Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 1 – Volume 16 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 1 – Volume 16

Capítulo 1: Ela estava lá.

 

A Fortaleza de Capomorti era cercada por muros por todos os lados, e a fortaleza principal tinha três torres de vigia projetando-se dela. Haruhiro havia entrado em uma delas, subindo uma escada em espiral.

Segundo Mary, Haruhiro e seu grupo já haviam participado de uma operação que recuperou a Fortaleza Capomorti. Isso significava que ele já havia subido e descido esta escada em espiral antes? Ele não se lembrava de nada e o pensamento não inspirou nenhum sentimento forte nele. Como ele estava entrando com uma nova perspectiva, isso permitiu que ele se concentrasse no que estava vendo e ouvindo agora e em qualquer outra faixa. Essa foi uma maneira de ver isso. Provavelmente era melhor pensar dessa maneira.

Não tanto porque era uma forma positiva e otimista de ver, mas mais porque ele tinha que aceitar a realidade como ela era.

— O que diabos está acontecendo aqui?.

E — por que isso está acontecendo?

E — apenas me dê um tempo.

E — estou ficando cansado de tudo isso.

Honestamente, ele não podia deixar de se sentir assim. Afinal, ele era humano. Claro que se sentiria assim.

Mas ainda assim, eram apenas sentimentos. Emoções que mudavam o tempo todo. Não faria nenhum bem a ele se deixar levar por suas emoções.

Depois de perder alguém que era precioso, talvez incrivelmente precioso para ele, havia um buraco em seu coração.

Quando ele olhou para aquele vazio, sentimentos de tristeza e dor insuportáveis ​​tomaram conta dele.

Talvez ele devesse pular naquele buraco.

Ele até tinha ideias estúpidas como essa. Ele era apenas um humano. Ele não podia evitar.

Era por isso que Haruhiro fazia o possível para ignorar aquele vazio deixado em seu coração. Sempre que ele acidentalmente o vislumbrava, ele sutilmente desviava o olhar. Ele não podia se dar ao luxo de olhar para ele.

Quando ele chegou ao final da escada em espiral, havia uma sala redonda. Este era o último andar. As janelas permitiam que ele olhasse em todas as direções.

Não havia pessoas nesta sala, ou qualquer outra sala, e nenhuma outra criatura não-humana.

— Eu esperava isso, mas…

Não só não havia sinal de vida, como também não havia móveis. Havia um punhado de caixas e barris no canto da sala. Ele os verificou, só para ter certeza, mas estavam todos vazios.

Havia o que se poderia chamar de escotilha no teto, perto da borda. Era algo como uma porta quadrada. Talvez tenha fornecido acesso ao telhado? No entanto, ele não era alto o suficiente para alcançá-la.

Haruhiro empilhou os barris e caixas e abriu a escotilha. Havia degraus de ferro aparafusados ​​nas laterais de um tubo estreito e vertical de talvez um metro de largura. Parecia chegar a um beco sem saída, mas provavelmente havia outro alçapão ou algo parecido lá em cima.

Ele subiu as escadas. No entanto, o tubo tinha menos de dois metros de altura.

Havia outra escotilha na outra extremidade, como esperado. Quando ele abriu, ela levou para o teto.

Dali ele podia ver as planícies circundantes e a floresta ao sul, e mais longe ele podia ver Altana e a Torre Proibida que ficava na colina próxima à cidade.

A Fortaleza Capomorti estava nas mãos dos orcs até ser tomada pelo Exército da Fronteira e pelo Corpo de Soldados Voluntários do Reino de Arabakia em uma batalha quatro ou cinco anos atrás. Então, não muito tempo atrás, cerca de dois meses atrás, os orcs a reivindicaram.

Esta torre ficava a seis quilômetros de Altana. Apenas seis quilômetros.

Os orcs, e por extensão a Aliança dos Reis, nunca pararam de monitorar seus inimigos, os humanos. Embora tudo o que eles fizeram foi assistir. Eles achavam que os humanos não eram uma ameaça significativa e, portanto, nunca fizeram nenhum movimento real contra eles? O fato de que este lugar estava longe das fortalezas dos orcs e dos mortos-vivos também pode ter desempenhado um papel. Perto de Altana havia goblins em Damuro e kobolds nas minas de Cirene. Os orcs posicionaram seus soldados na Fortaleza Capomorti e na Fortaleza de Ferro de Riverside. Se os humanos simplesmente ficassem em Altana e não fizessem nenhuma tentativa de expansão para o norte, não haveria necessidade de enviar uma grande força para exterminá-los. Os humanos eram insignificantes. Talvez fosse assim que os orcs os tinham visto.

Havia três torres de vigia. Alguém tinha subido à torre vizinha.

Não, não apenas alguém, era Neal, um batedor da Força Expedicionária do Reino de Arabakia.

— Ei!

Neal notou Haruhiro e acenou. Porque ele estava sorrindo? Isso o incomodava. Não, ele não podia deixar que isso o incomodasse. Era melhor não deixar que suas emoções ditassem como ele tratava o homem.

— Como foi? perguntou a Neal.

— Igual a você. Provavelmente.

— Parece que a fortaleza é uma concha vazia.

— Mesmo se vasculhássemos cada canto, não encontraríamos nada que valesse o esforço. Devemos voltar?

— Sim.

A operação para retomar Altana foi realizada sob a suposição de que havia orcs na Fortaleza Capomorti. Isso tornou necessário proteger a cidade o mais rápido possível.

Feche o portão norte. Não os deixe entrar. Eles até fizeram planos sobre o que fazer caso os orcs chegassem de Capomorti durante a missão.

Mas no final, os orcs nunca se moveram.

Mais do que isso, a suposta guarnição orc que deveria estar na Fortaleza Capomorti havia desaparecido quando a batalha terminou.

Não havia sinal deles do lado de fora, mas a inteligência indicava que havia um contingente de cerca de quinhentos orcs na fortaleza. Essa era uma grande ameaça e a Força Expedicionária não podia se dar ao luxo de ignorar. Se eles simplesmente presumissem que tinham ido embora, mas os orcs estivessem realmente à espreita dentro da fortaleza, prontos para atacar quando uma oportunidade se apresentasse, seria um problema sério.

Em resposta a isso, Haruhiro e Neal, o batedor, foram enviados para a Fortaleza Capomorti, mas os orcs realmente se foram. Eles não sabiam para onde.

Era bem possível que tivessem recebido ordens para encontrá-los. O pensamento disso fez Haruhiro se sentir deprimido. Haruhiro não dava a mínima para orcs, mas não queria ficar tanto tempo separado de seus companheiros. Seria melhor se eles pudessem operar em grupo. Essa foi a sensação que teve.

Jin Mogis.

O general ruivo era ambicioso. Ele não hesitou em fazer o que fosse necessário para atingir seus objetivos. Ele tiraria vantagem de qualquer um que pudesse. E quando você terminar com eles, não terá nenhum problema em colocá-los de lado.

O mundo era um lugar grande. Claro que havia caras assim. Isso era bom. Haruhiro não estava disposto a dizer a ele como viver sua vida.

Só havia um problema.

O general estava tentando usar Haruhiro e seus companheiros. Ele estava se aproveitando deles agora, neste exato momento. Por que Haruhiro estava aqui com Neal, na Fortaleza Capomorti? Eles o haviam enviado. Por ordem do general.

Ele desceu da torre e encontrou Neal do lado de fora.

— Ouvi dizer que os orcs eram durões. Talvez eles sejam mais covardes do que eu pensava.

— Eu acho que depende de onde eles foram. Eles podem não ter escapado.

— Bem, eles não abandonaram seus suprimentos e não parece que saíram com pressa. Acho que eles são mais organizados do que goblins, hein?

Neal era rude. Mas quando ele estava na frente do general, ele se comportava mais do que subserviente.

Segundo ele, do outro lado das montanhas Tenryu, no sul do continente do Reino de Arabakia, travavam uma intensa guerra contra as tribos bárbaras. Jin Mogis lutou contra os bárbaros do sul por mais de dez anos e, em reconhecimento por suas conquistas, recebeu o comando de uma unidade especial conhecida como Cães Negros.

A principal tarefa dos Cães Negros não era lutar contra os bárbaros, mas capturar os desertores. Ou executá-los. Podia ser um mal necessário, necessário para manter a ordem no exército, mas ainda assim era repulsivo.

Neal disse que tinha estado nos Cães Negros. Isso significava que o general o havia treinado. No entanto, eles não estavam agindo particularmente próximos. Neal temia o general mais do que qualquer um. Isso é o que parecia.

— Tudo bem. Vamos Haruhiro.

Neal começou a andar. Haruhiro não queria andar na frente dele. Mas se ele caminhasse diretamente atrás dele, Neal ficaria cauteloso. Então Haruhiro o seguiu, mas para o lado.

— Heh. Os ombros de Neal caíram e ele riu baixinho. Haruhiro não precisou responder, mas o fez sem querer.

— … O que é?

Neal devolveu o olhar.

— Você é bom.

Seu rosto com a barba por fazer estremeceu, os cantos de sua boca se ergueram.

Eu não deveria me envolver com ele. Não quero falar. 

Isso era o que Haruhiro pensava, mas Neal sentia de forma diferente.

— Aposto que sua professora também era boa. Ela ensinou um pouco de tudo.

O que era tão engraçado para rir assim? Não havia nada de engraçado nisso. Por que ele estava rindo? Não foi nada engraçado.

Haruhiro respirava com facilidade, tentando não diminuir o passo. Ele viu o que estava acontecendo aqui. Neal estava tentando irritá-lo. O que havia de tão engraçado nisso? Qual era o ponto? Haruhiro não conseguia entender, mas também não era Neal. Ele era uma pessoa totalmente diferente. Graças a Deus. Embora exploradores e ladrões fossem parecidos, essa era a única coisa que os dois tinham em comum. Era óbvio por que ele não entendia.

Eles cruzaram as planícies áridas em direção à floresta.

Neil parou.

— Ainda assim, é uma pena.

Não querendo andar na frente de Neal, Haruhiro também foi forçado a parar.

Ele não perguntou o quê. Haruhiro não tinha intenção de dizer mais nada.

— Ela era uma boa mulher.

O rosto de Neal estava meio virado para Haruhiro, buscando um acordo.

— Não é verdade? Ele abriu os braços. É um desperdício. Se soubesse que fosse morrer, deveria tê-la pegado, mesmo que isso significasse que eu teria que pega-la à força. Talvez então eu fosse um pouco sentimental sobre isso. Eu poderia até ter chorado. Você pode não acreditar, mas…

Cabeça fria, cabeça fria, Haruhiro pensou consigo mesmo.

Barbara-sensei teria facilmente dado de ombros. Não que ele realmente soubesse. Haruhiro não conhecia Barbara-sensei tão bem.

Afinal, ele não se lembrava dela.

Ele a havia esquecido.

E isso realmente o incomodava.

Como uma represa se rompendo, os sentimentos que ele estava tentando reprimir explodiram e ele se moveu com uma insana velocidade explosiva de raiva. Levou apenas um instante.

Haruhiro desapareceu, passou por Neal como uma sombra e reapareceu atrás dele. Antes que o outro pudesse reagir, ele cravou o calcanhar na parte de trás do joelho do batedor. Isso o pegou quase completamente de surpresa. Poucas pessoas resistiriam a um golpe forte na parte de trás do joelho. Ele passou os braços em volta do pescoço de Neal quando o homem tropeçou e o estrangulou por trás.

Haruhiro poderia rapidamente deixá-lo inconsciente. Pode até matá-lo.

Se ele tivesse uma arma na mão, o que teria feito? Haruhiro provavelmente teria matado Neal em vez de apenas estrangulá-lo.

Ele não o matou imediatamente. Sua razão entrou em ação no último momento.

— Sinto muito.

Haruhiro soltou Neal antes que o homem pudesse começar a lutar.

— Deixei o sangue subir à minha cabeça e simplesmente… aconteceu.

Haruhiro empurrou Neal e recuou. Ele repetidamente esfregou o rosto com a mão e o braço.

Ele ficou com raiva e quase fez algo irreversível. Esse era outro aspecto dele? Ele teria que ser mais cuidadoso no futuro.

— Você…

Neal olhou para Haruhiro e colocou a mão no cabo de sua adaga. Ele tinha uma veia latejante na testa. A raiva foi equivocada, mas Haruhiro ainda teve que lidar com isso.

— Não cara. Você é quem começou isso. A Barbara-sensei foi minha… não sei, minha professora.

— Professora minha bunda. Aposto que tinha algo entre vocês.

— Não me importa se você acredita em mim, mas não, não tivemos uma relação assim.

Provavelmente não, ele pensou.

Haruhiro não se lembrava, então não podia ter certeza absoluta de que nada havia acontecido entre eles.

Eu sinto que não havia nada. Não deveria. Não havia nada… certo?

Se havia algo ou não, não importava agora.

Bárbara-sensei se foi.

Morreu.

Honestamente, não pude deixar de pensar: Por que agora? Porque aqui?.

Ele sentiu uma dor profunda no nariz e seus olhos estavam esquentando.

Como ele podia se permitir chorar na frente de Neal? Este foi o pior.

— … Por favor. Somente para não haver confusão. Não diga mais nada sobre Barbara-sensei…

Haruhiro olhou para baixo. Vou chorar?,  ele se perguntou, mas aparentemente não. Estava triste. Ele o fez querer chorar. Mas por alguma razão, ele não podia.

— Não é como se você tivesse perdido sua mãe, Neal retrucou, então começou a andar.

Neal, que ao contrário de Haruhiro nasceu em Grimgar, tinha pais. Não, Haruhiro e seu grupo devem ter pais também. Eles simplesmente não se lembravam deles.

A mãe de Neal estava sã e salva? Haruhiro teve a sensação de que ela já poderia ter falecido.

Mesmo um cara como Neal deveria ter ficado triste quando perdeu a mãe. Se não, ele não teria mencionado isso como uma comparação.

— Minha mãe, hein?

Haruhiro seguiu Neal, com um sorriso sombrio no rosto.

Isso machuca.

Doeu tanto que ele quis chorar, mas tudo o que ele conseguiu fazer foi sorrir.

Se Haruhiro tivesse dito a ela: “Você é como uma mãe para mim”, como Barbara-sensei teria reagido?

Ela teria ficado com raiva e dito: “Eu não sou tão velha “?

Não, ela não era sua mãe. Também não é uma irmã mais velha. Bárbara-sensei era Bárbara-sensei.

Haruhiro não tinha muitas lembranças dela cuidando dele ou ensinando-lhe coisas. Então, por que ele sentia tanto a falta dela apesar disso?

Ele a havia vingado com as próprias mãos e ainda não conseguia acreditar que ela havia partido. Não, ele só não queria aceitar.

Mas quer ele aceitasse ou não, ela estava perdida para ele.

Para sempre.

Mesmo agora que seu corpo e alma haviam desaparecido, a sensação de ser tirada dele persistia.

A gravidade desse evento pode diminuir lentamente ao longo do tempo.

Mas, por enquanto, pesou muito para Haruhiro.

Fim do capítulo…

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