Capítulo 6 – Prioridades na Vida. (Parte 2)
Incrivelmente, no final daquela noite, mensageiros de “One-on-One” Max dos Iron Knuckle e “Red Devil” Ducky dos Berserkers chegaram. Na manhã seguinte, enquanto se preparavam para partir, Shinohara de Orion veio encontrar Soma pessoalmente.
Agora que as coisas haviam ficado tão grandes, Não, acho que vamos deixar essa de lado—era algo que Haruhiro não tinha coragem de dizer. Afinal, Soma dos Day Breakers estava dizendo que iria fazer isso. Haruhiro fazia parte dos Day Breakers, o clã que Soma havia fundado. Mesmo que estivessem na base da hierarquia, ainda eram camaradas.
Ele não podia dizer isso. Não podia dizer: De jeito nenhum. Não conseguimos fazer isso. Seria patético, embaraçoso, e ele decepcionaria Soma e os outros. Ele não queria que eles o desprezassem.
Ignorando os Tokkis por um momento, se a party de Soma, a de Akira-san, os Iron Knuckle, os Berserkers e Orion estavam todos participando, talvez não fosse tão perigoso assim para eles. Era difícil negar que esse pensamento havia começado a se enraizar na mente de Haruhiro.
Bem, eu também estou curioso. Seria mentira dizer que não estou.
Quando não só os soldados voluntários mais fortes de agora e do passado, mas também vários clãs famosos estavam se reunindo, o que iria acontecer? Como eles iriam lutar? Que tipo de cenas se desenrolariam ali? Em que nível todos eles estavam?
Sim, eu quero ver isso. Se pudéssemos apenas assistir, honestamente, eu daria qualquer coisa para ver. Seria um desperdício não ver.
No entanto, Haruhiro e os outros por acaso estavam nos Day Breakers. Eles não podiam simplesmente assistir. Teriam que fazer algo. Ele não poderia pedir para serem deixados de fora porque eram pateticamente fracos, por mais que quisesse.
Mas o que podemos fazer?
Às dez da manhã, um total de vinte e quatro pessoas entraram no Reino do Crepúsculo: dezoito membros dos Day Breakers (a party de Soma, a party de Akira-san e a party de Haruhiro), mais os Tokkis.
Enquanto estava em pé na colina inicial, olhando para o deus gigante e aquela misteriosa criatura branca gigante, Haruhiro pensava sobre a situação. Não, ele vinha pensando há um tempo.
Em breve, os Iron Knuckle, os Berserkers e Orion os alcançariam. Quando isso acontecesse, esses caras poderiam começar a lutar imediatamente.
Uma das habilidades de caça que Yume havia adquirido deu a Haruhiro a ideia de que precisava.
Pit Trap.
— U-Um. — Haruhiro reuniu coragem, como se estivesse prestes a pular do palco no Templo de Kiyomizu. Uh, o que é mesmo o Kiyomizu?, ele se perguntou, enquanto dizia: — Q-Que tal montarmos uma armadilha? Será que seria uma boa ideia… talvez? Acho que poderia ser… Tipo, em vez de enfrentá-los diretamente, deveríamos usar tudo o que pudermos…
O plano que Haruhiro precisou reunir coragem suficiente para sugerir, como se fosse pular do Templo de Kiyomizu, provocou um debate.
Apenas um debate, porém. Algo como, se fossem montar uma armadilha, de que tipo seria? Ou, qual era a estimativa sobre o tamanho do deus gigante, e qual seria o tamanho necessário para que a armadilha funcionasse?
Os grupos de Soma e Akira-san em particular—embora Zenmai, o golem, fosse uma exceção—tiveram uma troca de opiniões acalorada sobre o assunto.
Eles são tão diferentes de nós, Haruhiro percebeu com pesar.
Ninguém agia como se aquilo não lhes dissesse respeito. Nenhum deles agia como se não fosse seu problema, ou como se não fossem bons em pensar e fosse um incômodo, então deixariam os outros decidirem. Embora alguns fizessem piadas, zombassem das ideias dos outros ou as criticassem duramente, o debate nunca se atolava, e as coisas avançavam em um ritmo rápido.
A party de Haruhiro e os Tokkis ficaram de lado. Ele não sabia como os Tokkis e Ranta se sentiam sobre isso. Mas Haruhiro estava, por mais presunçoso que fosse, frustrado.
Ele também ficou surpreso ao se perceber frustrado. Afinal, Haruhiro era apenas um subordinado ali. Ele sabia que estava no mais baixo dos baixos. Era natural que fossem inferiores aos grupos de Soma e Akira-san, e era certo que seriam completamente diferentes.
Ele estava frustrado? Como assim? Por que estava levando isso tão a sério? Que piada. Se ele era um subordinado, deveria sentar-se em um canto como tal, concordando com o que lhe dissessem, e, no mínimo, ficar fora do caminho das pessoas incríveis. Ele realmente sentia isso. Porque eles eram diferentes. Eram feitos de outra matéria. Ele podia se esforçar o quanto quisesse, mas não havia como sua party se tornar como a de Soma ou a de Akira-san.
Certo?
Sim… Era verdade.
Será que ele não conseguia aceitar isso? Será que isso significava que ele ainda não tinha desistido? Não era como se a party dele não tivesse algum potencial. Pelo menos, não tinham zero. Era isso que ele estava pensando? Seria esse o impulso de alguém que era o mais comum dos comuns para avançar? Ou talvez fosse o senso de responsabilidade como líder?
Seja como for, ele estava definitivamente frustrado, e não queria continuar assim. Haruhiro fez tudo o que pôde para se envolver na discussão. Não conseguiu falar muito, mas eles decidiram que iriam mesmo preparar armadilhas.
Foi decidido que a equipe de Haruhiro e os Tokkis cavariam uma armadilha, e Iron Knuckle, os Berserkers e Orion, que chegaram na colina inicial um após o outro por volta das dez da manhã, também cavariam uma cada. As localizações foram decididas por consenso.
Enquanto as armadilhas eram preparadas, Soma, Akira-san e seus grupos serviriam de isca, atraindo o deus gigante e a criatura branca enquanto os observavam.
Do Iron Knuckle, um total de dezoito membros sob o comando de “One-on-One” Max e Aidan participariam. Os Berserkers tinham mais de trinta membros, mas dezessete estavam sob o comando do “Red Devil” Ducky e seu segundo em comando, Saga.
Orion também tinha quase trinta membros. Desses, quatro grupos, totalizando vinte e quatro pessoas, incluindo Shinohara, Kimura e Hayashi, se reuniram.
Os Day Breakers tinham dezoito membros, incluindo as equipes de Soma, Akira-san e Haruhiro.
Os Tokkis tinham seis.
Além disso, havia cinco equipes sem afiliação a um clã, ou cujos clãs estavam dispersos, totalizando vinte e cinco pessoas. Isso incluía a dupla de Lala e Nono.
Incrivelmente, a ideia aleatória de Tokimune havia gerado uma operação massiva envolvendo cento e oito pessoas.
E assim, Haruhiro estava balançando sua pá e cavando diligentemente.
Por sinal, Lala e Nono espertamente se juntaram ao time de distração, e os vinte e três soldados voluntários que não estavam cavando ficaram em espera no assentamento, que tinha se tornado bastante desolado com mais da metade dos comerciantes tendo saído.
— Mas, ainda assim… — Haruhiro limpou o suor da testa. Ele olhou para o buraco. — Isso não é tão fácil quanto pensei…
Graças à magia Blast de Mimorin, eles conseguiram pelo menos fazer um buraco de cerca de dez metros de diâmetro. No entanto, a profundidade era de, no máximo, um metro e meio. Mesmo que uma pessoa caísse ali, tudo o que aconteceria seria torcer o tornozelo ou cair de traseiro. Não faria nada ao deus gigante.
— Quem diria que cavar um buraco seria tão difícil? — Haruhiro murmurou.
Parecia que Ranta e os Tokkis já não estavam mais no clima de fazer piadas. Eles cavavam em silêncio.
Não, não Ranta. Ele estava esfregando as costas, agachando, perambulando e basicamente enrolando. Até Anna-san, a animadora de torcida, estava fazendo o trabalho de cavar, mas não aquele lixo.
— Terminei. — Mimorin, que estava ajoelhada e meditando de olhos fechados, levantou-se. Então, Haruhiro e os outros saíram do buraco por um momento.
— Mimorin, foque em um ponto só — chamou Haruhiro.
Mimorin assentiu e começou a entoar enquanto desenhava símbolos elementais com seu cajado. — Delm, hel, en, balk, zel, arve.
Boom. Mimorin lançou Blast no meio do buraco.
— Delm, hel, en, balk, zel, arve. Delm, hel, en, balk, zel, arve. Delm, hel, en, balk, zel, arve. Delm, hel, en, balk, zel, arve.
Cinco disparos, praticamente em sequência. Como Haruhiro havia instruído, Mimorin estava disparando todas as explosões no mesmo ponto. Graças a isso, aquela parte desabou e ficou bem profunda.
Mimorin cambaleou, apoiando-se no cajado para não cair. Para alguém como ela, que não era tão boa com magia, lançar cinco Blast consecutivos era difícil.
— Se eu também pudesse usar Blast… — Shihoru olhou para baixo e murmurou. — Em vez de Ice Globe, eu deveria ter ido direto e aprendido a magia Arve…
— Heh… — Inui lançou um beijo para ela. — Se você quiser, não me importo de ser seu Blast.
— Não, obrigada — Shihoru respondeu imediatamente e com firmeza. — Você ser meu Blast? Isso não faz sentido. E é estranho, também…
— Miiiaaauuu! — Yume se alongou. — Bom, hora de voltar a cavar.
— Espera aí, será que a gente vai terminar isso algum dia? — Ranta resmungou. Apesar de ter feito menos do que qualquer um ali, aquele inútil já estava desanimado.
— Minhas costas estão doendo… — Kuzaku suspirou e colocou a mão na lombar.
— Você está bem? — Mary olhou para ele.
— Ah. Bem, estou.
— Certo, então.
Sem querer, Haruhiro compôs um haiku em sua cabeça:
Tão perto de ti,
Que coisa incrível seria
Estar assim…
– Haruhiro
Só que ele estragou a contagem de sílabas.
Não, isso não estava certo. O coração dele parecia estar apodrecendo por dentro. Como ele podia agir assim quando foi ele quem sugeriu a ideia?
— V-Vamos dar nosso melhor, pessoal — ele disse. Mas acabou sendo uma tentativa fraca e sem entusiasmo de motivar o grupo.
— Éééé… — Kikkawa respondeu com a mesma falta de ânimo.
— Eu realmente não sou boa nisso, né… — Anna-san disse.
— Anna-san, você deveria descansar — Tokimune mostrou os dentes brancos para ela, mas com muito menos energia do que de costume.
— Isso é estranho. — Tada, por outro lado, parecia irritado. — Não era pra ser assim. Por que eu estou cavando um buraco?
Sim, isso era culpa minha. Haruhiro queria se desculpar, mas de que adiantaria ele baixar a cabeça? Talvez ajudasse a aliviar a culpa, mas e depois? O que viria a seguir? Eles não podiam simplesmente parar de cavar a armadilha agora. Se iam fazer isso, teriam que ir até o fim.
Haruhiro se determinou a continuar e cravou a pá no chão. Ele deu tudo de si, cavando uma linha.
A linha eventualmente se conectou, formando um círculo com cerca de vinte e cinco metros de diâmetro. O buraco atual cabia completamente dentro desse círculo.
— O inimigo é ridiculamente grande e claramente muito forte! Não acho que podemos nos preparar o suficiente pra isso! V-Vamos cavar! — Haruhiro gritou. — Cavar essa armadilha! Eu estou cavando! Quero que todos vocês cavem também! Isso pode ser útil… talvez, não, definitivamente, eu acho! E-Então…
— Cavar. — Mimorin largou seu cajado e pegou uma pá. — Eu vou cavar.
— Yume vai dar o seu melhor também! — Yume respirava pesadamente enquanto rasgava o solo.
Shihoru mordeu o lábio. — Dependendo de como eu usá-los, Shadow Echo e Thunderstorm podem ajudar…
Mary estava silenciosamente balançando sua pá.
— Bem, meu corpo é bem resistente, afinal. — Kuzaku cavava o buraco de forma constante.
— Bah! Se é que eu tenho que fazer isso! — Ranta colocou a pá no ombro, com sua atitude insolente de sempre.
— Aww, sim! — Kikkawa gritou. Você sempre podia contar com Kikkawa em momentos assim. — Eu estou em chamas, chamas, chamas! Estou queimando, queimando!
— Vou ter que ser paciente até a hora da luta. — Tada ajustou os óculos com o dedo indicador esquerdo. — Até lá, acho que vou cavar para abrir o apetite.
— Heh… — Inui abriu bem o olho que não estava coberto pelo tapa-olho. — Até que chegue o momento fatídico para mim, aquele a quem chamam de Asas Negras…!
Ele continuava fazendo pouco sentido, como sempre.
— Vamos ter paciência e continuar — Tokimune mostrou um joinha para todos. — Cavar o buraco é importante, mas se nos exaurirmos fazendo isso, será inútil.
— É, você tem razão. — Haruhiro abaixou a cabeça.
Equilíbrio. Era importante manter o senso de equilíbrio, ele pensou.
Pensando bem, porque foi ele quem propôs a ideia de fazer uma armadilha, não podia negar que tinha se fixado na ideia de que, de qualquer jeito, precisava fazer uma grande armadilha.
Qual era a coisa mais importante aqui? Ele não podia perder isso de vista. Certo. Qual era o mais importante?
Derrotar o deus gigante.
Era isso.
Será? Ele se perguntou.
Isso era realmente o mais importante para Haruhiro e os outros?
— Huh? Sabe, estou tendo dificuldade em ver as coisas desse jeito… — ele murmurou.