Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 03 – Vol 04 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 03 – Vol 04

Capítulo 3 – Ilimitado

— Ei, velhote! Manda mais uma porção de soruzo! — gritou Ranta, espalhando macarrão e caldo enquanto falava. Ele também levantou o dedo indicador da mão esquerda.

Na vila de barracas ao lado da cidade dos artesãos, no distrito sul, havia uma barraca que era o único lugar em Altana onde ele podia comer um prato de macarrão chamado soruzo.

Soruzo era um prato de carne jogada em um caldo salgado com macarrão amarelo, feito de farinha de trigo amassada e depois cortada finamente. Se alguém perguntasse a ele se era delicioso, ele teria dificuldade em dizer com certeza. Era o tipo de prato que provavelmente dividia opiniões. Especialmente na primeira garfada.

No entanto, cada vez que ele comia, ficava mais e mais saboroso. Depois de um tempo, começava a desejar aquilo de novo. Após todas as vezes que havia comido, ele estava completamente viciado naquilo. Uma vez a cada dez dias—não, a cada cinco—não, não, se possível, a cada três dias—ele queria comer.

Havia uma pilha de tigelas grandes empilhadas na frente de Ranta.

Sete, no total.

Ranta estava prestes a terminar sua oitava tigela de soruzo. A nona tigela que ele acabara de pedir sairia logo.

O soruzo recém-preparado estava quente. Muito quente, na verdade. Mas Ranta não queria perder tempo soprando, então foi logo devorando.

Ele queimou o interior da boca. Honestamente, ele já nem conseguia sentir o gosto de nada. Sua barriga estava doendo também. Ele estava começando a parecer uma mulher grávida.

A essa altura, comer era nada além de sofrimento, mas Ranta não parava. Esse último gole acabaria com sua oitava tigela.

— Buaah…! Comi pra caramba! — exclamou.

No mesmo momento, a nona tigela chegou. Quando o vapor pesado se espalhou ao redor dele, sentiu uma tontura.

O aroma daquela harmonia perfeita de ossos de galinha, gordura de porco, cebolas e cenouras deveria ter aguçado ainda mais seu apetite, mas agora só dava azia a Ranta.

— Garoto, você está bem? — o velho que comandava a barraca olhou para o rosto de Ranta.

Ranta assentiu, limpando o rosto com uma das mãos. Estava uma bagunça de suor, ranho e mais suor. Ele devia estar com uma aparência horrível. Mas, dane-se, ele não se importava.

— Estou!

Ranta começou a trabalhar na sua nona tigela. Com cada macarrão que ele engolia, sentia-se um pouco enjoado. Quando parecia que tudo ia voltar, ele rapidamente cobria a boca.

Eu não vou vomitar. Juro que não vou vomitar. Como se eu fosse deixar isso acontecer. Eu vou comer. Vou comer, e comer, e comer mais. Vou comer tudo.

“Um dia, vamos fazer isso. Abrir um restaurante.”

O rosto de seu camarada—não, de seu parceiro—veio à mente.

Naquele momento, Moguzo… ele refletiu. Sério, ele tinha uma expressão que eu nunca tinha visto antes.

“Mas eu, eu não quero abrir um lugar de soruzo, eu quero fazer ramen. Vou economizar dinheiro, estudar, e quando eu puder fazer um ramen que tenha o sabor perfeito, vamos fazer isso, vamos abrir aquele restaurante.”

— …Claro.

Ranta podia responder o quanto quisesse, mas não chegaria ao seu parceiro.

Tudo o que posso fazer é comer. Agora, só tenho que comer. Vou devorar como um louco o soruzo que meu parceiro amava. Vou comer até não aguentar mais. Mesmo que eu esteja cheio, mesmo que eu não queira mais comer, vou continuar comendo. Comer. Comer, maldição.

— Urrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrgh!

Porque, cara.

Porque.

—Porque.

— Porque você não pode mais comer…! — Ranta choramingou.

Não é, parceiro? ele pensou, arrasado. Não importa o quanto você queira comer, você não pode mais comer.

Ranta ia comer a parte de seu parceiro. Qual era o sentido disso? Como se ele se importasse. Ele não sabia qual era o sentido. Não importava. Ranta apenas achava que era o que ele deveria fazer. Não conseguia deixar de pensar nisso, e por isso não suportava não fazer.

— Wehhh…! Velhote! Mais uma tigela!

— M-Mas, pera aí, garoto — o velho protestou.

— Tá tudo bem! Só vai logo e me traz! — gritou Ranta.

— C-Certo.

— Tigela número nove! — Ranta gritou.

Faltava pouco para Ranta terminar sua nona tigela. Ele se esforçava para ir mais rápido. Tentava acelerar, mas, por alguma razão, a quantidade de macarrão parecia não diminuir. Suas mãos pararam. Uma onda sombria de náusea o atingiu. Ele não conseguia respirar. Sentia como se fosse sufocar.

Então, de repente, percebeu. Havia muito barulho ao seu redor. Quando olhou, viu artesãos e soldados voluntários à sua volta.

O quê? Eles estão todos olhando para mim. Por quê…?

— Ei, esse cara, a próxima tigela vai ser a décima, sabia? — alguém comentou.

— Uau… Sério…?

— Não acredito.

— Isso é normal?

— Eu não conseguiria…

— Impressionante…

— Tipo, isso não é loucura?

— Ainda assim, ele vai começar a sofrer logo.

— Pois é.

— Claro que vai. Dez tigelas? Não acho que ele consegue. Simplesmente não consigo imaginar. Dez tigelas é difícil.

— Sim, isso tem que ser demais.

— Hmph… — Ranta bufou. Sentiu algo estranho ao fazer isso. Havia algo preso em seu nariz? Ele foi lá tirar e, ao que parece, era um pedaço de macarrão soruzo. Ele considerou jogá-lo fora, mas seu parceiro nunca teria feito isso. Ranta jogou o pedaço de macarrão que tirou do nariz de volta na boca.

— Ei, olhem bem, pessoal — disse ele com orgulho. — Dez tigelas? Isso nem é um obstáculo para mim. Vai ser fácil. Isso não é nada.

Eu vou conseguir.

Recuperando o ritmo, Ranta rapidamente terminou sua nona tigela. A décima estava a caminho. Ele se sentia tonto, mas isso não era nada de mais.

— Manda ver! — Ranta se levantou e levou a tigela à boca, despejando o macarrão e o caldo quentes no estômago. A multidão rugiu. Incentivado, ou talvez provocado, por esses gritos, Ranta terminou a décima tigela em pouco mais de dez segundos. Não só o macarrão e os outros ingredientes—cada gota do caldo também.

— Como é que é, hein?! — ele gritou. — Velhote, manda a próxima!

— Saindo! — o velho respondeu.

— Uooooou!

— Ele conseguiu!

— Esse cara é incrível!

— Isso é ridículo!

— Continue!

— Vá até o limite!

— Vai!

— Faz isso!

— É isso aí! — gritou Ranta, fazendo um sinal de positivo. — Eu sou Ranta! Todos vocês, gritem meu grande nome!

— Ranta!

— Ranta!

— Continua, Ranta!

— Ranta!

— Ranta…!

— Velhote, agiliza aí! — berrou Ranta.

— Pode deixar! Mais uma tigela, pronta para servir! — chamou o velho.

— Wahahahahaha! Onze tigelas! — Com uma risada, Ranta começou sua décima primeira tigela de soruzo. Por um momento, ele se perguntou por que estava fazendo isso, mas quem se importava a essa altura?

Comer. Eu vou comer. Me veja, parceiro. Mesmo que seja só isso que eu consiga fazer.

— Bwuh! — Ranta de repente engasgou com algo. Um macarrão saiu disparado do seu nariz, e a multidão caiu na gargalhada. Ele quase reclamou com eles, mas em vez disso, soltou uma grande risada.

Quanto eu consigo comer? Vou levar isso ao limite. Vou comer até cair.

Porque um dia, eu vou abrir um restaurante. Vai ser uma lanchonete de ramen, não de soruzo, exatamente como meu parceiro queria. Eu já decidi o nome. Vai ser Lanchonete de Ramen Ranta & Moguzo.

Não, na verdade, vai ser Lanchonete de Ramen Moguzo & Ranta.

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