Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 13 – Vol 07 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 13 – Vol 07

Capítulo 13 – Revelação.

Antes de partir, Haruhiro e os outros seguiram o conselho, ou melhor, as instruções do Sr. Unjo e fizeram preparativos meticulosos.

A cidade de Herbesit ficava a oeste da Vila do Poço, uma viagem de três dias a pé. No caminho, teriam que acampar na floresta. Embora houvesse poucos yegyorns na floresta a oeste, havia uma colônia de gaugais (ou inuzarus) naquela área. Também havia diversos carnívoros e onívoros ferozes, além dos durzoi—que aparentemente significava “anciãos” ou algo assim—uma raça humanoide de quatro braços.

Segundo o Sr. Unjo, os durzoi eram caçadores orgulhosos, que geralmente trabalhavam sozinhos, caçando grandes bestas carnívoras chamadas vaguls. Se alguém roubasse suas presas, eles se tornariam inimigos vingativos e perigosos, mas, enquanto seus interesses não fossem prejudicados, permaneciam largamente inofensivos. Ainda assim, a party precisaria tomar cuidado com os vaguls e outras feras, como siddas, wepongs e gaugais. Cada uma dessas bestas usava táticas diferentes e sabiam explorar qualquer abertura.

Havia um método para evitar a maioria dessas feras, que era usar um sino como o do carvoeiro.

Eles conseguiram comprar um sino repelente de feras na ferraria. Não foi barato. Custou 20 ruma, mas aparentemente era necessário para atravessar a floresta, então provavelmente valia o preço.

Na floresta oeste, basicamente precisariam manter o sino repelente tocando o tempo todo. O Sr. Unjo, naturalmente, tinha seu próprio sino, mas disse que seria difícil atravessar a floresta sozinho. Ter companheiros tornaria a jornada mais fácil. Quando precisasse descansar, os outros poderiam se revezar tocando o sino.

Além disso, embora não fossem uma ameaça tão grande quanto os yegyorns, a floresta também abrigava insetos e cobras venenosas, então era melhor não deixar nenhuma parte do corpo exposta ao dormir.

Haruhiro e os outros compraram um tecido grosso na loja de roupas e bolsas para fazer tendas. Eles também fizeram novas roupas de baixo com um tecido confortável para a pele. Compraram alimentos preservados e velas na mercearia. Também compraram óleo feito de alguma planta.

Haruhiro e os outros vinham tratando o laboratório do sábio Oubu como uma loja de variedades, mas descobriram que a verdadeira loja de variedades da Vila do Poço era a mercearia do grande caranguejo.

Com tudo pronto, a party seguiu o Sr. Unjo e partiu da Vila do Poço.

Primeiro, seguiram a estrada com as marcas das rodas de carroça até o local do carvoeiro. O caminho não terminava ali. Haruhiro e os outros já tinham pensado nisso antes. Se continuassem além daquele ponto, onde chegariam? Segundo o Sr. Unjo, a estrada eventualmente levava a uma encruzilhada com três bifurcações.

O Sr. Unjo liderava o caminho, com seu sino repelente de feras pendurado na mochila, então, por enquanto, tudo que Haruhiro e os outros precisavam fazer era segui-lo. Enquanto tivessem o sino do Sr. Unjo, talvez nem precisassem de um sino para si mesmos. Esse pensamento passou por suas cabeças, mas isso seria depender demais de um estranho.

O carvoeiro, que era idêntico ao ferreiro da Vila do Poço, estava trabalhando em seu forno de carvão. O Sr. Unjo aparentemente conhecia o carvoeiro também, porque os dois tiveram uma conversa agradável antes de ele mandar Haruhiro e os outros descansarem ali.

— Não há lugar mais seguro nessa floresta — disse o Sr. Unjo. — Não há homem mais amigável além deste ponto. Depois de entenderem isso, descansem à vontade.

Pela forma como o Sr. Unjo falava, as pessoas de Herbesit talvez não fossem necessariamente amigáveis.

Haruhiro estava 99% tomado por uma sensação de desconforto, mas foi aquele último 1% de esperança que o impediu de desistir. Haruhiro e os outros precisavam saber. E não apenas ouvir sobre isso, eles precisavam saber em primeira mão. Ver para crer. Havia coisas que não poderiam entender até verem e sentirem por si mesmos. Seria errado agir com base em informações que tinham apenas ouvido de outros. Se era uma decisão que afetaria o futuro deles, isso se tornava ainda mais importante.

Depois de tirar uma pequena soneca, o Sr. Unjo pressionou para que partissem. Tudo além da cabana do carvoeiro era um mundo novo e desconhecido para Haruhiro e os outros. Estavam tensos, mas o Sr. Unjo andava rápido, e nada aconteceu. Parecia que o sino repelente de feras estava fazendo um excelente trabalho.

Enquanto estavam na floresta, não conseguiam ver o cume distante. O céu ainda clareava um pouco, então podiam distinguir o dia da noite.

O grupo chegou à encruzilhada de três bifurcações no mesmo dia. O Sr. Unjo escolheu o caminho que seguia para o sudoeste. Ele disse que, se fossem para o noroeste, chegariam a montanhas íngremes. Eles podiam ver o contorno das montanhas à distância.

A estrada com marcas de rodas de carroça não tinha sido feita pelo carvoeiro; aparentemente, era algo que existia havia muito tempo. O mesmo valia para o forno de carvão, e havia outro carvoeiro antes do atual.

De acordo com as tábuas de argila e pedra, mesmo após a partida de Lumiaris e Skullhell, a guerra continuou em Darunggar por muito tempo entre as forças da Deusa da Luz e as forças do Deus das Trevas. Em outras palavras, entre as forças da luz e da escuridão. Com Darunggar firmemente dividida em dois lados, eles foram incapazes de se reconciliar, mesmo após a partida de seus líderes.

Esse trágico conflito, incrivelmente, ainda se arrastava até os dias de hoje. Por exemplo, os mortos eram descendentes dos adoradores de Skullhell, e matavam e devoravam uns aos outros, orando pela destruição de tudo. As pessoas reunidas na Vila do Poço eram descendentes dos seguidores de Lumiaris, e passavam adiante histórias sobre o retorno de Lumiaris, que traria luz ao sombrio Darunggar. Por outro lado, pensavam nisso apenas como uma lenda, assim como a previsão de que o mundo terminaria na escuridão. A adoração à boneca Kinuko e a objetos de outro mundo talvez fosse uma manifestação desses sentimentos distorcidos.

Segundo o Sr. Unjo, após decifrar as tábuas, parecia que certas raças haviam construído reinos e que grupos das facções da luz e da escuridão haviam se reconciliado para formar espaços de convivência compartilhada no passado. No entanto, qualquer grupo maior do que uma vila ou cidade estava fadado a colapsar sob pressões internas ou externas. Sempre que um rei, que usava sua liderança para construir um país, morria ou era morto, a terra rapidamente se transformava em guerra civil, e tudo acabava em ruínas.

Darunggar aparentemente significava algo como “terra do desespero”. Esse mundo nem sempre foi conhecido por esse nome. Originalmente, era Fanangar (paraíso), governado por Enos (um deus). Quando Enos se dividiu nos conflitantes Lumiaris e Skullhell, tornou-se Jidgar (campo de batalha). Quando o mundo foi abandonado por ambos os deuses, o céu e a terra foram envoltos em desespero.

Eles continuaram seguindo as marcas de rodas pela floresta densa. Ainda não havia sinal de bestas. Estavam gratos aos sinos repelentes por isso. Ao anoitecer, Haruhiro sentiu que alguém o observava. Quando informou o Sr. Unjo, ele disse que eram os durzoi.

— Nessas florestas, isso acontece o tempo todo — disse o Sr. Unjo. — Não tente procurá-los. Você nunca os encontrará. Se eles se tornarem hostis, você será o alvo. Isso não trará nada de bom.

Haruhiro provavelmente poderia simplesmente fazer o que o Sr. Unjo disse e não se incomodar. Mas, honestamente, ele se perguntava.

Já era tarde da noite, então montaram as barracas e dormiram em turnos enquanto mantinham os sinos repelentes tocando. Ele não sentia nada quando estava dentro da barraca, mas, durante seu turno como tocador de sino do lado de fora, às vezes se sentia estranhamente inquieto.

Os monstros faziam barulhos de vez em quando também. Isso certamente era de propósito. Os caçadores durzoi estavam escolhendo fazer barulho para ver o que ele faria. Se Haruhiro agisse de maneira hostil, uma flecha poderia ser disparada em sua direção imediatamente. Os durzoi podiam estar mais próximos do que ele imaginava. Ele podia se virar e encontrá-los bem ali, apenas para ter sua vida ceifada no momento seguinte. Não podia negar que era uma possibilidade.

Ou talvez estivessem apenas se divertindo ao intimidar o grupo e mantê-los em alerta…

Haruhiro não conseguiu dormir direito, mas, quando amanheceu, não sentia mais a presença dos durzoi.

 Foram embora, hein? ele pensou. Não, não há como ter certeza disso. Não posso baixar a guarda. Ou estou pensando demais, talvez?

— Se continuar se preocupando assim, vai acabar ficando careca, cara — Ranta riu com desdém.

Haruhiro ficou irritado, mas dar atenção a Ranta só pioraria as coisas, então ele apenas disse: — É, é… — e deixou passar. Mas então, aquele pedaço de lixo do Ranta se aproximou e sussurrou no ouvido dele: — C-A-R-E-C-A, entendeu?

Se ao menos Ranta tivesse sumido no lugar dos durzoi. Na verdade, eu gostaria de trocar Ranta por um durzoi na party.

Enquanto pensava nisso, percebeu que seu medo e inquietação em relação aos durzoi diminuíam. Mesmo o lixo pode ser útil de vez em quando.

Mais tarde naquele dia, quando o céu começou a escurecer, houve um incidente. Algo estava bloqueando o caminho à frente deles. Pior ainda, seja lá o que fosse, estava se movendo. Não, talvez “contorcendo” fosse a palavra mais adequada para descrever.

Eram criaturas longas e finas. Havia um grande número delas. Um número incrível.

À primeira vista, pareciam… pareciam intestinos. Talvez tripas? Se fosse para dar uma comparação mais razoável, eram como vermes. Intestinos tão grossos quanto o pulso dele. Não, vermes. Havia uma enorme massa deles, bloqueando a estrada da carroça.

— …O que são aquelas coisas? — Kuzaku perguntou com a voz rouca.

Surpreendentemente, o Sr. Unjo balançou a cabeça.

— Quem sabe.

— Kya… — Shihoru soltou um pequeno grito e deu um passo para trás. Era fácil entender por que ela reagiria assim.

— V-Vai ficar tudo bem, né? — Yume olhou para Haruhiro. — …Você acha que vai ficar tudo bem, né?

Ele queria dizer “não me pergunte”, mas se segurou.

— …B-Bem, não sei.

— Parupiro! — Ranta deu um tapa nas costas de Haruhiro. — Vai! Pule por cima deles! Se fizer isso, saberemos se é seguro ou não. Vai lá! Você é o líder, cara! Vai nessa!

— Não seja assim. — Mary às vezes era assustadora. — Por que você não pula em vez disso? Se algo acontecer com o Haru, todos nós estaremos em apuros.

— O quê, e você não se importa se algo acontecer comigo?! Vai ser tarde demais para se arrepender quando eu me for! Você já pensou nisso antes de falar, hein?! Você entende adequadamente minha grandeza, o quão especial eu sou, minhas contribuições e meu potencial futuro?!

— Uh, sim, você é bem especial mesmo, Ranta-kun — Kuzaku disse.

— Kuzacky! Bom, bom, bom! Eu sabia que você entenderia! Você não é só um vara-pau afinal! Você deve ser, tipo, um vara-pau nível 2 ou algo assim! Não, talvez até nível 3?!

— Não é bem um elogio…

— Eu estou te elogiando aqui. Você nem consegue perceber isso, seu idiota? Honestamente, você é só altura e nenhum cérebro? É por isso que você é um vara-pau? Wahaha! Faz sentido!

— Ei. — O Sr. Unjo de repente agarrou Ranta pela gola e começou a arrastá-lo.

— …Quê?! O-Que?! O que está acontecendo?! Ei, Unjo-san?! Quer dizer, Unjo-sama?! O que, o que?! P-Pare com isso?! Ei! Isso é, wahh—

O Sr. Unjo era forte. Ele arrastou Ranta facilmente com um braço só, então o jogou no meio da massa de vermes gigantes ou intestinos em movimento.

Ranta caiu de costas bem no meio do enxame. — wahhhhhhhhhhhhhh…

Aconteceu num instante. Ranta foi engolido pelos vermes gigantes ou intestinos em movimento, e a party perdeu de vista ele. Se o Zodiac-kun estivesse ali, que tipo de comentário o demônio estaria fazendo? Não, agora não era hora de pensar nisso…

Ou era? Talvez…?

— R-Ranta…? — Haruhiro chamou hesitante.

— Wahhhhhhhhhhhh?! — Ranta pulou do centro dos vermes gigantes ou intestinos em movimento. Ainda havia vermes enrolados em seu pescoço, braços, pernas e tronco, tentando puxá-lo de volta. Ranta lutava. — Eu tô morrendo! Tô morrendo aqui, me salva! Eu vou morrer! S-Socorrooooooooooo!

— Se for preciso… — Kuzaku murmurou, estendendo seu longo braço para resgatar Ranta.

Era o gesto certo a se fazer. Haruhiro ficou impressionado. Mas não era perigoso? Assim como Haruhiro temia, os vermes gigantes ou intestinos atacaram Kuzaku também, além de Ranta.

— Wah! Ohh, droga! — Kuzaku gritou.

— Dark! — Shihoru invocou o elemental chamado Dark, e o fez mergulhar nos vermes gigantes ou intestinos em movimento. Isso afastou alguns, talvez até algumas dezenas deles, mas ainda era insuficiente.

Se fosse só o Ranta, Haruhiro poderia tê-lo abandonado, mas como Kuzaku também estava envolvido, não tinha escolha a não ser salvá-los. No fim, todos, exceto o Sr. Unjo, tiveram que ajudar a puxar os vermes gigantes ou intestinos em movimento que haviam capturado Ranta e Kuzaku, um por um. Depois disso, eles se afastaram um pouco do local e esperaram que os vermes gigantes ou intestinos terminassem de atravessar a estrada da carroça. Quando a manhã chegou, as estranhas criaturas contorcidas já tinham desaparecido completamente.

O que eram aquelas coisas, afinal?

Pensar sobre isso não levaria a respostas. Fazendo uma anotação mental de que coisas assim podiam acontecer, eles caminharam por mais um quarto de dia, até que a floresta terminou de repente.

A estrada da carroça continuava, descendo em uma inclinação gradual. Do outro lado, havia uma cidade se espalhando. Embora estivesse meio destruída, ainda havia uma muralha defensiva ao redor. À primeira vista, parecia ter um quilômetro de largura… não, mais do que isso. Parecia ter um quilômetro e meio de cada lado.

Estava claro. Aquela era a iluminação da cidade. Sem dúvida, havia centenas, possivelmente milhares de pessoas vivendo ali. Eles podiam ver claramente várias figuras andando pelas ruas principais. Parecia haver muitos prédios de pedra. As construções tinham um, dois, três andares, e algumas eram ainda mais altas. Havia várias torres se erguendo em direção ao céu.

O vento soprou de repente, e as árvores da floresta farfalharam. Logo depois disso, eles ouviram o som de um sino. Era diferente dos sinos repelentes de bestas que o Sr. Unjo e a party de Haruhiro carregavam. Era um som mais pesado, maior e, de alguma forma, triste. Provavelmente havia um campanário em algum lugar da cidade, e seu sino balançava ao vento. Talvez uma daquelas torres fosse uma torre do sino.

— Esta é a cidade de Herbesit. — O Sr. Unjo, que estava na frente da party, tirou o chapéu de trança. — Não escondam o rosto em Herbesit. Mas também não façam contato visual com ninguém. Isso será visto como um desafio. Se forem provocados, ignorem. As pessoas nessa cidade adoram brigar. Se não quiserem conflito, mantenham a cabeça baixa e fiquem quietos. Se quiserem lutar até a morte, aí já é diferente. Façam o que quiserem.

Haruhiro e os outros estremeceram.

Quão perigoso era esse lugar…?

Acontece que era muito perigoso. Mal haviam chegado ao fim da estrada da carroça e entrado na cidade, quando uma dupla de criaturas humanoides, curvadas o máximo possível, mas ainda mais altas que Kuzaku, apareceu para provocar uma briga.

Eles não conseguiam entender o que a dupla estava dizendo, mas era claro que estavam fazendo falsas acusações. Um deles pulava de um lado para o outro na frente do Sr. Unjo, fazendo sons provocantes e batendo palmas. O outro ficava colocando o rosto perto de Shihoru, emitindo sons agudos, algo como hee-haw, hee-haw.

Shihoru estava quase chorando. Haruhiro queria ajudar, mas se encarasse aquelas criaturas e dissesse: Ei, parem com isso, uma briga teria começado ali mesmo. Shihoru teria que aguentar, e os outros também teriam que suportar.

Eventualmente, quando parecia que os dois tinham ido embora, Yume soltou um grito estranho.

Yow! — Quando Haruhiro olhou, ela estava esfregando a parte de trás da cabeça. Alguém havia jogado uma pedra nela, e tinha acertado.

— Yume?! Tá tudo bem?! — Ranta olhou ao redor. — Maldição! Quem fez isso?!

— Pare! — Mary rapidamente acertou o ombro de Ranta com a ponta de seu cajado. — É uma provocação óbvia. Não caia tão fácil.

— Mary, você tem certeza de que não tá tentando me provocar? — Ranta retrucou. — Doeu bastante, sabe…

— Ah, doeu? — Mary o ignorou com indiferença. — Yume. Eu sei que deve estar doendo, mas aguente firme. Eu te curo mais tarde.

— Miau… Tá bom. Essa coisinha veio voando, e então, bum, foi só um susto. Só tem um pouco de sangue. A Yume vai ficar bem.

— Um pouco de sangue?! — Ranta continuou olhando para baixo, estalando a língua. — Esses idiotas acham que podem mexer com a gente. Eu vou arrancar pedaço por pedaço deles. Sério…

— Ele nunca aprende… — Kuzaku esboçou um leve sorriso irônico.

Shihoru riu friamente.

— Claro que não. É o Ranta.

— E daí se sou eu, hein?! Ah, vai, Tetas de Torpedo?!

— Cara… — Haruhiro começou, mas decidiu que seria estúpido envolver-se com ele e fechou a boca.

As provocações dos moradores continuaram após isso também. Eles os seguiam e insultavam, jogavam coisas neles, bloqueavam o caminho, e isso era o mínimo. Havia alguns que os faziam tropeçar de repente, e outros que chegavam ao ponto de atacá-los. Não importava como ignorassem, desviassem ou evitassem, esses agressores apareciam um após o outro. Era exaustivo tanto física quanto emocionalmente.

Se o Sr. Unjo não estivesse lá, eles teriam fugido da cidade dentro de um minuto após entrarem, ou se envolvido em uma briga.

Será que Haruhiro e os outros estavam sendo alvo de provocações por serem forasteiros? Parecia que não era exatamente esse o caso. Havia violência um contra um, um contra muitos, e muitos contra muitos espalhada por toda a cidade, e eles até ouviam, ocasionalmente, gritos de morte aterrorizantes. Era difícil acreditar, ou pelo menos eles não queriam acreditar, mas as pessoas não estavam apenas se ferindo, estavam sendo mortas. O que havia de errado com essa cidade…?

A situação era tão caótica que combates eclodiam nas ruas principais com frequência considerável, e os espectadores apostavam nos resultados.

O Sr. Unjo se afastou das ruas principais, levando Haruhiro e os outros pelos becos. Esses becos eram um pouco melhores. De cada lado da rua, que era relativamente estreita, com cerca de dois metros de largura, havia pessoas de várias raças agachadas. Elas diziam coisas com vozes lamentáveis, estendendo as mãos. Se Haruhiro baixasse a guarda, elas puxariam sua capa. Pelo que ele podia ver, muitos estavam feridos. Provavelmente eram mendigos. Eram sombrios, deprimentes, e logo ele se cansou deles, mas era melhor do que as ruas principais, onde todos estavam ávidos por uma briga e mortes eram constantes.

Ainda assim, como poderiam viver assim? Havia aqueles claramente à beira da morte, ou que nem se moviam mais, e o cheiro de algo apodrecendo pairava no ar. Parecia que vários deles não tinham conseguido sobreviver, e já não estavam mais entre os vivos.

— Não toquem em nada nesta cidade que não precisem. E não deixem ninguém tocar em vocês. — O Sr. Unjo evitou as mãos dos mendigos enquanto dizia isso. — Vocês não gostariam de pegar alguma coisa. Não posso dizer que doenças mortais sejam incomuns por aqui.

— Que nojo… — Ranta murmurou. Até mesmo Ranta, que já era uma praga por si só, parecia ter medo de adoecer.

Naturalmente, Haruhiro também tinha medo de doenças. Mary sabia a magia Purify, um feitiço para remover venenos, e ele funcionava em algumas doenças também. Algumas, sendo a palavra-chave. Resfriados comuns, por exemplo, não podiam ser curados com magia. Se ficassem doentes, teriam que contar com os medicamentos que pudessem conseguir, e com sua própria resistência física e mental para se recuperarem. Haruhiro sabia muito bem que seu corpo não era especialmente robusto, e que ele também não tinha uma força de vontade muito grande. Quando se tratava de doenças, a prevenção era o melhor remédio.

Enquanto se desviavam dos mendigos dos becos, eles acabaram se deparando com uma torre que não era particularmente alta, com cerca de cinco metros. O Sr. Unjo usou o batedor de metal na porta. Pouco depois, a porta se abriu.

Uma mulher de pele quase translúcida, vestindo um manto marrom, saiu. Seu cabelo penteado era grisalho. Será que ela era humana? Não, não era. Ela parecia ser quase humana, mas seus olhos não tinham a parte branca. Pareciam mais com bolas de vidro encaixadas nas órbitas. Além disso, ela tinha três fendas em cada bochecha, que abriam e fechavam levemente. Eram quase como guelras.

— Unjo — disse a mulher, antes de olhar para Haruhiro e os outros com seus olhos vítreos. — Akuaba?

— Moa worute. — O Sr. Unjo fez um gesto com o queixo, como se dissesse: Nos deixe entrar. A mulher permitiu que não só o Sr. Unjo, mas também Haruhiro e os demais, entrassem na torre.

O teto era alto. Estaria aberto até o telhado? As paredes eram quase inteiramente formadas por estantes de livros. As prateleiras carregavam tábuas de argila e pedra, armas e armaduras, algum tipo de equipamento, itens que pareciam fora de lugar, plantas em vasos e mais. Havia lâmpadas espalhadas aqui e ali, além de escadas e bancos.

— Esta é Rubicia — apresentou o Sr. Unjo.

A mulher juntou as mãos na frente do peito e fez uma reverência para eles. Talvez fosse assim que cumprimentavam as pessoas ali.

— O-Olá. — Haruhiro tentou imitar Rubicia. — Eu sou Haruhiro.

— Eu sou o Ranta. — Ranta cruzou os braços arrogantemente. — Me chamam de Ranta-sama!

— Kuzaku. — Kuzaku fez uma leve reverência com a cabeça.

— Yume! — Yume disse em voz alta, claramente articulando, e então sorriu. — Hehe.

— …Eu sou Shihoru. — Shihoru imitou Rubicia como Haruhiro tinha feito.

— Eu sou Mary. — Mary fez uma reverência adequada. — Prazer em conhecê-la, Rubicia-san.

Rubicia assentiu lentamente, trocando algumas palavras com o Sr. Unjo antes de descer as escadas ao lado da parede. Aparentemente, havia um cômodo no porão.

— Aqui é seguro. — O Sr. Unjo colocou sua mochila no chão. — Se quiserem descansar, descansem. Rubicia trará água em breve. A água não está infectada ou contaminada. Não se preocupem.

— Certo! — Ranta sentou-se imediatamente. — Pô, se você tem um esconderijo seguro desses, por que não falou antes, Unjo-saaaan, caramba. Aliás, qual é a da Rubicia-san? Ela é sua… sabe como é? Nah, impossível…

— Sim — respondeu o Sr. Unjo. — Rubicia é minha esposa.

Haruhiro não conseguiu evitar sussurrar: — Nossa…

In this post:

Deixe um comentário

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Adblock detectado! Desative para nos apoiar.

Apoie o site e veja todo o conteúdo sem anúncios!

Entre no Discord e saiba mais.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

|