Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 11 – Volume 21 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 11 – Volume 21

Capítulo 11

Está na hora

Os dragões eram rápidos. Não era uma velocidade que um humano poderia alcançar correndo. Carambit e Ushaska não voaram diretamente em direção à Arca, mas sim para o sul, onde se erguiam as Montanhas Tenryu. Os dragões e as irmãs vieram para Grimgar depois de cruzar essas montanhas. Embora fosse um pouco tarde para dizer isso, Manato pensou que isso era realmente incrível. As Montanhas Tenryu eram mais altas que o céu. Bem, o céu sempre seria céu, independentemente de quão alto você subisse, então talvez não se pudesse dizer que eram mais altas. Mas, embora os dragões estivessem voando a grande altura, as Montanhas Tenryu estavam no caminho. Como era possível superar algo assim? Era impossível? No entanto, os dragões e as irmãs realmente cruzaram aquelas montanhas. Era incrível. Não é que ele não acreditasse, mas era impressionante.

Os dragões aterrissaram na floresta ao pé das Montanhas Tenryu e deixaram Manato e os demais. Naquele momento, já estava bastante escuro. Yori e Riyo acariciaram os dragões antes de deixá-los ir.  Às vezes, os dragões se viravam para olhar para Yori e Riyo enquanto se afastavam, até desaparecerem de vista, foram encantadoramente adoráveis. Manato também gostaria de ter um dragão. No entanto, afirmavam que os dragões não se apegam aos humanos a menos que tenham sido cuidados desde que eram ovos, o que parecia bastante difícil. Apesar de afirmarem que nas Montanhas Tenryu havia muitos tipos e quantidades de dragões, os que podiam ser domesticados por humanos eram muito poucos e limitados.

— A forma mais rápida de se tornar aprendiz dos cuidadores de dragões do Reino Unido é atravessar as Montanhas Tenryu. — sugeriu Yori enquanto caminhavam em direção à Arca.

— A forma mais rápida? Hmm, será que é mesmo?

— Há um ditado que diz que o caminho rápido é o lento — explicou Riyo. — Quando você quer se apressar, é melhor escolher um caminho mais longo, mas seguro, em vez de um atalho perigoso. Como resultado, isso geralmente o leva mais rápido ao seu destino.

— Entendi. Então, se eu quiser ter um dragão como vocês, algum dia terei que ir ao Reino Unido. Mas, Carambit e Ushaska conseguem cruzar as Montanhas Tenryu com duas pessoas a bordo?

— Não é possível — respondeu Yori instantaneamente.

— Eh, então, não é possível? Bem, não há muito o que fazer, então. Ah, meu olho esquerdo estava machucado, mas talvez agora esteja melhor. Ele já sarou?

— … Você tem uma recuperação realmente incrível. — Haru parecia mais surpreso do que impressionado. Manato riu.

— Hmm. Mas sinto que não posso competir com você, Haru.

Eles retornaram para a Velha Altana já tarde da noite. Manato possuía uma boa visão noturna, mas, mesmo assim, teria se perdido sem a orientação de Haru.

Enquanto subiam a colina, ele sentiu que havia algo lá. Não apenas ele, mas também Haru, Yori e Riyo estavam presentes. Havia algo mais ali? Mas não havia nada específico se movendo em algum lugar, nenhum som, nada para ver. Pelo contrário, havia muitos insetos chiando por toda parte, e era provável que ele não conseguisse ouvir os ruídos menores. Com essa escuridão, só podia distinguir a Arca no topo da colina, as grandes pedras brancas espalhadas pela encosta, Haru à frente, e Yori e Riyo por perto.

O comportamento de Haru, Yori e Riyo não parecia incomum. Então, provavelmente não sentiam nada. Talvez fosse apenas uma ilusão de Manato.

No entanto, a sensação de que havia algo inexplicável não desapareceu, mesmo depois de subir a colina.

— Ei — chamou Manato, e Haru respondeu com um “Ah” e se virou.

— Eu sei. Tem algo lá.

— Eh? Vocês sabiam?

— Claro — disse Yori, e Riyo assentiu.

Manato riu.

— Se vocês sabiam, deviam ter falado. Ninguém disse nada, então achei que era só coisa da minha cabeça.

— O que acha que é? — perguntou Yori a Haru.

Haru parecia estar observando a encosta da colina.

— Não parecem ser devotos nem vassalos. Eles são, como dizer, mais diretos.

— Diretos…?

Manato se perguntou o que ele queria dizer.

Ele descobriu por acaso. Enquanto olhava aleatoriamente para uma pedra branca, de repente notou.

Algo estava espreitando da pedra branca. Manato só podia dizer “algo”. Não conseguia ver claramente devido à escuridão. Nem conseguia distinguir seu contorno. Só pensou que estava espreitando. Quer dizer, era um ser vivo, não um objeto pequeno.

— … Um goblin?

Ele não viu claramente, então não sabia por que disse essa palavra. Provavelmente foi apenas uma intuição.

— Não é um goblin? Ei…

Assim que Manato deu um passo, o negócio se moveu. Virou-se e fugiu. Era bastante ágil. Manato tentou começar a correr, mas parou ao ver que Haru, Yori e Riyo não estavam perseguindo-o.

— Definitivamente é um goblin — disse Haru, que parecia ter visto a figura com mais clareza através da máscara, com um tom de certeza.

— Do criadouro? — perguntou Yori, olhando para a direção em que o goblin havia escapado.

Haru assentiu.

— Não tem outra explicação. Desde que os vassalos começaram a fazer os criadouros, não vi goblins por essas áreas.

— Então, não deve ser um problema se o deixarmos em paz, certo?

— Acredito que não causará nenhum inconveniente.

— Espero que consiga sobreviver.

— Por sorte ou por azar, os santos estão liderando um grupo de devotos para atacar Damuro. Os vassalos não terão tempo para procurar os goblins que escaparam do criadouro. Além disso, se o perseguíssemos, poderíamos assustá-lo ainda mais.

— Sim…

Manato tinha algo que não conseguia entender claramente. Mas não sabia bem o que era. Haru havia dito que todos sentiam o mesmo. Então, não havia muito o que fazer.

 

* * * *

 

— … Piyo piyo… Piyo piyo…

— Que som é esse…?

Enquanto se levantava, Manato notou um som familiar. Não estava certo se ele pensou nisso antes de acordar ou se acordou e depois percebeu que estava ouvindo aquele som. Não sabia.

Ao abrir os olhos de repente, viu o teto. Não era a casa de Kariza. Era óbvio. Não estava no Japão. Manato estava em Grimgar. Por que estava em Grimgar? O que havia acontecido? Ele não entendia isso. Todos estavam na mesma situação, segundo Haru. Então, não havia muito o que fazer. De qualquer forma, isso era Grimgar. Um quarto na Arca. O que Haru havia preparado para ele. Era o quarto de Manato.

— Piyo piyo… Piyo piyo…

Aquele som…

Achando estranho, ele se levantou da cama e foi até a porta. Ao destrancar e abrir a porta, viu Yori e Riyo no corredor.

— —Ah, de novo pelado…!

Yori desviou o olhar, mas Riyo o olhava fixamente, com os olhos arregalados. Ou talvez estivesse atordoada. Manato cobriu as partes íntimas com as mãos.

— Desculpa. Eu estava dormindo.

— Por que você dorme nu? É um hábito seu…?

— Eh. Não é isso. Bem, na verdade, me senti muito bem depois de tomar um banho e então, ao deitar na cama, acabei dormindo.

— É melhor vestir algo para dormir, ou você pode pegar um resfriado — disse Riyo em voz baixa, ainda olhando para Manato.

O olhar de Riyo parecia estar mais focado na área do umbigo de Manato. Manato também olhou para essa área. Parte de seu corpo não estava completamente coberta pelas mãos e estava aparecendo.

— Ah…

Não era apenas estar nu, mas ser observado nessa condição era um pouco constrangedor. Manato se virou.

— De manhã, às vezes isso acontece. Bem, não só de manhã. Desculpa…

 

* * * *

Tomaram o café da manhã no quarto de Haru. Enquanto comiam, falaram sobre o que fazer a seguir.

Parecia que Yori queria destruir todos os criadouros em Damuro e libertar os goblins. Riyo seguiria Yori. Manato também não via com bons olhos deixar os criadouros como estavam, então não tinha objeções. Haru achava que primeiro era essencial entender a situação em Damuro. Yori não discordava disso.

— Se o grupo de devotos liderado pelos santos está em combate com os vassalos de Damuro, a segurança dos criadouros pode estar mais relaxada. Se houver uma oportunidade para aproveitá-la, não devemos deixá-la passar.

Manato havia perdido sua espada e adaga durante a emboscada à carroça-jaula. Embora pudesse ser que ainda estivessem lá se voltasse ao local, não podia ir de mãos vazias. Então, no final, pediu a Haru que o levasse de volta ao armazém e pegou emprestado uma katana longa chamada “tachi” e uma faca.

Antes de sair da Arca, foram até a sala de controle para registrar a entrada e saída. Só precisavam colocar as mãos na máquina, seguir as instruções de Controle, emitir algumas palavras e ficar quieto por um momento. Assim, Manato, Yori e Riyo poderiam entrar e sair da Arca sem Haru. Na verdade, não se chamava registro de entrada e saída, mas algo como “registro de autenticação”, mas como era complicado, chamavam de registro de entrada e saída.

Haru também os ensinou como entrar e sair.

Sair da Arca era fácil. Só precisavam abrir a porta no final do corredor e sair por ali. Assim, apareciam em frente à Arca.

Entrar não era tão difícil, mas requeria um pouco de técnica. Precisavam colocar as mãos no local designado na parede exterior da Arca e chamar o Controle, dizendo “abrir porta” ou “porta, abra-se”. Isso era chamado de comando. Em seguida, uma parte da parede se abriria e apareceria um buraco quadrado completamente escuro. Ao passar por ele, chegariam à frente da porta no final do corredor dentro da Arca. Aquele local designado para colocar as mãos, ao observar atentamente, estava ligeiramente afundado, mas se não soubessem que existia, era difícil de notar.

Haru disse que também poderiam mudar os formatos de entrada e saída, mas enquanto lembrassem o lugar para colocar as mãos, não deveria haver muito problema.

Levaram suprimentos e água, e estavam preparados para seguir em direção a Damuro. No entanto, Manato percebeu algo. Para ser mais preciso, avistou um goblin espreitando por trás de uma das rochas brancas dispersas na encosta da colina.

— Ah. Poderia ser o goblin de ontem…?

Por precaução, Manato optou por não falar em voz alta. Embora não tenha indicado de forma explícita, ele sinalizou para Haru, Yori e Riyo, através do olhar, a pedra branca onde o goblin se encontrava. Na verdade, o goblin não estava realmente escondido; ele havia levantado a cabeça acima da pedra e estava claramente os observando.

— Não tenho certeza se é o mesmo de ontem.

Yori inclinou a cabeça.

— Como parece estar sozinho, é provável que seja o mesmo.

Riyo estava pensativa, mas não disse nada. Haru também parecia um pouco desconcertado.

— Bem…

Se Manato se movesse, o goblin poderia fugir novamente. Então, sem mudar a posição dos pés, ele o observou atentamente.

Sua cor de pele parecia mais amarelada do que a dos orcs. Na verdade, era verde. Ele não tinha cabelo, nem sobrancelhas. Sua pele era bastante lisa. Os olhos eram bem diferentes dos de Manato, Yori e Riyo: eram muito escuros, quase sem a parte branca. Seu nariz e boca se projetavam para frente, e suas narinas eram alongadas e horizontais. Sua boca era grande e tinha quatro presas salientes. As orelhas eram bastante grandes, estendendo-se para os lados do rosto e eram pontiagudas, além de estarem um pouco caídas.

— Eh… um momento… hum… — Manato cruzou os braços.

— Algum problema? — perguntou Yori.

— Sim. Bem, na verdade, não sei. Não consigo distinguir nada.

— Distinguir? — murmurou Riyo, franzindo a testa enquanto observava o goblin.

O goblin começou a mostrar-se inquieto. Embora não parecesse se preocupar em ser visto por Manato, parecia desconfortável com o olhar direto de Riyo.

— Bem. — Manato assentiu e colocou a mão no cabo da katana que carregava nas costas. Imediatamente, o goblin se estremeceu. Manato riu e balançou a cabeça. — Calma, não é isso. Vou tirá-la, não vou usá-la. É melhor mostrar do que falar.

Manato desembainhou a katana e se agachou para colocá-la no chão. Depois, também colocou a faca que carregava na cintura ao lado da katana. Manato levantou ambos os braços de maneira exagerada.

— Não tenho armas. Entende? Não vou fazer nada. Tudo bem? Vou me aproximar. Vou fazer isso devagar. Se não gostar, me avise imediatamente. Embora… bem, me avise.

— Manato…? — Yori o chamou.

Manato optou por ignorá-la.

Passo a passo, com cuidado, ele se aproximou da pedra branca onde o goblin estava escondido. Manteve ambos os braços levantados sem baixá-los.

Os olhos negros do goblin fixaram o olhar em Manato. O que estaria pensando? O que acharia? Manato não conseguia adivinhar. Mas, pelo menos, o goblin não estava fugindo. Por enquanto. Se Manato de repente começasse a correr, o goblin certamente fugiria. Manato não tinha certeza se o goblin confiava plenamente que ele não representava uma ameaça.

Finalmente, Manato chegou a estar a um passo ou dois de poder tocar o goblin.

Manato se sentou no chão, claro, mantendo os braços levantados.

— Não vou fazer nada. Do jeito que estou, não consigo fazer nada. Olha, acho que você me ajudou ontem. Você era o goblin naquele momento? Sério, muito obrigado. Obrigado… entende? Estou agradecido. Como posso mostrar isso? — Manato inclinou a cabeça.

— Obrigado.

Olhou para o goblin de cima para baixo. O goblin o olhava como se pensasse “O que esse cara está fazendo?” Não parecia estar funcionando. Então, Manato decidiu inclinar não só a cabeça, mas também a parte superior do corpo. Inclinou-se até que ambas as mãos tocassem o chão.

— Obrigado. Se você não tivesse me ajudado ontem, eu poderia ter morrido. Estou vivo graças a você. Obrigado.

Ele levantou a cabeça. E aí? O goblin inclinou um pouco a cabeça, parecia confuso.

Isso também não funcionou?

— Eh, então… — Manato se levantou e colocou ambas as mãos sobre o peito, dirigindo-se ao goblin. — Muito obrigado! Do fundo do meu coração! Agradeço de verdade!

— …Waa?

O goblin emitiu um som pequeno. Provavelmente não era um som que indicasse que ele havia entendido, mas sim que estava um tanto desconcertado.

— …Hmm. Não faz sentido? Certamente. Ah, já sei!

Teve uma ideia brilhante. As palavras não eram compreendidas. Os gestos de inclinar-se também não pareciam funcionar bem. Então, que tal representar o que aconteceu ontem?

Manato deitou-se de costas e fingiu que alguém estava agarrando sua cabeça. De fato, ele agarrou a própria cabeça com as mãos.

— Aaahhh! — Fez uma expressão de dor e gritou. — Então…

Era algo difícil, mas Manato tentou explicar com gestos como o goblin havia lutado contra o que estava sobre ele.

— Este é o soldado vassalo e você por trás, certo? Então, você mordeu o soldado vassalo.

Manato fez um gesto de morder com os dentes superiores e inferiores. Fingiu que mordia. Depois, rapidamente, bateu no pescoço.

— No pescoço. Você mordeu. Assim. Lembra?

— Ahh.

O goblin assentiu com a cabeça. Parecia ter entendido. Manato se levantou e se inclinou novamente.

— Obrigado! De verdade, você realmente me salvou! — Juntou as mãos e se curvou profundamente. — Muito obrigado! Yey!

Quando Manato levantou o polegar da mão direita e piscou um olho, o goblin, embora tremendo, levantou o polegar da mão direita também.

— Oh, funcionou! Legal! Estou feliz! Hein…?

De repente, Haru, Yori e Riyo estavam por perto. Os três estavam sentados no chão.

— O que estão fazendo?

— Bem, só observando. — Respondeu Yori e depois saudou o goblin.

Quando o goblin respondeu timidamente com um aceno, Yori sorriu.

— Parece que, graças ao Manato, conseguimos que ele baixasse a guarda.

Haru olhou ao redor.

— Também parece estar sozinho.

Manato decidiu perguntar diretamente ao goblin. Tinha a sensação de que, se usasse gestos, poderia funcionar.

— Eh, você está sozinho? Só você? Não há outros? Companheiros? Você tem companheiros? Entende? Goblins além de você. Companheiros? Tem algum?

O goblin balançou lentamente a cabeça de um lado para o outro. Em seguida, apontou para o noroeste e depois para a Arca. Finalmente, deu alguns tapinhas no peito.

— Ah, você veio de Damuro sozinho? Entendi. Humm, talvez vocês tenham se separado? Deve ter sido difícil. Foi por causa do… como era mesmo? Tydariel, o Santo? É isso??

— …Tydariel. — Disse Haru. — Quando ele era humano, seu nome era Tada-san, ou seja, Tada.

— Entendi. Haru, ele estava te chamando, não estava? Algo como “Haruhirooo”. Mesmo naquele estado, ele ainda consegue te reconhecer?

— Parece que ele mantém sua memória e inteligência. Ainda assim, é outra pessoa. Ou melhor, outro ser..

— Então, embora possam se entender, parece que é impossível manter uma conversa profunda com ele, certo? — Perguntou Yori, e Haru assentiu com a cabeça.

— Sim. Se eu jurasse devoção a Lumiaris, as coisas poderiam mudar.

Manato se lembrou de algo.

— Me disseram que eu deveria me tornar devoto da luz. Eu recusei porque não queria. Então, me disseram que eu deveria morrer. Se eu não tivesse recusado, o que teria acontecido?

— Não tenho certeza, mas para aqueles que desejam se tornar devotos, é provável que utilizem algum método para desenvolver ou trazer à tona o núcleo de luz de seis pontas. De qualquer forma, uma vez que alguém incorpora esse núcleo em sua mente, torna-se impossível abandonar a devoção a Lumiaris por vontade própria.

— Então, todos acabam assim. Nossa. Não gosto disso. Foi bom ter recusado… —Ah.

Ele havia se esquecido do goblin. Ao olhar rapidamente de volta, encontrou-se encarando o goblin.

— Desculpe, eu me afastei do assunto. Então, você não tem para onde ir e nasceu em um criadouro… Mesmo que voltasse lá, Tydariel te pegaria… ou, sei lá, faria algo com você. E—nossa, você está sem roupa. Isso não te incomoda? Você sabe o que é roupa? É o que usamos no corpo. Você se sente confortável sempre sem roupas?

— Vou procurar algo e trazer. — Haru se levantou, tirou a capa e a entregou a Manato. — Por enquanto, coloque isso nele, deve ser um pouco melhor.

— Tudo bem se eu der isso a ele?

— Sem problema. Tenho várias iguais. Na verdade, fui eu que fiz.

— Uau! Então é como se ele tivesse algo em comum com o Haru!

Haru voltou para a Arca. Manato estendeu a capa de Haru e se aproximou do goblin com cuidado.

— Vou colocar isso em você, certo? Talvez fique um pouco grande. Espero que não arraste. E aí?

O goblin parecia um pouco nervoso. Quando Manato colocou a capa nas costas dele, o goblin ficou tenso por um momento. Em seguida, virou-se e olhou para Manato.

— Assim. — Manato fez um gesto de juntar a capa na altura do peito. O goblin rapidamente imitou o gesto de Manato.

— Isso mesmo. Está quentinho? Bem, não que esteja muito frio. E aí?

O goblin esticava e afrouxava a capa. Como a capa de Haru tinha um capuz, o goblin tentava colocá-lo e tirá-lo. Ficava um pouco grande, mas ele não tentou tirar a capa.

Yori sorriu. — Acho que ele gostou mais do que imaginávamos.

 

* * * *

 

Haru trouxe uma camiseta branca, um short e um colete sem mangas. Parece que não havia mais tamanhos pequenos. No entanto, se tivesse tempo, Haru poderia fazer quase qualquer coisa.

Vestir o goblin não foi tão complicado. Yori e Riyo se viraram, e Manato tirou a própria roupa uma vez para mostrar como se vestia. Assim, o goblin se vestiu imitando-o. Quanto à capa, o goblin verificou que Haru usava uma capa idêntica. Em seguida, colocou a capa que Haru lhe deu, inclinando a cabeça para Haru como se perguntasse se estava tudo bem.

— Claro. — Quando Haru sorriu levemente e assentiu, o goblin, surpreendentemente, inclinou a cabeça em sinal de agradecimento.

— …Obri…gado.

Isso surpreendeu não só Manato, mas todos.

— Ele disse obrigado? — Murmurou Yori enquanto Riyo arregalava os olhos.

— Que capacidade de aprendizado.

Haru dirigiu seu olhar para Manato.

— Ontem, você disse que ele te ajudou.

— Sim. Ele é meu salvador. Quando tentei tirar os goblins daquela jaula, eles não saíram. Enquanto eu estava ocupado, um soldado se aproximou por trás e o goblin que me ajudou foi este aqui.

— Ah, agora que você mencionou — disse Riyo levantando uma mão. — Um dos goblins que estava lá fora voltou para a jaula. Arrastou seus companheiros que não tentavam escapar e me ajudou. Pensando bem, poderia ter sido esse rapaz.

— Nossa… — De repente, Manato sentiu uma vontade irresistível de abraçar o goblin. No entanto, pensou que se fizesse isso do nada, poderia assustá-lo. — É incrível, realmente. Você se importa com seus amigos e ainda nos ajuda, mesmo que não tenhamos relação com o que você está passando. E, mesmo assim, veio até aqui sozinho…

Manato se sentia inquieto. O que era esse sentimento? Queria extravasar. Não que quisesse bater ou chutar alguém. Simplesmente, ficar parado lhe parecia desconfortável. Queria fazer algo, fazer alguma coisa sobre isso.

— Também trouxe isto. — Haru estendeu um embrulho de tecido ao goblin. Ao abri-lo, dentro estava o pão que Manato e os outros haviam comido durante o café da manhã. Era um pão feito a partir de sementes de um grão diferente do arroz ou do trigo, moído, misturado com água, amassado, deixado descansar um pouco e depois assado. Era mais mastigável que macio, tinha um toque ácido, mas também era doce, e estava bastante bom.

O goblin olhou para Manato.

— Sim, isso é comida. Pode comer. Entende?

Manato fez um gesto com a mão como se estivesse segurando o pão e levando à boca.

— Am, am, am! Comida. Está com fome? Não está com fome?

— …Ugu?

O goblin lambeu os lábios. Olhou para baixo e segurou a barriga.

— Não sei se vai gostar, mas deveria experimentar.

Haru aproximou o pão do goblin. Este cheirou o pão com a ponta do nariz e franziu a testa. Parecia bastante indeciso, mas talvez estivesse com fome. Com as duas mãos, pegou o pão e o levantou suavemente da palma de Haru.

O goblin primeiro lambeu o pão. Lambeu repetidamente. A superfície do pão estava um pouco dura, então ele poderia estar se perguntando o que era. Depois, mordeu um pedaço. Mastigou e engoliu.

— …Mm… Uff…

Parecia não entender completamente, mas aparentemente não era impossível de comer. O goblin abriu a boca mais amplamente do que da primeira vez e mordeu o pão.

— Mm… Ohf…

Para o goblin, talvez não estivesse delicioso, mas mesmo assim ele comeu rapidamente. Cobriu a boca com as mãos e mastigou bem. Engoliu.

— Ah…

O goblin retirou as mãos da boca e, depois de suspirar, levantou o polegar da mão direita. Quando Manato fez o mesmo e levantou seu polegar, o goblin inclinou a cabeça em direção a Haru.

— Obri…gado…

Haru sorriu de leve.

— De nada.

— Genial! — Manato bateu a mão esquerda com o punho direito, fazendo o goblin se sobressaltar. — Oh, desculpa, te assustei? Eu estava pensando que talvez você pudesse ficar com a gente. Se quiser ir a algum lugar, a gente não vai te impedir. Mas ficar sozinho pode ser perigoso, né? Pode trazer problemas, como com comida e outras coisas. O que você acha, Haru? É vocês, Yori e Riyo?

— Por mim, pessoalmente… — Haru olhou para o goblin. — Depende dele.

— waag?

O goblin apontou para si mesmo e inclinou a cabeça. Parece que realmente não entendeu. É assim mesmo? Embora ele nem entendesse o idioma, eu acabei falando por um longo tempo.

— Acho que depende de você.

Manato se recostou e ficou na altura dos olhos do goblin.

— Hmm…?

O goblin inclinou a cabeça para a direita e depois a moveu para a esquerda.

Yori se agachou ao lado de Manato.

— O que você deseja fazer? Yori concorda com Manato. Na verdade, Yori acredita que, se ignorássemos seu desejo, seria melhor para protegê-lo. Se um Vassalo te encontrar, você será capturado e levado de volta ao criadouro, ou até mesmo coisa pior.

— …Wau?

— Sim. Entendo que você não compreenda completamente. Mas parece que você é inteligente e, se ficar conosco, irá se acostumar aos poucos. Sinto isso ao olhar em seus olhos. Você está pensando bastante e tentando entender o que Yori está dizendo. Ei, você gosta dessa capa que está usando?

Yori apenas lançou um olhar para a capa de Haru que o goblin estava usando, sem realizar nenhum outro movimento. Mesmo assim, o goblin segurou a capa com firmeza. Em seguida, tentou erguer toda a capa, como se quisesse juntar as bordas longas. O goblin então acenou com a cabeça.

— Ca…pa. Go.. sto.

— Entendi.

Yori sorriu e acariciou a cabeça do goblin. O goblin não tentou afastar a mão de Yori e se deixou acariciar por um bom tempo. Não parecia incomodado. Na verdade, parecia estar um pouco satisfeito, até mesmo feliz.

— Nome — murmurou Riyo. — Se esse rapaz tem um nome, eu gostaria que ele dissesse.

— Um nome…? — Haru cruzou os braços.

Eles deveriam simplesmente perguntar. Manato apontou para si mesmo.

— Manato. Ma, na, to. Manato!

— …Man…to?

— Ah, se disser assim, vai confundir com “capa”. Ma!

 

(NT ‘Manto’ significa ‘capa’ em japonês.)

 

— Ma.

— Na!

— Naa.

— To!

— …To.

— Isso mesmo. Manato!

— Manaato.

— Sim, mais ou menos assim. Agora…

— Yo, ri.

Yori tocou o queixo com o indicador. Em seguida, apontou para Manato e disse “Manato”, voltando o dedo à posição original.

— Yori.

O goblin assentiu.

— …Yori.

— Isso mesmo. Yori.

— Eu sou… — Riyo levou a mão ao peito. — Ri, yo.

— …Riyo.

— Eu sou o Haru.

Quando Haru se apresentou assim, o goblin o chamou sem hesitar.

— Haru.

— Isso mesmo. Eu sou o Haru. E você?

— …Eu. — O goblin, talvez imitando Haru, cruzou os braços. — Manato. Yori. Riyo. Haru… Eu. Wada… Fii… Kakka…

— É a língua dos goblins de Grimgar? — perguntou Yori em voz baixa para Haru.

Haru balançou a cabeça.

— Não. Os goblins têm seu próprio idioma, mas parece que isso é diferente.

— Yori aprendeu um pouco da língua dos goblins com seu mestre criador de dragões, mas não parece ter muitas semelhanças. Na língua goblin, é comum usar a garganta de uma maneira específica, como se precisasse ser limpa. Mas aqui, isso não parece estar presente.

— Ahk.

O goblin apontou para si mesmo, fazendo um som de “chichichi” com a língua e cruzando as mãos várias vezes na frente do rosto.

— Chaa. Ia. Naa. Baa. Boo.

— Oh.

Manato assentiu duas ou três vezes, e o goblin tocou seu rosto com os dedos.

— Taa, taa. Wadaa. Fii.

— Entendi.

— Boppe. Baa. Boo.

— Entendi.

— Você entendeu? — Yori arregalou os olhos. — O que esse rapaz está dizendo?

— Eh, não sei.

— Parecia que você entendia perfeitamente…

— Não é bem assim. Acredito que ele não tenha um nome, certo? Parece que ele tem apenas uma forma de ser identificado. Algo assim. Não é? — perguntou Manato, e o goblin assentiu vigorosamente.

— Taa, taa.

— Tata!

Manato colocou uma mão no ombro do goblin. O goblin parecia um pouco surpreso, mas não tentou afastar a mão de Manato.

— …Tataa?

— Sim. Tata. Manato, Yori, Riyo, Haru, e você é Tata.

— Eu… Tata.

— Tata!

— Tata.

O goblin apontou para si mesmo e repetiu.

— Tata.

— Assim está bom. Tata!

— Assim… Bom. Tata!

— Tata, companheiro. Todos somos companheiros do Tata. Yori, Riyo, Haru e Manato, todos somos companheiros do Tata. Todos somos companheiros!

— Companheiro! Manato. Yori. Riyo. Haru. Tata. Companheiros. Todos!

— Companheiros!

Manato levantou o polegar direito, e o goblin, ou melhor, Tata, imediatamente fez o mesmo gesto. Não pôde resistir. Manato abraçou Tata.

— Tata, obrigado por me ajudar! Obrigado por vir aqui sozinho! Que bom! De verdade, que bom. Somos companheiros, Tata!

— …Fu… uoo…

Tata se enrijeceu completamente e emitiu um gemido. Deveria soltá-lo? Quando Manato começou a pensar nisso, Tata envolveu as costas de Manato com ambos os braços. Ele estava retribuindo o abraço.

— Haha! Tata!

Manato levantou Tata rindo e começou a girar com ele. Pretendia parar imediatamente se Tata mostrasse desconforto.

— Oh, uau!

Mas Tata estava sorrindo. Bem, era o que Manato achava.

— Mais?! Quer girar mais?

— Wauw, fua!

— Ainda mais?

— Fuo!

— …Você não poderia parar já? — disse Yori.

— Hein?! Por quê?

— Porque você está ficando tonto.

— Estou bem! Não estou ficando tonto!

— Mas, mesmo que você esteja bem…

— Aah, uff, buff…

— Tata?! O que foi?

— Eu te avisei…

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