Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 16 – Vol 04 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 16 – Vol 04

Capítulo 16 – Encruzilhada.

Realmente não tinha graça nenhuma.

Haruhiro e os outros haviam conseguido escapar por pouco com vida de volta ao Posto Avançado do Campo Solitário e compraram barracas baratas de um comerciante que as vendia nas ruas dos fundos.

Nem precisavam dizer que haviam comprado barracas separadas para os rapazes e as garotas. Ranta tinha dito uma besteira sobre como eles deviam comprar uma única barraca grande e todos dormirem juntos em um monte feliz, mas ninguém concordou.

Depois disso, comeram algo, e as garotas foram para a casa de banhos. Os rapazes se desanimaram com o custo de entrada mais alto do que o esperado e tomaram a decisão lógica de esperar até o dia seguinte para ver se estariam fedendo, e se estivessem, tomariam banho. Em seguida, foram se deitar cedo em suas barracas ao lado do posto avançado.

Como era de se esperar, três caras num espaço apertado era complicado. Para começar, enquanto Haruhiro e Ranta eram compactos, pelo padrões masculinos, Kuzaku era alto demais. Exagerando um pouco, ele ocupava o espaço de duas pessoas. Três caras que não haviam tomado banho, espremidos em um espaço apertado até a manhã. Isso não era nada engraçado.

Talvez ainda não fosse tarde para ir tomar banho agora. Ou então comprar outra barraca. Mas será que aquele mercador ganancioso aceitaria devolver esta?

Por que eu não comprei uma maior desde o começo? Haruhiro se perguntou. Eu tinha o dinheiro, mas ser pobre me tornou naturalmente econômico. Não consigo deixar de economizar.

Ranta já está roncando, mas será que está tudo bem dormir? Não há coisas que deveríamos estar fazendo? Como refletir sobre hoje?

Tecnicamente, eles tinham conversado durante o jantar sobre como não podiam continuar daquele jeito, mas todos estavam exaustos, e não era um ambiente em que pudessem realmente debater nada. Para ser honesto, Haruhiro estava completamente exausto, como se já tivesse feito o suficiente por hoje, e queria deixar para o dia seguinte.

Mas isso não está certo, ele pensou. Nada certo.

—…Kuzaku, você está acordado? — ele perguntou.

— Sim. Mais ou menos.

— Como foi? — Haruhiro perguntou.

— Como foi o quê?

— Agora que você experimentou — disse Haruhiro.

—…Foi difícil — Kuzaku respondeu.

— Você sabe por que foi difícil? — Haruhiro perguntou.

— Ah. Hmm. Foi difícil, só isso.

— Isso não é bom… — Haruhiro murmurou.

Kuzaku não era o único que não estava bem. Haruhiro também não estava. Ele queria colocar toda a culpa em Kuzaku e Ranta, embora não fosse culpa deles. Não havia apenas um ou dois problemas—havia uma série de problemas. Esses problemas interagiam de maneiras complexas, levando as coisas para um rumo pior.

— Eu não sou bom nisso, eu sei. — Kuzaku tentou se virar, mas parou, provavelmente porque o espaço na barraca era muito apertado. — Mas, de certo modo, por mais estranho que seja dizer isso, foi divertido, eu acho.

— Hã? — Haruhiro perguntou.

— Pode não parecer, mas estou levando isso a sério, sabe — disse Kuzaku. — Provavelmente não estava antes. Sei lá. Faz valer a pena? Talvez seja isso.

—…Entendi — disse Haruhiro.

— Espero que eu não morra — disse Kuzaku. — Que nenhum de nós morra, nunca mais.

— É — Haruhiro concordou.

— Acho que depende de mim evitar isso, né? — Kuzaku perguntou.

— É o que torna as coisas difíceis — Haruhiro respondeu. — Ser o tanque, quero dizer.

— Ser o líder também, imagino.

Haruhiro não respondeu.

Kuzaku provavelmente não é um cara ruim. Eu ainda não sei direito, ele pensou. Ele foi abençoado com uma boa constituição física, e tem uma quantidade razoável de força. Mas ele não é muito ágil. Ele não tem a precisão de Moguzo, nem sua atenção aos detalhes. Ele também não parece tão persistente. Ele não tem uma base forte, por assim dizer. Ele é instável e pouco confiável.

—Isso não é bom. Isso realmente não é bom. Não consigo evitar compará-lo com Moguzo. Kuzaku não é Moguzo.

“Você deveria fazer isso” ou “Você deveria fazer aquilo” como, por exemplo, “Você está se abrindo demais” ou “talvez Você precisa abaixar mais os quadris”. Havia muitas coisas que Haruhiro poderia ter dito a ele. Mas quão pertinentes seriam as observações de Haruhiro, um ladrão? Kuzaku deveria refletir sobre as questões por conta própria, e era melhor deixá-lo descobrir os detalhes. Se alguém começasse a dar palestras sobre como se mover como um ladrão, Haruhiro provavelmente pensaria, O que diabos você sabe, afinal? Ele não conhecia Kuzaku há muito tempo, então não podia prever suas reações. Ele não sabia o que era aceitável dizer e o que só pioraria as coisas. Ele ainda estava tentando descobrir isso.

Que saco. Estou começando a ficar com sono, ele pensou, e logo sua consciência afundou na escuridão.

 

 

Quando ele acordou, talvez não mentalmente, mas fisicamente, ele se sentiu melhor. Parecia que todos deixavam suas barracas do lado de fora, então Haruhiro e companhia fizeram o mesmo. Contanto que não deixassem seus pertences para trás, ninguém se incomodaria em roubar uma barraca barata. Eles tomaram café da manhã nas ruas dos fundos do posto avançado, e agora era hora de mais um belo dia no Buraco das Maravilhas.

Com um pouco de pesquisa no dia anterior, ele descobriu que as pseudo-galinhas eram criaturas chamadas melruks. Os porreteiros eram duergar. Os macacos peludos eram bogies. As crianças-joia eram spriggans.

As três raças que habitavam a região logo no começo do Buraco das Maravilhas eram conhecidas como os três demi-humanos. Esses demi-humanos eram mutuamente hostis, chegando a se matar à primeira vista, mas seu maior inimigo eram os humanos.

No entanto, eles não mexiam com humanos que parecessem fortes. Em outras palavras, os três demi-humanos tinham julgado a party de Haruhiro como fraca.

Dos três demi-humanos, os spriggans, ou melhor, seus olhos que pareciam joias, eram vendidos por um bom preço. Às vezes, eram caçados quase até a extinção por causa disso. Dito isso, muito poucos soldados voluntários se incomodavam em focar nos três demi-humanos

Os demi-humanos caçavam melruks em grupos, ou capturavam outros demi-humanos e comiam sua carne, de alguma forma conseguindo sobreviver assim. Eles eram, sem dúvida, as criaturas mais fracas do Buraco das Maravilhas. Se eles conseguiam impedir a party de avançar, toda essa empreitada não ia para frente.

Em outras palavras, a área habitada pelos três demi-humanos era como a primeira barreira para qualquer soldado voluntário que quisesse fazer fortuna no Buraco das Maravilhas.

— Mas…! — Haruhiro acrescentou em voz alta.

Enquanto desviava o golpe de porrete do Duergar A, Haruhiro verificava o que seus companheiros estavam fazendo. Kuzaku estava concentrado em usar Block no porrete do Duergar B com seu escudo, enquanto Ranta corria em círculos ao redor do Duergar C. Yume trocava golpes com o Duergar D usando seu facão, e até mesmo Mary estava lutando contra um Duergar E. Era uma luta que eles mal conseguiam lidar. Como no dia anterior, os três demi-humanos haviam julgado a party de Haruhiro como fraca novamente, e eles haviam se metido em uma situação como essa em pouco tempo. Passar pela primeira barreira não seria fácil.

— Ranta, mata logo esse daí! — Haruhiro gritou. — Alguém precisa proteger a Shihoru!

— Sai fora! — Ranta berrou. — Eu sei disso! Não precisa me dizer, cara! Lá vai! Meu super golpe! Corte Explosivo Invencível…!

Quando Ranta parou e começou a atacar o Duergar C, o duergar rapidamente saltou para trás, criando distância entre eles.

Esse duergar é bem mais calmo que o Ranta, Haruhiro pensou. Na verdade, é só que o Ranta é estupidamente impulsivo.

Kuzaku estava focado inteiramente na defesa, então não desequilibraria o Duergar B tão cedo.

Mesmo que ele não consiga derrotá-los, seria mais fácil se ele pudesse fazer como o Moguzo e às vezes enfrentar não só um, mas dois ou mais ao mesmo tempo, Haruhiro pensou com arrependimento. Como o Moguzo fazia isso, afinal…?

Mary e o Duergar E estavam equilibrados. Yume estava tendo dificuldades contra o Duergar D.

Será que é impressão minha, ou o Duergar D é meio maior que os outros duergar? Haruhiro se perguntou.

Ele não estava imaginando. Aquele era claramente um pouco maior que os demais. Consequentemente, era também mais forte. Se ele tivesse percebido desde o início, poderia ter colocado Kuzaku ou Ranta para lidar com o Duergar D. Esse foi um erro de Haruhiro.

Parece que a Shihoru está procurando uma oportunidade para usar sua magia, mas, agora, se aparecerem reforços inimigos, ou bogies ou spriggans, estaremos com sérios problemas, Haruhiro pensou. Depende de mim. Eu tenho que fazer isso.

Moguzo, o qual eles confiavam completamente tanto para ataque quanto para defesa, não estava mais ali. Ranta às vezes mostrava uma força impressionante, mas ele não era estável. Não podiam contar com ele. Shihoru estava tentando adquirir mais poder de fogo, mas ainda não estava acostumada com isso, e só depois que a segurança de um mago fosse garantida, eles poderiam dominar os inimigos com sua poderosa magia.

Ser apenas o líder não era o suficiente. Haruhiro precisava se tornar um trunfo genuíno no combate também.

Haruhiro usou Swat no porrete do Duergar A, e imediatamente avançou, pisando no joelho do duergar. Shatter.

— Gugyah! — o duergar uivou.

Por um instante, o Duergar A parou, e nesse tempo Haruhiro passou por ele. Com uma pegada reversa na adaga em sua mão direita, ele a cravou no pescoço do Duergar A, seguindo com um golpe na parte de trás da cabeça com seu porrete.

Haruhiro correu até Shihoru. — Shihoru! Eu vou te proteger, então conjura um feitiço!

— Certo! — Shihoru respondeu animadamente, começando imediatamente a recitar um feitiço. — Ohm, rel, ect, nemun, darsh…!

Um elemental das sombras voou. Ele se prendeu ao chão logo atrás do Duergar D.

Diagonal Cross! — Yume atacou, fazendo o Duergar D recuar. Seu pé direito pousou no elemental das sombras. A mira de Shihoru para coisas como essa era excelente. O Duergar D não conseguia se mover.

Sabendo que era agora ou nunca, Yume intensificou o ataque, mas o Duergar D se defendeu com seu porrete. Ele era obstinado.

— Jess, yeen, sark, fram, dart…! — Foi então que Shihoru lançou o feitiço Lightning nele.

Shihoru enfrentava alguns problemas com a precisão de sua Magia Falz naquele momento, mas ela não errava um oponente imóvel. O Duergar D foi atingido em cheio pelo Lightning, e todo o seu corpo foi sacudido e convulsionou. Se seu pé direito não estivesse grudado no elemental das sombras, o choque poderia tê-lo lançado para longe. Não parecia que ele havia morrido, mas provavelmente perdeu a consciência.

— Ooh-hah! Toma essa! — Yume cortou o Duergar D com seu facão.

Esse duergar já era, Haruhiro pensou. Agora restam três.

—lá vem eles. Eles estavam chegando. Os macacos peludos conhecidos como bogies. Saindo de um  lateral próximo.

Uma ideia ocorreu a Haruhiro. A ordem é a mesma de ontem. Isso significa que os spriggans serão os próximos, né? Pelo menos, devemos estar preparados para eles. Podemos vender os olhos de spriggan. Eles valem um bom dinheiro.

Usando esse pensamento como motivação, primeiro ele teria que lidar com os três duergar restantes e três—não, quatro bogies.

Uwah, Haruhiro pensou desanimado. Isso dá sete inimigos no total. Isso é mais do que nós temos. Talvez devêssemos fugir…?

Anger! Como você gosta disso, hein?! — Ranta perfurou o Duergar C e o matou.

— Jess, yeen, sark, kart, fram, dart…! — Shihoru entoou.

A magia de Shihoru irrompeu. Não era lightning, mas a versão de nível superior, Thunderstorm. Seu alvo eram os bogies.

Houve um estrondo incrível, e dois dos bogies foram lançados para longe. Parecia ter sido um acerto quase direto, então provavelmente aqueles dois não se levantariam. Kuzaku estava enfrentando o Duergar B e Mary o Duergar E, enquanto os novos inimigos eram Bogie A e Bogie B. Se fossem quatro no total, eles poderiam derrotá-los.

Não, isso não era o problema. Conseguiriam derrotá-los rapidamente? Isso era o mais importante.

— Yume! Troca com a Mary! — Haruhiro gritou.

— Miaaau! — Yume exclamou.

— Ranta, vamos acabar com os bogies! — Haruhiro gritou.

— Wahahaha! Posso fazer isso sozinho, cara!

— Queria eu! — Haruhiro retrucou. — Mary, proteja a Shihoru! Shihoru, medite se puder!

— Certo! — Mary respondeu.

— E-Entendido…! — Shihoru acrescentou.

Yume rapidamente trocou de lugar com Mary, enquanto Mary se colocou numa posição para proteger Shihoru. Ranta avançou diretamente em direção ao Bogie A. O oponente de Haruhiro era o Bogie B.

Ele tinha suas incertezas. Estava tão assustado que não conseguia evitar. Ele sabia que não podia ficar pensando nisso, mas o pensamento sempre vinha à mente: Se ao menos Moguzo estivesse aqui.

Mas, quando Manato estava com eles no início, quando Mary se juntou, e quando Moguzo estava com eles, as coisas que Haruhiro e os outros construíram durante esses tempos não tinham sido reduzidas a nada. O trabalho em equipe entre Haruhiro, Ranta, Yume, Shihoru, Mary, embora não fosse perfeito, havia atingido um nível em que podiam se comunicar tudo o que precisavam com contato visual e talvez algumas palavras. As forças individuais deles também aumentaram consideravelmente.

Se se tornassem excessivamente confiantes, falhariam, mas precisavam ter autoconfiança. Era necessário acreditar em si mesmos, o suficiente para não se mostrarem fracos. Isso seria desafiador, mas era algo que precisavam fazer.

Nós podemos fazer isso, Haruhiro pensou.

Esses duergar e bogies, sem qualquer equipamento real, não eram páreo para Haruhiro e os outros. A única coisa com a qual precisavam tomar cuidado era com o número deles. Eles tinham que dividi-los bem e rapidamente reduzi-los.

Devemos ser capazes de fazer isso, Haruhiro pensou.

— É uma disputa, Ranta! — ele chamou.

— Tá valendo! — Ranta gritou.

O que eles estavam disputando nem precisava ser dito: ver quem conseguiria matar o seu bogie mais rápido.

Leap Out! — Ranta saltou na diagonal, pousando instantaneamente na frente do Bogie A. Em seguida, ele balançou sua espada longa como uma foice. A parte superior da cabeça do Bogie A foi decepada. — Muahaha! Eu venci, Parupiroooo! Seja meu escravo a partir de hoje!

— Eu nunca concordei com esses termos! — Haruhiro deliberadamente escolheu não atacar o Bogie B, em vez disso, assumiu uma postura defensiva, usando Swat nas garras do bogie enquanto ele atacava.

Ranta circulou por trás do Bogie B. — Double Kill…!

Sua espada longa atravessou o Bogie B, desta vez na parte de trás da cabeça. O Bogie B foi derrubado.

— Gawahaha há há! — Ranta riu. — Droga, eu sou forte! Eu sou o mais forte! Parupiro é fraco! Peh!

Haruhiro ficou tão irritado que não conseguiu evitar de estalar a língua em desagrado. Ainda assim, estava tudo conforme o planejado. Desde que tomasse as precauções necessárias e o utilizasse bem, Ranta era um trunfo.

— Haru…! — Mary gritou.

— Eu sei! — ele respondeu.

Quando Haruhiro olhou, viu spriggans surgindo de outro buraco. Isso estava dentro das expectativas. O problema era a quantidade deles.

— Cinco… seis!? — Haruhiro exclamou alarmado. — Shihoru?!

— Posso lançar mais uma vez! — ela gritou.

— Okay! Deixo o tempo com você! — ele gritou.

— Certo!

— Ranta, não avance ainda! — Haruhiro acrescentou. — Sua vez vai chegar logo!

— Pode deixar! — Ranta berrou. — Afinal, eu sou a estrela desse time!

Haruhiro deu uma espiada em Kuzaku e Yume. Enquanto Yume gritava e cortava o Duergar E, Kuzaku ainda estava usando a habilidade Block com seu escudo para se defender dos ataques do Duergar B.

Eu sei que disse para focar inteiramente nisso, mas ele não está demorando demais…? Haruhiro pensou.

— Jess, yeen, sark, kart, fram, dart…!

Shihoru lançou Thunderstorm. No momento em que aquele feixe de raios desceu, os spriggans se espalharam. Mesmo assim, um deles não conseguiu desviar e foi arremessado para longe.

— …Desculpa! — Shihoru chamou.

— Não se preocupe com isso! — Haruhiro respondeu.

Enquanto consolava Shihoru, Haruhiro pensou: Cinco. Cinco deles, hein. Droga. Se Kuzaku tivesse se apressado e matado o Duergar B mais rápido, poderíamos dar conta desse número. Devemos fugir? É uma decisão difícil. Mas não tenho tempo para indecisão agora. Os spriggans estão quase em cima de nós.

— Todos, defendam a Shihoru com suas vidas! — Haruhiro gritou. — Vou derrubá-los um por um!

Será que está tudo bem? ele se perguntou. Dizer algo assim? Esse plano não é meio ruim? Não sei. Mas não posso voltar atrás agora. Não tenho tempo.

— Um homem fica mais legal quando está defendendo uma mulher! — Haruhiro acrescentou. — Ranta! Mostra pra gente o quão homem você é!

— Pode crer que eu vou, seu idiota! Deixa comigo! — Ranta gritou.

Ranta, Mary e Yume prepararam suas armas e cercaram Shihoru.

Os spriggans avançaram em direção a eles. Ranta e os outros focaram numa luta defensiva, sem quebrar a formação mesmo quando virou uma briga corpo a corpo. Apenas um deles, Haruhiro, disparou para dentro do fraco cerco dos spriggans.

Mudando de direção, ele mirou nos spriggans por trás. Aquele cara. O que estava atacando Mary.

Em vez de Backstab, Haruhiro escolheu o golpe mais garantido, Spider. Ele agarrou o spriggan por trás, esfaqueou-o no rim e depois cortou sua garganta de uma orelha à outra.

Quando um estava morto, os outros spriggans se voltaram para Haruhiro.

— Oh, Merda! — Haruhiro gritou.

— Ótimo trabalho como isca, Piropiroooo! — Ranta aproveitou a oportunidade para dar um golpe nas costas de um spriggan.

Muito superficial. Não foi um golpe fatal, mas agora os spriggans não podiam se concentrar inteiramente em Haruhiro.

Dois spriggans fecharam em Haruhiro, A e B, enquanto o Spriggan C foi atrás de Ranta e o Spriggan D foi atrás de Yume. Graças a isso, as coisas ficaram um pouco mais fáceis para Haruhiro, mas ainda era dois contra um. Isso ia ser difícil.

— Deixa esse comigo! — Mary gritou, e com uma estocada precisa de seu cajado curto, ela manteve o Spriggan B sob controle. O Spriggan B girou para evitar o cajado curto e se voltou para Mary. Mary conseguiu afastar o Spriggan B de Haruhiro. Agora Haruhiro podia se concentrar inteiramente no Spriggan A.

Haruhiro não conseguiu executar seu plano de matá-los um por um, mas agora havia quatro combates um contra um. Pode não ser o melhor desfecho, mas era um dos melhores. Shihoru provavelmente estava exausta de usar seu poder mágico, mas mesmo que não contassem com os feitiços dela, cada vez que um deles derrotasse um spriggan, as coisas penderiam mais a seu favor.

Enquanto usava Swat na faca do Spriggan A, Haruhiro não pôde deixar de pensar:

Realmente é o Kuzaku. Eu acho que não posso culpá-lo. Ele acabou de entrar na party. Ele também não é um soldado voluntário há tanto tempo.

Haruhiro e os outros tinham sido bem ruins quando começaram. Eles talvez não fossem nada especial agora, mas antes tinham sido muito piores.

Quando penso em como éramos naquela época, não consigo zombar do Kuzaku, pensou Haruhiro. Não, eu não estava zombando dele. Mas por ora, terei que fazer com que ele se esforce ao máximo.

Mas, ainda assim, não sei se está certo ele ter ficado tanto tempo em pé de igualdade com o Duergar B. Quero dizer, estamos numa luta contra o tempo aqui.

— Ah! Mais deles estão aqui, ack! — gritou Haruhiro.

—Essa  foi por pouco.

Haruhiro quase não conseguiu desviar da faca do Spriggan A com Swat. Ele estava em pânico. Claro que estava.

Mais spriggans acabaram de sair de outro buraco. Ele não tinha certeza de quantos. Talvez entre três e cinco. Shihoru provavelmente não conseguiria usar Thunderstorm novamente.

Isso não é bom, ele pensou.

— Ou melhor, é impossível! — ele gritou.

Não temos escolha a não ser fugir.

— Todos…!

— Ohhhhhhhhhh…! Hatred…! — Ranta cortou o Spriggan C e depois avançou contra os novos spriggans.

— Hããã?! Cara, o que você está—Ugh…!

Haruhiro quase falhou em desviar novamente. Ele já estava perdendo a cabeça o suficiente. Gostaria que Ranta não piorasse as coisas.

— Ranta?! — ele gritou.

— Aguenta firme, Haruhiro! — Ranta agiu como se fosse investir contra os novos spriggans, mas então usou Exhaust para recuar rapidamente e fugir. Os spriggans o perseguiram. — Se recuarmos aqui, vai ser sempre a mesma coisa! Vou ganhar tempo pra vocês! Vamos matar todos esses caras!

— Isso não…!— Haruhiro começou a dizer.

Orgulho, força de vontade, coragem, todas essas coisas são importantes, sim, Haruhiro pensou, rangendo os dentes enquanto usava Swat na faca do Spriggan A repetidamente. Mas, não importa o quanto nos esforcemos, não vamos conseguir fazer coisas que estão além das nossas capacidades.

— Ohm, rel, ect, nemun, darsh…!

O elemental das sombras de Shihoru avançou, prendendo-se ao chão e parando um dos novos spriggans. No entanto, isso não foi nem de longe suficiente para fazer a diferença.

Ranta estava usando Exhaust ao máximo, de alguma forma arrastando os spriggans atrás de si, mas eventualmente ele ficaria sem fôlego. Agora que chegou a esse ponto, seria difícil recuar sem abandonar Ranta. Teriam que aceitar a situação como ela era e dar tudo de si.

— Hehe!

Haruhiro ouviu alguém rir. Aquela voz não era de um dos seus companheiros. Quem era…?

Ele olhou e viu um soldado voluntário com um equipamento robusto caminhando tranquilamente. Ele estava a uns quinze metros de Haruhiro e dos outros, não muito longe. Apesar disso, por que essas pessoas pareciam tão calmas?

Porque eles realmente estão calmos, eu acho, ele pensou.

— Ohh. Olha eles lutando — disse um soldado com pena.

— Wahaha — o próximo riu. — Boa sorte.

— Quando se está em um nível em que esses cara vão te atacar, é complicado — o primeiro concordou.

— Bem, é uma fase que todos passam, sabe? — um terceiro apontou.

— Nah, quando chegamos aqui pela primeira vez, eles nunca nos atacaram, lembra? — disse o primeiro.

— É, verdade — o segundo concordou. — Eles não atacavam.

— Agora que você mencionou, é verdade! — o terceiro exclamou.

De fato, os spriggans nem sequer olharam para aquela party.

Quatro homens e duas mulheres. A composição deles é de dois guerreiros e um paladino, um mago, um sacerdote e um ladrão, Haruhiro pensou.

Mesmo à primeira vista, era fácil perceber. Pela qualidade do equipamento e pela postura deles, eram completamente diferentes de Haruhiro e sua party. Sem dúvida, aquela party era mais forte que a de Haruhiro.

Se eles fossem tão bons assim, os três grupos de demi-humanos nem tentariam tocá-los. Eles poderiam atravessar por aqui tranquilamente.

— Vocês podiam nos ajudar, sabia?! — Yume reclamou em voz alta.

Você disse tudo, pensou Haruhiro. Haruhiro e sua party estavam lutando com dificuldade e estavam em sérios apuros. A outra party deveria ter visto isso, então não lhes custaria nada ajudar um pouco. Se Haruhiro estivesse no lugar deles, ele pelo menos perguntaria, Vocês estão bem? Precisam de ajuda? Como um ser humano, ele faria ao menos isso.

Quero dizer, não é isso que você deveria fazer? ele pensou. Mas esses caras, o que há de errado com eles? Eles se afastaram enquanto conversavam alegremente. Eles estão em sã consciência? São sequer humanos? Eles não pareciam particularmente cruéis ou malvados. Bem, talvez parecessem relativamente normais, mas são, na verdade, um bando de monstros desumanos…?

É um mundo cruel.

Você só pode confiar em seus companheiros. Não conte com mais ninguém. Porque não dá para contar. Teremos que sair dessa por conta própria. Para sobreviver, nossa única opção é abrir nosso próprio caminho.

— Eu vou fazer isso! — ele gritou.

Ele precisava esfriar a cabeça. Ele entendia isso, mas não conseguia evitar de ficar um pouco exaltado.

Haruhiro acertou a faca do Spriggan A com um Swat forte, então virou a chave. Não, não havia uma chave real para virar, significava que ele conscientemente mudou seu modo de combate, como se estivesse virando uma chave.

Assault!

Ele atacou freneticamente com sua adaga e porrete. No entanto, parou após o quarto golpe consecutivo. O Spriggan A olhou para ele com uma expressão de “Hã…?” no rosto.

Agora. Haruhiro passou correndo pelo Spriggan A, acertando-o na parte de trás da cabeça com o porrete enquanto passava. Em seguida, cravou sua adaga no pescoço do spriggan cambaleante.

— Mary! — Haruhiro gritou com toda força, fazendo com que o Spriggan B, com quem Mary estava lutando, olhasse em sua direção.

Mary rapidamente varreu as pernas do Spriggan B com seu cajado curto. O Spriggan B caiu de costas.

Haruhiro saltou sobre as costas do Spriggan B enquanto ele tentava se levantar. Ele levou um corte no braço, ou em algum lugar perto dali, mas isso não foi nada demais. Haruhiro enfiou sua adaga sob o queixo do Spriggan B. Em seguida, cortou sua garganta de um lado a outro. Spider. O Spriggan B morreu.

— Haru! Seu ferimento! — gritou Mary.

— Pode esperar! — ele respondeu. — Primeiro…!

Estou com tudo. Ele estava com medo de se deixar levar, mas seria uma pena esfriar a cabeça e perder o impulso que tinha.

Talvez eu deva ir o mais longe que conseguir, quase até o limite, mas sem passar dele. Sinto que posso entender algo. Como se estivesse perto de dar o próximo passo.

Punishment! — Kuzaku finalmente acertou a lâmina de sua espada longa no crânio do Duergar B.

Bom. Bom, bom, bom! Haruhiro trocou olhares com Yume. Yume parecia entender o que ele queria.

Com um grito, Yume exclamou:

— Comboooo…!

Yume lançou um combo um tanto forçado, usando Brush Clearer e Diagonal Cross, fazendo com que o Spriggan D recuasse um pouco. No entanto, ela não aproveitou uma abertura, então acabou perdendo um pouco o equilíbrio. Foi perigoso, mas tudo bem.

Faz tempo, pensou Haruhiro.

Ele viu aquela linha. Aquela linha tênue de luz.

Ao invés de segui-la, parecia que seu corpo a seguia por conta própria. A adaga não tanto perfurou, mas se encaixou no lugar. Haruhiro acertou um Backstab no Spriggan D, extinguindo sua vida com um único golpe.

Estamos em ótima forma, ele pensou. Podemos fazer isso. As coisas estão indo a nosso favor.

— Yume, você também, Kuzaku! Vamos! Vamos buscar o Ranta—

Whoa. Haruhiro sentiu uma tontura, a força sumindo de suas pernas. Podemos fazer isso? Como? Como estamos conseguindo? As coisas estão a nosso favor? Ah, algo está se aproximando, com certeza. Mais inimigos.

Duergar do buraco à esquerda. Bogies do buraco à direita.

Os três tipos de demi-humanos não se dão bem. Deveríamos fazer com que lutassem entre si. Essa ideia passou por sua mente, mas ele não conseguia pensar em uma maneira específica de fazer isso. Não importa como eu olhe, correr é a única opção aqui. Mas, e o que eu faço sobre o Ranta? Não sei. Honestamente, não consigo decidir.

— Mary, Shihoru! Corram! — ele gritou. — Yume, você também! Kuzaku…!

Haruhiro olhou para Kuzaku. Kuzaku estava levantando a viseira de seu capacete.

Os ombros de Kuzaku subiam e desciam com cada respiração, mas ele encontrou o olhar de Haruhiro e assentiu.

Sim, em momentos como este, é assim que as coisas acontecem, Haruhiro pensou. É sempre assim, não é? Não porque queremos nos exibir—isso simplesmente acontece naturalmente.

Ele não ouviu as respostas de Yume, Shihoru ou Mary. Haruhiro correu em direção aos bogies, e Kuzaku investiu contra os duergar.

Ohh, Haruhiro quis gritar. Estou com tanto medo que tenho vontade de chorar. O número deles, é realmente preocupante. Quantos bogies há? Não consigo contar rapidamente. O que é isso? Sério, o que é isso? Eu vou morrer. Se eu continuar avançando assim, eles vão me picar em um instante. Isso não é bom. Preciso ganhar um pouco mais de tempo. Eu sei.

Ele estava com tanto medo que cada fio de cabelo em seu corpo estava arrepiado, mas continuou atraindo-os, mais e mais. Em mais um passo, provavelmente, os bogies saltariam sobre ele.

Foi aí que ele fez uma curva repentina. Ele não conseguiu dar uma volta completa de cento e oitenta graus, mas desviou cerca de cem graus para a esquerda.

Haruhiro correu. Com todas as suas forças. Os bogies estavam quase mordendo seu calcanhares e fazendo um barulho ensurdecedor. Ele não conseguiria se livrar deles. Precisava continuar correndo por mais um segundo ou dois—

— Miau…!

Yume. Por que Yume estava na frente de Haruhiro?

A flecha que ela disparou passou zumbindo pelo rosto de Haruhiro, e pode ou não ter acertado um bogie. Ele não podia verificar sem olhar para trás, e se olhasse para trás, tinha certeza de que eles o alcançariam, então não podia verificar.

— Yume, por quê?! — ele gritou.

— Você achou que poderíamos fugir?! — Yume disparou outra flecha e depois começou a correr ao lado de Haruhiro. Lágrimas escorriam pelo seu rosto.

— Fugir e deixar vocês para trás! Não tinha como fazermos isso!

Bem, não, talvez não, pensou. Mas—espera, não é só a Yume? Sim. Elas estão aqui.

Perto de Kuzaku, que estava cercado por duergar e levando uma surra, estavam Mary e Shihoru. Kuzaku estava desesperadamente se defendendo com sua espada longa e escudo, ainda conseguindo se manter em pé. Quanto a Ranta, que ainda estava sendo perseguido pelos spriggans, não havia como saber quanto tempo mais ele aguentaria.

Vamos ser exterminados, Haruhiro pensou. Podemos lutar o quanto quisermos, mas vamos ser exterminados. Todos nós vamos morrer aqui.

Desculpe, Moguzo. Eu sei que é tipo, por que estou pedindo desculpas, certo? Só… desculpe. Não deveríamos estar te seguindo tão cedo. Droga. Droga! Droga…!

— Não! — Haruhiro gritou.

Que bem vai fazer gritar isso? O que isso vai mudar?

— Eu não quero morrer!

Não havia nada que ele pudesse fazer. Nada que nenhum deles pudesse fazer. Ninguém na party, muito menos o próprio Haruhiro, tinha o poder para isso.

Então, quer quisessem ou não, eles iriam morrer ali. Iriam morrer, sem deixar nada para trás. Se ninguém fosse bondoso o suficiente para queimá-los, eles se tornariam zumbis. Quando sua carne apodrecesse e caísse de seus ossos, eles se tornariam esqueletos. Isso era o pior.

— Argh! — gritou Yume.

Um dos bogies havia cortado a perna de Yume com suas garras. Yume ficou para trás. Ela estava caindo.

Aqui e agora, pensou Haruhiro.

Ele tinha que virar a chave. Ele sabia que era inútil. Mas morrer sem fazer nada, isso seria constrangedor. Pelo menos, ele daria tudo o que tinha. Haruhiro mudou para um novo modo.

Assault!

Eu não me importo se vou morrer. De qualquer jeito, isso vai acontecer. E os bogies? São quantos? Oito? Nove? Mais de dez? Quem se importa?

Haruhiro se aproximou dos bogies que estavam prestes a atacar Yume. Ele os cortou com sua adaga. Bateu neles com seu porrete. Ele cortou, bateu, cortou, esfaqueou, bateu, cortou, bateu e esfaqueou qualquer um que pudesse alcançar.

Por um momento, os bogies ficaram intimidados por Haruhiro, mas logo lançaram um contra-ataque. As garras dos bogies cravaram-se em Haruhiro. Em pouco tempo, Haruhiro estava coberto de ferimentos. Ele não se importava—Haruhiro atacava sem parar. Se parasse, seria o fim. Ele se recusava a parar antes de morrer.

Yume continuava disparando flechas à queima-roupa. A cada flecha disparada, Yume gritava.

De repente, seu campo de visão foi cortado pela metade. Parecia que haviam acertado um de seus olhos. Ele não conseguia mais balançar o porrete. Seu braço esquerdo parou de se mover.

Estava difícil respirar—na verdade, ele mal conseguia respirar direito.

Yume caiu de joelhos. Ela estava balançando uma flecha de um lado para o outro, cegamente. Um bogie contornou por trás dela.

Eu não vou deixar você levá-la! Haruhiro tentou atacar aquele bogie. Logo após fazer isso, ele sentiu impactos por todo o corpo e, na próxima coisa que sabia, estava no chão. Yume estava em cima dele. Será que ela estava tentando protegê-lo?

Para com isso, ele tentou dizer. Ele não conseguia mais falar. —É isso, não é?

Era esse o limite que ele conseguia alcançar? As garras dos bogies dilaceravam a carne de Yume, e ela soltou um grito.

Pare, Haruhiro pensou. Ela é só uma garota, maldição!

Mas seu corpo não se movia. Isso partiu seu coração. Ele já tinha se conformado. Mas, pelo menos…

Haruhiro reuniu as últimas forças e abraçou Yume com força.

Haru-kun, ela chamou seu nome.

Ele a virou, colocando-a de bruços. Pelo menos, ele tentou.

— Há—

O quê? Haruhiro pensou, entorpecido. O que aconteceu?

Os bogies, eles pararam de atacar.

Eles não podiam mais atacar agora. Isso porque…

De repente, houve um esguicho de sangue dos bogies. Todos eles, ao mesmo tempo. Isso era impossível. Mas, aos olhos de Haruhiro, parecia instantâneo.

Os bogies se dobraram e caíram. Eles caíram sobre Haruhiro e Yume também. Quando caíram sobre Haruhiro, é claro que doeu. Mas, mais do que isso, ele estava completamente surpreso.

O que foi isso? ele pensou. O que está acontecendo? Eu não entendo.

Yume murmurou algo ao lado de seu ouvido. O rosto de Yume estava bem próximo ao de Haruhiro. Na verdade, eles estavam se tocando.

— Vocês estão bem? — ele ouviu a voz de um homem dizer.

Um homem? Haruhiro pensou. Quem? E, espera, isso significa…

— …Nós… fomos… salvos…? — ele balbuciou.

— Miau…? — Yume perguntou, hesitante.

— Apenas espere — disse a voz.

Haruhiro finalmente viu o homem. Você está brincando comigo, ele pensou. Ele não conseguia acreditar.

O homem afastou os corpos dos bogies, primeiro ajudando Yume, depois Haruhiro a se levantar.

Parecia que não era uma piada ou um sonho. Haruhiro não conseguia acreditar, mas teria que acreditar.

O homem ainda parecia jovem e usava uma armadura preta estilosa que se ajustava perfeitamente, mas que parecia leve de se usar. Havia uma luz laranja vazando de dentro dela aqui e ali. A peça assimétrica, parecida com uma saia, que ele usava para proteger a parte inferior do corpo, também era estilosa. A longa lâmina que ele carregava nas costas era estilosa, e o mesmo valia para a lâmina mais curta em sua cintura. Seu rosto também era estiloso. Ele não era particularmente bonito, mas o jeito como seus olhos amendoados estavam cheios de compostura, intensidade e tristeza era estiloso. De qualquer forma, ele era estiloso, ou melhor, insanamente estiloso. Muito insanamente estiloso.

Esse homem era o soldado voluntário mais forte.

O soldado voluntário mais famoso.

— …Soma-san? — Haruhiro perguntou, sem querer. A resposta era óbvia.

— Hm? — Soma piscou. — Você me conhece?

— …Claro que eu te conheço… mas—espera, e quanto a todos os outros?! — Haruhiro de repente gritou, olhando ao redor apressadamente. Já tinha acabado.

Os duergar que estavam espancando Kuzaku haviam sido exterminados por uma bela jovem elfa com cabelo prateado, olhos como safiras e pele branca como a neve, assim como por um homem com braços absurdamente longos, que usava uma máscara e uma armadura estranha que cobria todo o seu corpo.

Ranta aparentemente foi salvo pelo homem moreno com penteado dreads e olhos sanpaku, o paladino Kemuri.

Kemuri-san! Haruhiro queria chamá-lo. Uma vez, Kemuri havia lhe pagado uma bebida na Taberna Sherry, ostensivamente para celebrar a vitória da party sobre Death Spots. Ele não era um homem falante, mas era ridiculamente musculoso, e embora seus olhos ruins o fizessem parecer assustador, ele definitivamente era um cara legal.

Se Haruhiro se lembrava corretamente, a elfa era Lilia.

O homem de braços longos que usava uma máscara não era humano, pelo que Haruhiro tinha ouvido.

Um pouco afastado do resto, com o rosto e a constituição de uma criança, estava o necromante de olhos turvos, Pingo. Haruhiro não sabia muito bem o que um necromante fazia, mas aparentemente eles criavam golems, ou algo assim. Mas o que significava criar golems? Haruhiro não fazia ideia.

De qualquer forma, os companheiros de Haruhiro estavam seguros. Pelo que parecia, Ranta, Kuzaku, Mary e Shihoru não estavam tão feridos quanto Haruhiro ou Yume.

Graças a deus.

— Shima, trate-os — chamou Soma.

A garota deslumbrante e sexy se aproximou. — Oh, céus. Isso está bem ruim. É uma sorte vocês ainda estarem vivos.

— …Uh, certo, desculpa… — Haruhiro murmurou.

— Por que você está se desculpando? Seu bobo.

Quando Shima riu, a mente de Haruhiro ficou em branco, e ele não conseguiu pensar em nada. No tempo em que ficou fora de combate pelo grau anormal de sex appeal adulto que ela exalava, ela terminou de curá-lo. Não era como a magia de um sacerdote. Ele não sabia exatamente que tipo de magia era.

(NT: sex appeal = poder de sedução)

 

Yume também foi curada por Shima. Aparentemente, Mary já havia usado sua magia de luz em Ranta e Kuzaku. Mary e Shihoru estavam levemente feridas. Mary rapidamente curou Shihoru e foi curada por Shima logo em seguida.

— Obrigado! — Ranta se curvou e fez uma reverência exagerada na frente da party de Soma. — Sério! Vocês salvaram nossas peles! Quase fomos exterminados! Obrigado! Ei! Haruhiro! Yume! Shihoru! Mary! E você também, Kuzaku! Todos vocês! Inclinem suas cabeças! Depressa! Vocês são todos idiotas?! Não têm noção nenhuma, hein? Um bando de imbecis! Querem morrer?! Hã?!

— Não se preocupe — disse Soma simplesmente, e Ranta imediatamente se levantou com a rapidez de um raio.

— Eu sei, né?! Fazer uma reverência por algo tão pequeno é desconcertante, certo?! Vamos, Haruhiro! É exatamente como eu disse, certo?! Não me faça me curvar assim, seu idiota!

— …Você fez isso sozinho.

— Como se eu alguma vez fosse fazer isso! Eu! Você acha que eu me curvaria para alguém se você não estivesse me forçando?! Honestamente, esse cara é um verdadeiro caso perdido! Eu peço desculpas, sério! Ele tem esses olhos sonolentos e é um vilão malicioso! Ele tenta me derrubar a cada chance que tem!

— Você é naturalmente um lixo, sabia, cara — disse Haruhiro. — Você nunca muda…

— Que garoto engraçado — Shima disse, rindo.

— Ahhhh — Ranta colocou uma mão no coração e caiu no chão. — …Droga. Essa realmente me pegou… Estou apaixonado…

— …Que vergonha — disse Shihoru, encolhendo-se.

— Se ao menos ele simplesmente desaparecesse — Yume arqueou as sobrancelhas, parecendo mais triste do que qualquer outra coisa.

— Hum — Mary inclinou a cabeça. — Obrigada. Isso tudo aconteceu porque eu não estava fazendo meu trabalho como curandeira direito…

Kuzaku sentou-se no chão, abraçando um joelho, com uma expressão desconfortável no rosto.

— Não. — Kemuri franziu os lábios grossos em uma leve careta. — Não havia nada que você pudesse fazer ali, tenho certeza.

— …Uhuhuhuh — o necromante Pingo soltou uma risada estranha. — No momento em que eles atacaram vocês, não valia mais a pena discutir… Uheheh…

Ao lado de Pingo, o golem emitiu um baixo gemido de concordância.

— Concordo. — A voz de Lilia era incrivelmente fria. — Se vocês estão tentando avançar com um nível de habilidade que permite que os três demi-humanos olhem para vocês de cima, eu tenho certeza de que vocês não querem viver muito.

O olhar de desprezo da elfa excessivamente bela, combinado com seu tom de voz cortante, realmente atingiu fundo.

Nesse ponto, honestamente, tudo o que posso dizer é que sinto muito, pensou Haruhiro. Ou melhor, se eu pudesse, gostaria de desaparecer sem dizer nada.

— Eles estão certos — Soma assentiu. — Vocês precisam valorizar suas vidas.

— …Certo — disse Haruhiro. — Desculpe. Não faremos isso de novo…

— Isso também não é bom.

— …Hã?

— Se tudo o que vocês fazem é se apegar às suas vidas, elas não têm valor — disse Soma. — A vida é algo que deve ser usado.

— A vida é algo que deve ser usado — Haruhiro repetiu lentamente.

— Vocês mesmos decidem como a sua vida deve ser usada — continuou Soma. — Isso é o que significa viver.

— Lá vem ele de novo — disse Shima com um sorriso sedutor. — Tentem não levar muito a sério o que o Soma diz. Amanhã ele já terá esquecido e começará a dizer algo completamente diferente.

— Sério? — perguntou Soma, com um olhar sério.

— Sim — respondeu Shima, sem rodeios. — Esse é o tipo de homem que você sempre foi.

Soma abaixou os olhos, suspirando levemente. — Entendo…

Soma parece meio deprimido? Haruhiro trocou olhares com Ranta e os outros. De alguma forma, esse Soma… ele é um pouco diferente do que esperávamos… não?

Ele olhou para os corpos dos bogies. A maioria deles havia morrido com um único golpe. Com apenas um golpe, eles haviam sido mortos. Soma havia eliminado cerca de dez bogies em um instante, sozinho. Ele era o soldado voluntário mais poderoso, alguém que conseguia fazer o impossível com facilidade. Ele era forte, incrivelmente forte, provavelmente sábio também, e frio, uma pessoa tão fora do alcance de Haruhiro e dos outros que era como se estivesse acima das nuvens, e não havia como se aproximar dele. Essa era a imagem que tinham… mas não mais.

— Se vocês são tão inexperientes a ponto de os três demi-humanos quererem caçar vocês — disse Lilia, apontando para mais fundo no Buraco das Maravilhas — vocês podem simplesmente correr além desta seção.  Se avançarem quatrocentos metros e entrarem no ninho dos muryans, os três demi-humanos não os perseguirão mais. Se vocês são tolos o suficiente para explorar o Buraco das Maravilhas sem saber disso, aconselho que voltem agora e passem o resto de seus dias em silenciosa autorreflexão.

Cada palavra da elfa doía. No entanto, ela não estava apenas criticando Haruhiro e a party; ela também estava dando conselhos.

Não sei se devo achar ela assustadora ou gentil, pensou Haruhiro.

— Ei, esperem, vocês — Kemuri deu uma rápida olhada nos rostos de Haruhiro e companhia. — Vocês são eles, certo? Aqueles que derrotaram o Death Spots.

— Sim, sim! Isso mesmo! — Ranta parecia pronto para dançar de alegria. — Você se lembrou, hein! É uma honra! Eu sou o homem que derrotou o Death Spots!

— Todos vocês fizeram isso, quer dizer — corrigiu Kemuri.

Com a correção, Ranta se jogou no chão e se prostrou. — S-Sim! Isso é muito verdade! Não fui eu, fomos todos nós! Desculpa!

— Está faltando um de vocês — disse Kemuri. — Monroe, não era? O que aconteceu com ele?

— O nome dele era Moguzo — disse Haruhiro em um tom firme, depois abaixou a cabeça. — …Ele morreu. Nós deixamos ele morrer, você poderia dizer. Na Fortaleza de Observação Deadhead…

— Na Força da serpente Azul, hein — disse Kemuri, batendo na testa. — Bem, para um tanque, é melhor morrer do que deixar seus companheiros morrerem.

— Será? — perguntou Shima.

Kemuri deu de ombros. — Acho que sim.

— Hmm — disse Shima. — Isso é bem legal.

— …Eles são um bando de idiotas — murmurou Pingo. — Tanques não passam de idiotas… Uheheh…

Soma franziu a testa. — Tanques são idiotas? Eu sou um tanque. Isso me tornaria um idiota também.

— Não posso discordar — disse Lilia, fria como sempre.

— Isso acontece com frequência — disse Shima, com um sorriso triste. — E você não pode chorar toda vez que isso acontece. Mas, por mais que você tente enterrar esses sentimentos no fundo do coração, essas lágrimas mornas sempre acabam surgindo. Sempre e para sempre.

Haruhiro não tinha certeza se entendia as palavras poéticas de Shima. No entanto, ele certamente nunca as esqueceria. Nem Manato, nem Moguzo. Mary provavelmente não conseguia esquecer seus companheiros também, e devia ser o mesmo para Kuzaku.

Por que, mesmo sentindo dor, eles continuavam sendo soldados voluntários? Era para ganhar a vida? Sim, isso contava. Era um orgulho que não se deixava abalar? Talvez também fosse isso. Havia uma adrenalina em arriscar suas vidas? Ele não podia dizer que não, mas com certeza não era apenas isso.

Era para nunca esquecer.

Manato e Moguzo, eles viveram como soldados voluntários, usaram suas vidas para isso; usaram elas assim e morreram.

Ele não queria rejeitar as vidas que seus companheiros, amigos tinham vivido. Não queria acreditar que essas vidas não tinham significado algum. Queria registrá-las em sua memória.

Na verdade, ele queria ver o que havia no fim desse caminho, aquele que Manato e Moguzo deveriam ter percorrido.

— …Não tenho certeza se precisamos enterrá-los — disse Haruhiro.

Shima assentiu levemente, sinalizando para que ele continuasse.

Haruhiro não tinha certeza do que queria dizer, do que estava tentando dizer. Mesmo assim, ele não podia ficar em silêncio.

— Pode parecer que estou me apegando ao passado, mas, em vez de enterrá-los, não seria melhor mantê-los vivos dentro de nós? —perguntou.

— Sabe de uma coisa… — Soma subitamente se agachou na frente de Haruhiro. Eles ficaram olhando um nos olhos do outro, e isso o deixou um pouco inquieto.

— Quer se juntar a mim? — perguntou Soma.

— …Como é? — Juntar? A ele? O que ele quer dizer com “Juntar a mim”? Haruhiro pensou. A sua casa? Ir para a casa do Soma? Não, não é isso, né. Obviamente que não é isso.

Erm… Por “se juntar”, você quer dizer…

— Aos Day Breakers.

— Ahhh — disse Haruhiro. — Agora entendi. Claro, é isso. Hahaha—Espera, o quê?!

Ranta e os outros provavelmente gritaram ou pularam de surpresa com essa bomba, também. Mas Haruhiro estava tão atordoado que não ouviu nem viu as reações de seus companheiros.

— O quê—Hã…?! Mas… é tão de repente… Não sei o que dizer, hein…? Você está me zoando…?

— Zoando você? — Soma não pestanejou—ele olhou para a perna de Haruhiro. — Isso foi um pedido bem repentino.

Não, você é quem foi repentino! Haruhiro pensou.

(NT: Haruhiro diz ‘You pulling my legs?’, que na tradução literal fica ‘Você está puxando minhas pernas’, mas, na verdade, significa ‘Você está me zoando.’)

 

Enquanto Haruhiro estava confuso e não conseguia fazer uma réplica espirituosa, Lilia balançou a cabeça e suspirou. — …Soma. O que você está dizendo de repente?

— Eu me expressei mal? — perguntou Soma. — Estou tentando convidá-los a se juntar aos Day Breakers.

— Isso eu entendi — disse Lilia. — Você está me provocando?

— Por que eu provocaria você, Lilia? Eu respeito você.

— Isso é… — As bochechas de Lilia, normalmente tão brancas quanto a neve recém-caída, ficaram ligeiramente rosadas. — …Eu sinto isso. Ou melhor, não era isso que eu estava tentando dizer.

— Não posso? — Soma olhou para Lilia, Shima, Kemuri, Pingo e o golem, um por um. Depois, ele abaixou a cabeça e os olhos. — Não posso, né…?

Ele está deprimido… certo? Completamente, Haruhiro pensou. Não importa como eu o vejo.

— Não sei se você não pode. — Lilia mordeu o lábio. — …Não é que você não pode. Não é isso, eu só estava tentando dizer…

— Não temos muitos receptores sobrando, sabe — disse Shima, parecendo ligeiramente exasperada ao dar um pouco de ajuda a Lilia. — Você entende isso, certo?

Soma franziu levemente as sobrancelhas, inclinando a cabeça para o lado. — E o que tem isso?

— O que tem, você pergunta? — respondeu Shima.

— Se acabarem, só precisamos encontrar mais — disse Soma. — Não se apegue tanto a eles.

— …Isso é… Bem, sim, você está certo — admitiu ela.

— Você é um idiota. — Pingo se recostou no golem, olhando para o céu. — Você é um idiota. Um idiota além de qualquer salvação. Mas eu já sabia disso. Uheheheh…

Kemuri deu uma breve risada, depois bateu no ombro de Soma. — O que você está dizendo não está errado. Você é capaz de fazer isso. Faça o que quiser, Soma.

Soma colocou a mão em cima da de Kemuri. — Obrigado, Kemuri.

— …Não. — Kemuri parecia um pouco tímido. — Você não precisa me agradecer…

— Agora, então — disse Soma, voltando-se mais uma vez e olhando diretamente nos olhos de Haruhiro com seus olhos perfeitamente claros. — Nosso objetivo é invadir Undead DC no antigo Reino de Ishmal. Estamos atualmente em processo de busca pela rota, mas não espero conseguir alcançar esse objetivo tão cedo. Isso vai levar tempo. Precisaremos de força, também. A força de uma pessoa a mais ajuda. Não me importo se você for inexperiente. Todos começam assim. Você só precisa se fortalecer mais. Se você não temer a morte, encarar a morte e buscar a vida quando confrontado com a morte, eu o recebo de braços abertos.

Isso é uma encruzilhada, Haruhiro pensou. É um ponto de virada em nossas vida.

Ainda assim, poderia ser mais repentino? Eu quero tempo para pensar sobre isso. Quero decidir depois de ter tido tempo suficiente para discutir com meus companheiros. Mas, provavelmente, eu não tenho esse tempo. Encontramos Soma aqui. Foi um milagre que Soma nos salvou. Não devo presumir que terei outra chance como essa.

Se eles aproveitariam essa oportunidade ou a desperdiçariam, isso dependia de Haruhiro e seus companheiros. Não, não exatamente.

Isso dependia apenas de Haruhiro.

Isso está certo? Eles não vão guardar rancor de mim mais tarde? Quer dizer, isso é mais do que merecemos. Eu não vou me arrepender mais tarde? Este não é o momento para ser indeciso.

Haruhiro levantou-se.

— Por favor, nos aceite. Queremos nos juntar aos Day Breakers.

Mary, ou Shihoru, ou Yume, ou talvez as três, suspiraram. Ranta gritou “Viva!” e começou a fazer gestos de vitória com o braço, enquanto Kuzaku soltou um “Hã…?”.

Eu fiz isso. Tomei a decisão por conta própria.

— Fico feliz em tê-los conosco — disse Soma, levantando-se com um leve sorriso, depois acenou para Pingo. — Me dê um receptor.

Pingo tirou de algum lugar um objeto preto, plano, parecido com uma pedra, e o entregou a Soma. Soma, por sua vez, passou-o para Haruhiro.

— Isso é uma relíquia chamada receptor — disse Soma. — Você sabe o que são relíquias?

— …Não — admitiu Haruhiro. — Eu não sei.

— Bem, veja, relíquias são… — Shima começou a explicar. — É um nome abrangente para qualquer coisa que não possa ser feita com a tecnologia moderna e que claramente foi feita no passado. Geralmente são armas ou armaduras, ou itens úteis. O que você tem aí é do tipo itens úteis. Coloque-o no seu ouvido.

— Ah, certo.

Quando Haruhiro pressionou o receptor contra o ouvido, Soma segurou uma pedra diferente—tinha o mesmo formato do receptor, mas era de uma cor diferente, completamente branca—perto da boca.

— Aqui é o Soma. — Aqui é o Soma.

— Hã? Ele meio que vibrou… Eu ouvi você duas vezes—Hã?! O que é isso…?

— A que Soma está segurando é um transmissor — disse Shima, segurando um receptor diferente junto ao próprio ouvido. — O receptor é uma relíquia que pode captar a voz dele, não importa o quão distantes vocês estejam. Bem, existem canais e outras coisas envolvidas, também. Quando o receptor recebe uma voz do transmissor, ele vibra enquanto emite som e, também, luz.

Shima apontou para a parte inferior do receptor. Quando Soma pressionou o transmissor com o polegar, a seção que Shima estava apontando piscou em verde.

— Fizemos novos companheiros. — Fizemos novos companheiros.

— Vou apresentá-los.

Quando Soma terminou de falar, ele apontou o transmissor para Haruhiro. Era para ele dizer algo?

— Uh… hum… erm… — Haruhiro limpou a garganta. — Eu sou Haruhiro… E estou me apresentado. Prazer em conhecê-los. Isso é suficiente?

— Sim. — Soma trouxe o transmissor de volta à boca. — Seis pessoas, incluindo Haruhiro, se juntaram a nós. Isso é tudo. Que possamos nos encontrar novamente.

— Cuide bem disso… Uheheheh… — Pingo lançou um olhar incrivelmente sombrio para Haruhiro. — Só resta um receptor. Além disso… Se você achar que vai morrer, destrua o receptor. Antes de morrer… certifique-se absolutamente de fazê-lo. Você também nunca sabe quando Soma pode contatá-lo por coisas triviais… como agora. Mantenha-o com você o tempo todo. Não perca o que ele diz, seu lixo.

— S-Sim, senhor! — gaguejou Haruhiro.

— Bem, por enquanto, apenas sobreviva — disse Kemuri, como se fosse cansativo.

— Sim. — Quando Shima cruzou os braços, isso acentuou seu volumoso busto, o que era meio perigoso. — Isso seria o melhor.

— Não estou esperando nada — disse Lilia, fria até o fim. — Tente ao menos não desperdiçar completamente esse receptor. Do jeito que as coisas estão, vocês seis valem bem menos do que um único receptor.

— Se vocês passarem pelo domínio dos três demi-humanos e entrarem no ninho dos muryans, há ustrels espreitando por lá — Soma gesticulou nessa direção com o queixo. — Uma vez que vocês consigam derrotar um ustrel, a área em que poderão operar deve se expandir consideravelmente.

— …Um ustrel — disse Haruhiro.

— Que possamos nos encontrar novamente.

Soma os deixou apenas com essas palavras, e então desapareceu como o vento. Kemuri, Shima, Lilia, Pingo, o golem, todos eles apenas acenaram, sem uma palavra de despedida, e quando Haruhiro se deu conta, eles já tinham sumido de vista.

Será que foi tudo um sonho…? Um devaneio? Não, não foi. Isso realmente aconteceu. Haruhiro estava segurando o receptor firmemente em sua mão.

À primeira vista, parecia apenas uma pedra preta e plana que cabia na palma da mão, mas tinha sulcos e fendas, e não parecia exatamente com pedra ou metal. De qualquer forma, era um item misterioso, seja lá o que fosse.

Haruhiro olhou para seus companheiros. Todos eles, até mesmo Ranta, estavam atordoados.

— haha…

Por ora, Haruhiro decidiu disfarçar com uma risada. Não que ele conseguisse.

Haruhiro coçou a cabeça. — Parece que nos juntamos aos Day Breakers.

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