Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 6 – Volume 16 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 6 – Volume 16

Capítulo 6: O anel azul.

 

Com os cadáveres dos goblins incinerados, a organização dos soldados da Força Expedicionária deteriorou-se visivelmente.

Metade deles foi destacada para guardar o muro ou fornecer segurança na Torre Tenboro, enquanto o restante removia escombros ou consertava prédios para usar como quartéis ou armazéns. Apenas vinte, talvez trinta por cento de todos os soldados, na melhor das hipóteses, levavam o trabalho a sério. O resto simplesmente se esquivava do trabalho tanto quanto podia, muitas vezes agachado, sentado ou fazendo pausas não autorizadas.

Não faltaram homens que abandonaram seus postos. Eles não queriam trabalhar, mas mesmo que quisessem desertar, não poderiam deixar Altana. O melhor que podiam fazer era tirar uma soneca em algum prédio aleatório, conversar e jogar. Se fossem procurar, encontrariam bastante álcool. Muitos bebiam no meio do dia.

Haruhiro e seu grupo foram tratados como uma unidade especial sob o comando direto do General Jin Mogis. Mas eles receberam alguma ordem especial dele? Haruhiro sentiu que ficaria fora de forma se ficasse sentado em seu quarto na Torre Tenboro o tempo todo, então passou a maior parte do dia vagando por Altana.

Posso fazer isso?, ele se perguntou.

Não que ele tivesse mais alguma coisa para fazer.

Ele não tinha ordens, mas havia limitações sobre o que ele poderia fazer. Neal e os batedores secretamente, e às vezes abertamente, teimosamente mantinham um olho em Haruhiro e nos outros. Se tentasse sair de Altana, seria descoberto imediatamente.

Altana era uma cidade pequena. Depois de três dias, não havia uma rua que ele não tivesse percorrido. Mesmo Haruhiro, que não tinha memórias, se sentiu familiarizado.

A área ao redor do alojamento dos soldados voluntários era especialmente familiar, ou talvez até reconfortante. Mesmo não tendo a capacidade de olhar para os lugares e lembrar como isso acontecia aqui, ou o que acontecia ali, quando vagava preguiçosamente, sempre parecia acabar na pensão. Mary disse que Haruhiro e os outros moraram lá por muito tempo, então talvez seu corpo tenha se acostumado com o lugar.

Embora o interior do alojamento dos soldados voluntários estivesse empoeirado, ele estava praticamente intacto. Seria possível para eles ficarem aqui em vez do quarto da Torre Tenboro?

Talvez pergunte ao general. Não, se eu for pedir um favor a ele, ele pode tirar vantagem de mim.

Enquanto Haruhiro pensava nisso, Neal se aproximou e disse a ele que o general estava chamando ele. Ele queria que ele viesse jantar, mas que viesse sozinho.

Embora Haruhiro realmente preferisse não ir, ele não tinha outra escolha. Ele se dirigiu para a sala de jantar na Torre Tenboro.

— Olá, Olá, Olá.

Ao entrar na sala de jantar, a mulher que havia chegado antes dele levantou a mão e cumprimentou Haruhiro.

Parecia que o general ainda não havia chegado. Os únicos ocupantes desta grande sala de jantar que o Margrave já usou foram Haruhiro, a mulher em questão, e Anthony Justeen, o Comandante Regimental do Exército da Fronteira.

Anthony acenou com a cabeça para Haruhiro, um olhar confuso em seu rosto. “Quem é a mulher? Você a conhece?, ele parecia dizer.

Bem, sim, eu a conhecia. Mas ainda era difícil dizer: “Sim, nós nos conhecemos” ou qualquer coisa assim.

— O que você está fazendo aqui…?

— Fui chamada por Sua Excelência o futuro rei da fronteira. Nyaha!

— Não, não «Nyaha», vou bater em você».  Isso é o que Haruhiro teria dito, se ele fosse um pouco mais propenso à violência. Isso, ou bater nela, depois falar.

Haruhiro sentou-se ao lado de Anthony e pensou: Ai, merda. Hiyomu estava bem na frente dele.

— Como você tem estado?

Hiyomu estava descansando os dois cotovelos na mesa, que era grande o suficiente para vinte pessoas comerem, seu rosto sorridente e presunçoso descansando em seus dedos entrelaçados. Haruhiro realmente odiava aquela mulher. Ele não era o tipo de homem que pensava nas mulheres como “aquela mulher”, mas não hesitava em pensar em Hiyomu dessa forma.

— Você parece ter se dado bem.

Sim, eu realmente odeio isso. Em um grau insano. 

Uma vez que ele percebeu isso, ele foi capaz de se acalmar. Era ridículo permitir-se ficar excitado ao lidar com esta mulher. Valia mesmo a pena? Não. Era um desperdício de emoções.

— Aleeeegre, ok? Hiyomu está sempre alegre, alegre e entusiasmada! Uma donzela cheia de muita energia, ok? Energia! Valor! Motivação! E seriedade de transbordar! Eba!

— …

— Que que que? Haruhiro-kuun? Haruharu? Haruhirohiroharu?

— …

— Você não está dando muita reação, não é? Por favor responde.

— …

— Que diabos? Não fique sentado sem expressão. Isso irrita Hiyomu mais do que tudo, sabe?

— …

— Eeeee. Eu disse eeeee. Fala, idiota.

— …

— Ahhh. Então vai ser assim. Tem certeza de que deseja adotar essa atitude? Você tem certeza? Não me culpe se acabar se arrependendo, ok? Mas você realmente deveria se curvar a Hiyomu. Você é um idiota completo e absoluto que não consegue ver, hein? Aposto que seus pés também fedem, ok?

Bem, claramente ele não iria segurar os insultos. No entanto, isso não o enfureceu tanto quanto o exasperou.

O que a mulher estava fazendo aqui? Ele estava curioso sobre isso, é claro, mas realmente não precisava ouvir isso da boca dela. Não adiantava falar com ela. Ele não conseguia imaginar a mulher dizendo a verdade. Claramente, ela não estava pensando em nada além de brincar com ele, enganá-lo e desviá-lo. Ele não jogaria junto.

Finalmente, o general Jin Mogis chegou com dois dos mantos negros e Neal a reboque.

Hiyomu ficou de pé e Anthony fez o mesmo. Por um momento, Haruhiro pensou que talvez ele devesse ficar sentado. Mas, bem, ser teimoso aqui não ia adiantar muito. Ele decidiu se levantar.

O general sentou-se à cabeceira da mesa, no que devia ser o assento do marquês. Os Cães negros e Neal não se sentaram, mas ficaram atrás do general.

— Você pode se sentar, disse o general, e Hiyomu e Anthony se sentaram. Haruhiro também se sentou em sua cadeira. Mas por que ele precisava de permissão apenas para se sentar?

O general olhou para eles em silêncio. Essa era sua maneira usual de controlar seu humor? Ele usou o silêncio como uma ferramenta para controlar a sala. Era algo que o general havia adquirido naturalmente? Ou era uma técnica que ele estava empregando deliberadamente?

Haruhiro ficou com sede com o passar do tempo e começou a se sentir inquieto. Com o tempo, nenhum deles conseguiu manter a compostura. Isso tinha que ser o que o general esperava.

O general colocou as mãos sobre a mesa da sala de jantar, com a mão direita sobre a esquerda.

O anel em seu dedo chamou a atenção de Haruhiro.

O general já usava um anel assim antes? Hum. Haruhiro achava que não, mas não tinha certeza. Pelo menos ele não tinha notado antes.

Não era um anel particularmente grande. Mas, apesar disso, realmente chamou a atenção. O anel tinha que ser feito de ouro, ou de alguma liga que o contivesse. Mas antes disso, a primeira coisa que notou foi a pedra azul montada no chaton.

Que tipo de joia era? Era um azul bem claro, mas não dava a impressão de ser pálido. Na verdade, era um azul profundo e imponente.

A própria pedra era redonda. Ele não tinha certeza se era o corte ou a iluminação, mas podia ver formas semelhantes a pétalas flutuando lá dentro. Provavelmente havia três delas. Ou poderia ter sido três folhas.

— Nossa Força Expedicionária deve se aproximar cada vez mais, disse o general, voltando seus olhos enferrujados para Anthony. Não é mesmo, Anthony Justeen?

Anthony abaixou o queixo para assentir. — Sim, senhor … ele respondeu.

O general usou o dedo indicador da mão esquerda que carrega o anel para bater no dorso da outra, duas, três vezes, como se estivesse se coçando. — Não tenho intenção de voltar para o sul das montanhas Tenryu, para o que eles chamam de continente do Reino de Arabakia. Nos tornaremos nativos da fronteira e construiremos um paraíso nesta terra. Para conseguir isso, nem é preciso dizer que um líder poderoso e homens sábios e leais para apoiá-lo serão essenciais. Vocês tem alguma objeção a isso, Haruhiro?

— … EU? Haruhiro murmurou sem querer.

— Sim, você, o general pressionou sem demora. Se você acha que minhas ideias estão erradas, pode dizer isso agora.

— Não… Haruhiro quase baixou os olhos, mas conseguiu se conter de alguma forma. Mas era muito difícil responder com o olhar do general sobre ele. Não acho que suas palavras estejam erradas.

— Então você concorda?

— Eu acho que sim. Se estivermos falando em geral, com certeza.

— Pretendo dissolver a Força Expedicionária confiada a mim pelo Rei Idelta de Arabakia e reorganizá-la como o novo Exército de Fronteira. O renascido Exército da Fronteira se livrará do jugo do Reino de Arabakia e agirá como uma força independente.

O general usou palavras importantes sem hesitar. Se Haruhiro o interrompesse, ele provavelmente seria esmagado.

— Para começar, a fronteira nunca foi de Arabakia. A fronteira é nossa. Quando digo “nossa”, não me refiro apenas aos humanos, mas a todas as raças. Se pudéssemos encontrar uma causa comum, acho que deveríamos nos juntar a qualquer raça e facção. Para que nosso recém-nascido Exército de Fronteira sobreviva nesta terra, crie raízes firmes, estabeleça domínio e alcance a independência como nação, não devemos hesitar em tomar as opções disponíveis para nós. Devemos explorar todas as possibilidades. Mesmo que desafie o bom senso, se houver alguma esperança de realizar, não há nada que não devamos tentar. Não é um líder verdadeiramente forte que pode tomar decisões como essa?

— Eu sou assim. Provavelmente era isso que o general queria dizer. Na verdade, ele praticamente disse. Ele se tornaria um líder, basicamente um rei, e não lideraria a Força Expedicionária do Reino de Arabakia, mas um novo Exército de Fronteira.

Hiyomu disse algo no sentido de que o general a chamou aqui. Quando o fez, se Haruhiro se lembrasse, ele havia chamado o general de futuro rei da fronteira.

Hiyomu esteve conectada ao general todo esse tempo? Ou ela fez contato nos últimos dias e rapidamente ganhou a confiança deles? Seja qual for o caso, Hiyomu havia sido informada de antemão sobre as intenções do general.

Jin Mogis pode ter decidido se juntar a Hiyomu, ou melhor, seu mestre, o dono da Torre Proibida.

— D-Desculpe-me… Haruhiro engasgou, então se arrependeu.

Hiyomu não é confiável. Eu gostaria que você reconsiderasse.

Se o general fosse seu amigo, teria lhe dado esse conselho. Se ele respeitasse o general e fosse leal a ele, deveria avisá-lo. Mas nenhuma dessas coisas era verdade. Além disso, mesmo que Haruhiro lhe contasse algo com total sinceridade, ele não achava que o general aceitaria.

— O que? o General perguntou com uma expressão vazia.

Haruhiro olhou para baixo e balançou a cabeça.

— … Não é nada.

Hiyomu mostrou um sorriso conhecedor. Maldita seja. Ele sentiu o sangue subir à cabeça, mas não deixou que isso levasse a melhor sobre ele. Não era hora de quebrar.

Haruhiro e seu grupo pertenciam à facção Jin Mogis por enquanto. Ele pode não gostar, mas era assim. Ele tinha que admitir isso.

Hiyomu, ou melhor, seu mestre, havia roubado suas memórias. Não havia como eles estarem do seu lado. Eles tinham que ser inimigos.

No entanto, parecia que aqueles inimigos haviam feito um acordo com o general.

— Mas nós somos soldados voluntários. Era o que ele queria pensar, mas não se identificava com o trabalho o suficiente para usá-lo como fonte de apoio emocional. Honestamente, ele não se importava muito. Ele concordou com o pedido de Shinohara para desempenhar o papel de espião. Não é que ele não entendesse por que precisava, mas também não gostava de como se sentia.

Isso estava se tornando um incômodo sério, não era?

— Se você tem algo a dizer, pode falar livremente. O general sorriu para Haruhiro. Eu conto com você. Eu também preciso que você faça algo.

Se pudesse, Haruhiro teria revirado os olhos e fugido ali mesmo. Não é brincadeira. Haruhiro queria seriamente fugir. O que o general precisava que ele fizesse? Com certeza seria uma dor. E o general pretendia que ele fizesse, querendo ou não, certo?

— A comida.

Quando o general levantou a mão direita, os de mantos negros saíram da sala de jantar. Eles deveriam ter ido procurar o pessoal de serviço.

Depois de retomar Altana, o general selecionou cerca de vinte pessoas da unidade de logística e as designou para a Torre Tenboro. Eles não eram mais soldados. Eles cozinhavam, limpavam e lavavam roupas. O general provavelmente queria fazer da Torre Tenboro seu palácio. No entanto, considerando o quão pequena era, as perspectivas para isso não eram exatamente positivas.

— Ouvi dizer que Altana negociava com a cidade livre de Vele.

Quando o general se virou para ela, Hiyomu assentiu.

— Sim, Sim. E Vele também negocia com o Continente Vermelho. Eles obviamente têm frutos do mar ricos e saborosos.

— Tem muita gente, homens e mulheres, morando lá.

— Talvez seja melhor se eu disser ‘de todas as raças’ lá, mas eiiii… Vele não é apenas uma cidade, é mais uma cidade-estado, você poderia dizer?

O general começou a usar os dedos da mão direita para brincar repetidamente com o anel.

Finalmente, o pessoal da cozinha chegou com aventais e toucas brancas. Eles serviam carne e legumes leves, pão e algum tipo de bolinho de massa. Pratos simples que aproveitaram ao máximo seus ingredientes. Os únicos temperos que eles tinham eram sal e uma pequena quantidade de especiarias, então talvez valesse a pena notar que o sabor natural dos ingredientes era tudo em que eles podiam confiar.

Os garçons trouxeram uma garrafa de álcool e colocaram nos copos na frente de Haruhiro e dos outros. Ao fazê-lo, sempre conseguiam derramar um pouco sobre a mesa, mas o general não demonstrava preocupação.

— Primeiro há os goblins de Damuro, disse o general, pegando sua taça e erguendo-a.

Hiyomu e Anthony também pegaram seus copos. Haruhiro não pegou.

Os goblins de Damuro… Espere, o que…?

— O que está acontecendo? O general inclinou a cabeça. Ele estava olhando para Haruhiro.

— Ah… Não, não é nada.

Haruhiro rapidamente pegou seu copo.

Nada. 

Nada?

Não, isso não é nada, certo?

— …Os goblins?.

— Eu acho… O general estreitou os olhos. Podemos formar uma aliança com os goblins de Damuro. Pelo menos há espaço para isso acontecer.

— Ei?! Os olhos de Anthony se arregalaram. U-Uma aliança?! Uma aliança com os goblins ?!

— Está correto, respondeu o general com naturalidade. Precisamos enviar um emissário. Primeiro, devemos informar o rei goblin na cidade nova de Damuro, Gwagajin, acho que era o nome dele, de nossas intenções.

Haruhiro colocou o copo sobre a mesa.

Os ombros de Hiyomu tremeram enquanto ela ria.

Ela é a pior. 

— O que é? O general se dirigiu a Haruhiro novamente.

Não, não há duas maneiras de fazer isso. O que você precisa que façamos. Tinha que ser isso, de todas as coisas ?

Quando Haruhiro permaneceu em silêncio, o general ergueu o copo.

— Para nossa amada fronteira.

Ele inclinou o copo sem dizer “saúde” diretamente. Hiyomu fez o mesmo. Anthony ainda estava atordoado, então tomou um gole antes de devolver o copo à mesa.

— Agora você sabe o que dizem sobre estômago vazio.

Mesmo com a insistência do general, Haruhiro não ousou tocar na comida. Ele não tinha apetite. Ele queria sair de seu lugar imediatamente, mas afinal era uma má ideia? Não era apenas um problema para ele. Seus companheiros também estavam aqui. Se Haruhiro estragasse tudo, ele poderia arrastá-los com ele. Ele tinha que evitar isso, não importa o quê.

Minha cabeça está uma bagunça. 

O que ele deveria fazer? Não sabia. Não imediatamente.

Haruhiro pensou que o general poderia dar ordens específicas durante a refeição, mas não disse nada em particular. Isso foi um pouco decepcionante, mas Haruhiro mal tocou na comida que lhe foi servida. Ele se sentou em sua cadeira, esperando até que o general terminasse de devorar tudo à sua frente e os dispensasse. Isso era tudo o que ele podia fazer.

Quando ele saiu da sala de jantar e voltou para seu quarto, Kuzaku praticamente pulou sobre ele, com uma expressão de alarme em seu rosto.

— Haruhiro!

— O-o quê? O que aconteceu?

— É Shihoru-san!

— Ei?

Ele olhou ao redor da sala e viu apenas Kuzaku, Mary, Setora e Kiichi.

Mary estava branca como um lençol. Kiichi estava estranhamente ao lado de Mary, não ao lado de Setora, então ele estava tentando animá-la? Setora tinha os braços cruzados e uma carranca.

— OOOO-O que vamos fazer ?! Kuzaku agarrou o braço de Haruhiro e o sacudiu. Shihoru-san foi ao banheiro há muito tempo e não voltou! Eu provavelmente não deveria dizer isso assim, mas no começo eu pensei que ela só tinha diarréia ou algo assim! Mas já faz muito tempo para isso! Fui procurá-la e ela sumiu!

— Bem. Tudo bem eu entendo. Se acalme.

— Desculpe! Sim, você está certo, vou me acalmar!

Kuzaku se afastou de Haruhiro e respirou fundo algumas vezes, inspirando e expirando.

— E então? OO-O que fazemos?! Haruhiro, o que devemos fazer?! Shihoru-san se foi! Isso é ruim né?! Não tenho ideia do que devemos fazer…!

— Cara, você não se acalmou nada…

— Não posso! Sinto muito!

Haruhiro também fez Setora e Mary contarem o que aconteceu.

Shihoru havia deixado o quarto sozinha. Kuzaku tinha o hábito chato de convidar Haruhiro toda vez que ele precisava ir ao banheiro, mas segundo as mulheres, Shihoru não fazia nada disso. Não que Shihoru tivesse dito a eles que ela tinha que ir embora. Mas era a única razão que eles poderiam pensar. Mary e Setora concordaram com isso. Disseram que não havia nada fora do comum nela.

Foi Setora quem primeiro disse que estava demorando muito. Mary e Setora foram procurá-la no banheiro, e então Kuzaku juntou-se à busca depois disso. Eles procuraram por todo o primeiro nível da Torre Tenboro, onde ficava o quarto dela, mas ainda não a encontraram.

— Você acha… que alguém viu Shihoru? Haruhiro perguntou.

Havia cerca de cinquenta pessoas, cães negros e soldados da Força Expedicionária, na Torre Tenboro o tempo todo.

Nós tentamos perguntar. Kuzaku franziu a testa. Todos dizem que não viram ou não sabem. Alguns deles até nos ignoraram descaradamente. Eles não eram nada cooperativos. O que há com esses caras? Eles realmente me irritam.

— Honestamente, não sei o suficiente para decidir o que pensar. Setora virou-se para Mary e perguntou: Shihoru é o tipo de pessoa que de repente desaparece sozinha?

Mary balançou a cabeça.

— Não acredito. Ela não gostaria de causar problemas para todos. Ela sente isso mais fortemente do que qualquer um.

— Nesse caso… Setora olhou para Haruhiro.

Parecia improvável que Shihoru desaparecesse sozinha. Shihoru havia saído do quarto para ir ao banheiro ou algo assim. Ela pretendia voltar imediatamente, mas alguém a impediu. Agora, neste exato momento, Shihoru estava em uma situação que significava que ela não poderia voltar para a sala onde seus companheiros a esperavam.

Haruhiro cerrou os dentes. Ele tocou o lugar onde o pescoço e os ombros se encontravam. Ele estava realmente rígido.

— … Hiyomu estava lá. Na sala de jantar.

— Oi…?! Kuzaku gritou. Espera, ela?! Ehhhh?!

— O general foi associado com Hiyomu em algum momento. Além disso, o general… aparentemente planeja formar uma aliança com os goblins.

— G-Go-Gob…? OO-O quê? Que diabos é isso?!

— Isso está relacionado ao desaparecimento de Shihoru. É isso que você está pensando? Setora estava calma como sempre.

— Eu não sei, Haruhiro respondeu honestamente. Mas acho que o general planeja nos enviar para Damuro. Ele apenas insinuou, nunca disse abertamente. O general quer nos usar como peões. Mas… não confia em nós.

Mary respirou fundo.

— Você não quer dizer… que ele tomou Shihoru como refém?

— Isso faz sentido, Setora disse desapaixonadamente. Se for verdade, não teremos escolha a não ser fazer o que o general manda, mesmo que não gostemos.

Haruhiro e os outros saíram correndo da sala. O general estaria no grande salão, a sala com a lareira que o marquês usara como sala de estar, ou talvez no quarto do senhor no terceiro andar.

No entanto, quatro Cães negros haviam selado as escadas para o segundo andar.

— O general está lá em cima, não está? Temos algo a perguntar, então queremos ver.

— Estamos com pressa aqui!

Não importa o quanto Haruhiro ou Kuzaku os pressionassem, os cães negros apenas diziam que o general havia ordenado que ninguém fosse autorizado a passar. Deixado desprotegido, Kuzaku teria tentado passar, mas Haruhiro obviamente teve que detê-lo. Shihoru poderia ter sido feita refém. Eles não podiam agir de forma imprudente.

— Você poderia pelo menos passar uma mensagem para o general? Diga a ele que quero vê-lo.

— O general nos disse para sermos guardas, não mensageiros. Se fizermos coisas para as quais não fomos ordenados, incorreremos na ira do general.

Os cães negros estavam levemente sorrindo, parecendo até gostar disso.

— Tudo bem eu entendo! Kuzaku sentou no chão e cruzou os braços. Não vou sair daqui até que me deixem passar! Vou sentar aqui para sempre, então se acostume!

Os cães negros rugiram de tanto rir.

— Bem, agora que você disse isso, não se atreva a se mover.

— Eu disse a você, eu não vou fazer isso! Vocês podem mudar de turno, mas eu não. Vou aguentar isso sozinho.

— Qual é o sentido de fazer isso? Setora perguntou exasperada, e Kuzaku se virou.

— O sentido? O sentido é… Uh, eu não sei. Eu apenas pensei que seria? Me perguntou por quê. Estou te mostrando meu espírito, talvez…?

Haruhiro colocou a mão no ombro de Kuzaku.

— Estamos indo, Kuzaku.

— Ei? O que quer dizer com estamos indo?

— Vamos voltar para o quarto por enquanto.

— Não mas…

— Vamos.

— … Está bem.

Kuzaku se levantou. Seus ombros caíram e sua cabeça caiu… e suas sobrancelhas se ergueram e seus lábios se franziram.

Se você vai olhar tão para baixo, você vai me fazer sentir para baixo também, então eu gostaria que você parasse. 

— Anime-se… Vou pensar em alguma coisa.

— … OK.

No entanto, não importa o que Haruhiro pensasse, nenhuma solução se apresentava e o tempo simplesmente passava.

No meio da noite, Kuzaku estava roncando. Setora estava deitada com Kiichi nos braços. Mary parecia que não conseguia dormir.

Haruhiro saiu da sala para verificar a situação nas escadas várias vezes. Sempre havia três ou quatro cães negros guardando as escadas. Haveria alguma maneira de ele usar todas as habilidades de ladrão que Bárbara lhe ensinou para evitá-los? Ele considerou seriamente, mas obviamente era muito difícil.

Ele não pôde deixar de pensar em Shihoru. Como estava? Ele não achava que eles fariam algo horrível com ela. Ou queria acreditar nisso. Bem, se ela era uma refém, eles tinham que tratá-la com certo cuidado. Exigiriam algo em troca da segurança da refém. Se ele usasse algum bom senso, era assim que funcionaria, mas esse pensamento estava correto? Este era Jin Mogis. Tudo o que precisa fazer é não matá-la. Enquanto ela viver, ela tem valor como refém.

Ele não podia garantir que o general não pensaria assim. Na verdade, parecia totalmente plausível que ele o fizesse.

O que Shihoru estava fazendo agora? Mesmo que ela estivesse segura, ela deve ter sido presa e privada de sua liberdade. Obviamente, ela ficaria ainda mais perturbada do que Haruhiro. Afinal, ela era uma mulher.

É isso. Ele estava tentando não dizer isso diretamente, mas era isso que o preocupava.

O fato de ela ser mulher tornava as coisas diferentes.

Uma enorme diferença.

A Força Expedicionária era toda de homens. Mas eles não foram educados. Na verdade, a maioria deles nem atingiu o nível de decência básica.

O fato era que Mary, Shihoru e Setora haviam sido atacadas por soldados da Força Expedicionária antes disso. Até agora, o dano tinha sido limitado a comentários obscenos e ser cobiçadas, mas não havia como dizer quando um soldado bêbado poderia perder o controle e atacá-las. Apesar disso, ele tinha a impressão de que o risco era limitado dentro da Torre Tenboro.

Ele baixou a guarda? Talvez.

Ele deveria ter sido mais cauteloso. Mesmo que estivessem dentro da Torre Tenboro, não deveriam ter se movido sozinhos. Ele deveria ter dito isso a eles. Se ela estivesse com Mary ou Setora, mesmo que estivessem cercadas por vários cães negros, ela não teria sido facilmente capturada.

Eu não previ isso de forma alguma. 

Eu fui ingênuo. 

Por causa disso, Shihoru foi confinada em algum lugar, sozinha. Se isso foi tudo o que aconteceu com ela, então ótimo. Ela provavelmente estava amarrada para que não pudesse escapar. Também tinha que haver um guarda.

O general pode não ter dito que não havia problema em machucar Shihoru. Mas seus guardas poderiam manter seu profissionalismo? Haruhiro não tinha muita esperança nisso.

Este pode não ser o momento de se preocupar com eles. Era possível que ele devesse recorrer à força se necessário, encontrar Shihoru o mais rápido que pudesse e resgatá-la. Caso contrário, algo irreversível poderia acontecer. A possibilidade estava lá.

Já pode ser tarde demais. Shihoru estava em perigo. Mas, por enquanto, ela ainda estava bem. Foi por isso que ele teve que se apressar. Haruhiro estava tentando se convencer disso, mas não tinha motivos claros para acreditar.

Eles provavelmente não a matariam. Isso não era nem mesmo uma suposição otimista? Do ponto de vista do general, tudo o que ele precisava fazer era convencer Haruhiro e o resto do grupo de que ele tinha uma refém. A refém não precisava estar viva. “A refém está viva. Faça o que eu digo e eu devolvo.” Se ele pudesse controlá-los com uma mentira como essa, seria o suficiente para ele.

Na pior das hipóteses, Shihoru poderia ser torturada e depois morta.

Eles não iriam, ele queria acreditar. Se isso acontecesse, Haruhiro provavelmente nunca mais seria o mesmo. Não, não era sobre se ficaria bem ou não. Ele apenas faria Jin Mogis e todos que a machucassem pagarem. Não haveria misericórdia. Ele mataria todos e cada um deles, não importa o que custasse.

Com uma de seus camaradas sequestrada, sua imaginação vagou para todos os tipos de lugares, mais ruins do que bons. Isso o deixou emocionalmente esgotado.

Se o general tivesse escolhido esse método sabendo o que Haruhiro faria com ele, seria aterrorizante.

Se Haruhiro estivesse na posição de general, mesmo que a ideia tivesse ocorrido a ele, ou se um de seus subordinados tivesse sugerido a ele, ele hesitaria em fazê-lo. Não, ele não poderia. Não era impossível para ele, mas ele não colocaria o plano em ação. Mas Jin Mogis provavelmente faria.

Talvez ele tenha tirado a ideia de Hiyomu. Parecia algo que aquela mulher inventaria. Não que Haruhiro soubesse. Ele mal sabia alguma coisa sobre Hiyomu. Ele não queria conhecê-la. Em todo caso, havia uma coisa que ele tinha que admitir, por mais que não quisesse. Este foi um movimento realmente eficaz.

Até Neal bater em sua porta na manhã seguinte, Haruhiro não havia cochilado nem por um instante.

— O general está chamando você. Parece que quer conversar sobre algo durante o café da manhã.

Fim do capítulo.

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