Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 12 (Parte 1) – Vol 07 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 12 (Parte 1) – Vol 07

Capítulo 12 – Kinuko-sama. (Parte 1)

— Estou morrendo! Dói demais! — gritou Ranta enquanto usava Leap Out para se posicionar na frente do inimigo. — Esse 49º dia claramente está amaldiçoado!

O inimigo tentou se virar em direção a Ranta, mas, com um ótimo timing, Kuzaku avançou com o escudo que tinha adquirido recentemente à sua frente, impedindo o inimigo de fazer isso.

— Grahhhh! — gritou Kuzaku.

— Ngh…! — Ranta balançou a lâmina negra que tinha comprado do ferreiro contra o flanco do inimigo. — Claro que eu quis dizer que ele está amaldiçoado para você, amigão!

Enquanto o leão morto tossia e jorrava sangue de sua mandíbula aterrorizante, envolveu o braço esquerdo ao redor de Ranta. Kuzaku estava atrapalhando o movimento de seu braço direito, então o inimigo não conseguia se mover como queria. Além de interferir em seus movimentos, Kuzaku estava gritando e cravando sua espada nas entranhas da criatura.

Yume soltou a corda do arco. Sua flecha voou e atingiu o morto na testa.

Haruhiro quis parabenizá-la, mas Yume gritou, consternada: — Miaaauw!

Ela devia ter mirado nos olhos, mas errou. Mesmo assim, não tinha errado por muito.

Haruhiro manteve a calma enquanto se agarrava às costas da criatura, cravando sua espada curta no pescoço do morto. Sua densa e rígida juba atrapalhava. Ele puxou a espada de volta e a cravou de novo—Não. Ele sentiu algo. O corpo da criatura estava cheio de uma força anormal.

Haruhiro largou e saltou para trás.

— Afastem-se dele por enquanto!

— Tá! — gritou Kuzaku.

— Droga! — exclamou Ranta.

Kuzaku e Ranta imediatamente seguiram a ordem de Haruhiro e recuaram. No mesmo instante, o leão morto soltou um rugido verdadeiramente arrepiante. Era um som tão forte que parecia agarrar todos que o ouviam pelas entranhas, mexendo com eles por dentro. Mesmo que estivessem preparados, seria difícil de suportar. Dava vontade de tapar os ouvidos e gritar: Por favor, pare!. Na verdade, Haruhiro, Kuzaku, Ranta e Yume se encolheram. Até mesmo Zodiac-kun, que estava flutuando por perto sem fazer nada, se encolheu. Mary também, mas Shihoru, que estava ao seu lado com a mente altamente concentrada, foi a única que não reagiu.

— Dark! — gritou Shihoru.

Quando Shihoru chamou esse nome, a coisa apareceu, como se tivesse saído de uma porta que se abriu de um mundo invisível. Os fios longos e escuros se torceram em espiral e assumiram uma determinada forma. Parecia uma pessoa, do tamanho exato para caber na palma de uma mão humana. Uma escuridão do tamanho de uma palma. Era um elemental.

Depois de muito tentar e errar, Shihoru decidiu por essa forma. Se você perguntasse a ela, Shihoru diria que ainda era um trabalho em progresso, e que ele devia ter uma forma verdadeira, uma mais apropriada para ele.

Independentemente disso, Dark havia se apegado a Shihoru. Pelo menos, era o que parecia para Haruhiro. Afinal, Dark aparecia ao lado do rosto de Shihoru e se sentava em seu ombro. E isso não era tudo.

— Vai!

Quando Shihoru deu a ordem, Dark obedeceu. Ele saiu voando do ombro de Shihoru com um misterioso grito, ou talvez apenas um som, enquanto se lançava na direção do leão morto.

Dark atingiu o peito do leão morto. Não houve impacto. Ele foi sugado para dentro de seu corpo. Isso fez alguma coisa? O que Dark causou? Isso não era absolutamente claro. Mas, de qualquer forma, o leão morto gemeu e se curvou, como se tivesse levado um soco sólido no plexo solar, depois caiu de joelhos. Dark estava surtindo efeito.

Antes que Haruhiro pudesse gritar “Agora!”, Ranta já estava avançando com Leap Out. Ele desenhou um oito com sua espada negra e—não.

Ranta estava desenhando um infinito, não um oito.

— Dança… do Purgatório Negro Infinito!

Primeiro um infinito, depois um oito. O oito foi seguido por outro infinito. Após o infinito, mais um oito. Ele encadeou os movimentos. Encadeou e encadeou.

O leão morto não usava nenhuma armadura real, mas seu corpo estava protegido por uma densa e dura camada de pelos, gordura que absorvia impacto e músculos espessos. Graças a isso, ataques de corte eram praticamente ineficazes contra ele. Ainda assim, Ranta o cortava. Ele cortava e cortava como um louco. No final, tropeçou para trás, sem fôlego.

— O que… — Kuzaku cravou a espada na barriga do leão morto de novo, exatamente onde ele já havia cravado antes, e a torceu. — … Era pra ser infinito?!

— Nguhhhhhhh! — O leão morto se contorcia, jorrando sangue.

— Isso é tão Ranta! — Yume disparou uma flecha atrás da outra.

Ela estava usando Rapid Fire. Três disparos. O primeiro errou, mas o segundo acertou em cheio o olho direito do leão morto, e o terceiro ricocheteou no elmo de Kuzaku.

— Whoa! — gritou Kuzaku.

— Miau?! D-Desculpa por isso!

— Wahaha! — Ranta respondeu rapidamente. — Isso é tão Yume!

— Cala boca, Ranta estúpido!

— Ehe… É verdade, você é barulhento demais… Cala a boca, Ranta. Pra sempre… Ehehe…

— Zodiac-kun! Você tá basicamente me dizendo pra morrer, não é?! — Ranta gritou.

— Auugh…! — O leão morto tentou empurrar Kuzaku para longe.

Kuzaku fincou os calcanhares no chão, resistindo. Ele forçou a espada longa ainda mais fundo e a torceu.

— Rahhh!

Haruhiro pulou nas costas do leão morto, cravando sua espada curta. Ele rasgou a camada de pelos, carne e gordura. Sua lâmina passou entre as costelas—mas não adiantou. Não conseguiu alcançar os órgãos.

— Haru! — Mary o chamou, então Haruhiro decidiu se afastar silenciosamente do leão morto. Ao enfrentar um inimigo desse nível, um simples ladrão como Haruhiro dificilmente conseguiria dar um golpe fatal. Essa era a suposição mais segura. Se ele conseguisse ver aquela linha, seria diferente, mas não era algo que ele poderia enxergar só tentando.

Com um rugido, o leão morto tentou usar as quatro patas para empurrar Kuzaku. Kuzaku resistia, mas as chances não estavam a seu favor numa disputa de pura força.

— Morre logo! — Ranta acertou com força a cabeça do leão morto com sua espada negra, mas ainda assim não conseguiu cortá-lo.

O leão morto finalmente deu um chute em Kuzaku, fazendo-o perder o equilíbrio.

— Guh!

Imediatamente, o leão morto se virou e começou a correr.

— Acha que vai fugir?! — Ranta gritou, correndo atrás dele. Não, ele só fingiu. Ranta deu dois, três passos e então parou, estalando a língua. — Perdemos a chance de matá-lo! E é porque vocês são todos inúteis, sabiam?! Se tivesse outro de mim aqui, teríamos acabado com ele!

— …É, continua falando. — Haruhiro olhou em volta, verificando se não havia mais nenhum outro morto por perto, e então respirou fundo.

— Kehehe… Se houvesse dois Ranta… este mundo seria um pesadelo… Kehe… Kehehehe… — Zodiac-kun gargalhou.

— O que você quer dizer com isso?! — Ranta berrou.

— Exatamente o que pareceu. — murmurou Shihoru.

— Zodiac-kun é tão gentil. — Mary sorriu friamente. — Se for o caso, essa foi uma avaliação generosa.

— Vocês são cruéis! O que eu fiz pra vocês?!

— Você tem feito várias coisas. — Yume estufou as bochechas e puxou a corda de seu arco. — Essa foi por pouco… Você acha?

— Difícil dizer. — Kuzaku levantou a viseira de seu elmo, virando o pescoço. — Achei que conseguiríamos vencer, mas não deu. Foi como se faltasse algo decisivo? Talvez?

— Mas a magia da Shihoru foi eficaz. — Haruhiro fez um sinal de positivo para Shihoru.

— Você acha? — O pescoço de Shihoru encolheu de vergonha. — Espero que tenha sido.

— Você foi ótima. — Mary deu um tapinha nas costas de Shihoru. — Criando magia no seu próprio estilo. Eu deveria aprender com seu exemplo.

— …Heh heh — Shihoru riu, sem jeito.

— Graças a mim! — Ranta estufou o peito. — É porque eu sempre mostro meu estilo próprio! Foi minha influência! Claramente!

— Kehe…

— O-O quê, Zodiac-kun? Se tem algo a dizer, diga. Somos parceiros. Não precisa se segurar comigo. — Ranta fez uma pausa. — Espera, você tá sumindo?! Por causa disso?! Volta aqui, Zodiac-kun, tá?! Se você for embora assim, vai ficar esquisito quando eu te invocar de novo, sabia?!

O leão morto era um inimigo problemático que às vezes aparecia no Distrito Noroeste da Cidade dos Mortos. Até pouco tempo atrás, eles não teriam escolha a não ser fugir no momento em que ele atacasse, mas agora podiam enfrentá-lo de igual para igual. Eles já haviam lutado com ele várias vezes, então estavam se acostumando. Considerando a experiência que haviam adquirido, era seguro pensar que Haruhiro e os outros estavam ficando mais fortes.

Na verdade, o equipamento deles também havia melhorado. Kuzaku havia conseguido um escudo curvo em forma de trapézio, segundo o ferreiro da Vila do Poço, ele aparentemente se chamava Gushtat, e, após adquirir um par de manoplas leves e resistentes, Ranta substituiu sua armadura por um conjunto mais leve e de aparência mais sinistra. Ele estava chamando-a de Armadura da Morte. Que completo e absoluto idiota.

Quanto a Haruhiro, seu manto, armadura de couro, luvas, calças e todo o resto estavam tão gastos e esfarrapados que eram irreparáveis, então ele comprou algumas peças novas, de cor escura, no vendedor de roupas e bolsas da Vila do Poço. Para peitoral e afins, ele conseguiu um conjunto de peças de couro que, ao olhar mais de perto, parecia ser de couro de cobra. Ele estava bastante satisfeito com elas. Também teve que adaptar um par de luvas de sete dedos para suas mãos de cinco dedos, mas já estava tão acostumado com elas que agora pareciam estranhamente familiares e fáceis de usar.

Pelo visto, Yume havia decidido aumentar sua defesa de uma maneira que não prejudicasse sua habilidade de usar o arco. Ela estava usando vários protetores aqui e ali. Provavelmente eram feitos de ossos revestidos com algum tipo de resina, mas eram realmente leves.

O chapéu e a túnica de Shihoru também estavam bastante desgastados, então as garotas foram juntas comprar algo adequado para ela na loja de roupas e bolsas. Elas fizeram isso, mas parecia que estava um pouco apertado na área do peito. Ainda assim, talvez a túnica que ela usava até então fosse apenas um pouco larga demais.

Ranta cochichou para Haruhiro, em voz baixa para que Shihoru não o ouvisse pela primeira vez, algo como: — Ela não estava apenas escondendo. Aqueles são uns peitos de torpedo. Quero dizer, cara, ela é ainda mais “avantajada” do que eu pensava.

Sinceramente, Haruhiro concordava, mas ainda assim sentiu vontade de matar o Ranta por dizer isso.

Como sacerdotisa, Mary estava relutante, mas acabou se desfazendo de sua túnica, que estava bastante danificada. Ela procurou um casaco branco para substituí-la, mas não encontrou, então optou por um azul-escuro. Ficou muito bem para seu tipo físico, e ela parecia ótima com ele. Ela também adquiriu um cajado com uma ponta que parecia dolorosa de ser atingido, mas esse havia sido saqueado, e não algo que ela comprou.

A propósito, todos eles compraram máscaras ou coberturas faciais na loja de máscaras, o que tornou o tempo que passaram escondidos na Vila do Poço um pouco mais confortável. Eles também estavam comprando suas necessidades diárias conforme a necessidade surgia. Agora havia muito menos coisas que sentiam estar faltando em suas vidas.

Além disso, o mais notável era a nova magia de Shihoru. Ela havia dado forma ao elemental que nomeou de Dark, que agora podia controlar.

Parece que a razão pela qual Dark se assemelhava a um elemental das sombras era porque Shihoru se especializou na magia das sombras Darsh. Elementais se alimentam do poder mágico do mago para tomar forma e exercer seu poder. Por causa disso, o mago e o elemental influenciam um ao outro diretamente. Sendo um ladrão, Haruhiro não entendia muito bem, mas talvez fosse algo semelhante ao que acontecia com o demônio de um cavaleiro das trevas.

De qualquer forma, a nova magia de Shihoru, Dark, tinha acabado de ser criada e ainda estava em desenvolvimento, então ainda havia todo tipo de potencial.

Shihoru havia escolhido o caminho da magia Darsh, que se especializava em feitiços de suporte e interferência, mas também havia aprendido magia Falz para ganhar algum poder destrutivo, e ainda havia se aventurado um pouco na magia Kanon. Seu caminho tomou várias voltas. No entanto, passar de uma coisa para outra provavelmente não era o que Shihoru realmente queria fazer. Ela era do tipo dedicada, alguém que preferiria se aprofundar em um único caminho o máximo possível.

Será que Dark poderia se tornar esse único caminho para Shihoru? Haruhiro esperava que sim.

 

O 49º dia deles naquele mundo terminou, e o 50º começou.

Quando foram à Vila do Poço para lavar o rosto e tomar café da manhã, Haruhiro e os outros o encontraram novamente.

— Oh ho! — Ranta deu um salto no ar. — É o Unjo-san!

Usando um chapéu trançado, esse homem, que parecia um verdadeiro arsenal ambulante, com machados, espadas, bestas e mais pendurados no quadril e na mochila, estava tomando uma tigela de sopa de insetos. Era apenas a segunda vez que o viam, mas era inconfundível. Era o Sr. Unjo.

Quando o Sr. Unjo terminou de beber o caldo, ele pegou os insetos com os dedos e os comeu. Então, ao esvaziar a tigela, disse: — Ruo keh — devolvendo-a ao caranguejo, antes de finalmente se virar para Haruhiro e os outros.

— Vocês, né? Soldados voluntários. Ainda estão vivos, é?

— Graças a você! — Ranta correu até ele e fez um gesto de soco no ar. — Quero dizer, cara, aquela Cidade dos Mortos! Quando você nos falou daquele lugar, nos ajudou muito! Desde então, nossa qualidade de vida melhorou bastante! Você é o melhor, Unjo-san! Unjo-san para presidente! Presidente…? Talvez rei seja melhor? Bem, tanto faz. Hehehehe. Você gostaria disso, Sua Excelência?! Não, na verdade, que tal Sua Majestade?! Gostaria disso?! É isso que vai ser?!

— Cara, você é muito irritante… — Haruhiro lutou contra uma dor de cabeça latejante enquanto empurrava Ranta de lado e inclinava a cabeça em desculpas. — Desculpe pelo nosso inútil, estúpido pedaço de lixo…

O Sr. Unjo puxou a aba de seu chapéu trançado para baixo. Não disse uma palavra. O que isso significava? Será que ele estava com raiva…?

Ranta engoliu em seco audivelmente e cutucou Haruhiro de lado. — I-Idiota. E-Essa é sua culpa! Tudo isso!

— Por quê…?

— Você é o líder, droga! Isso significa que tudo é sua responsabilidade, seu inútil!

Com um olhar de volta para Haruhiro, que estava tão exasperado que nem tinha vontade de ficar propriamente irritado, o Sr. Unjo começou a andar.

Para onde ele estava indo? Para a loja de variedades ao lado da mercearia? Bem, eles chamavam de loja de variedades, mas a maioria dos itens que a loja exibia era sucata. Além disso, fora as raras ocasiões em que o lojista magro, que se vestia todo de cinza escuro, aparecia do lado de fora, a loja não ficava aberta.

O dono não estava por perto agora. A porta da loja ainda estava fechada.

Uma vez, Ranta disse algo estúpido sobre um teste de coragem, ou algo assim, e bateu na porta. Não houve resposta.

A loja de variedades era a loja mais misteriosa de toda a Vila do Poço. Para começar, Haruhiro e os outros só a chamavam de loja de variedades por conta própria. Talvez nem fosse uma loja de verdade.

O Sr. Unjo não bateu na porta da loja. Ele simplesmente a abriu. Era uma porta deslizante. O Sr. Unjo entrou em silêncio.

Espera, hã? Haruhiro pensou, surpreso. Pode isso?

— O-O que deveríamos fazer? — Ranta havia se abrigado atrás de Haruhiro em algum momento.

— …O que você quer dizer com “o que”? Por enquanto, só se afaste de mim.

— Ei, cara, eu não tô me agarrando em você porque gosto. Não entenda errado, idiota.

— Hm. — Kuzaku pressionou o pescoço e o girou. — Tô interessado, sabe. Pra ser sincero.

— É — Yume disse distraída. — Vamos tentar entrar.

Bom, estamos dentro da Vila do Poço. Não é como se fôssemos ser mortos, raciocinou Haruhiro. Provavelmente.

A porta da loja ainda estava aberta. Haruhiro primeiro tentou espiar lá dentro. E teve uma surpresa.

Não havia uma única janela, e as paredes, fracamente iluminadas por uma lâmpada, estavam cobertas de… Eram tábuas de pedra? Ou talvez tábuas de barro? De qualquer forma, a visão de muitas tábuas retangulares, grandes e pequenas, com símbolos e figuras esculpidos nelas, era avassaladora para Haruhiro. Aqueles símbolos eram letras? Algumas das figuras até tinham cores.

Mesmo sentado numa cadeira ao fundo, o lojista magrelo parecia longo e fino. O Sr. Unjo colocou sua enorme mochila no chão. Parecia que ele estava tentando pegar algo de dentro dela. Acontece que era uma tábua de pedra.

— Uau… — Yume se agachou na porta. — O que é tudo isso? É incrível.

Ranta levantou a viseira de seu elmo e olhou ao redor, encarando. — Tesouro, né…?

— É só isso que tem? — Shihoru olhou ao redor da sala, então suspirou. — Embora, de certo modo, pode ser um tesouro…

— Isso pode não ser uma loja de variedades — Mary disse em voz baixa. — Talvez seja um museu.

— As coisas parecem velhas o bastante pra ser. — Kuzaku entrou na loja. Ele começou a estender a mão para tocar uma das tábuas de pedra, mas logo a recolheu. — Talvez seja má ideia tocar nelas.

O lojista magrelo aceitou a tábua de pedra do Sr. Unjo, colocando-a sobre a mesa e segurando ambas as mãos sobre ela.

Haruhiro estremeceu um pouco. Ele havia visto algo um tanto assustador. As mãos do lojista magrelo. Elas tinham cinco dedos, mas nas palmas—Se seus próprios olhos não o estavam enganando, havia olhos lá. O lojista magrelo estava usando aqueles olhos para examinar a tábua de pedra.

O Sr. Unjo se virou para Haruhiro. — Aqui, não há livros. Não livros de papel. Ainda restam registros, porém. Em pedra, em barro. Em tábuas. O sábio das mãos com olhos, Oubu, é um pesquisador. Ele coleciona tábuas. Se uma tábua tiver valor, ele a comprará de você.

O sábio das mãos com olhos, Oubu, presumivelmente era o lojista magrelo. Quando as mãos do sábio Oubu se afastaram da tábua, ele remexeu nas gavetas da mesa e tirou algumas moedas pretas. Eram grandes. Não pequenas, nem de tamanho médio. Moedas grandes. E não apenas uma. Duas delas.

Duas moedas grandes significavam 2 rou. Dependendo da loja a que fossem, ou melhor, da pessoa, o valor delas podia variar entre 20 e 50 ruma. Era uma fortuna.

Pegando as duas moedas do sábio Oubu, o Sr. Unjo as enfiou de forma desajeitada em sua mochila. — Ruo keh.

— Avaruu seha — respondeu o sábio Oubu, com suas mãos voltando à tábua de pedra na mesa. Com aqueles olhos nas mãos, ele examinava cuidadosamente a nova tábua adquirida.

— Lumiaris e Skullhell. — O Sr. Unjo mencionou subitamente dois nomes inesperados enquanto apontava para uma das tábuas de pedra. — A batalha entre os deuses está representada.

— Ohhh…! — Ranta correu até lá, pressionando o rosto bem perto da tábua de pedra. — Ele tá falando sério! Esse cara à direita, o rosto dele parece o símbolo de Skullhell!

— Lumiaris sempre é representado apenas pelo hexagrama, nunca desenhado, mas… — Mary parecia intrigada também, e apertou os olhos para enxergar melhor a tábua. — A mulher à esquerda, é Lumiaris…?

Essa tábua de pedra era retangular e oblonga. No lado direito, havia um homem com um rosto parecido com um crânio, e no lado esquerdo, uma mulher de cabelos longos. O homem segurava uma grande foice na mão direita, uma espada na esquerda, e ele tinha apenas uma perna. A mulher estava nua, com uma esfera grande na mão direita e uma esfera pequena na mão esquerda. Havia um arco-íris nas suas costas.

A metade direita do fundo era noite, e a metade esquerda era dia. Havia muitas pequenas criaturas na parte inferior. Cada uma delas estava alinhada com o homem ou a mulher, e elas lutavam umas contra as outras. Elas se perfuravam com espadas, flechas voavam de um lado para o outro, e muitas criaturas podiam ser vistas caídas. Uma batalha sangrenta estava em andamento.

— Isso aconteceu aqui — disse o Sr. Unjo em um tom baixo. — Lumiaris e Skullhell estiveram aqui. Aqui em Darunggar.

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