Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 13 – Volume 15 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 13 – Volume 15

Capítulo 13: Ninguém está sozinho.

Tradução: Tinky Winky

Barbara estava a cerca de dez metros de distância, bem na frente de Haruhiro. Eles estavam na floresta, mas não havia árvores para obstruir a linha de visão entre eles. O terreno também era quase plano. Barbara parecia estar sorrindo ligeiramente, mas ela estava quase inexpressiva.

Antes que uma pessoa ou animal se movesse, havia sinais. Uma tensão nos músculos, tendões e até na pele, fenômenos que indicavam que estavam prestes a agir.

Ele não conseguia sentir nada disso vindo de Barbara.

Ela estava vestindo uma roupa muito reveladora, e seu físico e rosto eram terrivelmente sexy, fazendo com que Barbara se destacasse como um polegar dolorido. Apesar disso, por algum motivo, ela tinha estranhamente pouco senso de presença.

Ela estava parada ali. Como uma planta em forma de Bárbara. Era difícil imaginar que ela estivesse viva.

Haruhiro piscou. Não foi intencional.

Naquele instante, houve um som à sua direita.

Haruhiro se distraiu com o barulho e, enquanto isso, Bárbara desapareceu.

Uma pessoa desapareceu em um instante. Era possivel?

Era. Haruhiro conhecia o truque.

Seus olhos estavam fechados apenas momentaneamente enquanto ele piscava. Era impossível se esconder naquele tempo, mas era possível jogar algo para fazer barulho. Naturalmente, se houvesse um ruído, ele se concentraria reflexivamente nele. Nesse ponto, Bárbara ganhou o tempo que precisava para desaparecer.

Seu pulso estava elevado e o sangue subiu à cabeça.

Xingamento. Ela me tem.

Ele não pôde deixar de entrar em pânico, mas se perdesse a cabeça, estaria fazendo exatamente o que Bárbara queria que ele fizesse.

Respiração profunda. Ele endireitou os joelhos que haviam sido dobrados em algum momento. Ele afrouxou seus ombros e braços tensos.

Claro que isso aconteceria, ele concordou. Barbara estava um ou dois níveis acima dele em habilidade, então isso era de se esperar.

Onde ela estava espreitando agora? Era importante prever isso. Mas ele não podia deixar que suas previsões o prendessem ou o enganassem.

Haruhiro manteve os olhos focados em um ponto, examinando uma ampla área ao seu redor.

Ele ouviu atentamente. Haveria outro som, bem escondido no farfalhar das folhas, no som dos insetos, no chilrear dos pássaros? Sua própria respiração atrapalhava. Ele tentou tornar sua respiração o mais suave possível.

Fazendo o possível, ele tentou fechar os olhos.

O tempo passou sem que ele conseguisse entender nada.

Não, isso não era inteiramente verdade. Haruhiro estava gradualmente aprendendo a sentir toda a floresta ao seu redor.

Ele abriu os olhos.

Ele podia até sentir os lugares que não podia ver agora.

Algo parecia à sua frente, à esquerda.

Havia uma árvore a cerca de sete metros de Haruhiro, um chinquapin ou algo assim.

Ah, ele pensou. Tem que estar lá, ele se convenceu imediatamente, quando a previsão se tornou certa. Sentindo a necessidade de confirmar por si mesmo, ele deu um passo à frente.

Haruhiro caminhou.

Ele caminhou para o outro lado da árvore.

Não estava lá.

Ele havia considerado isso como uma possibilidade. Foi fácil para Bárbara trabalhar contra as suposições de Haruhiro.

Bárbara poderia deixar sua presença aqui de alguma forma e depois se mudar secretamente para outro lugar.

Onde ela estava agora?

Muito perto.

Haruhiro tentou se virar.

Não. Ela não estava atrás dele.

Ele pulou para trás e algo caiu da árvore. Ela estava acima dele, não atrás.

— Você adivinhou.

No momento em que Bárbara pousou, ela sacou sua adaga e se lançou contra ele. Haruhiro sacou sua própria adaga, mas Bárbara evitou gentilmente suas tentativas de detê-la. Haruhiro imediatamente lançou um contra-ataque, mas era sua vontade ou ele foi forçado a isso? Não importa de que ângulo ele atacasse, Bárbara escaparia. Ele não conseguiu pegá-la.

O que é isso?

No momento em que ele sentiu que não tinha como atacá-la, seus papéis como atacante e defensor mudaram quando Bárbara partiu para a ofensiva. O movimento de sua adaga dobrava e torcia, dificultando a visão, e Bárbara frequentemente fechava ou abria o espaço entre eles, tentando varrer a perna ou usar a mão que não segurava a adaga para empurrar o braço. Era muito difícil acompanhar.

Embora estivesse passando por um momento difícil, ele tentou tudo o que podia fazer, ou sentia que podia fazer, um após o outro. No entanto, aparentemente Bárbara podia ver através de tudo o que ele tentava. Ela lia cada movimento seu. Bárbara provavelmente podia até ouvir seu batimento cardíaco.

Havia tão pouco que ele pudesse fazer sobre isso, era cômico.

A respiração de Haruhiro acelerou, seus movimentos ficaram dormentes e, finalmente, sua mão direita, a que segurava a adaga, foi bloqueada. Ele a soltou imediatamente e foi jogado no chão, então instantaneamente pressionado contra ela.

— Você desiste? perguntou Bárbara.

Ela o tinha em uma posição lateral.

— … Me rendo. Machuca.

— Tem certeza que realmente não se sente bem?

— Não, só dói…

— Mesmo sem suas memórias, você é o mesmo de sempre, hein?

Bárbara soltou Haruhiro, mas não parou. Ela se sentou no chão, um joelho levantado.

Seguindo sua liderança, Haruhiro sentou-se e cruzou as pernas.

— Como eu estou indo?

— Seus instintos estão voltando, não estão? Parecia que seu corpo me lembrava.

Haruhiro forçou um sorriso. Ele não tinha certeza de como ela expressou isso, mas ele ainda tinha as técnicas de ladrão que Barbara lhe ensinou, sem dúvida. Elas não tinham desaparecido.

Amanhã, antes do amanhecer, a Força Expedicionária lançaria a operação para retomar Altana.

Havia vários túneis que ligavam Altana ao exterior. Esses túneis também estavam interconectados em alguns lugares.

Já havia pouco mais de 80 soldados, incluindo os 54 do esquadrão suicida, escondidos sob a guilda dos Cavaleiros das Trevas na Vila Ocidental, sob a guilda dos guerreiros no distrito sul e sob o Templo de Lumiaris no distrito norte.

Havia 48 voluntários para o esquadrão suicida no segundo dia, e quando o general começou a procurar alguém para executar por violar o protocolo militar, outros seis rapidamente levantaram a mão. Havia mais voluntários do que o necessário, mas o general disse: Se eles estão tão ansiosos para morrer, eu os deixarei, acrescentando os seis ao esquadrão para um total de 54, mas isso era apenas mais uma boa lembrança agora.

Para dar um resumo aproximado do plano, a principal força expedicionária, liderada pelo general Mogis, atacaria o portão sul de Altana.

Quando os goblins começassem a revidar, o esquadrão suicida de 54 membros entraria em ação. Sua missão era abrir o portão sul de Altana por dentro. Mesmo que não pudessem abri-lo, o fato de haver humanos dentro de Altana para tentar abrir era significativo por si só.

Se fossem atacados por fora e por dentro, os goblins entrariam em pânico.

Usando essa confusão, um grupo formado por pessoas de confiança do general, junto com Anthony Justeen e seus subordinados, bem como o grupo de Haruhiro, invadiriam a Torre Tenboro e acabariam com o vice-rei Bogg.

O grupo tinha sido encarregado de um trabalho bastante importante.

Kuzaku poderia lutar como ele era. Setora também conseguiria se tivesse uma arma. Além disso, ela tinha Kiichi. Shihoru aprendeu a usar sua magia negra. Mary, desnecessário dizer, não teria nenhum problema.

Haruhiro ficaria bem no final? Ele não tinha dúvidas, mas Bárbara havia certificado suas habilidades enquanto o treinava.

— …Bem, então eu acho que podemos dizer que eu passei? Haruhiro perguntou a sua professora.

— Gato Velho.

— Sim?

Barbara passou o braço em volta da cabeça de Haruhiro e bagunçou seu cabelo.

— O que você está fazendo?

— Você realmente cresceu no tempo que não te vi, hein?

— … Você acha? Eu não me lembro, então não posso dizer com certeza.

— Mas você se conteve porque estava de frente para mim, certo?

— Essa não era minha intenção. Eu com certeza não estava bem o suficiente para poder pagar por isso…

— Foi um confronto ruim. Você não estava tentando me matar, estava?

— Ei? Mas… Não é óbvio?

— Não se trata de ter ou não coragem para fazer isso, disse Bárbara, abaixando-se para tentar espremer as bolas penduradas entre as pernas.

Haruhiro a parou no último segundo.

— Ei, você não tem que agarrá-las, não é?

— Não, Barbara sorriu, então abraçou a cabeça de Haruhiro. Ele ficou surpreso, claro, mas não resistiu.

— Ouça, Gato Velho, o importante é definir uma meta adequada.

Bárbara esfregou Haruhiro por inteiro, beijou-o na testa e deu-lhe uma lição íntima.

— Trabalhe a partir desse objetivo para formular um plano. Obviamente, as coisas vão acontecer, então você tem que se manter flexível. Mas se você tiver o objetivo errado para começar, qualquer estratégia será sem sentido. Se você me enfrentar, mesmo na prática, você tem que vim para me matar. Você deve sempre definir seu objetivo primeiro. Mesmo que você finalmente não consiga. Você entendeu?

— …Sim, sensei.

Haruhiro sentiu-se incrivelmente envergonhado e quis fugir, mas por algum motivo não afastou Bárbara dele. Ele não poderia desafiá-la. Isso era algo que seu corpo tinha aprendido?

— Você está apenas correndo em frente, sem nenhuma ideia de para onde está indo. Não há como vencer assim.

Talvez, embora isso fosse embaraçoso, ele realmente achasse confortável.

— Gato Velho. Aqui está a coisa. Você tem uma perspectiva ampla e não se assusta facilmente. No entanto, seu pensamento é mediano. Você não se superestima e tem teimosia de trabalhar as coisas aos poucos. Essas partes de você não vão mudar, mesmo que você não se lembre delas. Você não é do tipo que pode fazer coisas se tentar. Você é do tipo que tenta até conseguir fazer as coisas. Então, agora, é bom que existam coisas que você não pode fazer. Porque um dia você será capaz de fazê-las.

Haruhiro não pôde deixar de pensar: antes de perder minhas memórias, eu era um cara muito sortudo.

Haruhiro, que Barbara disse que provavelmente não viveria muito quando o conheceu, sobreviveu até hoje.

Haruhiro deve ter dado o seu melhor, à sua maneira. Ou, pelo menos, ele havia tentado. Mas, mais do que tudo, tinha que ser graças a seus companheiros e sua professora. Se eles não estivessem lá, Haruhiro já teria morrido há muito tempo, certo?

Ele não sabia o que aconteceria amanhã, mas a perspectiva não era exatamente brilhante.

Barbara voltou para Altana com Neal, seu observador.

Haruhiro e o esquadrão de invasão da Torre Tenboro partiriam quando o sol se pusesse. Ele deveria tirar uma soneca à tarde.

Haruhiro deitou dentro da barraca, mas não conseguiu dormir. Kuzaku roncou ao lado dele. Embora ele tivesse dito: Não tenho como dormir, ele caiu em um instante. Haruhiro realmente invejava aquela parte de Kuzaku.

Ele sabia que seria assim, mas não podia evitar. Não havia como ele conseguir dormir. Haruhiro desistiu e saiu.

Mary e Shihoru estavam sentadas lado a lado.

As duas olharam para Haruhiro.

— Haru.

— … Haruhiro-kun.

Não, elas não estavam uma ao lado da outra. Havia cerca de um metro entre elas.

Elas não eram opostos uma a outra, mas também não eram paralelos. Elas estavam em um pequeno ângulo, mas não onde seus olhos se encontravam, e não parecia que elas estavam conversando.

— É… Haruhiro assentiu vagamente.

Ele não sabia o que fazer.

A distância entre elas era estranha. Seria estranho sentar entre elas. Não era impossível, mas caberia perfeitamente. Sim, não, pensou Haruhiro. Isso não era uma opção.

Ele agonizou por um momento, então sentou-se de forma que ele, Mary e Shihoru formaram um triângulo equilátero.

Ele imediatamente se arrependeu.

Não importa o que ele fizesse, ele constantemente tinha as duas olhando para ele.

Era desconfortável, mas seria estranho se mover agora, então ele teria que vicer com isso.

— Uh… onde está Setora? ele tentou perguntar, então se arrependeu novamente.

— Dormindo com Kiichi, respondeu Mary.

— … Ah sim? Haruhiro disse, acrescentando “Claro que sim”, em voz baixa, e esfregou o espaço entre os olhos.

Ele deve ter escolhido um tópico sobre o qual era mais fácil iniciar uma conversa.

— É… Shihoru abriu a boca.

— Ei? disse Haruhiro.

Shihoru abaixou a cabeça.

— …É amanhã, hein? Finalmente vai acontecer…

— Uh huh. Sim, respondeu Haruhiro apressadamente. Shihoru fez o possível para dar uma chance a ele, então ele queria fazer algo a respeito. Bem, nós seguimos o fluxo. Mas eu me pergunto se… eu não sei, não havia uma maneira de lidar com as coisas que seriam menos perigosas para todos…?

— Não acho que seja sua culpa, Haru, disse Mary.

— E eu também! Shihoru assentiu vigorosamente. Eu também não acho. Você realmente, realmente… você trabalhou tão duro, por todos nós…

Parecia que Shihoru o estava evitando, mas talvez ele estivesse apenas imaginando. Haruhiro ficou aliviado.

—…Não, quando você diz que estou fazendo isso para todos, parece que sou um cara legal, mas não é nada impressionante. De verdade. Sim…

Mary sorriu.

— Você sempre foi assim, Haru.

Shihoru olhou de lado para Mary, então imediatamente olhou para baixo.

Mary olhou para Shihoru, baixou os olhos e mordeu o lábio, mas só um pouco.

Depois disso, as duas ficaram em silêncio.

Porque?

Ei? Ei? Ei?

Por que elas de repente ficariam em silêncio?

Haruhiro não fazia ideia.

Esse tipo de coisa o preocupava e era difícil, então ele queria melhorar as coisas. Se havia um problema para resolver, ele queria corrigi-lo. Ele gostaria de falar sobre isso, mas não tinha certeza. Por mais que ele quisesse se propor a ouvir suas opiniões sem enfeites, e depois ter um debate construtivo sobre o assunto, o silêncio se prolongou, sem que ele pudesse fazer nada.

No final, Haruhiro finalmente conseguiu abrir a boca.

— V-vamos fazer o nosso melhor.

Quando o fez, ambas engoliram em seco e então olharam para ele.

Ambas estavam esperando por algo. Esse era o olhar em seus rostos.

Mas eu não tenho nada?

Eles poderiam esperar o quanto quisessem, mas nada aconteceria.

— Amanhã… trabalhamos todos juntos.

Acrescentar isso foi o melhor que ele pôde fazer.

— Sim, concordou Mary. Claro.

Shihoru sorriu apenas um pouco. Ou pelo menos ela tentou.

— … Está bem.

Antes do pôr do sol, Kuzaku, Setora e Kiichi deixaram o alojamento

— Ugh, eu sei que eu disse que não podia, mas eu estava dormindo profundamente lá dentro, hein?

— Estava apenas descansando os olhos.

— Nyaa.

— Setora-san, realmente, há uma razão para você agir assim?

Eu não estou agindo duro. Estou simplesmente relatando os fatos.

— Às vezes você pode ser assim, hein, Setora-san?

— Ser como o quê?

A equipe de invasão da Torre Tenboro tinha Dylan Stone, um colaborador próximo do General Mogis, como seu oficial comandante, e Anthony Justeen como seu segundo em comando. Juntamente com cinco guerreiros do Regimento de Guerreiros do Exército de Fronteira que eram subordinados de Anthony, oito soldados da Força Expedicionária e o grupo de cinco de Haruhiro, mais Kiichi, eles tinham um total de vinte pessoas e um nyaa.

O comandante Dylan era um quarentão carrancudo, com nariz grande e barba cerrada. Como podia ser visto pelo manto de pele preta que ele usava, o mesmo do general, ele também era dos Cães negros.

Ele estava sempre chamando as pessoas e as coisas de merda. Ele também disse muito a eles para “ir morrer”.

A propósito, todos os soldados da Força Expedicionária também usavam mantos de pele preta. O general encheu a equipe de invasão da Torre Tenboro com pessoas em quem confiava. Parecia seguro assumir isso a partir desta escolha.

A equipe de ataque partiu assim que o sol se pôs, entrou em Altana por um túnel secreto no meio da noite e se juntou a Neal, o batedor, na Guilda dos Cavaleiros das Trevas. Barbara-sensei, a quem ele estava observando todo esse tempo, deveria estar guardando a Torre Tenboro agora.

A Guilda dos Cavaleiros das Trevas também era onde vinte membros do esquadrão suicida estavam esperando. Quando o corpo principal da Força Expedicionária liderada pelo General Mogis atacasse, o esquadrão suicida teria que atacar imediatamente em direção ao portão sul de Altana.

O comandante Dylan, da equipe de ataque, ofereceu ao esquadrão suicida algumas palavras de encorajamento.

— Se vocês pensam nisso como se fossem morrer de qualquer maneira, morrer não é grande coisa. No caso improvável de sobreviverem, vocês têm sorte. Nós só morremos uma vez, e todos devem morrer eventualmente. Então vão morrer seus pedaços de merda.

O comandante Dylan sabia quem eram cada um dos membros do esquadrão suicida, então, à sua maneira, ele provavelmente estava tentando motivá-los. No entanto, era difícil imaginar algum deles sendo encorajado por suas palavras. Na verdade, eles pareciam ter menos vida do que antes.

O comandante Dylan era um homem de poucas palavras, mas quando falava sempre desmotivava os que o rodeavam. Mesmo quando ele não estava falando, ele tinha aquele ar sobre ele que era exaustivo por conta própria, então ninguém queria ficar muito perto dele.

Haruhiro e Neal apareceram para verificar a situação. Quando o corpo principal da Força Expedicionária atacou o portão sul, eles tiveram que informar o esquadrão suicida. Tudo estava quieto, sem ninguém, ou melhor, sem goblins à vista em Altana antes do amanhecer. Os dois deixaram a Vila Ocidental e escalaram as paredes do que costumava ser o alojamento dos soldados voluntários até o telhado. Haruhiro aparentemente morou naquela casa uma vez, mas não se lembrava de nada.

— Isso é uma bagunça, Neal sussurrou para Haruhiro com uma risada baixa. Aquele bastardo do Dylan é a própria morte. Muitas pessoas morrem em qualquer esquadrão que ele lidera. Ele é o único garantido para sobreviver.

— Você não vai fazer parte do ataque também?

— Sim, claro. Eu sou um explorador. Tenho que observar suas façanhas de longe e depois relatar ao general.

— Oh de verdade…?

— -Deixa-me dizer-te algo. Dylan Stone é um monstro desumano que é bom em usar os outros como escudos. Ele não se importa se o resto de vocês sobreviverá ou não. O general gosta de caras como ele.

— Embora pareça que o general também confia em você.

— Confia em mim?

Neal tentou colocar um braço excessivamente amigável em volta do ombro de Haruhiro.

Quando Haruhiro se esquivou, Neal fez uma careta exagerada.

O general não confia em ninguém. Ele está apenas olhando para ver quem está disposto a abanar o rabo e fazer o que ele diz. Não trairei o general. Eu sigo ordens. Porque funciona para meu benefício.

Para mudar isso, se não fosse pelo benefício de Neal, ele não seguiria ordens e não hesitaria em traí-lo.

O líder era mau, assim como seus seguidores. Mas o grupo teve que arriscar suas vidas em uma grande missão com essas pessoas. Pior ainda, eles haviam sido integrados ao grupo maior. Agora estavam todos no mesmo barco. Ele odiava, mas não tinha escolha.

O sol ainda estava a algum tempo de nascer, mas o céu do leste estava clareando.

— Vai ser a qualquer minuto, disse Neal com um bufo. Este é o dia em que encontraremos nosso destino.

Era uma expressão ostensiva, mas talvez não fosse exagero.

Eles ouviram gritos confusos do sul.

Clang, clang, clang, o som de gongos se seguiu.

— Vamos. Neal deu um tapinha nas costas de Haruhiro. E não se atreva a morrer.

Ele não esperava que ele dissesse isso. Haruhiro ficou um pouco surpreso, mas quando olhou para cima, Neal estava sorrindo. Nenhum dos subordinados do General Mogis era gente boa.

— Você também, Neal, disse Haruhiro, embora não fosse sincero, e desceu correndo do telhado da pensão.

Ele pulou em um beco e correu. O barulho não era como antes, quando Haruhiro e seu grupo foram perseguidos após se aproximarem de Altana. Havia gongos e sinos tocando em todos os lugares, e goblins gritavam loucamente. Os goblins que estavam dormindo dentro dos prédios devem ter pulado e corrido. Não, a rua já estava cheia deles.

Haruhiro quase colidiu com os goblins várias vezes, mas talvez por ter o mapa de Bárbara memorizado, ele conseguiu usar as ruas secundárias para chegar à guilda dos cavaleiros das trevas. Ao ouvir o relato de Haruhiro, o Comandante Dylan ordenou que todos subissem até a casa em ruínas que era o topo da guilda. Dentro da casa, havia corredores estreitos e também vários cômodos, mas todos pequenos.

— Ok, é um bom dia para morrer. Então vão morrer seus pedaços de merda.

O comandante Dylan praticamente chutou o esquadrão suicida para fora do prédio, depois entrou em uma sala que comportava no máximo cinco pessoas e sentou-se em uma cadeira surrada que parecia um banquinho.

— … E nós? Haruhiro perguntou do lado de fora da pequena sala.

— Espere, ordenou o comandante Dylan, cruzando os braços e fechando os olhos.

Haruhiro reuniu seus companheiros em outra sala, perto da saída da casa em ruínas, ao lado da sala onde estavam Anthony e seus homens. Mas esta sala também estava lotada.

— Ahh… Quando Kuzaku estendeu a mão, sua mão quase tocou a de Setora.

— Ei, Setora olhou para ele. Kiichi sibilou um aviso também.

Kuzaku riu e disse: Sinto muito. Eu me sinto tenso. Então ele bocejou.

— … O que há de errado com esse cara? Setora perguntou exasperada.

— Parece que quando ele fica tenso, começa a sentir sono ou a bocejar, tentou explicar Mary.

— Sim, é isso, disse Kuzaku, agindo um pouco arrogante. Isso é. Tem que ser isso.

Shihoru olhou para cima, respirando fundo, inspirando e expirando, repetidamente.

— Está bem? Haruhiro perguntou.

Shihoru virou-se para Haruhiro e deu-lhe um sorriso ligeiramente envergonhado.

— … Porque todo mundo está aqui.

— Sim, foi tudo o que ela conseguiu dizer. Haruhiro se perguntou: Você não poderia dizer mais do que isso?

Eu respondo “sim” com muita frequência? “Sim, isso mesmo” não seria melhor? Acho que são iguais, né? Sim, são iguais.

Parecia um pouco confuso. Não era como Kuzaku, mas ele podia se sentir tenso.

Não, claro que ele estava tenso. Se ele achava que estava calmo, isso era apenas uma ilusão.

— Um… Mary, disse Shihoru.

Mary pareceu surpresa e seus olhos se arregalaram.

— …Huh?

Ambas se olharam.

Foi então que Haruhiro percebeu que realmente se sentia tenso. Ou melhor, ele percebeu o que era essa estranha sensação de tensão. Como se estivesse em um barril de pólvora?

Shihoru inclinou a cabeça.

— … Por favor.

Mary parecia não entender quais eram suas intenções e não conseguia dizer o que quer que ela começasse a dizer, porque sua boca abria e fechava.

Shihoru ergueu a cabeça e então tentou sorrir. Aquele esforço era visível, mas mesmo assim terminou com uma cara que parecia que ia chorar.

Mary riu, cobriu a boca, riu de novo e olhou para baixo.

— … Sinto muito.

Shihoru balançou a cabeça.

— …Não, sou eu que devo me desculpar…

Parecia haver uma vibração pacífica entre Mary e Shihoru, mas o que estava acontecendo aqui? Haruhiro olhou para Setora, esperando que ela o salvasse.

Setora abraçou Kiichi e jurou agir como se não soubesse o que estava acontecendo.

— No caminho certo! Kuzaku disse a Haruhiro com um sorriso radiante e deu-lhe um sinal de positivo.

O que é suposto estar “no caminho certo”?

Se não houvesse um som como se alguém estivesse tentando abrir a porta da casa em ruínas naquele momento, Haruhiro poderia ter perguntado a ele.

— Houve movimento na Torre Tenboro! Vice-rei Bogg…!

Era a voz de Bárbara. Haruhiro estava prestes a sair correndo da sala.

— Espere! Mary o deteve. Ela colocou os dedos na testa e fez o sinal do hexagrama. Oh, Luz, que a proteção divina de Lumiaris esteja com você… Protect.

Um hexagrama brilhante apareceu nos pulsos esquerdos do grupo.

Mary passou a recitar outra oração.

Assist.

Mais dois hexagramas de cores diferentes se iluminaram em seus pulsos.

Kuzaku se levantou e riu. Eu me sinto muito leve.

Protect era um feitiço de luz que aumentava suas habilidades atléticas e cura natural, mesmo que não fosse muito. Assist aumenta todas as suas resistências.

— Obrigado, disse Haruhiro a Mary.

Mary balançou a cabeça.

— Se o efeito acabar, vou ativá-lo novamente. Farei o possível para descobrir com antecedência, mas se o hexagrama desaparecer, diga-me.

Haruhiro assentiu com a cabeça e olhou para seus companheiros.

— Vamos.

Fim do capítulo…

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