Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 12 – Volume 21 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 12 – Volume 21

Capítulo 12

Lágrimas no meio.

Enquanto se dirigiam para Damuro, surgiu a questão de o que fazer com Tata. Para Tata, que havia escapado do criadouro e chegado à Velha Altana e à Arca, era compreensível que ele não quisesse voltar para Damuro, onde estava o criadouro. Não seria estranho que ele não quisesse retornar ou nem mesmo se aproximar novamente.

Eles pensaram em deixar Tata como guarda, mas ele não queria se separar de Manato e dos outros, especialmente de Manato. Embora não estivesse claro se ele compreendia que estavam indo para Damuro ao explicarem-lhe com gestos, ele assentiu.

Bem, se Tata ficasse ansioso ou tentasse voltar pelo caminho, poderiam considerar o que fazer naquele momento. Como a capa era um pouco longa e parecia dificultar seus movimentos, a enrolaram em volta do pescoço para fazer um ajuste provisório. Mais tarde, Haru disse que a encurtaria.

Tata, embora pequeno, era ágil e seguia facilmente o ritmo de Manato e dos outros, sem que precisassem andar devagar. Enquanto conversavam, Tata aprendia cada vez mais palavras, e não só respondia às perguntas de Manato, como também começava a fazer várias perguntas. Frequentemente, ele ria com um “fushasha” e também mostrava seu descontentamento franzindo o cenho e soltando um “fifi”. Ao que parecia, “Ta” significava “eu”, e Tata havia começado a usá-lo de forma que significava “eu, eu mesmo”. Manato o havia nomeado dessa maneira impulsivamente, mas não tinha certeza se estava certo. No entanto, parecia que Tata estava satisfeito, então talvez estivesse tudo bem.

— Provavelmente… — disse Haru, que havia estado observando a interação entre Manato e Tata. — O que vimos no criadouro é apenas uma face da situação. Mesmo em um ambiente tão severo, os goblins não apenas sofrem e se desesperam. Eles se comunicam entre si e vivem o melhor que podem. Supor que não conseguem encontrar alegria ou esperança em um lugar como aquele é um erro e apenas uma forma de desprezá-los e subestimar os goblins.

— Certamente. — Yori assentiu. — Gostaria de pensar que Tata é um goblin excepcional e brilhante, mas isso não é necessariamente o caso. De qualquer forma, devemos libertar o maior número possível de goblins.

— Talvez Tata entenda o que Yori e os outros estão tentando fazer. — disse Riyo em voz baixa. — E talvez ele queira ajudar. Por isso, decidiu nos acompanhar.

Logo começaram a ouvir o que parecia ser uma explosão à distância.

Já estavam próximos da cidade velha de Damuro. Podiam ver os restos das muralhas ao longo do caminho.

— Tada-san—Tydariel… — murmurou Haru.

— Eu pensei sobre isso.  — disse Yori, parando e perguntando. — Para você, Haruhiro, aquele santo é Tydariel? Ou é a pessoa que foi conhecida como Tada?

— Bem…

Haru ficou sem palavras enquanto cobria a boca por baixo da máscara.

Tata olhava fixamente para Haru, aproximando-se e segurando a borda de sua capa.

Ao perceber isso, Haru acariciou suavemente a cabeça dele.

— Está preocupado comigo? Você é muito gentil, Tata. Mas em comparação com você, minhas dúvidas e preocupações são pequenas. Eu só estava paralisado, sem vontade de continuar. Pensar me dava um pouco de incômodo, e eu evitei encarar minhas dúvidas. Não sei nem se posso chamar isso de confusão.

— Haru… está bem?

— Sim. Estou bem.

Quando Haru voltou a acariciar a cabeça dele, Tata soltou uma risada curta e alegre.

— Quanto à pergunta anterior. — Haru se voltou para Yori. — Embora para mim, Tada-san tenha se tornado o Santo da Perturbação a serviço de Lumiaris, ele ainda é Tada-san. Não importa se ele é um devoto ou um vassalo. Mesmo que tenha adorado Lumiaris ou Skullhell, não consigo imaginar que ele desejasse se tornar algo assim. Algo que um ser poderoso, que se autodenomina deus, os obrigou a se submeter.

— Então, Haruhiro, você não acha que está tudo bem assim. — disse Yori.

— Exatamente. Yori, você está certa. Sinceramente, não acho que está tudo bem. Tada-san era uma pessoa que, embora peculiar, era fiel aos seus sentimentos e valores, e nunca vacilava nisso. Quando se via diante da escolha entre comprometer seus princípios ou sacrificar sua vida, ele sempre escolheria a última opção sem hesitar. Ele era assim. E não era apenas Tada-san. Muitos amigos e pessoas que respeito tiveram seus destinos distorcidos pelos deuses.

— Não podem ser trazidos de volta ao normal? — perguntou Manato, e Haru balançou a cabeça.

— Não sei, mas… por exemplo, no caso dos devotos, eles não serão libertados do domínio do deus sem a remoção do núcleo. Como o núcleo está localizado em uma área do cérebro que regula as funções vitais, não tenho certeza se seria possível manter a vida após sua remoção. Seria extremamente difícil, para dizer o mínimo.

— Hmm…

Manato tentou resumir as palavras de Haru em sua mente. Não era necessário resumir muito. Embora Haru tivesse sido um tanto indireto, não era particularmente complicado de entender. No entanto, era difícil para ele expressar a conclusão com clareza.

Então era isso.

Haru havia parado de duvidar e se preocupar. Manato poderia ter feito o mesmo se estivesse no lugar de Haru. Era uma história bastante difícil.

— Não é possível escapar dos deuses, exceto pela morte. — disse Yori e exalou com uma força que parecia excessiva para um simples suspiro. — Então, para salvá-los, não há outra opção a não ser matá-los. E como eles eram seus companheiros de armas, Haruhiro, é natural que também tivessem ligação com minha bisavó, certo?

— Ruon… — Haru baixou a cabeça e assentiu lentamente, como se estivesse tremendo. — Quando seu avô nasceu, comemoramos todos juntos. Todos estavam verdadeiramente felizes… Lembro-me desse dia com muita clareza.

— Minha bisavó estava em um lugar chamado Vila Akatsuki, não é?

— Sim. Ruon nasceu na Vila Akatsuki.

— Algo aconteceu na Vila Akatsuki, e minha bisavó teve que fugir com meu avô. Mas ela nunca me contou o que aconteceu naquele momento. Embora ela contasse tudo para Yori, parecia que não queria se lembrar do que aconteceu depois de deixar a Vila Akatsuki e embarcar para sair de Grimgar.

— Na Vila Akatsuki, alguns de nós permaneceram para proteger Yume e seu avô. Embora todas fossem mulheres, entre elas havia aquelas que serviam a Lumiaris e aquelas que serviam a Skullhell.

— Elas se mataram entre si?

— Provavelmente. O fato de Yume e Ruon não terem se envolvido nisso foi um milagre. Não foi apenas uma questão de sorte. Alguém deve ter arriscado a vida para que os dois pudessem escapar. A nova vida que nasceu na Vila Akatsuki. Ruon era nossa esperança.

— Por isso, minha bisavó tinha que sobreviver a todo custo e proteger meu avô.

— 1º de janeiro do ano 720 do Reino de Arabakia. — disse Riyo em um tom que lembrava a leitura de um livro. — Como um projeto conjunto da família e da Companhia, começamos a expansão ao sul das Montanhas Tenryu. Em 7 de março do mesmo ano, a companhia conseguiu entrar em contato com os remanescentes do Reino de Arabakia, o que intensificou o projeto. No local, estavam assentadas dezessete tribos de bestas divinas, sendo Obudu, o rei da tribo dos leões, o líder. Nosso avô Ruon desafiou Obudu para um combate um a um no dia 9 de setembro do ano 722 e foi derrotado. Sofreu ferimentos graves que nunca cicatrizaram completamente e faleceu em 23 de fevereiro do ano 724, sob os cuidados de minha bisavó.

O tom de Riyo era extremamente neutro.

— Quando nosso avô morreu, minha bisavó disse que não derramou uma única lágrima. O avô viveu como quis. Fez apenas o que acreditava que devia fazer e não se arrependeu de nada. Por isso, minha bisavó não ficou triste.

Os olhos de Riyo, que estavam ligeiramente abaixados, brilhavam com lágrimas.

— Meu avô tentou enfrentar Obudu, uma criatura monstruosa com mais de quatro metros de altura, em um combate um a um. Achei que era uma imprudência e perguntei à minha bisavó. A resposta dela foi que, claramente, essa era a forma de travar a batalha com o menor sacrifício e da maneira mais rápida. Não era preciso matar Obudu. Bastava derrotá-lo de maneira justa, e se meu avô assumisse o comando das dezessete tribos de bestas divinas em seu lugar, a guerra poderia chegar ao fim. Meu avô apostou nessa possibilidade. Ele queria pacificar as terras ao sul das Montanhas Tenryu o mais rápido possível para retornar a Grimgar, sua terra natal. Acima de tudo, desejava levar minha bisavó de volta para Grimgar. Mas…

A voz de Riyo tremeu e se quebrou por um momento.

Após uma breve pausa, Riyo continuou falando em um tom plano.

— Meu avô perdeu a aposta e seu desejo não se realizou. Obudu não foi derrotado até quinze anos após a morte de meu avô, em 17 de março do ano 739. Ninguém, exceto meu avô, teve coragem de enfrentar Obudu em um combate um a um. No final, várias centenas de elite cercaram Obudu e o torturaram até matá-lo. Minha bisavó disse que foi horrível. Vinte e três anos depois, Yori e eu finalmente chegamos a Grimgar. Na verdade, eu queria trazer minha bisavó para cá. E, se fosse possível, também meu avô.

— …Riyo, do que você está falando? — Yori franziu a testa com desdém, e Riyo abaixou a cabeça.

— Desculpe.

— Eu… — Haru levantou a mão direita, abriu-a e depois a fechou lentamente em um punho. — Eu odeio os deuses. Desejo salvar todos. Mas é impossível. Não consigo exterminar esses seres… com minhas próprias mãos.

— Não é impossível. — Yori relaxou os lábios. Seus olhos estavam completamente sérios. Ele fixava o olhar nos vestígios da muralha que cercava Damuro.

— Estamos aqui, Yori e eu. Não é nada impossível. Vamos destruir os criadouros e libertar os goblins, e nos despedir das pessoas que celebraram o nascimento de nosso avô, não como servos dos deuses, mas como seres humanos.

— Haru! — Manato estendeu o punho direito em direção a Haru. — Vou ajudar! Até agora, tenho recebido muita ajuda, mas em breve também serei capaz de ajudar.

— …Não. — Haru pressionou seu punho direito contra o punho direito de Manato. — Você já me ajudou muito. Desde que te conheci, parece que o tempo que estava parado começou a fluir.

— Hooei!

Tata imitou Manato, erguendo o punho. Haru também bateu levemente seu punho contra o de Tata.

— Isso mesmo, Tata. Você também faz parte do grupo. Antes eu também tinha amigos. Não os esqueci. Não podia esquecê-los, então tentei não lembrar deles e acabei fugindo das coisas que devia fazer…

Libertar os goblins dos criadouros. Além disso, libertar os devotos e vassalos que foram companheiros de armas de Haru do domínio dos deuses. Havia mais coisas a fazer, e Manato se sentiu animado. Não tinha certeza se conseguiria fazer isso, mas se houvesse um caminho a seguir, pelo menos poderia avançar. Talvez não tivesse esse impulso se estivesse sozinho, mas com Haru, Yori, Riyo e Tata ao seu lado, sentia-se motivado.

Manato e os demais avançaram pelos vestígios da muralha e adentraram o centro da cidade velha de Damuro. O criadouro de Tata estava totalmente devastado, e os buracos no chão estavam parcialmente cobertos por escombros. Não havia sinais de goblins. A falta, inclusive, de corpos de goblins foi uma surpresa. Tata, evidentemente, tinha seus próprios sentimentos a respeito, mas permaneceu em silêncio, observando os detritos do criadouro por um tempo, sem pronunciar uma palavra ou tentar agir.

Os sons que pareciam explosões se tornavam mais altos quanto mais avançavam para o oeste, em direção à nova cidade. Tydariel, outrora Tada, estava causando estragos. Parecia que ele estava golpeando algo duro com seus enormes braços em um ritmo quase constante.

E’lumiaris, oss’lumi, edemm’lumi, e’lumiaris…

Finalmente, também se ouviu o cântico dos devotos.

Lumi na oss’desiz, lumi na oss’redez, lumi eua shen qu’aix…

Os sons de explosões e o cântico se entrelaçavam, e não era difícil ouvi-los como uma espécie de música.

Lumi na qu’aix, e’lumiaris, enshen lumi, miras lumi…

A visibilidade naquela área era bastante ruim devido às árvores e ruínas que bloqueavam a vista. No entanto, o chão pisoteado e os galhos quebrados indicavam que pessoas haviam passado por ali recentemente. Provavelmente, os devotos haviam passado por aquele lugar.

De repente, a visibilidade melhorou. O que se via à frente não era uma parede de pedra, mas uma parede verde que se erguia diante deles. A parede se estendia para os lados sem fim. Contudo, a parede à esquerda estava parcialmente desmoronada. Poderia ser obra de Tydariel? Com certeza.

E’lumiaris, oss’lumi, edemm’lumi, e’lumiaris…

As vozes cantando e o som de explosões também pareciam vir daquela direção, à frente à esquerda.

— Vamos ver o que tem lá? — perguntou Yori.

Haru não respondeu. Parecia estar hesitando.

— Se parecer perigoso, simplesmente fuja imediatamente. — Manato disse isso, e Tata saltou de emoção.

— Abuná, sunigei, ííí!

— …Entendido. — assentiu Haru. — Eu lidero. Yori, Manato, Tata e Riyo, sigam-me nessa ordem. Todos, prestem atenção ao seu redor.

— Entendido!

— Sim! Tata, fique atrás.

— Aí!

— Sim.

Haru começou a caminhar em direção à parede verde. Yori estava quase colada em Haru.

Manato fixou o olhar no rosto de Tata. Tata não aparentava estar especialmente nervoso. É provável que Manato estivesse mais animado. Tata demonstrava uma grande curiosidade, mas sua coragem parecia ainda mais evidente.

— Vamos.

Quando Manato falou, Tata respondeu com um breve “Aí!” Não queria ficar para trás. Manato apressou-se para alcançar Yori. Tata o seguiu. Claro, Riyo também o fez.

Haru parecia se mover para a esquerda, com a parede verde atrás dele. Por que a parede tinha essa cor? Ao toque, parecia musgo. A parede em si era rígida, mas não aparentava ser de pedra. Poderia ser uma parede feita de terra compactada, coberta de musgo por toda parte?

Manato continuou a seguir Yori, prestando atenção tanto à parte superior da parede quanto à direção da cidade velha.

Lumi na qu’aix, e’lumiaris, enshen lumi, miras lumi…

O som das explosões continuava a ressoar quase em intervalos regulares. As vozes cantando, se ouvidas atentamente, pareciam variar ligeiramente de volume.

Lumi na parri, E’Lumiaris, Me’lumi, E’Lumiaris…

Por exemplo, se fosse um coro de cem devotos, não cantariam todos ao mesmo tempo; alguns cantariam enquanto outros não. Algo assim, talvez.

E’Lumiaris, Oss’lumi, Edemm’lumi, E’Lumiaris…

Talvez os devotos estivessem dispersos. Provavelmente estivessem perto de Tydariel, mas não todos reunidos em um único lugar; ao contrário, estariam espalhados em certa medida.

Poderia ser que os devotos estivessem lutando contra os vassalos que se haviam estabelecido na cidade nova de Damuro. Estariam cantando enquanto lutavam?

Haru parou.

A frente, uma parede estava em ruínas. Não havia alterações na parte superior da parede verde nem na direção da cidade velha. Parecia que não havia devotos nem vassalos naquela área. Somente Manato e seu grupo estavam presentes.

Haru começou a andar novamente. Depois de Yori, Manato também atravessou o lado oposto da parede devastada.

Parecia um túnel recém-escavado, sem teto, ou uma grande caverna. Os edifícios do lado oposto dessa parede também pareciam ser feitos do mesmo material. Além disso, os edifícios estavam amontoados sem espaços. Tydariel estava destruindo um após o outro, avançando através deles. Os devotos provavelmente estavam marchando pelo caminho que Tydariel havia aberto ou destruído.

— É um desastre… — disse Yori.

— No fim das contas, é Tada. — disse Haru e levantou a mão esquerda para parar Manato e os outros.

Havia algo que o preocupava?

À frente, cada vez mais poeira era levantada. O som de explosões, ou melhor, o som de destruição, não cessava. Com certeza Tydariel estava no meio daquela poeira, continuando sua destruição dos edifícios.

Haru fez um gesto com a mão direita para frente e começou a caminhar. Yori, Manato, Tata e Riyo o seguiram.

E’LUMIARIS, OSS’LUMI, EDEMM’LUMI, E’LUMIARIS…

LUMI NA OSS’DESIZ, LUMI NA OSS’REDEZ, LUMI EUA SHEN QU’AIX…

LUMI NA QU’AIX, E’LUMIARIS, ENSHEN LUMI, MIRAS LUMI…

LUMI NA PARRI, E’LUMIARIS, ME’LUMI, E’LUMIARIS…

O som da destruição e o cântico se tornavam cada vez mais intensos. Era possível sentir a vibração. A terra, embora não fosse totalmente plana, estava em um estado que permitia caminhar com relativa facilidade, pulsando ao ritmo do som da destruição. Além disso, o vento, carregado de poeira, soprava em sua direção. Manato semicerrava os olhos, tentando não tossir e cobrindo a boca com o braço.

E’LUMIARIS, OSS’LUMI, EDEMM’LUMI, E’LUMIARIS…

LUMI NA OSS’DESIZ, LUMI NA OSS’REDEZ, LUMI EUA SHEN QU’AIX…

LUMI NA PARRI, E’LUMIARIS, ME’LUMI, E’LUMIARIS…

A poeira tornava tudo enevoado. Haru voltou a levantar a mão esquerda e parou todos.

— Hahahihihaha…!

Não foi possível ouvir claramente, mas houve som. Seria uma risada? Poderia ser Tydariel?

— ——!

Manato prendeu a respiração. Não ficou surpreso com a risada que parecia pertencer a Tydariel. Ele sabia que Tydariel estava à frente. Estava preparado para isso. Mas, de repente, alguém agarrou o ombro esquerdo de Manato por trás.

Poderia ser Tata? Tata estava bem atrás de Manato. Quando se virou, não era Tata. Era Riyo. Riyo havia estendido a mão direita e agarrado o ombro esquerdo de Manato através de Tata. Riyo não estava olhando para Manato. Estava olhando para a direção de onde haviam vindo.

Manato também olhou para lá. A poeira era menos densa naquela direção. Graças a isso, ele pôde ver claramente.

Não era pequeno. Era muito mais alto que Riyo, a pessoa mais alta entre eles. Deveria dizer que era? Não estava nem claro se aquilo estava vivo. Sua cor era escura, quase negra. Assemelhava-se a uma árvore sem folhas. Não era apenas uma árvore seca. Ou talvez fosse apenas uma árvore? Era como se várias árvores estivessem crescendo, entrelaçando-se e morrendo juntas. Às vezes, encontram-se árvores assim nas profundezas da floresta.

Poderia-se dizer que era o fantasma de uma árvore, o que era um tanto assustador. Será que o fantasma havia se deslocado de algum lugar até ali? Era evidente que havia se movido. Manato e seu grupo passaram pelo local onde ela estava. Até pouco tempo atrás, não estava ali.

Claro, não era o fantasma de uma árvore nem nada do tipo. Manato também entendia isso. Mas se não era isso, então o que era?

Seria aquilo um braço? Um braço escuro. Um número impressionante de braços. Manato pensou isso porque na extremidade desses braços havia algo que se assemelhava a uma mão com cinco dedos. Dava a impressão de que na ponta de cada um desses braços escuros havia uma mão. Um agrupamento de braços escuros, braços incontáveis. Mas, de certa forma, não havia apenas um braço. Na parte superior, mais próximo do centro, algo branco se destacava entre eles.

— Um face…? — murmurou Manato.

Uma face. Sim, uma face humana. Com os olhos levemente abertos. Provavelmente era uma mulher. Um conjunto de braços escuros. Com uma face. O que era aquilo?

— Chibi…

Ouviu-se a voz de Haru. Ao olhar, Haru também estava olhando para trás.

Chibi? Chibi, como pequeno?

(NT: Chibi significa ‘pessoa pequena’ ou ‘criança pequena’)

— É Deusa Demoníaca, o que faz aqui…?

— Deusa Demoníaca…?

Yori parecia que ia perguntar algo a Haru, mas parou no meio do caminho e começou a desembainhar sua espada vermelha.

— Pare, o inimigo é perigoso demais! — Haru rapidamente interrompeu Yori. — A Deusa Demoníaca do Arrependimento, ela é, por assim dizer, a senhora de Damuro…

Deusa Demoníaca. Senhora de Damuro. A líder dos vassalos que viviam em Damuro? O Santo da Perturbação, Tydariel, provavelmente era o superior dos devotos da Deusa da Luz, Lumiaris. A Deusa Demoníaca do Arrependimento, Chibi, parecia ser algo similar ao Santo Tydariel, mas do lado do Deus das Trevas, Skullhell.

E’LUMIARIS, OSS’LUMI, EDEMM’LUMI, E’LUMIARIS…

LUMI NA OSS’DESIZ, LUMI NA OSS’REDEZ, LUMI EUA SHEN QU’AIX…

LUMI NA QU’AIX, E’LUMIARIS, ENSHEN LUMI, MIRAS LUMI…

LUMI NA PARRI, E’LUMIARIS, ME’LUMI, E’LUMIARIS…

O canto e o estrondo das explosões ecoavam.

Os braços da Deusa Demoníaca, ou melhor, um número infinito de mãos, começaram a se curvar e a se alongar.

Era incrivelmente grande e parecia perigoso. Definitivamente e absolutamente perigoso. Apesar disso, Manato não sentia medo. Por não sentir miedo, a situação não era engraçada. Pode parecer estranho, mas ele não tinha a impressão de que aquilo era real. Será que a Deusa Demoníaca do Arrependimento, Chibi, estava realmente ali?

— Chibi… — Yori mantinha a empunhadura da espada vermelha sem soltá-la. — Ouvi esse nome da minha bisavó. Ela dizia que havia alguém chamado Chibi-chan. Mas, não era uma sacerdotisa

— …Sim, era. Diante de mim, ela perdeu seus companheiros… entre eles, o homem em quem provavelmente confiava e amava mais do que a qualquer outro, Renji…

Foi nesse momento.

Talvez o fato de Haru mencionar Renji tivesse algo a ver. Nos olhos ligeiramente abertos da Deusa Demoníaca, um líquido negro começou a escorrer. Eram lágrimas? Lágrimas negras corriam por suas bochechas brancas. Ela estava chorando.

De repente, Manato sentiu um calafrio.

Ela estava ali. A Deusa Demoníaca. Outrora Chibi, uma companheira de armas de Haru. Ela era uma sacerdotisa e provavelmente se tornou devota de Lumiaris, mas por algum motivo, agora servia a Skullhell.

A Deusa Demoníaca do Arrependimento.

Os braços enegrecidos, mãos e braços, movimentavam-se com intensidade à medida que ela se aproximava.

As lágrimas escuras escorriam por seu rosto.

Ilustração Bônus

Ilustração especial em celebração ao décimo aniversário da light novel.

In this post:

Deixe um comentário

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Adblock detectado! Desative para nos apoiar.

Apoie o site e veja todo o conteúdo sem anúncios!

Entre no Discord e saiba mais.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

|