Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 7 – Volume 19 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 7 – Volume 19

Capítulo 7: Ele estava feliz

Tradutor: João Mhx

Adachi ajustou a ponte de seus óculos de aro preto com o dedo médio da mão direita.

Reunidos na segunda torre da Fortaleza de Ferro Beira Rio, estavam os quatro membros da Equipe Renji, incluindo Adachi; Britney, o ex-chefe do agora extinto escritório do Corpo de Soldados Voluntários; Sete membros do Wild Angels, liderados por Kajiko; os seis membros dos Tokkis; oito pessoas do Iron Knuckle, incluindo Max e Aidan; onze dos Berserkers, incluindo Ducky e Saga; três soldados voluntários que não pertenciam a nenhum clã; e o Comandante Jin Mogis do Exército da Fronteira. Eram quarenta e uma pessoas no total.

Eles tinham acabado de demolir a ponte que ligava essa segunda torre à quinta torre e outra que a ligava à sexta torre. Eles não poderiam se deslocar para outras torres por meio das pontes agora. Depois de olhar ao redor, descobriram que essa era a única torre em que o inimigo não estava entrando pelo andar térreo. Foi por isso que eles escolheram se reunir aqui.

Eles tinham a opção de retomar a sétima torre e escapar pela passagem subterrânea secreta no porão, mas a nona e a décima primeira torres, que eram as duas únicas conectadas a ela por pontes, já haviam sido ocupadas. Embora a passagem secreta provavelmente estivesse intacta, ninguém havia confirmado isso. Não teria sido engraçado se eles tivessem lutado para chegar lá embaixo e descobrissem que o túnel de fuga estava inutilizável. Eles iriam para o pátio a partir do nível térreo da segunda torre e depois seguiriam para o portão. Essa era a única opção.

“Mas será que vai funcionar?” Ron, um homem de cabelo curto, murmurou para si mesmo.

“Se não funcionar, nós simplesmente morreremos. Isso é tudo”, respondeu Adachi, provocando uma carranca exagerada.

“Não diga coisas assim, cara. Você está estragando nossa moral.”

“Se você não tivesse feito uma pergunta tão sem sentido em primeiro lugar, eu nunca teria comentado sobre ela. Em outras palavras, você está errado aqui. A culpa é sua.”

“Se quer saber, a culpa é sua por ser muito espertinho. Tudo é culpa sua.”

“Não há muita lógica em você, não é mesmo? Nem vale a pena discutir isso.”

“Deixa eu te mostrar que a lógica não é tudo, tá bom?”

“Esse seria o argumento de um perdedor que não consegue pensar nas coisas de forma racional, sim.”

“Cara, eu quero tanto te dar uns tapas.”

“Se você quiser fazer isso, vá em frente. Vou pedir para a Chibi-san curar qualquer ferimento que você me fizer. Suas ações colocariam um fardo indevido em nossa pequena sacerdote, e nada mais.”

“Você sabe que eu não posso causar problemas para a Chibi! Se você diz isso, eu não posso te bater, droga!”

“Se essa é sua decisão, terei de respeitá-la. Faça o que você quiser.”

Adachi ajustou a posição de seus óculos com o dedo médio de sua mão direita novamente. Agora, Ron não era o único aqui que podia ser barulhento e irritante. Enquanto os outros camaradas de Adachi, Renji e Chibi, eram especialmente silenciosos, a maioria dos soldados voluntários lotados nessa escada apertada estava empurrando e se empurrando, brincando ou contando piadas estúpidas e histórias ridículas.

“Chibi.” Renji colocou sua mão grande sobre a cabeça pequena dela. “Você está bem?”

“Sim…” Chibi respondeu hesitantemente com um aceno de cabeça, mas Renji não moveu a mão.

Renji não era particularmente sociável e tinha sido muito frio com a agora falecida Sassa. Mas quando se tratava de Chibi, dava para ver que ele confiava nela implicitamente. Ele sempre foi gentil com Chibi.

Mesmo assim, depois que eles deixaram o Continente Vermelho para voltar a Grimgar, Renji ficou ainda mais gentil com ela. Às vezes, ele a tratava quase como um animal de estimação. Por um lado, ele sempre dava tapinhas em sua cabeça. É compreensível, já que ela podia ser acariciada, mas ele estava exagerando. Sinceramente, era difícil de ver.

Se não fosse a Chibi, Adachi teria dito a ele que não a favorecesse tanto, mas ele sabia que Chibi não deixaria isso subir à cabeça. Ela era uma mulherzinha estoica. Sempre severa consigo mesma e exigindo pouco dos outros. Desde o início, ela tinha uma fé cega em Renji. Obviamente, seus sentimentos por ele provavelmente iam além disso. Adachi acabou achando que os sentimentos dela mereciam uma resposta e desejou a felicidade dela mais do que a de qualquer outra pessoa.

Mesmo assim, quando viu Renji demonstrando preocupação com ela daquela maneira, a irritação começou a perturbar o coração de Adachi.

Seria ciúmes?

Bem, não havia dúvida de que Adachi tinha inveja de Chibi.

Ele havia percebido isso anos atrás.

No início, Adachi não tinha conseguido aceitar isso. Não. Isso não é verdade. Não pode ser. Ele continuou negando até não poder mais. Porque alguém havia apontado para ele.

Tinha sido no Continente Vermelho.

Por que aquela vasta terra do outro lado do mar azul tinha esse nome? Não era o fato de o solo ser vermelho, de os rios correrem vermelhos ou de as folhas ou os troncos das árvores serem vermelhos. Havia uma variedade maior de raças lá do que em Grimgar. O povo com cauda, o povo de braços longos, o povo de orelhas altas, o povo de três olhos, o povo de muitos olhos, o povo com cabeça de ferro, o povo peludo, o povo de pele espinhosa, o povo com ossos de penas, o povo sem sombras, o povo em forma de bola e muito mais. Havia todos esses grupos diferentes, como nada que ele já tivesse visto ou ouvido falar, e ainda assim todos eram considerados humanos. Havia muitos países. Grandes e pequenos, muitos deles para contar. No fim das contas, há alguns séculos, um grande imperador conhecido como Rei Vermelho reinou sobre todo o continente. E foi daí que veio o nome.

Tudo o que eles viram e tocaram lá era novo para eles. Pensando nisso agora, a Equipe Renji estava agindo de forma estranhamente tonta.

Certa noite, eles estavam acampados em um terreno baldio. Adachi não conseguia dormir, como sempre acontecia, então saiu da barraca para olhar o céu noturno. Enquanto o fazia, Sassa o chamou. Com um sorriso, ela lhe disse que também não tinha conseguido dormir.

“Eles o chamam de Continente Vermelho, mas a lua não é vermelha aqui, não é? Embora a lua que vemos em Grimgar sempre seja”, disse ela.

“Quantas vezes você vai falar sobre isso?”, ele respondeu com desdém.

“Ei, Adachi.”

“O quê? Por que você não vai dormir?”

“Você…”

“Se você tem algo a dizer, poderia se apressar?

“Você gosta do Renji, não gosta?”

“Bem… nós somos camaradas, afinal de contas.”

“Não, não é assim. Você gosta dele. Eu posso dizer. Porque eu sinto a mesma coisa.”

Mas eu gosto mais dele, ela acrescentou com um sorriso.

Por que ele não tinha conseguido aceitar isso?

“Você não poderia estar mais errada…” Adachi tentou ignorar o fato como se fosse uma piada. Não, ele tinha ido mais longe do que isso. “Nunca mais diga isso. Ou eu vou fazer você pagar por isso.”

Ele ficou com raiva. Adachi ficou envergonhado. Ele a ameaçou, como se ela o tivesse insultado de alguma forma. Mas não foi isso.

“Desculpe, Adachi”, Sassa havia se desculpado.

Ele a fez pedir desculpas.

“Não vou tocar no assunto novamente.”

Não havia conexão entre aquela conversa e o fato de ela ter perdido a vida no Continente Vermelho.

Ela era uma ladra. Como parte de seu trabalho, havia momentos em que ela tinha que agir sozinha. Isso era algo com o qual ela não se importava. “Eu me sentiria solitária se estivesse sempre sozinha, mas às vezes é bom passar um tempo sozinha”, disse ela.

Havia um tipo de dragão no Continente Vermelho chamado nihaloy. Eles não eram muito grandes, mas eram inteligentes e podiam mudar de cor para se misturar ao ambiente. Tinham a tendência de formar bandos e acumular tesouros. Ela havia saído para explorar um de seus ninhos e não havia retornado. Adachi suspeitava que não era porque ela não podia, mas porque não queria. Ela provavelmente havia sido detectada e ferida em um ataque dos nihaloys. Mas se ela tivesse voltado para o grupo, teria atraído os nihaloys para eles. Conhecendo-a, decidiu que não poderia isso com os amigos.

Quando eles se cansaram de esperar por ela e entraram no ninho, levaram não um, mas dois dias inteiros para encontrá-la. Ela ja havia morrido. Em um estado irreconhecível.

“É melhor assim”, disse Ron, enxugando as lágrimas de seus olhos. “Agora só nos lembraremos dela como era quando ainda estava viva.”

Não foi minha culpa.

Era isso que Adachi pensava.

Na verdade, as chances de sua troca de palavras com Adachi ter a levado à morte eram nulas, ou incrivelmente próximas disso. Mas ele desejava ter reconhecido que ela estava certa. O que ele teria a perder sendo honesto com ela naquela hora? Teria ela o exposto? Não. Ele podia afirmar isso com certeza. Ela não era do tipo que faria isso.

 

Nunca mais diga isso.

Ou eu a farei pagar por isso.

 

Adachi não deveria ter dito aquelas coisas a ela. Ele não deveria tê-la obrigado a se desculpar com ele. Mas mesmo que Adachi não tivesse mentido para ela, isso teria mudado alguma coisa? De qualquer forma, ela teria morrido no ninho de nihaloy. Do mesmo jeito. Eles a teriam perdido, não importava o que ele fizesse, então ele não precisava se arrepender tanto. E, no entanto, ele se arrependeu. Profundamente. Por quê? Ele tinha uma teoria. Ele se arrependia por causa do que isso significava para ele.

Ele deveria ter se aberto com ela. Ela tinha visto através dele. Não havia sentido em ele negar isso. Então, por que não se abrir e dizer?

Sim, eu sei.

É isso mesmo. Você pode me culpar? Tentei dizer a mim mesmo que estava imaginando. Neguei, dizendo: “Não, não posso me sentir assim” inúmeras vezes. Mas não adianta. Os sentimentos não vão embora. Eles são a única coisa da qual não consigo me livrar. Sim, você tem razão. Eu gosto dele. Gosto dele mais do que sei como lidar. Sou esquisito? Vá em frente, ria de mim. Não me importo. Também quero rir de mim mesmo. A razão pela qual quero estar com ele, com o Renji, não é porque ele é um camarada importante. Não, deve ser porque eu o amo.

Ela não teria rido. Ele tinha certeza de que ela teria dito: “Você não é esquisito. Não há nada de estranho nisso. Talvez eles tivessem descoberto que tinham muito em comum. Renji era exigente ao extremo. Se ele fosse se apaixonar por alguém, não seria por um de seus companheiros de viagem. Ele era do tipo que gostava de compartimentar as coisas, dizer que isso era isso e aquilo era aquilo. Adachi nunca esperou que Renji o amasse de volta, obviamente, e nem Sassa.

Se Adachi não estivesse mentindo para si mesmo, talvez ele pudesse ter se aberto com ela. Eles poderiam ter tido uma conversa sincera sobre o assunto. Eles poderiam ter se tornado algo mais do que camaradas – verdadeiros amigos.

Não, não é isso. Esse não é o problema.

Adachi queria compartilhar com alguém as emoções que ele vinha escondendo durante todo esse tempo. Ela o teria ouvido, mas ele não teve coragem. Que patético. Adachi havia jogado fora a oportunidade perfeita. Era disso que ele estava se arrependendo. Esses sentimentos não eram para o bem dela. Adachi nem sequer tinha o direito de fingir que lamentava sua morte.

“Bem, vamos embora, então. Estão todos prontos para ir, meus queridos?” A voz de Britney ecoou pelas escadas da segunda torre. Adachi não podia vê-lo. De baixo para cima, os grupos foram ordenados: Iron Knuckle, Britney, Jin Mogis, os Berserkers, os Wild Angels, a Equipe Renji, os Tokkis e, depois, os três soldados não afiliados. Adachi só conseguia ver até a metade de trás dos Berserkers.

“Quando vocês estiverem prontos!”

“Estamos prontos, sim!”

“Ah, certo!”

“Estou entediado! Vamos fazer isso logo!”

“Heh!”

“Yayyyy.”

Ao ouvir as respostas enérgicas dos Tokkis atrás deles, Ron gritou “Vamboraaa!” como o idiota que ele era, e os outros clãs começaram a se animar de suas próprias maneiras também.

“Nós! Somos! Iron! Knuckle!”

“Eeeeeeeeeeehhh”

“Esmaguem-nos bem, Berserkers!”

“Não morram mais nenhum de vocês, meus anjos! Entenderam?!”

“Sim, senhora!”

“Nós amamos você, Kajiko-Sama!”

“Wild Angels com certeza estão animadas!” Ron também estava animado, por algum motivo. Esse motivo era o fato de que ele tendia a se esforçar demais quando membros do sexo oposto estavam por perto. Ele não era popular entre as mulheres, mas gostava muito delas e não conseguia se controlar. Ele chegou a ir atrás de mulheres de pele espinhosa e peluda no Continente Vermelho, mas também foi rejeitado lá. Não era só que elas não gostassem dele, mas sim que o desprezavam. Ele era do tipo com um corte de cabelo e um rosto bastante assustador, mas algo deve ter revelado o fato de que, lá no fundo, ele estava desesperado demais por elas. Mais do que deveria ser humanamente possível. Ou, pior ainda, era óbvio.

Renji ficou em silêncio, embora se pudesse pensar que ele estava fervendo de entusiasmo. Ele estava relaxado. Como se não estivesse pensando em nada. Quase vegetativo, de certa forma.

“Renji.” Adachi chamou seu nome.

“Sim”, respondeu Renji em uma voz profunda, voltando os olhos para o mago. “Vou deixar a análise da situação para você. Você dá as ordens.”

“Entendi.” Adachi manteve sua resposta o mais direta possível. Irritava-o o fato de que ser encarregado de uma tarefa como essa fazia seu coração disparar.

Ele só faria o que fosse necessário, como sempre.

Sassa.

Ela tinha sido do mesmo jeito.

Ou talvez estivesse esperando por algo. Por exemplo, se ela servisse ao Renji, trabalhando até os ossos pela equipe, talvez ele lhe desse uma chance um dia. Apesar de achar que era impossível, uma parte de seu coração desejasse que isso acontecesse. Rezou para que isso acontecesse. Bem, mesmo que fosse esse o caso, ele não poderia zombar dela por isso.

“Não deixarei que nenhum de nós morra.” Mesmo que fosse apenas ocasionalmente, Adachi às vezes tinha seus próprios sonhos tolos. “Porque se perdermos até mesmo um de nós, minha própria sobrevivência estará em risco.”

“Sim, você é bem magrinho, afinal de contas!” disse Ron, dando um tapa nas costas de Adachi, quase fazendo com que ele começasse a tossir e a gaguejar.

“Você, eu usarei como um peão de sacrifício se for preciso.”

“Vá em frente. Se você acha que é isso que precisa ser feito, diga. Estou mais do que pronto.”

“Auhhh!” Chibi estava ficando brava com Ron – uma visão bastante incomum.

“C-Certo…”, ele disse, envergonhado, e abaixou a cabeça docilmente. “Desculpe. Quero dizer, é que não podemos descartar essa possibilidade…”

“uuuh”, choramingou Chibi.

“D-Desculpe, ok? Eu não deveria ter dito isso. Farei o meu melhor para que todos possam sair daqui com folga.”

“Uuh…” Chibi balançou a cabeça. Ron coçou sua barba.

“Hã? O quê?”

“Ela está dizendo que, não importa o quanto você tente, isso claramente não será possível”, explicou Adachi em seu nome, fazendo com que Ron ficasse vermelho de raiva.

“O quê?!”

“Não se irrite comigo. Chibi-san é quem acha que você não está à altura da tarefa.”

“A Chibi é livre para pensar o que quiser, mas não quero ouvir isso de você! Preocupe-se com o que sentimento dos outros, quatro-olhos!”

“Quatro-olhos?”

Um dos Tokkis bateu na parede com seu martelo de guerra. Era Tada, o sacerdote que não agia muito como um.

“Você disse alguma coisa para mim, seu desgraçado de merda?”

“Não tô falando com você! E ‘desgraçado de merda’?! Quer brigar é?!”

“Com prazer. De qualquer forma, sou eu quem venceria.”

“Não, eu venceria! Obviamente, eu venceria!”

“É bom ver que vocês estão cheios de energia! Está na hora de começar a operação!” gritou Britney. Ron e Tada imediatamente enterraram o machado de guerra. A coluna de tropas começou a se mover.

Eles já haviam examinado a situação abaixo da ponte. O pátio da fortaleza estava praticamente cheio de criaturas estranhas humanoides negras e coisas negras rastejantes que não tinham conseguido assumir a forma humana. Os soldados voluntários iriam abrir caminho entre essas criaturas negras hostis até o portão principal quebrado. Depois de saírem da Fortaleza de Ferro Beira Rio, o Posto Avançado Solitário ficava a cerca de dez quilômetros a nordeste. Em termos de lugares nas proximidades para onde poderiam fugir, o Buraco Das Maravilhas que não ficava longe dali, era tudo o que lhes restava.

Dificilmente poderia ser chamado de seguro, mas o Buraco Das Maravilhas era tão vasto – ou melhor, longo e profundo – que ninguém nem chegava perto de conhecer toda a sua extensão. Dizia-se que ele se estendia até o extremo norte. O Buraco Das Maravilhas também se conectava à superfície em outros lugares, de modo que eles podiam usá-lo para fugir para longe. Ou, pelo menos, não seria impossível para eles fazerem isso.

Além disso, o Buraco Das Maravilhas se conectava a vários outros mundos. Era perigoso porque os residentes desses mundos às vezes vagavam para este também, mas se a situação exigisse, evacuar para outro mundo não seria impensável.

Havia também soldados voluntários que ainda não tinham voltado da exploração do Buraco Das Maravilhas. Se o grupo deles pudesse se juntar a eles, isso seria especialmente reconfortante.

Honestamente, os soldados voluntários estavam em uma posição em que suas únicas opções eram o otimismo fantasioso ou o desespero total. Alguns deles deviam estar deprimidos ou cedendo ao desespero. Mesmo assim, todos tinham conseguido trabalhar juntos e estavam prestes a se envolver no que poderia ser sua batalha final.

Apesar de ser um deles, Adachi nunca gostou muito dos soldados voluntários como um todo. Ainda assim, deixando de lado suas preferências pessoais, cada sobrevivente aqui com eles agora era um camarada. Se eles não juntassem todas as suas forças, nenhum deles conseguiria chegar ao Buraco das Maravilhas. Ele teria que pensar nos soldados voluntários, e nos ex-soldados voluntários como Britney, como parte de sua equipe por enquanto.

“Estamos indo embora!”, gritou Max “One-on-One”, do Iron Knuckle.

Enquanto Adachi seguia Renji pelas escadas, ele pensava em um certo homem: Jin Mogis. O general ruivo que havia trazido reforços do continente do Reino de Arabakia, ao sul das Montanhas Tenryu.

Por incrível que pareça, ele conseguiu retomar Altana depois que ela caiu nas mãos da Expedição do Sul. Mas o que realmente chocou os soldados voluntários foi a súbita reviravolta que o levou a assinar um pacto de não agressão com os goblins de Damuro, depois de tê-los expulsado.

Adachi também ficou um pouco surpreso, mas também pensou: “Nunca percebi que isso era uma opção”.

A maioria dos soldados voluntários tinha experiência em massacrar goblins na Cidade Velha de Damuro, então eles tendiam a ter uma visão preconceituosa sobre eles. Eles começaram com a suposição de que os goblins eram criaturas inferiores e brutas, portanto, não poderiam conversar com eles.

Mas, pelo que ele ouviu desde então, essa não foi a primeira vez que houve um acordo entre humanos e goblins.

Foi há quase 140 anos, no ano 521 do calendário do reino. A Aliança de Reis liderada pelo No-Life King havia tomado a cidade mais ao sul do Reino de Arabakia, Damuro.

Ela era o último refúgio da humanidade e, com a última linha de vida cortada, não havia mais nenhum lugar onde pudessem resistir. Eles foram forçados a se retirar completamente para além das Montanhas Tenryu e, assim, Damuro se tornou propriedade dos goblins. Por causa da amargura, o povo de Arabakia passou a chamar as terras ao norte de Tenryus de fronteira e as terras ao sul de continente.

Entretanto, trinta e poucos anos depois, no ano 555, o Reino de Arabakia retornou à fronteira.

Naquela época, a fronteira havia sido reduzida ao caos devido a eventos como a morte do No-Life King, mas, mesmo levando isso em consideração, o posto avançado que o reino havia construído ainda estava muito próximo de Damuro. Eles estavam separados por apenas quatro quilômetros. Era praticamente a um passo de distância. Esse posto era o que havia se transformado em Altana.

Os goblins devem ter sido comprados pelo Reino de Arabakia. Caso contrário, eles não teriam negligenciado a construção de Altana.

Do ponto de vista de Adachi, para um habitante do continente como Jin Mogis, fazer as pazes com os goblins não era uma ideia tão absurda. No entanto, era mais fácil falar do que fazer. O homem tinha a capacidade de tomar decisões e colocá-las em prática. Ele também era um comandante capaz e ambicioso.

Jin Mogis apareceu como líder da força expedicionária do Reino de Arabakia. Mas ele não era mais um general do reino. Ele pegou suas forças e se separou do Reino de Arabakia. Adachi tinha ouvido falar que, depois de reorganizar seus homens em uma nova força independente, ele os renomeou como Exército da Fronteira e assumiu o título de comandante para si mesmo. Talvez ele só tenha se abstido de se chamar de rei porque, na realidade, ele era mais como o prefeito de Altana e o chefe de sua força de defesa. Mesmo assim, ele era o senhor de uma nação, por menor que fosse. Ou, pelo menos, tinha sido.

Ele havia jogado fora seu castelo e seus homens, fugindo sozinho. Aparentemente, ele estava a cavalo no início, mas estava a pé quando chegou à Fortaleza de Ferro. Era de se esperar que um homem fugindo em desgraça parecesse mais cabisbaixo, mas não ele. Ele havia dado ordens aos soldados voluntários como se não sentisse nenhuma culpa pelo que havia acontecido e, apesar do desprezo deles por ele, não foi ignorado e não foi expulso. Eles meio que o aceitaram.

Jin Mogis não era de forma alguma um camarada. O homem jogaria qualquer um e qualquer coisa fora para salvar sua própria pele. Ele não era um operador maquiavélico, mas um psicopata puro e simples.

Qual era seu plano aqui?

Peões de sacrifício.

Dizem que um capitão afunda com seu navio, mas esse homem foi o primeiro a fugir de sua própria cidade, Altana. Ele deixou seus homens para morrer. Pior ainda, ele pode até tê-los usado como isca para o inimigo. Sacrificando-os para salvar a si mesmo.

Os soldados voluntários seriam seus novos peões, então? Como ele conseguiria fazer isso, exatamente?

Adachi não sabia, mas estava desconfiado. Aquele homem definitivamente tentaria fazer alguma coisa. Era melhor presumir isso.

Renji e Ron estavam quase descendo as escadas, prestes a sair da segunda torre.

“Vamos lá!” Ron gritou enquanto corria para fora. Renji nem parecia estar correndo. Ele saiu pela porta, carregando a espada de Ish Dogran como se fosse leve.

Adachi e Chibi também entraram no pátio. Ele mal sentiu o frio do ar depois da meia-noite. Os soldados voluntários já estavam lutando violentamente contra o inimigo. Escuro. Dentro da torre, havia muitas lanternas, mas no pátio só havia fogueiras acesas aqui e ali, e elas devem ter sido derrubadas pelos invasores negros, porque não havia mais nenhuma para ser vista. A luz dos fogos de vigia no topo das torres e da fortaleza mal chegava ao pátio.

“Acendam-nos!”, alguém gritou.

Seria Max do Iron Knuckle? Instantaneamente, quatro ou cinco bastões luminosos estavam sendo jogados ao redor. Eram bastões que, se você enfiasse uma de suas pontas e removesse a bainha que os cobria, eles queimariam por cerca de dois minutos, fornecendo luz. Elas eram feitas pelos gnomos que viviam sob as Montanhas Tenryu e eram transportadas por comerciantes de Altana especializados nesse tipo de mercadoria. Elas eram caras antes, apesar de serem de uso único, mas agora não se podia comprá-las por qualquer preço. Elas eram muito valiosas.

Os bastões luminosos melhoraram um pouco a visibilidade. Iron Knuckle e os Berserkers formaram uma massa e parecia que estavam conseguindo avançar em direção ao portão principal. Max e Ducky estavam liderando o caminho, com Britney bem ao lado deles, balançando a espada como se estivesse dançando, com o cabelo solto atrás dele. Kajiko e as Wild Angels também estavam seguindo.

“Estamos indo pela esquerda!” Tokimune declarou ao passar correndo por Adachi. Ele provavelmente quis dizer que os Tokkis iriam apoiar o flanco esquerdo do grupo líder, então ele queria que a Equipe Renji cuidasse da direita.

“Renji, vá para a direita!” Adachi gritou, mas Renji e Ron já estavam indo naquela direção. Chibi estava perto de Adachi, mas logo saiu atrás de Renji e Ron, que estavam sendo bloqueados pelo inimigo e incapazes de progredir como queriam.

“Ugh, droga! Esses caras são uma dor de cabeça!”

Ron estava usando uma espada grande que parecia uma faca de açougueiro aumentada em cinco ou seis vezes o tamanho normal. Ela podia cortar a maioria das coisas, mas não as criaturas negras hostis. Ele não conseguia cortá-las, por mais que tentasse, então Ron desistiu e passou a derrubá-las ou mandá-las pelos ares.

Não importava quantas fossem derrubadas, as criaturas negras hostis continuavam correndo em direção a eles, uma após a outra. Nenhuma quantidade de golpes de espada conseguia diminuir o número de criaturas. Isso devia ser cansativo e frustrante. O estresse era intenso. Ainda assim, ele não tinha escolha a não ser continuar. Ele tinha que continuar ou não conseguiria dar um único passo à frente.

Mas parecia que Renji estava tendo mais dificuldade.

Renji preferia usar a espada grande de um só gume que havia pertencido a um orc chamado Ish Dogran. Era uma obra-prima, várias vezes mais afiada do que a de Ron. No entanto, toda essa afiação maravilhosa não significava nada aqui. Contra as criaturas negras hostis, mesmo uma espada tão extraordinária quanto aquela não era muito diferente de uma clava de ferro.

Além disso, ao contrário de Ron, que tentava dominar seus oponentes com força pura, Renji era muito mais habilidoso. Se você fosse converter a força física deles em valores numéricos, a de Ron seria maior que a de Renji. Ron podia não ser o mais alto dos dois, mas tinha uma quantidade anormal de músculos. E, no entanto, se eles entrassem em uma disputa de força, Renji sairia vitorioso. Ron usou cem por cento do que tinha. Renji, por sua vez, usava mais ou menos noventa, mas usava a sutileza para transformá-lo em cento e dez. No entanto, agora até mesmo Renji estava sendo forçado a lidar com as criaturas negras hostis da mesma forma que Ron.

Não, havia mais do que isso?

Pelo que Adachi podia ver, as criaturas negras hostis pareciam estar atacando Renji com mais força do que Ron. Renji simplesmente tinha mais inimigos – um volume maior deles – para lidar do que Ron.

Estava começando a parecer menos que Ron estava afastando as criaturas que vinham em sua direção e mais que ele estava se defendendo de parte do enxame que estava atrás de Renji. Ron estava ajudando Renji.

“Eles estão mirando no Renji?!”

Adachi ajustou seus óculos com o dedo médio da mão direita. A equipe de Renji tinha ficado atolada a uns cinco ou seis metros da segunda torre. Iron Knuckle, os Berserkers, as Wild Angels e os Tokkis estavam deixando-os para trás. Eles estavam inundados de inimigos. Criaturas negras hostis os atacavam de todos os lados. No entanto, apesar disso, Adachi não sentia muito perigo para si mesmo. Seria porque Chibi o estava protegendo? Sim, Chibi certamente estava balançando seu bastão de combate contra as criaturas e derrubando-as. Mas será que ela estava afastando os inimigos que estavam vindo em sua direção? Não, ela estava atirando nas criaturas que tentavam passar por ela, não estava?

Então, na verdade, ela não estava realmente protegendo Adachi. Ela também estava afastando mais algumas das criaturas negras que estavam mirando em Renji.

Em resumo, Chibi também estava ajudando Renji.

“Por que…?”

Adachi pensou sobre isso. Era tudo o que ele podia fazer no momento. Essas criaturas negras hostis não eram apenas imunes a cortes, elas também pareciam imunes à magia. Mesmo que os efeitos colaterais – por exemplo, de uma Blast wave de uma explosão mágica – pudessem fazê-las voar, ele corria o risco de ferir seus próprios aliados no processo. Como mago, ele era praticamente um peso morto. Portanto, ele precisava pelo menos pensar. Sua cabeça. Ele tinha que usar a cabeça.

Por que as criaturas negras estavam mirando em Renji?

O que elas queriam?

Não parecia haver nenhuma pista com a qual trabalhar.

Agora não é hora de desistir. Continue pensando, ele disse a si mesmo. As respostas não são fáceis de encontrar. Você tem que continuar pensando até encontrá-las. Olhe para isso de vários ângulos. Eles estão mirando em Renji. É só no Renji que eles estão se concentrando? O inimigo. Essas criaturas negras hostis. Para começar, o que são elas?

Essas coisas só atacaram a Fortaleza de Ferro Beira Rio depois que Jin Mogis fugiu para cá. Pelo que ele disse aos soldados voluntários, os inimigos misteriosos apareceram fora de Altana esta manhã, antes do amanhecer. O Exército da Fronteira defendeu a cidade enquanto Shinohara conduzia Orion pelo portão sul e depois desapareceu. Por fim, Altana foi cercada, e o inimigo começou a entrar gradualmente nas muralhas. Sem outra opção, o Exército da Fronteira tentou evacuar a cidade, mas perdeu muitos homens no processo. Por fim, apenas Jin Mogis conseguiu chegar à Fortaleza de Ferro Beira Rio. Então, logo depois dele, o inimigo também invadiu a fortaleza.

Pelo que parecia, o inimigo estava perseguindo Jin Mogis. As Wild Angels, que estavam de plantão no portão naquele momento, o deixaram entrar e imediatamente fecharam os portões, mantendo o inimigo afastado. Foi isso que disseram a Adachi, e essa foi a razão pela qual muitos soldados voluntários acreditavam que Jin Mogis havia trazido o inimigo até eles.

Em outras palavras, o inimigo também tinha Jin Mogis como alvo.

Onde ele estava agora?

Ali. No meio do grupo da frente. Ele não estava na frente. Aquele homem havia se colocado bem no meio.

Os inimigos também os estavam cercando.

Mas não era que o inimigo estivesse mirando o grupo da frente. Era porque o alvo do inimigo, Jin Mogis, estava no centro do grupo líder. Era por isso que eles estavam sendo atacados.

Então, ele estava forçando o grupo líder a defendê-lo, não é mesmo?

Por que o inimigo estava atrás de Jin Mogis e Renji?

“Renji! E agora?!” Ron gritou enquanto lançava uma criatura negra no ar.

Aragarfald. O trunfo de Renji. Ele poderia usar o poder de sua relíquia para sair dessa situação. Mas Renji não respondeu a Ron. Apenas continuou balançando a espada de Ish Dogran em silêncio. Ele não descartou a possibilidade de usar a armadura, mas deve ter ficado indeciso sobre o que fazer.

“Renji e sua equipe estão ficando para trás!” Essa era a voz de Britney. Parecia distante. Havia mais de dez metros entre a vanguarda e a equipe de Renji agora. Possivelmente perto de vinte.

O grupo líder estava tentando abrir caminho em um espaço entre duas torres. Estavam quase chegando ao portão principal.

Jin Mogis. Adachi não pôde deixar de se concentrar naquele homem. Talvez não fosse o momento, mas ele se viu incapaz de olhar para outro lugar.

Será que ele estava sendo irracional? Se sim, Adachi deveria reconsiderar o que estava fazendo. Parar de ficar obcecado com aquele homem. Concentre-se apenas na Equipe Renji. Ele precisava esquecer Jin Mogis por enquanto.

Nostarem sangui sacrifici.”

Foi então que Jin Mogis fez sua jogada. Que língua era aquela? As palavras não eram familiares, mas soavam como latim para Adachi.

O que era latim?

Ele não sabia. Seria algum tipo de feitiço? Ou talvez uma palavra-chave? Fosse o que fosse, desencadeava algo.

Iron Knuckle, os Berserkers, as Wild Angels, os Tokkis, Britney e todos os outros entraram em colapso ao mesmo tempo.

Não, isso era o que parecia. Não foi o fato de todo o grupo líder ter caído no chão ao mesmo tempo. Alguns caíram, outros caíram de costas, enquanto muitos conseguiram ficar de pé, mas de forma instável. Será que eles foram atingidos por algo? Foi algum tipo de magia? Era de se esperar um ou dois gritos se fosse esse o caso, mas nenhum deles havia gritado dessa forma. Tudo o que Adachi ouviu foram pequenos grunhidos e gemidos como “Agh…” e “Urgh…”. Será que, de repente, eles foram tomados pela tontura? Ou será que suas pernas haviam cedido? A força deles havia sido minada de alguma forma? O que havia acontecido? Fosse o que fosse, algo havia sido feito com eles.

Aquele homem era a única exceção.

Apenas um homem, o ruivo de capa preta, Jin Mogis, estava de pé.

Os soldados voluntários do grupo da frente – agora sentados e deitados no chão ou curvados, mal conseguindo se manter em pé – pareciam estar envoltos em uma névoa fraca, ou talvez em uma névoa de calor.

O que era aquilo?

E por que Jin Mogis estava completamente bem?

Bem, essa parte era óbvia.

Era porque ele era o responsável. O que ele havia feito? Isso não estava claro, mas quando ele entoou “nostarem sangui sacrifici”, isso fez alguma coisa.

Jin Mogis sugou a névoa ou neblina em um piscar de olhos. Ela simplesmente desapareceu em um instante. Será que tudo tinha ido para dentro dele? Será que o homem o havia absorvido? Se sim, isso significava…

O quê?

O que tudo isso significava? Que diabos estava acontecendo?

Adachi não entendia. Era uma luta apenas para colocar seus pensamentos em ordem. Jin Mogis tinha feito alguma coisa, e o grupo líder ficou incapaz de lutar. Tendo sido separado do grupo, a Equipe Renji – incluindo Adachi – ainda estava bem. Mas as criaturas negras hostis não pararam de se mover. Seu ataque era implacável.

“Max e Aidan, do Iron Knuckle, estavam na linha de frente com Ducky, o “Demônio Vermelho”, dos Berserkers. Max e Ducky eram os líderes de seus respectivos clãs e tomaram para si a responsabilidade de liderar o ataque, derrubando os inimigos negros que se aproximavam, um após o outro. Eles lutaram mais do que qualquer outro na vanguarda, exibindo seu poder viril, conquistando o respeito de seus companheiros ao protegê-los e, assim, mantendo unidos seus clãs de mentalidade marcial. Era impensável que tais homens fossem abatidos tão facilmente. Naturalmente, a vitória e a derrota eram parte integrante da vida de um guerreiro. Até mesmo Max e Ducky, por mais excelentes que fossem, poderiam ter sido derrotados se a sorte não fosse boa. Mas mesmo que isso acontecesse, eles teriam caído em uma demonstração heróica de valor após uma luta intensa.

No entanto, Max e Ducky simplesmente baixaram a cabeça, ficando de joelhos. Em seguida, as criaturas negras e hostis os atacaram em um instante. Eles foram simplesmente engolidos. Incapazes de resistir. Incapazes de fugir. Desapareceram em um segundo.

O mesmo aconteceu com Aidan e os outros membros do Iron Knuckle e os Berserkers na vanguarda do grupo líder. Algumas do Wild Angels na retaguarda também haviam sido eliminadas.

Os Tokkis estavam ligeiramente separados dos outros, em seu flanco esquerdo. Talvez fosse por isso que alguns deles ainda conseguiam resistir à onda negra.

De qualquer forma, Adachi definitivamente viu Max, Ducky e Aidan serem engolidos pelo inimigo. Os dois líderes do clã tinham sido a força motriz do grupo líder. Agora eles haviam perdido os dois ao mesmo tempo.

 

Isso é ruim. Podemos estar ferrados.

 

No momento em que Adachi estava pensando nisso, seus inimigos, aquela onda negra, se espalharam em todas as direções.

“O que…?!” Renji gritou enquanto forçava as criaturas negras hostis a se afastarem com a espada de Ish Dogran.

O que estava acontecendo? Descubra a situação e informe. Isso era o que Adachi precisava fazer, mas ele realmente não entendia.

As criaturas negras hostis haviam engolido Max, Ducky e muitos outros e, no momento, estavam devorando o grupo líder.

Elas estavam se aproximando de Britney agora. Mas, enquanto Adachi observava, as criaturas foram derrubadas.

O que foi isso?

Será que Britney as havia chutado para longe por conta própria?

Não.

Provavelmente não.

“Urgh!”

Britney tentou se levantar novamente, mas caiu de costas mais uma vez. Seu corpo não estava seguindo suas ordens. Provavelmente o mesmo acontecia com o resto dos soldados voluntários. Jin Mogis tinha feito alguma coisa, e isso deixou todos eles enervados. Alguns tentaram brandir suas armas, mas estavam curvados como se de repente tivessem se transformado em velhos fracos. Eles não conseguiriam lutar direito daquele jeito. No entanto, a agressividade das criaturas negras hostis havia claramente diminuído. Além disso, aquele homem havia desaparecido. A figura-chave em tudo isso, Jin Mogis, não estava em lugar algum.

“O que…!” Os olhos de Adachi se arregalaram quando ele olhou ao redor.

Algo estava se movendo. Rápido. Incrivelmente rápido.

Não era pequeno. Era bem grande, na verdade. O que estava fazendo? Saltando para frente e para trás em torno do grupo líder? Havia um clamor constante de sons de sopro e impactos fortes. Ele não conseguia ver claramente o que estava fazendo. Era rápido demais para isso. Ou talvez eles fossem muito rápidos. Talvez fossem várias coisas, não apenas uma.

Essa coisa, ou essas coisas, estava dispersando as criaturas negras hostis. Um caminho para o portão principal estava se formando. O espaço estava cheio de inimigos negros há apenas um momento, mas agora eles estavam se separando. O fluxo havia mudado.

O inimigo ainda tinha Renji como alvo, então a situação da Equipe Renji não havia mudado muito. Ainda assim, a pressão sobre eles havia diminuído um pouco, mesmo que não fosse uma mudança enorme.

As criaturas negras hostis estavam sendo exterminadas por alguém que estava se movendo mais rápido do que os olhos podiam acompanhar, e o centro da ação estava se afastando do grupo líder, em direção ao portão principal.

“O que significa…”

Ele não tinha provas definitivas devido aos limites de sua visão, mas, nessa situação, não precisava delas para ter certeza de que estava certo. O cérebro de Adachi havia juntado as peças.

“Esse é o Jin Mogis!”

Jin Mogis tinha feito algo ao cantar “nostarem sangui sacrifici”. Foi isso que fez o grupo líder entrar em colapso. Vários deles tinham sido vítimas do inimigo, mas suas ações tinham feito mais do que apenas colocar em perigo os soldados voluntários. Esse provavelmente não era seu objetivo. Em troca de colocá-los em risco, Jin Mogis ganhou poder. Um poder especial que lhe permitia se movimentar em velocidades desumanas, derrubando as criaturas negras.

Ainda era difícil de acreditar, mas, por enquanto, era melhor deixar de lado seus sentimentos de surpresa, bem como seu senso comum sobre como as coisas funcionavam, e chegar a uma conclusão baseada puramente nos fatos em questão. Ele não podia deixar que seus pensamentos fossem prejudicados por questões como: “Não, isso não pode ser. Não há como ele ter feito isso. Não há como ele ter feito isso. Além disso, Adachi sabia que havia uma maneira de as pessoas fazerem coisas que pareciam impossíveis – ou um tipo de equipamento que lhes permitia fazer isso.

“Relíquias!”

Naquele momento, tudo se encaixou. Uma relíquia. Jin Mogis tinha uma relíquia e a usou.

As relíquias tinham uma grande variedade de formas e tamanhos, mas algumas delas podiam fazer coisas incríveis. Com a relíquia certa, você poderia fazer o impossível.

Além disso, as criaturas negras hostis estavam atrás de Jin Mogis. Assim como estavam atrás de Renji. Por causa de uma relíquia. Renji também tinha uma relíquia. Ele estava usando Aragarfald. Essas duas relíquias eram a chave aqui.

“Renji, tire a Aragarfald!”

Adachi poderia estar pedindo algo não razoável. A Aragarfald cobria o tronco, os braços e as pernas de Renji. Mas não era como uma armadura normal, que teria fechos por toda parte.

O proprietário original de Aragarfald tinha sido um guerreiro aberrante, o terrível demônio da espada Arago, que tinha mais de dois metros de altura. Essa era uma enorme diferença de altura em relação a Renji. E, no entanto, algo surpreendente aconteceu quando Renji se aproximou dos restos mortais do demônio depois de matá-lo. A armadura que o guerreiro usava tinha sido a Aragarfald. A armadura que o guerreiro usava tinha se desprendido de seu corpo e se arrastado em direção a Renji. Adachi e o resto do grupo o avisaram para se afastar, mas Renji não deu ouvidos. A armadura do demônio da espada se moveu como se estivesse viva, arrancando a outra armadura de Renji. Renji não vestiu Aragarfald. A armadura demoníaca havia se enrolado nele como se tivesse vontade própria e estivesse escolhendo um novo dono para si.

Se Renji desse a ordem, Aragarfald cairia dele. Dito isso, eles estavam no meio de uma batalha agora. Que tipo de idiota tiraria sua armadura no meio da batalha?

“Ron!” Renji gritou, varrendo as criaturas negras hostis com a espada de Ish Dogran e pulando para trás. “Me cubra!”

“Sim, é isso mesmo!”

Ron se colocou na frente de Renji. Às vezes, Ron falava sobre “remover seu limitador”. Segundo ele, havia um interruptor dentro de sua cabeça cortada. Normalmente, ele estava ligado, mas quando o desligava, ficava totalmente louco.

“Urah, urah, urah, urah, urah, urah, urah, urah, urah, urah, urah, urah, urah, urahhhh!” Ron balançou sua espada grande como se fosse um palito de dente. Não é preciso dizer, entretanto, que seu cutelo gigante não era, de fato, um palito de dente. Uma vez que um objeto começava a se mover em uma direção específica, a inércia entrava em jogo, exigindo uma força considerável para detê-lo. Basicamente, em circunstâncias normais, uma espada enorme como aquela, uma vez iniciada a investida, precisaria completar o arco completo do golpe. Interromper o movimento antes do final exigiria que o usuário se preparasse com muita firmeza. Era assim que deveria ser, mas com o limitador removido, Ron devia estar liberando explosões de força inacreditáveis, ou algo assim. Seja qual for o método, ele conseguia desferir golpes com força sobre-humana, parar a lâmina no meio do caminho, saltar para cima, descer golpeando, parar novamente e pular outra vez. Tudo isso em velocidades assustadoras. Ron fechava os olhos sempre que fazia isso. Ele não estava olhando para seus oponentes, seus alvos. estava apenas balançando ao acaso. balançava e balançava, esperando ter sorte. Isso significava que o inimigo poderia simplesmente ficar fora de seu alcance. Simplesmente se afastar dele. Não importava o quanto ele fosse poderoso se não conseguisse atingi-lo. Se seus oponentes conseguissem entender isso, então Ron liberar seu limitador faria pouca diferença. Poderia funcionar se ele os pegasse de surpresa, mas, além disso, não serviria para nada além de intimidá-los.

Mas as criaturas negras caíram na armadilha. Muitos dos inimigos tinham formas humanoides. Eles também se moviam de maneira semelhante aos humanos. Mas alguns dos inimigos eram diferentes. Havia também criaturas parecidas com lesmas, ou talvez com cobras. O que eram elas? Isso era totalmente desconhecido, mas, de qualquer forma, elas aparentemente não tinham a capacidade de detectar uma ameaça e sair do caminho.

O inimigo imediatamente atacou Ron quando ele entrou na frente de Renji. Será que atacar o Renji era a única coisa que eles tinham em mente? Ou será que eles não pensaram em nada? Seja qual for o caso, eles seriam a presa ideal para o Ron com seu limitador removido. As criaturas negras foram todas lançadas pelos ares pela enorme faca de açougueiro de Ron. Ele não conseguia mantê-la por muito tempo, mas seria o suficiente.

“Aragarfald!” Renji ordenou, batendo com o punho em sua couraça. Foi quase instantâneo. Renji não tirou a Aragarfald. Parecia mais que a armadura demoníaca estava abrindo sua mandíbula sinistra e ejetando Renji de dentro dela.

Renji estava vestindo apenas as roupas que estavam sob sua armadura. Aragarfald estava atrás dele, ajoelhado. Parecia quase um cavaleiro sem cabeça – um Dullahan.

“Uau!” Ron deu um pulo para o lado e rolou. Ele devia estar no limite de seu fôlego e resistência.

“Para o portão!” Adachi gritou e começou a correr.

Renji se aproximou de Ron e o levantou. Chibi também lançou algum tipo de feitiço em Ron.

As coisas correram exatamente como Adachi esperava. As criaturas negras não entraram no caminho da Equipe Renji. Por um momento, ele se virou para olhar de volta para Aragarfald. O inimigo estava se aglomerando sobre a armadura demoníaca. Como ele havia pensado, eram as relíquias. Ele ainda não tinha ideia do que eram esses inimigos, mas eles estavam atrás das relíquias.

“E quanto a eles?!” Ron gritou. Ele devia estar se referindo aos membros do grupo líder, que estavam curvados ou deitados no chão.

Renji correu até uma soldado voluntária que mal estava conseguindo se manter de pé.

“Kajiko, você consegue se mexer?!”

“Renji… Não preciso de sua preocupação!” A líder das Wild Angels começou a dar ordens para as outras soldadas voluntárias.

Britney estava olhando para o céu. “O que diabos aconteceu?!”

“Não importa! Vão para o portão!”

Com Renji gritando com eles, Britney e os outros soldados voluntários ajudaram seus companheiros a se levantar, encorajando uns aos outros enquanto tentavam se reagrupar. No entanto, seus movimentos ainda eram visivelmente lentos. Esses eram soldados voluntários de elite. Todos eles já haviam passado por batalhas realmente difíceis. Até mesmo magos como Adachi, apesar de não terem sido talhados para o combate corpo a corpo, tinham a resistência necessária para continuar andando a noite toda e o dia todo. Ou deveriam ter. Agora tudo isso havia desaparecido.

Teria sido roubado, talvez? Parecia que Jin Mogis ainda estava correndo em supervelocidade, eliminando as criaturas negras. A visão cinética de Adachi não era boa o suficiente para pegá-lo. No entanto, havia inimigos que não faziam parte do enxame que ia atrás de Aragarfald, e eles continuavam começando a se mover em uma direção, depois mudando para outra. Parecia que eles estavam confusos, não apenas vagando. Enquanto isso, os impactos explosivos continuavam soando por toda parte, cada um deles lançando outra criatura negra hostil pelos ares.

“O inimigo não virá atrás de nós!” disse Adachi, levantando a voz. Ele parecia estranhamente estridente, mas o que importava? “Rápido! Cheguem ao portão! Continuem andando!”

Renji, Ron, Chibi e alguns Tokkis – todas as pessoas do lado deles que ainda podiam se mover livremente – estavam ajudando seus companheiros. Adachi também estava. Ele dava o ombro a um soldado voluntário, fazia com que ele andasse e depois dava o empurrão que precisava para começar a correr.

A Equipe Renji era mais importante do que qualquer outra coisa para Adachi. Ele valorizava Renji, Ron e Chibi acima de si mesmo e não queria perder outro membro da equipe nunca mais. Honestamente, ele desejava poder se concentrar apenas em seu próprio grupo. Mas não podia deixar os outros soldados voluntários morrerem aqui. Isso seria errado. Não por humanidade ou por um senso de camaradagem. Adachi não era tão emotivo.

Renji havia tirado Aragarfald para ele sem questionar. Ele ficou tão feliz ao ver isso que quase chorou. Talvez tenha até chorado um pouco. Agora, isso era ele se emocionando. Isso foi diferente. Adachi estava apenas olhando para os outros soldados voluntários como recursos potenciais em combate. Não é preciso dizer que mais era sempre melhor quando se tratava de batalha. Quanto mais soldados voluntários saíssem do portão principal, melhores seriam suas perspectivas no futuro. Ele queria garantir o máximo de potencial de combate que pudesse. Portanto, essa era a única razão pela qual ele estava fazendo isso.

Os sobreviventes estavam finalmente prestes a atravessar o portão. Adachi podia não estar na vanguarda, mas estava perto da frente. Havia várias tochas colocadas no alto das paredes ao redor do portão principal. Graças a elas, Adachi podia ver mais ou menos como estava a situação na área.

O portão principal, que havia sido aberto à força por dentro, ainda estava lotado de criaturas negras hostis, com mais delas correndo a cada segundo.

Os soldados voluntários deveriam conseguir passar por isso? Será que isso era possível? Adachi não conseguia imaginar que fosse. Não, não era só ele. Nenhum deles poderia. E, no entanto, os sobreviventes continuavam correndo em direção ao portão. Eles não estavam sendo imprudentes? Isso era suicídio. Não havia outro jeito? Adachi questionou, mas os sobreviventes não pararam. E, estando no meio da imprensa, Adachi também não podia.

Não era como se Adachi tivesse se esquecido de Jin Mogis. O que ele estava fazendo agora? Tudo isso era culpa dele, não era? Adachi ficaria ressentido com o homem para sempre depois do que ele tinha feito. Não, não se podia esperar nada dele. Parecia improvável que Jin Mogis fizesse qualquer coisa que pudesse fazer com que as coisas mudassem para melhor.

Foi por isso que o que aconteceu em seguida o pegou de surpresa. Uma figura humanoide passou correndo pelos sobreviventes em uma velocidade incrível e, em seguida, atacou o portão principal. Ele explodiu todas as criaturas negras que estavam bloqueando o portão enquanto elas entravam, empurrando-as de volta para fora.

Como se estivessem em um curso fixo, os sobreviventes atravessaram o portão principal. Alguns deles ficaram surpresos, e Adachi até soltou um “O quê?!”, mas continuaram correndo até chegarem ao lado de fora. A escuridão se estendeu diante deles.

O vento estava bastante forte. O céu estava nublado. O amanhecer ainda estava longe, e a lua vermelha e as estrelas não eram vistas em lugar algum. Grimgar estava envolto em uma escuridão impenetrável, espessa demais para que as luzes do topo da Fortaleza de Ferro Beira Rio pudessem penetrar.

Adachi sacou o cajado curto que estava pendurado em seu quadril e começou a desenhar sigilos elementais à sua frente.

“Delm, hel, em, trem, rig, arve.”

Uma única linha de chamas se ergueu, estendendo-se em direção à escuridão. Não era apenas a escuridão da noite que se estendia diante dos sobreviventes. Sem dúvida, toda a área também seria inundada por criaturas negras hostis. Adachi não tinha usado o feitiço Firewall para atacá-los, no entanto. Infelizmente, parecia que os inimigos dos sobreviventes não podiam ser queimados com a magia Arve. Adachi estava apenas esperando usar a luz do fogo para identificar quantos deles estavam lá fora.

Dois ou três outros magos também lançaram Firewall.

Um total de quatro paredes de fogo apareceu em um padrão de explosão solar que se estendia para fora do portão principal.

Os sobreviventes engoliram em seco.

As criaturas negras estavam por toda parte.

Formas negras cobriam o chão. Não, isso não pode estar certo, argumentou a razão de Adachi. Olhe mais de perto. Afinal, os sobreviventes estavam de pé no chão. Alguns deles estavam gritando “uau” e chutando para longe uma das coisas pretas que se enrolaram em suas pernas, ou “pegue isso!” e batendo de volta com suas armas. Se os sobreviventes ficassem parados, poderiam acabar soterrados pelos inimigos, fossem eles humanóides ou rastejantes, mas pelo menos isso ainda não havia acontecido. Havia grama, terra e pedras expostas aqui e ali. Era uma situação ruim, mas eles não estavam completamente sem lugar para ficar.

“Jin Mogis…” Adachi murmurou. Sua garganta estava apertada, e sua voz escapou como um gemido.

Havia um homem de cabelos vermelhos parado entre duas paredes de fogo que se estendiam na escuridão, de costas para eles. Sua espada estava desembainhada.

“Hrmm…” Jin Mogis soltou um gemido baixo. Então, imediatamente depois disso…

Ele desapareceu.

Jin Mogis havia desaparecido.

Não, não apenas ele. Duas das paredes de fogo também desapareceram.

Os olhos de Adachi não conseguiam ver, mas parecia que algo como um redemoinho havia se formado instantaneamente onde Jin Mogis estava. Isso havia destruído as paredes de fogo e as criaturas.

“Como ele pode se mover assim?! Será que esse cara é humano?!” Ron gritou.

“Gahah-hah!”

Alguém riu na escuridão. Era uma risada humana? Provavelmente era Jin Mogis, mas parecia tão bizarro. Se uma risada saísse não apenas da boca de alguém, mas também de seus olhos, nariz e orelhas, poderia ter soado assim.

“Incrível! Então é isso que significa quebrar o limitador humano! É uma pena que eu só possa usá-la mais uma vez!”

Havia algo pálido e azul brilhando na escuridão. Adachi apertou os olhos. Não era uma luz grande. Era bem pequena, na verdade. Ele não sabia dizer com certeza, mas provavelmente era Jin Mogis. Será que parte do corpo do homem estava brilhando? Ou talvez fosse algo que ele estivesse carregando? Algo como uma joia, talvez. Como um colar, ou talvez um anel.

Uma pedra.

Uma joia.

Uma pedra brilhante.

“Essa é a relíquia?!”

Jin Mogis utilizou uma relíquia que drenou a força de dezenas de soldados voluntários, absorvendo-a para si mesmo, sem dúvida.

“Só posso usá-la mais uma vez!”

O que ele quis dizer com isso? Que ela não era ilimitada? Essa relíquia tinha um limite de uso. Além disso, seus efeitos não eram permanentes. Eles estavam em um cronômetro. E também devia ter um alcance limitado. Era por isso que não tinha drenado a Equipe Renji.

Mas ainda restava um uso.

Ou seja, Jin Mogis poderia fazer a mesma coisa novamente.

Se aquele homem usasse sua relíquia novamente, dessa vez todos os sobreviventes teriam suas forças esgotadas. Adachi não tinha experimentado isso pessoalmente, então não podia dizer com certeza, mas a relíquia tinha conseguido derrubar muitos soldados voluntários experientes, então era improvável que algum deles pudesse resistir a ela. Jin Mogis teria então uma força sobre-humana, mesmo que houvesse um limite de tempo para isso.

Com seu primeiro uso, o homem havia saído da Fortaleza de Ferro Beira Rio. O que ele faria com o segundo? A previsão de Adachi era que ele a usaria para se livrar dos sobreviventes e fugir. Provavelmente tentaria chegar o mais longe possível enquanto o efeito durasse.

Para começar, Jin Mogis nunca tinha visto os soldados voluntários como aliados ou camaradas. Eles mal eram considerados peões descartáveis. O homem sempre esteve disposto a sacrificá-los se fosse necessário. Se essa relíquia tivesse um limite de uso, ele provavelmente evitaria usá-la, se possível, mas ainda assim a usaria se fosse forçado. O homem precisava de sacrifícios. E esses sacrifícios eram os soldados voluntários da Fortaleza.

“Renji!”

Eles tinham que matá-lo. Aquele homem precisava morrer imediatamente. Se eles não o matassem antes que ele pudesse usar a relíquia, então desta vez os sobreviventes seriam eliminados com toda certeza.

Depois que o matassem, o que aconteceria? Isso não importava. Bem, não, importava, mas Renji – ou outra pessoa, não precisava ser Renji – precisava matar Jin Mogis primeiro.

Renji entendeu o que Adachi estava querendo dizer, mesmo sem uma explicação completa, e ele não era o único. Ron e alguns dos outros soldados voluntários entraram na escuridão atrás de Jin Mogis, que ria maniacamente.

Havia uma luz. Uma luz diferente. Não era a luz azul pálida da relíquia, mas uma que se aproximava do branco. A luz cresceu, e agora Adachi era capaz de ver Jin Mogis. A luz estava no meio de seu peito. Era uma lâmina? Algo parecido com uma espada? Uma espada de luz, perfurando Jin Mogis.

“Gworgh! urgh…”

Jin Mogis tossiu um jato de sangue. O homem de cabelos vermelhos tentou levantar a mão esquerda trêmula. O anel estava em seu dedo indicador, abrigando uma luz azul-clara com um padrão semelhante a uma pétala flutuando nele.

Nosta… rem…

Jin Mogis estava, sem dúvida, tentando dizer o encantamento. Provavelmente era a frase-chave para acionar a relíquia. Mas ele não conseguia fazer isso. A lâmina que saía de seu corpo não o deixava falar. Seus pés se levantaram do chão quando a espada de luz o ergueu, deixando-o suspenso como um homem enforcado.

A espada de luz não era uma entidade independente. Claramente, ela não havia empalado Jin Mogis e o erguido por conta própria. Ela tinha um portador. Havia alguém ali, atrás de Jin Mogis, que era o responsável. Era difícil perceber na escuridão, mas quem quer que fosse carregava um escudo que emitia um brilho fraco, além da espada de luz. A figura parecia humana. Não era um gigante, pelo menos. Eles não eram particularmente grandes ou pequenos. Um espadachim solitário, aparentemente vestido com a escuridão da noite.

San… gui…” Jin Mogis tentou terminar a frase-chave entre tosses de sangue.

A figura vestida de noite começou a se elevar no ar com Jin Mogis ainda empalado em sua espada de luz. A figura estava montada na escuridão, em algum tipo de coisa negra. Como um cavaleiro das trevas em um cavalo negro. Seria tudo um único ser? Ou havia uma criatura separada empurrando a figura para cima?

O homem vestido de noite balançou a espada de luz na diagonal para trás, jogando Jin Mogis para fora dela. Não houve nenhum som quando o homem bateu no chão, porque não foi o chão que amorteceu sua queda. Foram as criaturas pretas.

“Oagh, argh!” O grito de morte de Jin Mogis durou pouco.

O homem vestido de noite se aproximou silenciosamente dos soldados voluntários. Assim como as coisas que haviam engolido Jin Mogis. Eles iam atacar? Os sobreviventes não tinham relíquias.

Será que eles ainda não seriam poupados?

“A sétima…”

Assim que Adachi abriu a boca, percebeu que esse plano estivera enfiado em algum canto de sua mente o tempo todo. Seria impossível abrir caminho lutando entre as forças do ser da escuridão em busca de liberdade. Não importa a sorte que tivessem, nenhum deles sairia vivo.

A sétima torre. Uma das quatorze torres da Fortaleza de Ferro Beira Rio, a sétima, tinha uma rota de fuga que levava para fora da fortaleza. Britney e as Wild Angels estavam defendendo a sétima torre, mas foram forçados a recuar. Como era a situação lá agora? Ele não sabia. Ele não podia dizer que tinha muita esperança, mas eles enfrentariam a morte certa se continuassem tentando avançar aqui. O mesmo valia se tentassem manter a posição. Isso significava que eles tinham que apostar na rota de fuga para fora da fortaleza.

“Todos, voltem para a sétima torre! Rápido!” Adachi gritou. Alguns dos sobreviventes se viraram instantaneamente. Está na hora, pensou Adachi. Durante essa batalha, ele não desperdiçou sua magia. Ele estava conservando seu poder. Este era o momento de usá-lo. Claro, ele não podia ferir o inimigo com magia. Mas ele poderia destruir prédios e outras coisas para bloquear a perseguição deles. Adachi poderia ficar para trás e começar a causar destruição em massa a fim de ganhar alguns minutos para o resto do grupo fugir. Se ele achasse que isso era o melhor para Renji – e para a Equipe Renji -, ele não hesitaria.

Para começar, ele explodiria o portão principal assim que os sobreviventes tivessem se retirado para a fortaleza, esmagando o ser da escuridão nos escombros, se possível.

“O que está fazendo, Adachi?!” Renji gritou para ele.

O cabelo prateado de Renji era tão bonito. Assim como seus olhos claros.

Uma vez, Adachi perguntou: “Então, essa é a sua cor natural?

Parece que sim, respondeu Renji.

Pensando bem, eles quase não tinham tido conversas profundas que realmente tocassem em quem eles eram como pessoas. Talvez nem mesmo uma. Nem Renji nem Adachi aceitavam os outros facilmente, e também nunca tentaram se aproximar de ninguém. Como Sassa havia dito, Adachi tinha sentimentos por Renji – impulsos e desejos que ele achava que não tinha escolha a não ser esconder.

E quanto ao Renji? Será que ele sentia algo parecido com isso?

Adachi gostaria de saber.

Ele estava ao lado de Renji há tanto tempo. Ele deveria ter perguntado, mesmo que tivesse que se forçar a isso. Não era possível que Renji sentisse algo por ele. Ele não poderia amá-lo de volta. Mas mesmo que isso fizesse com que Renji o odiasse, ele deveria ter tentado aprender mais. Ele queria ter tentado.

“Ok, vamos lá!”

Com um aceno de cabeça para Renji, Adachi se dirigiu para o portão principal.

“Ó Luz, Ó Lumiaris, conceda a luz de proteção em minha lâmina!”

A razão pela qual ele parou foi porque alguém havia saltado de dentro do grupo de sobreviventes.

Será que eles iam atacar o ser da escuridão?

Quem era?

Britney?

Saber!”

A espada de Britney estava envolta de uma luz ofuscante. Saber. Essa era a magia de luz de um paladino.

O ser da escuridão estava montado em uma coisa preta de quatro patas. A princípio, Adachi achou que era como um cavalo, mas não tinha pescoço nem cabeça. Independentemente disso, aquela montaria ainda estava dando ao ser da escuridão uma vantagem de altura sobre Britney. Não seria fácil acertar um golpe neles.

“Eu estava ficando entediado, só tinha essas coisas assustadoras para lutar!”

A forma como Britney se movia não era tão rápida, mas era flexível e estranhamente fluida. O ser da noite atacou Britney com a espada de luz, mas não conseguiu acertá-lo. Foi por pouco. Mas foi por pouco. Britney provavelmente se esquivou do golpe com o mínimo de movimento e, em seguida, subiu rapidamente pela parte de trás do cavalo sem cabeça até o local onde o inimigo estava. Britney estava atrás deles agora.

“Brinque comigo, tá bom?”

Britney segurou sua espada com as duas mãos e a golpeou diretamente no pescoço do ser da escuridão. No entanto, o inimigo apenas estremeceu um pouco e depois se virou para golpear Britney com seu escudo que brilhava vagamente. Britney teve que pular agilmente para evitar o golpe, dando um giro no ar. O inimigo devia estar observando para ver onde ele aterrissaria, pois imediatamente virou o cavalo para atacar em sua direção.

Sacrifice!”

Esse era um paladino. Mas não era a Britney. Outro paladino correu, com seu escudo brilhando intensamente, e parou o cavalo negro sem cabeça em seu caminho. Ele até conseguiu empurrá-lo um pouco para trás.

“Eu também estou participando disso, Bri-chan!”

“Tokimuneeee?!”

Aquela voz era de Kikkawa. Dos Tokkis. Foi Tokimune quem apoiou Britney.

“Você sabe no que está se metendo, certo?! Garoto bobo!”

Depois de aterrissar em segurança com a ajuda de Tokimune, Britney começou a desenhar algum tipo de figura com a ponta da espada na qual ele havia lançado o Saber e a entoar um feitiço. Era o hexagrama que simbolizava Lumiaris.

“Ó luz, ó Lumiaris! Conceda-nos determinação!”

Adachi havia tentado aprender os nomes de todos os feitiços que podia encontrar, até mesmo os de magia de luz que somente sacerdotes e paladinos podiam usar. Mas esse era novo para ele.

Altera!” Britney e Tokimune gritaram em uníssono. Mas não foram apenas suas vozes que se uniram. Suas espadas se chocaram. Quando o fizeram, uma luz vermelha cintilante começou a emanar dos dois paladinos. Normalmente, as bênçãos de Lumiaris não tinham nenhuma cor específica. Elas eram de um branco puro. Mas essa não tinha.

A luz guia, Altera.

Havia algo diferente nela. Recuar.

“Recuaaaaaaaaaaaaaar!”, alguém rugiu em um volume inacreditável. Os ouvidos de Adachi doíam. Por um momento, ele até questionou o sentido de quem tinha gritado assim de repente.

“Mas-!” Kikkawa começou a protestar, mas Tada o agarrou pela nuca e correu para o portão principal. Será que aquele grito veio de Tada? Anna dos Tokkis e sua maga Mimori o seguiram. Deveria haver um cara assustador com um rabo de cavalo com eles também, mas ele não estava em lugar nenhum.

Foi Adachi quem orientou todos a chegarem à sétima torre o mais rápido possível. Ainda assim, ele teve que questionar a maneira como os Tokkis correram sem olhar para trás. Eles estavam deixando Tokimune para trás? Altera era esse tipo de magia, então?

O Feitiço de Sangue, que Adachi havia aprendido no Continente Vermelho, usava seu próprio sangue como catalisador. Obviamente, se ele o usasse em excesso, ficaria anêmico e, na pior das hipóteses, poderia até morrer de perda de sangue.

Havia magias incríveis por aí. Artes secretas ensinadas apenas a alguns poucos, que encurtavam o tempo de vida do lançador ou o consumiam completamente em troca de um poder surpreendente.

Adachi conhecia outra, Crime, que curava instantaneamente todos os ferimentos do paladino em troca da perda total das bênçãos de Lumiaris. Talvez Altera fosse um feitiço na mesma linha.

Britney e Tokimune provavelmente estavam prestes a pagar um preço alto. Eles haviam lançado Altera. Não havia como voltar atrás. Tada entendia isso, e foi por isso que ele se dirigiu à sétima torre sem hesitar, certo? Se assim fosse, eis o que Adachi tinha que pensar: Britney e Tokimune estavam arriscando suas vidas para conter o ser coberto de noite e os inúmeros outros. Eles estavam jogando suas próprias vidas fora para salvar o maior número possível de pessoas.

Parece que este não era o momento certo, afinal, pensou Adachi enquanto corria. Ele estava preparado para fazer isso, mas Britney e Tokimune o haviam deixado para trás. Isso significava que ainda não era a hora de Adachi.

“Eu amo cada um de vocês!”

Embora a voz de Britney o puxasse por trás, Adachi não olhou. Ele precisava chegar à sétima torre, não importava o que acontecesse. Precisava levar Renji, Ron e Chibi até lá. Para o bem da Equipe Renji, ele precisava garantir que o maior número possível de pessoas escapasse da fortaleza. O que ele poderia fazer para garantir isso? Adachi bombeou as pernas enquanto pensava sobre isso. As costas de Renji estavam à sua frente. As de Ron também. E Chibi estava correndo ao lado dele. Ele não sentia nem um pouco de medo. Não tinha medo do que havia perdido, nem do que poderia perder no futuro. Por mais ridículo que possa parecer, naquele momento, Adachi se sentia satisfeito.

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