onde quer que estivesse sendo empurrado.
— Esp- — Ranta tentou resistir, mas seus esforços foram em vão. — O que é isso?!
Os olhos de Moguzo estavam girando. Como seu corpo era muito grande, ele estava recebendo muitas cotoveladas e chutes. Parecia desagradável.
— M-Meu chapéu…! — O chapéu da Shihoru caiu.
Haruhiro estendeu a mão, conseguindo pegar o chapéu de Shihoru.
Ele estava bem até aquele momento, mas com a massa de pessoas empurrando-o, ele foi puxado para longe do resto de seus companheiros.
— Haru-kun! — Ele ouviu a voz da Yume.
— Haru…?!
Essa voz era da Mary? Ainda consigo ver a cabeça do Moguzo por pouco. Mas não há como eu ir até lá.
— P-Pessoal…! — Haruhiro estendeu a mão desesperadamente. Não adianta. Eu nem sei mais onde Moguzo está. — Todos, tomem cuidado…!
Na verdade, quem precisa tomar cuidado sou eu! Se eu lutar contra o fluxo, serei empurrado para baixo. Serei jogado no chão, pisoteado, e posso muito bem morrer. Não quero isso. Por enquanto, terei de seguir o fluxo.
— “É um ataque inimigo” —, Mary tinha dito. Um inimigo? O que são os orcs…?
Orcs.
Acho que já ouvi falar deles, ou talvez não. De qualquer forma, algo incomum está acontecendo. Se for uma invasão inimiga, isso significa que os inimigos vieram para atacar, correto? Altana está sendo atacada por esses orcs, certo? Ainda assim, se estamos fugindo, para onde vamos?
Esta é uma cidade. Todos moram aqui. Altana é cercada por muros altos e grossos. Não há lugar mais seguro do que este. Ou não deveria haver. Eu acho. Provavelmente. Mas esse lugar seguro está sendo atacado. Isso significa que, talvez, estejamos em sérios problemas?
As bancas estavam sendo viradas. As mercadorias estavam sendo espalhadas e pisoteadas.
Que desperdício. Havia até carrinhos que haviam sido derrubados, com suas estruturas quebradas.
O proprietário deve estar em choque. Não, essa é a menor de minhas preocupações no momento.
— Gyahhhhhhh…! — foi o grito que veio lá da frente.
— Eles estão aqui! O inimigo…!
— Esse caminho não é bom!
— Corram, voltem para o outro lado…!
Imediatamente, a onda de pessoas começou a voltar na direção oposta. No entanto, era impossível mudar de rumo repentinamente daquele jeito. As pessoas na frente estavam tentando mudar de direção, mas as que estavam atrás ainda estavam tentando avançar. O pior de tudo é que Haruhiro foi pego no meio do caminho e não conseguia se mover.
— Ei, isso dói, Pare de empurrar…!
Nesse ritmo, vou ser esmagado até a morte. É assim que vou morrer? Isso não tem a menor graça.
De alguma forma, Haruhiro conseguiu empurrar as pessoas para o lado, abrindo caminho em meio à multidão. À frente, havia um carrinho com uma cortina de cor escura que não havia sido destruída, então ele entrou.
— Nossa! Que fedor…
O cheiro é estranho. Mas é mais do que apenas o cheiro. Para começar, as coisas expostas nas prateleiras são estranhas. Animais mortos? Empalhados e preservados? Depois, há ossos, dentes e penas. E também… acessórios? Montados a partir dessas coisas.
— Venha aqui.
Ouviu-se uma voz repentina e Haruhiro deu um pulo de susto. Quando ele olhou, havia uma senhora idosa com roupas pretas dentro do carrinho. Ela parecia extremamente sombria. Enquanto ele permanecia indeciso, a velha senhora gritou — Rápido! — para ele, e Haruhiro hesitou em ir para a parte de trás do carrinho.
— Essa loja é sua, vovó? — ele perguntou.
— Vovó? Que garotinho mal-educado. Me chame de Dama.
— D-Dama, — Haruhiro se corrigiu, e a velha sorriu.
— …parada, vai, — ela terminou a frase por ele.
(NT: Trocadilho com a pronúncia das palavras.)
— …Eu disse Dama, não ‘parada’.
— Sua resposta não foi rápida o suficiente.
— Pra começar, sua deixa foi fraca!
O que tá acontecendo com essa velha maluca Haruhiro pensou, mas se segurou para não falar nada.
A velha deu de ombros.
— Eu sou Baba.
— Que é exatamente o que você é, já que significa “mulher velha”.
(NT: Em japonês.)
— Hmph. Pelo menos foi melhor que a última tentativa.
— Bom, obrigado…
— Pratique mais. De qualquer forma, mais uma vez, eu sou Baba. Baba, a Maga. Como você pode ver, essa loja vende itens mágicos. Você é um soldado voluntário?
— Bem, sim. — Tomando cuidado para não respirar pelo nariz, Haruhiro olhou para o lado de fora. Como o carrinho estava coberto por uma cortina, ele não conseguia ver o que estava acontecendo, mas ainda havia muito barulho, então o incidente provavelmente ainda estava acontecendo.
— Isso é realmente uma invasão? Sério? — disse ele.
— Os orcs, você quer dizer? Bem, isso acontece de vez em quando. E aí? Você é um novato, então?
— Bem, eu não estou nisso há muito tempo.
— Do modo que está agindo, você deve ser virgem.
— Vir…?!
— Seu idiota. Não estou me referindo ao fato de você ter dormido com uma mulher ou não. Um soldado voluntário é considerado virgem até que tenha matado um orc. Então, você é um duplo-virgem?
— …Duplo, triplo, tanto faz, eu não me importo.
— Você não tem ambição! — Baba apontou um dedo na direção de Haruhiro. — Você é um homem, não é? Você é jovem! Você quer dormir com mulheres, quer matar orcs! Por que está reprimindo seus desejos?
— Não vale a pena o esforço
— Seu idiota! — Baba cuspiu saliva e parecia pronta para continuar quando a cortina se fechou.
— Ah… — Haruhiro piscou os olhos.
Alguém entrou. Alguém – Não, alguma coisa? Não é… uma pessoa.
Afinal de contas, tem a pele verde.
Seu corpo é grande. Mais largo do que alto. É incrivelmente grosso.
Tem nariz arrebitado, orelhas pontudas e boca larga com presas parecidas com as de um javali.
Seu cabelo é vermelho vivo.
Está vestindo uma armadura e carregando uma espada de aparência pesada com uma lâmina de um único gume.
— É um orc —, disse Baba, sacando uma espécie de cajado. — E pensar que ele entraria na loja! Soldado voluntário, cuide disso! É hora de virar um homem!
— Hã? E-Eu?! — Haruhiro foi sacar sua adaga, mas estava ansioso demais para tentar algo com ela. — Eu não posso fazer isso, não sozinho! Eu sou um ladrão!
— Bem, eu sou apenas uma bruxa velha! Vá em frente, se esforce, ladrão! — Baba deu um forte empurrão nas costas de Haruhiro.
Ela era até que bem forte para uma bruxa velha. Haruhiro cambaleou em direção ao orc com um — Aii!! — quase tropeçando.
O orc gritou algo para ele em uma língua com muitos “shu”, “sha”, “bah” e “oh” e, em seguida, estocou Haruhiro com sua espada.
— Merda, Merda, Khhhh…?! — Haruhiro se esquivou.
De alguma forma, ele conseguiu sair do caminho, mas caiu em cima de um mostruário, fazendo com que Baba o repreendesse com um — Vamos lá, o que você acha que está fazendo?!
— Gritar comigo não vai ajudar em nada agora…! — Haruhiro se jogou em cima do mostruário para escapar.
O orc subiu no mostruário, correndo atrás dele. — Ohshubaguda!
Não adianta. Estou morto. Vou ser morto mesmo. Haruhiro soltou um grito, jogando tudo o que estava ao seu alcance no orc. Mesmo quando acertou, o orc não se importou. Ah, droga. Que droga. Que droga. Isso não tem graça. Haruhiro mergulhou pela cortina, saindo do carrinho.
— …Ahn? Ele não está vindo?
Enquanto ele pensava isso…
— Ei, soldado voluntário! —, ele ouviu a voz da Baba. — Você vai abandonar essa pobre velhinha? Seu monstro…!
— É fácil falar, mas…
Ao longe, ele viu outro orc. Era uma força grande o suficiente para ser considerada uma invasão inimiga, o que não deveria ser surpresa, mas havia mais de um orc.
Há um monte deles. Não é bom.
Isso é ruim. Muito ruim.
Eu deveria fugir. Encontrar um lugar para me esconder até que alguém apareça e, bam, acabe com todos os orcs. Não me importo com a Baba. Ela é uma completa estranha para mim. Não devo nada a ela e duvido que possa salvá-la de qualquer forma.
— Eu não tenho outra escolha… certo?
Haruhiro respirou fundo. Em seguida, puxou a cortina do carrinho da Baba. — Droga…!
Por quê? O que está fazendo, Você não ia fugir? Eu adoraria fugir, mas mesmo que ela seja uma completa estranha, eu teria dificuldade para dormir se a abandonasse. Portanto, esta é a única opção. Eu realmente não me sinto bem com isso, mas, como pessoa, é a única coisa certa a fazer.
O orc baixou sua espada. Baba a bloqueou com seu cajado, seu rosto ficou vermelho enquanto ela gemia de esforço. Mesmo que ela estivesse bloqueando de alguma forma…
Ela mal está aguentando. Dá para ver claramente. Baba está se agachando. Ela também está desesperada. Ainda bem que esse cajado é muito resistente. Mas acho que não tenho tempo para me impressionar com isso. Haruhiro sacou sua adaga e atacou as costas do orc.
— Backsta…!
A lâmina deslizou para o lado com um estrondo. A armadura desviou o golpe.
O orc se virou. — Gashuhah!
— Soldado voluntário! — Os olhos de Baba estavam brilhando. — Acho que estou me apaixonando!
— Não faça isso, por favor! Sério! — Haruhiro deu as costas para o orc. — F-Faça o favor de me seguir! Não, você não precisa…!
Infelizmente para ele, o orc mudou o foco de Baba para Haruhiro.
Sim, eu não deveria ter feito isso. Afinal, eu deveria ter fugido. Agora é tarde demais para arrependimentos.
O orc veio atrás dele, gritando:
— Hahshu, hahshu, hahshu!
Haruhiro saiu da carroça e correu. Enquanto corria, ficou rapidamente sem fôlego. O orc estava usando equipamento pesado, mas era rápido. Haruhiro estava levemente equipado e corria o mais rápido que podia. Mesmo assim, ele não conseguia se afastar.
— Droga, que bixo assustador…!
Mesmo reclamando, ele tentou correr por ruas estreitas e forçar a passagem entre as carroças para, de alguma forma, afastar o orc de sua cola. O orc, no entanto, com sua armadura barulhenta, continuou a persegui-lo por onde quer que ele fosse.
Estou quase pronto para desistir. Desculpe-me. Podemos chamar isso de linha de chegada?
A linha de chegada pode ser quando eu virar a próxima esquina. Vou aguentar até lá. Provavelmente não aguentarei mais do que isso. Estou no limite de minha inteligência e resistência. Sinto muito.
Haruhiro virou a esquina, quase pronto para cair.
— Agache-se! —, uma voz baixa e rouca gritou para ele.
Quando ele fez isso, algo voou por cima de sua cabeça.
Não, não foi algo – foi uma espada.
Alguém estava virando a esquina, o dono daquela voz rouca, e essa pessoa havia brandido a espada.
A espada atingiu o orc que estava perseguindo Haruhiro.
— Ogoh….!
— …Huh? — Haruhiro se virou.
A cabeça do orc havia sido cortada. Foi o homem de cabelos prateados, de costas para ele, que fez isso.
Renji, pensou Haruhiro.
Ele havia se tornado um soldado voluntário no mesmo dia que Haruhiro – ou, pelo menos, tenho certeza de que se tornou, mesmo que não pareça. Além da armadura de aparência legal, ele está usando uma capa de pele. A espada que ele tem também parece resistente e impressionante. Eu sabia que ele era diferente do resto de nós desde o início, mas ainda assim, a diferença entre nós é grande. Enorme. Afinal, ele fez isso com um único golpe… Com apenas um golpe, ele derrubou um orc.
— Você está bem? — Renji perguntou, e Haruhiro acenou com a cabeça trêmulo.
Nossa. Que merda. Sou patético. Meu rosto está queimando de vergonha.
Levantando-se com pressa, ele estava prestes a pelo menos agradecer quando alguém gritou:
— Renji, ainda tem mais…!
Quando Haruhiro olhou, um homem de cabelo curto que usava uma bela armadura estava apontando para longe.
É o Ron. Há orcs vindo da direção que ele está apontando. Mais de um deles, também. São dois… não, três.
— Zeel, mare, gram, fel, Kanon —, entoou Adachi, o mago, um homem que usava óculos de aro preto e desenhava sigilos elementais com a ponta de seu cajado.
Que tipo de magia é essa? Haruhiro não sabia de jeito nenhum.
De qualquer forma, um elemental azul voou e se enrolou na perna de um orc. Ele fez o orc tropeçar e, embora não tenha caído, o orc parecia estar tendo dificuldade para andar.
No entanto, mesmo com seu companheiro desacelerado, os outros dois orcs avançaram como se isso não importasse.
-Então, uma perna longa surgiu do beco, dando um chute de pé plano no joelho de um orc.
O momento foi perfeito. Não havia como se esquivar disso. Provavelmente foi a habilidade de luta do ladrão Shatter.
O orc soltou um “Gyaoh!” e cambaleou.
Quem fez isso? Aquela roupa chamativa. Aquela pele exposta. Tão sexy. Sassa?
— Boa! — Ron deu um passo à frente e trocou golpes com um orc. Ron não era um homem pequeno, mas o orc era incrivelmente bem constituído. Mesmo assim, Ron parecia estar empurrando-o para trás.
No entanto, o orc que Sassa havia atingido com o Shatter estava se firmando com a dor e se preparando para ajudar seu companheiro.
Para impedi-lo, uma garota se levantou no caminho do orc.
É o que eu diria, mas ela é muito pequena. Ela deve ter menos de 1,50m. Ela está usando roupas de sacerdote e carregando o que parece ser um cajado curto, mas parece apenas uma criança brincando. O que será que a Chibi-chan planeja fazer?
— Não…! — Chibi estendeu o cajado na frente dela.
O orc gritou — Fah! — e afastou o cajado com sua espada.
— O que…? — Haruhiro perdeu a voz.
Em vez de ser derrubado, o cajado traçou um arco. Chibi-chan deu um giro forte. Usando o impulso, Chibi-chan bateu com o cajado na parte inferior do corpo do orc.
— Yah…! —, gritou ela.
— fuh…?! — O orc não caiu, mas parou no meio do caminho.
Chibi-chan deu um pulo para trás e Renji deu um tapinha na cabeça dela com sua mão grande.
— Bom trabalho, Chibi — disse Renji.
— Ah… — Chibi corou em um vermelho intenso.
No momento seguinte, a espada do Renji rasgou o ombro do orc. Embora o orc usasse uma armadura resistente, isso aparentemente não importava contra o Renji.
Renji soltou sua espada, colocando uma bota no peito do orc e chutando-o para longe.
Enquanto girava para longe, o orc em pânico não era mais uma ameaça para Renji. Renji enfiou a espada em sua garganta e a girou.
— Ohhhhhhhhhhhhh…! — gemeu o orc.
Ron atacou e atacou, finalmente forçando o outro orc a se ajoelhar. A essa altura, ele havia vencido. Rony balançou sua espada para baixo em uma enxurrada de golpes, abrindo a cabeça do orc.
— Tome isso…!
…Sua força é incrível. Além disso, cara, sua voz é alta.
Enquanto Haruhiro ficava ali impressionado com a voz de Ron, Renji estava se aproximando do último orc, aquele que foi atrasado pela magia de Adachi.
Haruhiro o observava com admiração.
Aquele passo.
Barbara, da guilda dos ladrões, tem um jeito de deslizar os pés para correr ou andar sem fazer barulho. É semelhante a isso.
O manuseio da espada.
É uma espada de aparência pesada, mas Renji a maneja como se fosse seu próprio braço.
Renji cortou o pescoço do orc como se fosse feito de papel.
Não, você não pode cortá-lo assim. Os ossos são duros. Ou pelo menos era o que eu pensava, mas, na verdade, ele realmente o cortou, então isso é um mistério.
— Finalizado — Ron deu um tapinha em seu ombro com a ponta de sua lâmina.
Haruhiro ficou olhando atordoado.
No entanto, talvez graças a isso ele tenha conseguido perceber. Em vez de se concentrar em um único ponto, ele estava olhando para toda a cena, sem realmente tentar olhar para algo específico quando…
Algo se moveu. No topo do prédio. No telhado.
Haruhiro gritou. — Renji, acima de você…!
Renji instantaneamente pulou para o lado.
Se ele tivesse demorado mais um pouco, Renji teria sido cortado.
Aquele cara pulou do telhado e foi direto no Renji.
É um orc. É claro que é um orc. Seu cabelo é branco. Ele tem um brilho, então pode parecer prateado também. Coincidentemente, o cabelo do Renji também é prateado.
Existe alguma regra que diga que os caras de cabelo prateado têm que ser insanos? Porque esse orc também é claramente insano. Seu corpo é grande e, além de usar uma armadura preta, ele tem essa capa com um padrão de listras de tigre que, na verdade, provavelmente é pele de tigre de verdade, o que é incrivelmente chamativo. Essas tatuagens em todo o rosto são insanas. O olhar em seus olhos é insano. Seus olhos amarelos parecem tão selvagens que chega a ser insano. Apesar disso, sua expressão é calma e ele parece muito inteligente, o que também é insano.
E depois há a espada. A espada de um só gume que o orc tem é roxa, longa, grossa e afiada, com uma parte traseira recortada que parece insana.
Além disso, quando ele se virou de volta para encarar Renji, havia mais dez orcs que se mostraram no topo dos prédios próximos. A situação estava irremediavelmente ruim.
Quando os orcs estavam prestes a descer do telhado, o chefe com a capa de tigre levantou a mão esquerda para impedi-los. Então, ele disse:
— Eu
— Ahn? “Eu”…?
— Eu, Ish Dogran. Qual é o seu nome?
Ele falou.
Quebrado ou não, aquele orc falava uma linguagem humana.
Os lábios de Renji se soltaram um pouco. Aparentemente, ele estava sorrindo.
Estou surpreso que ele consiga sorrir. Em uma situação como essa, isso não é estranho? É estranho, não é?
— É Renji. Você quer lutar comigo, Ish Dogran?
— Ongashurahdu! — Quando o chefe orc cujo nome aparentemente era Ish Dogran levantou a voz, os outros orcs baixaram as armas.
Será que ele estava declarando que se tratava de uma batalha individual?
— Nenhum de vocês interfira — disse Renji em voz baixa para seus companheiros.
Você está fazendo isso?
Está mesmo fazendo isso? Está falando sério? Aparentemente, sim.
Afinal, eles já estão se enfrentando.
Qual dos dois se atirou primeiro? Haruhiro não sabia dizer.
No entanto, houve um barulho de metal contra metal quando suas lâminas se chocaram. Faíscas voaram.
Suas lâminas se travaram.
Eles empurraram para frente e para trás.
Isso não era tudo; com pequenas mudanças de posição, eles batiam os quadris um no outro. Se Haruhiro recebesse um impulso de quadril como aquele, cairia de uma só vez. Eles estavam tentando se desequilibrar um ao outro, mas nenhum caiu.
Eles se afastaram.
Ish Dogran apontou para as pernas de Renji. Renji saltou para fora do caminho, cortando a cabeça de Ish Dogran.
Ish Dogran desviou o golpe com a proteção do antebraço, respirando fundo.
Sua capa.
Ele jogou a capa de tigre em Renji. Haruhiro foi pego completamente de surpresa, mas não Renji. Sem pressa ou pânico, ele agarrou a capa e estocou Ish Dogran com sua espada.
Ish Dogran provavelmente esperava assustar Renji com a capa, criando uma abertura para atacar. Esse plano falhou, então ele se afastou. Ele recuou, ficando em uma posição de luta.
— Bom. Humano. bom guerreiro.
— Ah, sim? — Renji respondeu rapidamente enquanto se aproximava de Ish Dogran.
Eles trocaram golpes novamente. No entanto, dessa vez, Renji estava no ataque.
Haruhiro inconscientemente fechou as mãos em punhos. Ele pode fazer isso. Ele pode vencê-lo. Vá. Faça isso! Derrube-o…!
Haruhiro pensou que Renji havia pegado o orc.
Era o que parecia. Renji tinha a vantagem. Ele deveria tê-la, mas, de repente, a espada de Ish Dogran cortou profundamente o braço esquerdo de Renji.
Por que…? Não estou entendendo. Haruhiro não entendeu nada.
Renji criou um pouco de distância entre ele e o orc, sacudindo o braço esquerdo. Ele tinha um ferimento muito grave perto do cotovelo e estava sangrando muito. Todos os companheiros de Renji gritaram ou engoliram em seco, enquanto os orcs deram um grito de alegria. Renji deixou seu braço esquerdo abaixado.
Parece que ele planeja usar a espada apenas com o direito. Ou melhor, com esse ferimento, ele não tem muita escolha. A espada de Renji é enorme. Ele está em desvantagem agora.
Apesar disso, Renji respirou fundo e sorriu.
— Nada mal.
Esse sorriso era diferente do anterior. Ele não apenas afrouxou os lábios, mas sorriu com todo o rosto.
Isso me fez estremecer. Haruhiro honestamente achava que o Renji era assustador.
Renji partiu para o ataque novamente, mas Ish Dogran desviou a lâmina com facilidade.
Afinal, Ish Dogran lutava com as duas mãos, enquanto Renji tinha apenas uma. Os golpes de Renji sempre seriam mais fracos, e ele não poderia vencer em uma troca direta de golpes.
Na verdade, a espada de Renji parecia prestes a ser lançada pelos ares, e embora ele tenha conseguido segurá-la de alguma forma, ficou completamente vulnerável do rosto ao peito. A situação não estava nada boa para o Renji.
Isso é ruim.
— Eek…! — gritou Chibi.
Ish Dogran bateu com a parte de trás de seu punho no rosto de Renji.
Ele não está com as mãos nuas. As proteções do antebraço de Ish Dogran provavelmente são de metal e cobrem seus punhos também. O nariz de Renji foi quebrado e esmagado, e havia sangue por toda parte em um instante.
Mesmo assim, Renji ainda estava sorrindo. Ele atacou novamente.
Ele atacou e o golpe foi desviado. Seu golpe foi desviado e ele sofreu um contra-ataque.
Enquanto eles observavam, Renji ficou coberto de feridas por toda parte. Renji estava usando uma armadura, mas não do tipo que o protegia em todos os lugares. Havia brechas nela. Os ataques de Ish Dogran visavam precisamente essas lacunas. Além disso, com a espada maligna de Ish Dogran, ele podia atravessar uma pequena armadura.
— Ohshu! Ohshu! Ohshu! — os orcs gritaram e aplaudiram em voz alta.
Renji continua seu ataque, mas é doloroso de assistir. A teimosia é tudo o que o está mantendo neste momento. Isso e o fato de que, se ele ficar na defensiva, será eliminado imediatamente, então tem que continuar atacando, ou algo assim.
— Ron! — Haruhiro não aguentava mais. — Você não vai ajudar o Renji? Adachi! Chibi-chan! Sassa! O Renji vai morrer!
— Se fizéssemos isso — disse Sassa, parecendo pálida. Mesmo suando, ela forçou uma risada zombeteira:
— O Renji nos mataria mais tarde.
— Huh…! — Chibi-chan disse algo com um olhar incrível em seu rosto. Como se ela estivesse tentando lhe dizer algo telepaticamente.
Mas não acho que tenha sido um sinal.
Renji atacou e Ish Dogran desviou sua lâmina. A cena era parecida com o que havia acontecido um pouco antes. A espada de Renji quase foi lançada pelos ares, mas ele conseguiu segurá-la. No entanto, seu rosto e peito ficaram bem abertos.
Isso é ruim. É o mesmo que da última vez. Ele vai morrer.
Será que Ish Dogran tentou dar um soco na cara de Renji?
O Renji não deixou.
Ele está empunhando com as duas mãos. Renji mudou repentinamente para uma empunhadura com as duas mãos e balançou para cima. Ish Dogran se inclinou para trás e evitou o golpe.
Mas isso não deveria ser possível. Sua mão esquerda não estava inutilizável? Ainda assim, Renji está segurando a espada com firmeza com as duas mãos no momento.
— Ohhhhhhhhhhhhh — Renji rugiu como uma fera sedenta de sangue.
Não é de se duvidar que isso tenha feito Ish Dogran vacilar, mas parece que ele fez uma pausa por um momento.
Renji balançou sua espada para baixo com um corte diagonal, enterrando-a no ombro de Ish Dogran.
No momento seguinte, Renji soltou a espada.
Ele empurrou Ish Dogran para o chão e lhe deu um soco.
Ele deu outro soco, sem sequer parar para respirar.
Ele o socou sistematicamente, meticulosamente.
Ish Dogran não se moveu mais.
A área ficou em silêncio, com apenas o som monótono do soco de Renji em Ish Dogran ecoando. O corpo de Renji era a única coisa que se movia.
Finalmente, Renji juntou as mãos e as levantou bem alto. Em seguida, bateu com elas na cabeça de Ish Dogran. Depois, com um suspiro profundo, ele balançou a cabeça para frente e para trás.
— Você não foi ruim. Ish Dogran. Vou me lembrar do seu nome.
Ron bufou. — Você é uma bagunça.
Os olhos de Adachi brilharam, e ele estava olhando para os orcs no topo do edifício.
Sassa parecia pronta para desabar a qualquer momento. Chibi-chan estava correndo para o lado de Renji.
Renji empurrou Chibi-chan para o lado, pegando a espada de Ish Dogran e apontando-a para os orcs.
— O que vocês vão fazer agora? Se quiserem lutar, venham todos para cima de mim de uma vez. Eu os enfrentarei.
Não – isso não é um blefe um pouco exagerado …? Haruhiro não podia deixar de se sentir assim. Ele tinha certeza de que eles iriam morrer, mas em uma situação como essa, talvez fosse preciso blefar muito.
Um orc acenou com o braço. Vários orcs rosnaram em protesto, mas quando o orc que acenou olhou para eles, ficaram em silêncio.
Todos os orcs recuaram de uma vez.
— Nós… — Haruhiro estava pronto para desabar no local. — Nós… sobrevivemos?
Tudo isso havia se desenrolado diante de seus olhos, mas ele ainda não conseguia acreditar. Haruhiro olhou para Renji. Ele olhou para ele várias vezes.
Renji é realmente incrível. Ele é forte. É estúpido tentar comparar nós dois e depois agir com inveja ou ser servil por causa disso. …O Renji é totalmente insano.
Totalmente.
— Ah —, Haruhiro olhou para suas próprias mãos. Depois, olhou em volta. Ele havia desaparecido.
O chapéu de Shihoru. Quando foi a última vez que o segurei? Havia muitas outras coisas acontecendo, então não me lembro. De qualquer forma, parece que eu o perdi.
— O que há de errado comigo…?
(NT: Vou deixar “grupo” como “party” a partir desse volume, vou seguir mais a versão japonesa.)