Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 08 – Vol 04 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 08 – Vol 04

Capítulo 8 – Em um mundo imutável

No final, depois disso, eles mataram quatro goblins, tiraram deles todos os seus pertences e então voltaram para Altana mais cedo porque Haruhiro não estava se sentindo muito bem.

— Bem, precisávamos ir ao escritório para preencher a papelada de qualquer forma — foi o que Yume e Shihoru disseram para tentar confortá-lo, mas Haruhiro ainda estava frustrado. Ele não podia evitar se culpar.

Mesmo assim, ficar se martirizando por isso não ia ajudar. Ele não podia apagar seu erro, mas, felizmente, havia sobrevivido, o que lhe dava material para refletir e melhorar como lidaria com as coisas no futuro. Na verdade, ele precisava melhorar.

Com seus negócios resolvidos, todos foram para a Taberna Sherry, mas quando começaram a revisar como as coisas haviam ocorrido, as discussões começaram a esquentar.

Ranta foi o instigador.

— Eu disse desde o começo, não disse? Eu vou fazer as coisas do meu jeito — ele resmungou. — Eu não tenho perfil para ser um tanque, de qualquer forma, então vou ter que ser meu próprio tipo especial de tanque, certo? Tanques são os que ficam na linha de frente, então eu não vou ver o que está acontecendo atrás de mim. Não vou ter a menor ideia do que qualquer um de vocês estão fazendo. Portanto, faz todo sentido que vocês tentem se adaptar ao que eu estou fazendo, certo? Eu disse alguma coisa errada até agora? Hã? Não disse, né? Basicamente, é estranho esse idiota do Haruhiro ficar me dizendo para fazer isso ou aquilo. Não me dê ordens. Façam todos se adaptarem a mim, droga.

— …Eu entendo o que você está dizendo — disse Haruhiro.

— Se você entende o que estou dizendo, então faça! É só isso! Acabou, né? — Ranta resmungou.

— Nem pensar, isso não vai acabar assim. — Yume se levantou pela metade e bateu as mãos na mesa. — Fazer todo mundo se adaptar a você? Você é burro?! Não tem como a gente fazer isso!

— Se você não consegue lidar com isso, então desista! Vá embora! — gritou Ranta.

— Isso não é algo que você pode decidir, Ranta! — ela rebateu.

— Se você diz que não pode seguir as táticas da party, não me culpe se eu disser que você é inútil! — Ranta berrou.

— Yume não vai sair! Sai você, Ranta!

— Se eu sair, vocês vão ficar em apuros! Porque agora eu sou o centro dessa party! — Ranta gritou.

— …Acho que essa sua suposição básica está equivocada — disse Shihoru.

— Ooh? Quer discutir, Shihoruuuuuu? — Ranta debochou. — Você finge ser quieta, mas, na verdade, o tempo todo você é uma besta demoníaca escondendo presas afiadas atrás desses peitões enormes que você tem.

— Eu não estou escondendo presas… e eles não são enormes, eu só sou gorda… — Shihoru murmurou.

— Então vamos ver — Ranta sorriu. — Vou fazer uma avaliação completa.

— Não tem chance de eu te mostrar nada — ela disse friamente.

— Tsc. Tá se segurando, hein. Você é tão chata, sabia disso? Que tédio.

— Não tenho intenção de te divertir, Ranta-kun — ela disse friamente.

— Sim, eu sei — ele resmungou. — Posso perceber isso. Você achou que essas palavras iam me magoar? Meu coração é feito de aço, tá? Isso nem vai arranhá-lo. De qualquer forma, daqui em diante, eu sou nossas táticas. Eu sou o centro de tudo. Tudo começa e termina comigo. Entendeu? Bom, é melhor entenderem. Todos vocês precisam estudar a mim. Se familiarizem mais comigo e mudem para se adequar a mim. Se fizerem isso, tudo vai funcionar.

— Não consigo ver como isso funcionaria — disse Shihoru.

— Yume concorda com a Shihoru! E você, Mary-chan?

— Hã—ah, eu…

— Mary-chan, você não quer seguir o Ranta, certo? Afinal, estamos falando do Ranta.

— Isso é…

— Hmph. — Ranta colocou os cotovelos na mesa, apoiando a cabeça nas palmas das mãos e olhando para o lado, irritado. — Podem dizer o que quiserem. Mas lembrem-se. Eu estou dizendo tudo isso depois de pensar no que é melhor para a party também. Não é que eu só queira fazer o que me der na telha, ou algo assim, entenderam? Se todos discordam de mim, tudo bem. Mas, se vão discordar, então apresentem um plano alternativo. Uma alternativa. Se tiverem algo, vamos ouvir. E aí, Haruhiro?

— Um plano alternativo. — Haruhiro murmurou as palavras como um idiota, segurando sua caneca de porcelana com as duas mãos. Ele mal havia tocado no hidromel dentro dela. — …Bem, vejamos. Um plano alternativo… na verdade… Se fizermos o Ranta ser o tanque, é um fato que vamos ter que nos adaptar a ele de alguma forma. Claro, o Ranta vai precisar pensar em como ser um bom tanque e outras coisas assim. Se mantivermos as coisas do jeito que estão, acho que vamos enfrentar muitas dificuldades…

— Você está sendo bem indeciso, cara! — Ranta disse enquanto começava a cutucar o nariz. — É uma piada de mau gosto se você acha que pode ser o líder assim. Você foi bem péssimo hoje à tarde também.

— Sim, isso foi culpa minha — disse Haruhiro. — Já pedi desculpas, não pedi?

— Oho! — Ranta exclamou. — Você está ficando com raivinha de mim? Está com raivinha de mim quando eu é que deveria estar com raiva de você, é isso? Se você está bravinho comigo depois do que aconteceu, claramente não aprendeu a lição, cara.

— …Sim, eu aprendi.

— Não sei, não vejo isso. Não com essa atitude.

— Chega! — Yume gritou, inflando as bochechas de raiva. — Você não pode ir esquentando a barriga! Tem que pensar em como as outras pessoas se sentem!

— Sua idiota! Se você vai dizer algo, deveria ser “não jogue sal nas feridas”, obviamente! — Ranta berrou.

— Huh…?

— Vamos lá, como eu esquentaria a barriga? Isso nem é possível! — ele gritou.

— T-Talvez seja possível! Se você tentar bem forte! — Yume choramingou.

— Ótimo, faça isso! Faça isso agora! Faça aqui mesmo! Se você conseguir, eu me ajoelho para você! Eu vou dançar nu e depois me ajoelhar para você! Vamos, faça isso!

— Hnnngh… — O rosto de Yume ficou vermelho como um tomate, e parecia que vapor poderia sair de suas orelhas.

Um plano alternativo… Haruhiro levou a caneca aos lábios e estava prestes a tomar um gole de seu hidromel, mas parou. Um plano alternativo. Isso mesmo. Eu preciso pensar em um. Um plano alternativo. Quero dizer, eu realmente não quero que o Ranta dê as ordens. Mas, para evitar isso, preciso apresentar uma ideia decente. Preciso criar papéis definidos para cada um dos meus companheiros. Tipo, em tal momento, eles fazem isso, se tal coisa acontecer, eles fazem aquilo. Preciso ter isso decidido em certa medida.

Quando Moguzo estava com eles, Haruhiro não precisava se concentrar tanto nos detalhes. Haruhiro e os outros perderam Manato, ganharam Mary e então, aos poucos, desenvolveram suas táticas através do combate real. Todos sabiam o que precisavam fazer. Eles se lembravam disso com seus corpos, não com suas cabeças. Isso havia se entranhado neles.

Agora, a maior parte do que eles haviam aprendido não servia mais.

Moguzo não era apenas um tanque. Moguzo atraía a atenção dos inimigos, se defendia de seus ataques, depois se inseria entre eles como uma cunha, desferindo o golpe decisivo. Moguzo era o escudo definitivo, mas ao mesmo tempo era a lança definitiva. Ele era crucial tanto para o ataque quanto para a defesa.

Quando se tratava de poder defensivo ou ofensivo, Moguzo era claramente o número um. Ninguém na party era páreo para ele.

Em outras palavras, Moguzo estava carregando o resto deles. Moguzo assumiu tantas responsabilidades. Era um peso enorme para ele.

Moguzo assumiu tudo isso sem nunca reclamar ou se queixar. E, por isso, ele cresceu.

— Moguzo era… — Quando Haruhiro falou seu nome, os outros companheiros ficaram em silêncio. — Ele era realmente incrível. Mas, ainda assim. Moguzo já era incrível desde o começo, então eu não acho que ele ficou mais forte da maneira convencional. Não, quero dizer, claro que ele tinha uma aptidão para o que fazia, mas não acho que era só isso. Não tem como ele não ter ficado com medo, mas ele sempre estava mais perto da linha de frente, lutando contra inimigos insanos. E, mesmo assim, Moguzo nunca fugiu. Acho que ele provavelmente fazia isso por nós. Ao continuar fazendo isso, Moguzo ficou mais forte. Eu confiei demais em Moguzo.

Eu deveria ter percebido, pensou Haruhiro. Muito antes. Eu absolutamente precisava ter percebido isso.

É como o Ranta disse. É uma piada de mau gosto pensar que posso ser líder assim.

— Eu precisava aliviar o peso que estava sobre Moguzo — Haruhiro disse tristemente. — Deve ter havido coisas que eu poderia ter feito. Mas agora é tarde demais. Daqui em diante, precisamos pegar o enorme fardo que Moguzo estava carregando e dividi-lo entre todos nós. Cada um de nós vai precisar ser capaz de fazer mais coisas. Acho que nossa força atual não vai ser suficiente.

— Eu… — Shihoru disse, mordendo o lábio uma vez antes de acenar com a cabeça. — Acho que preciso aprender pelo menos um feitiço de ataque…

— Hmm. — Yume se inclinou para frente, apoiando o queixo na mesa. — Yume, bem, vai ser difícil, mas ela precisa trabalhar em seu poder de ataque. Mas ela também quer um cão-lobo…

Ranta soltou um “Há!” de desprezo e cruzou os braços.

— Podem falar o quanto quiserem, mas escuta só. As pessoas não podem fazer o que não conseguem. Elas têm que se ater ao que podem fazer. Muitas das habilidades de cavaleiro das trevas são habilidades de movimento ou de ataque que precisam ser usadas depois de se mover, então, se eu ficar parado, não posso mostrar meu verdadeiro valor. E não é como se eu pudesse mudar de classe de cavaleiro das trevas para guerreiro. Agora que jurei lealdade ao Skullhell, tenho que permanecer cavaleiro das trevas até o dia em que eu morrer.

— Mudar de classe, hein… — Haruhiro levou um dedo aos lábios, lançando um olhar para Yume.

— Miau? Tem algo que Yume pode fazer? — ela perguntou.

— Não… — ele murmurou.

Yume é surpreendentemente forte, pensou. Se ela tentasse queda de braço, provavelmente poderia competir de igual para igual até com homens. Ela tem coragem também. Embora seja uma caçadora, ela utiliza seu facão e luta corpo a corpo com os inimigos muito mais do que usa arco e flecha. Se eu pudesse fazer com que ela deixasse a guilda dos caçadores e se tornasse uma guerreira… Não, acho que não posso. Yume é apegada a ser caçadora, e ela tem seu objetivo de conseguir um cão-lobo também. Acho que seria errado forçá-la a mudar só porque seria conveniente para a party. Além disso, tendo visto como Moguzo lutava, eu me sentiria meio mal em fazer uma garota passar por isso. Não, não meio mal—muito mal.

Ela ficaria com medo, não ficaria?

Não dá. Não posso fazer isso. Quero dizer, se alguém aqui fosse se tornar guerreiro e ser o tanque… Shihoru obviamente não tem perfil para guerreira, Mary precisamos manter como nossa sacerdotisa, e Ranta não pode mudar de classe, o que deixa…

— …Eu? — Haruhiro disse num sussurro, tentando imaginar, só por precaução. Ele se imaginou vestido com uma armadura pesada, usando um capacete e brandindo O Cutelo.

Uau, isso parece fraco, ele pensou.

Haruhiro mesmo nunca gostaria de depender daquele fracote, inseguro e frangote para ser o tanque da party.

—Frangote de vontade fraca, ele pensou. Isso mesmo, Choco.

Não, esqueça isso. Não tenho tempo agora para pensar nisso. Preciso focar em nós.

Tudo se resume ao tanque. Sem um tanque adequado, eles não têm chance. Os dois papéis que toda party precisa são de um tanque e de um curandeiro. Levando essa lógica ao extremo, enquanto o tanque e o curandeiro forem sólidos, o resto pode fazer o que quiser.

Como as coisas estão, se alguém for ser o tanque, teria que ser Ranta, que sempre foi o mais bem equipado depois de Moguzo. É difícil imaginar isso agora, mas se ele crescer no papel com a experiência, tudo bem.

Mas, quais são as chances disso? Haruhiro pensou. Será que daria certo…?

Quando perderam Manato, trouxeram uma nova curandeira para a party. Mary.

Essa era a única opção?

Haruhiro, é claro, havia considerado a possibilidade. Estava no fundo de sua mente. Mas ele não queria pensar nisso.

Haruhiro olhou para os rostos de Ranta, Yume, Shihoru e, finalmente, Mary. Cada um dos quatro tinha uma expressão diferente, e todos pareciam estar imersos em seus próprios pensamentos. Provavelmente todos já haviam considerado essa ideia em algum nível. Mas nenhum deles a mencionou. Nenhum deles.

— Hm, pessoal — Mary disse, levantando um pouco a mão direita. — Posso falar? Tem algo que eu quero contar a todos. É algo que eu acho que preciso falar.

Haruhiro olhou para Ranta, Yume e Shihoru. O que poderia ser?

Ele sentiu uma dor no peito. Tinha um mau pressentimento sobre isso. Mary era a sacerdotisa, e parecia sentir-se responsável pela morte de Moguzo. Talvez ela fosse deixar a party.

— C-Claro — ele disse, com a voz tremendo. — Claro. O que é?

— Eu fiz algo que nunca poderei consertar. — O rosto belo de Mary estava congelado. Apenas seus lábios se moviam, juntando as palavras em uma voz baixa. — Lá atrás, eu deixei o efeito do Protection expirar. Eu precisava recastá-lo, mas me esqueci completamente. Em uma batalha intensa como aquela, são essas pequenas coisas que fazem a diferença entre a vida e a morte. Se eu tivesse mantido o Protection ativo, Moguzo talvez não tivesse morrido. Não. Tenho certeza de que ele não teria. A culpa de Moguzo estar morto é minha. Eu o deixei morrer.

— Mas isso está errado! — Ranta socou a mesa. — Você está completamente errada! Não tente dizer que é tudo culpa sua. Não é só culpa sua! É minha também. Ele era meu parceiro, mas eu não consegui lutar lado a lado com ele. Eu fui fraco!

— Eu não estou errada — Mary disse, balançando a cabeça levemente. — Não importa como eu olhe para isso, deixar o Protection expirar foi um erro básico e imperdoável, e Moguzo morreu por causa disso. Já deixei três dos meus companheiros morrerem antes disso. Eu nunca quis que mais alguém morresse. Mas deixei isso acontecer de novo. Não tenho o direito de ser uma sacerdotisa. Como eu poderia pensar diferente?

— Mary-chan… — Yume disse com lágrimas nos olhos. — Você não… Você não pode falar assim! Não é uma questão de ter o direito, ou qualquer coisa assim! Yume não vê dessa forma…

— Eu entendo — Shihoru disse, cruzando os braços com força e apoiando-os na mesa. — Eu entendo como você se sente, Mary… Pode ser presunçoso da minha parte dizer isso, mas… Eu sempre me sinto do mesmo jeito. Perguntando se está tudo bem eu estar aqui. Perguntando se sou útil para todos vocês… me perguntando se tenho o direito de estar aqui…

— Você não tem — Ranta disse com um sorriso. — Não tem como você ter. Nenhum de nós tem. Desde o começo, nenhum de nós tinha direito de fazer nada. E daí? Como se importássemos. Não é nosso problema. Vamos fazer isso, tenhamos ou não o direito. Não foi assim que chegamos até aqui?

— Ranta está certo — Haruhiro disse, olhando para Mary.

Mary abaixou o olhar para a mesa, parecendo relutante em encontrar seus olhos.

Ela está tão distante, pensou Haruhiro. Mary está bem aqui, mas parece tão distante.

— Você não tem o direito de ser sacerdotisa, e não precisa de um — disse Haruhiro. — Você é nossa companheira. Isso é o suficiente para nós.

— Obrigada. — Os lábios de Mary se afrouxaram um pouco. Era sutil demais para ser chamado de sorriso. Mesmo assim, Mary havia tentado sorrir para eles. — —Mas eu gostaria de um tempo. Eu percebi algo quando fomos a Damuro. Do jeito que estou agora, não consigo seguir em frente com todos vocês. Estou com medo. Muito medo. Não tenho confiança. Não precisa ser muito tempo. Dez dias—até sete seria suficiente, mas me deem um tempo.

— Por mim, tudo bem — Ranta disse, dando de ombros, com os cotovelos apoiados na mesa. — Eu queria aprender novas habilidades de qualquer forma. Bem, se eu tiver dez dias, aposto que posso melhorar muito. Embora, uma vez que o Ranta-sama supremo tenha nascido, pode não sobrar nada para o resto de vocês fazer. Heh heh heh.

— Yume está pensando que talvez deva aprender algumas habilidades com o mestre dela também. — Yume concordou. — Ela tem o dinheiro e tudo mais.

— Acho que vou me desafiar a aprender uma das outras magias, algo além da magia das sombras… — Shihoru murmurou.

— Certo. — Haruhiro fechou os olhos.

Tempo.

Era tempo. Mais do que qualquer coisa, o que eles precisavam era de tempo. Haruhiro e os outros nunca foram fortes o suficiente para seguir em frente sem parar.

Ele abriu os olhos.

A paisagem diante dele não havia mudado nem um pouco, a ponto de ser cruel.

Neste mundo imutável, Haruhiro e os outros precisariam mudar a si mesmos, pouco a pouco.

— Vamos nos encontrar em frente ao portão norte, daqui a dez dias, às oito horas — ele disse.

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