Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 7 – Volume 20 - Anime Center BR

Hai to Gensou no Grimgar – Capítulo 7 – Volume 20

Capítulo 7

Desperte, só mais uma vez

Tradutor: João Mhx

Tentei ir em direção à vila Akatsuki. Mas a vila Akatsuki é longe. Muito longe.

Além disso, para a proteção e assistência da Yume e Ruon, as Wild Angels permaneceram na Vila Akatsuki. Azusa, a braço direito de Kajiko e oficial da equipe, era uma paladino, Kikuno era uma sacerdote e Yae era um cavaleiro das Trevas. Quando a noite caiu e a lua nasceu, eu não queria pensar nisso, mas não deu. Nada estava acontecendo na Vila Akatsuki. Será que isso poderia acontecer? Parecia impossível. Até a lua, que não era vermelha, me fez pensar assim. As luas de Grimgar eram vermelhas. Lembro de me sentir estranho quando a lua era vermelha. Será que realmente não havia motivo para a lua ser vermelha? A lua crescente no céu noturno definitivamente não era vermelha. Era uma cor prata amarelada. O sekaishu desapareceu e, no lugar da Montanha da Coroa, a luz e as Trevas giraram, e Grimgar mudou. Ele mudou completamente.

Continuei caminhando pelas Planícies do Vento rápido. O vento estava soprando. O som do vento nunca cessava. Não olhei para trás, para a Montanha da Coroa. Não queria ver aquela luz e Trevas. Não vi nada se movendo. Talvez porque não estivesse procurando ativamente por nada, mas parecia que todas as criaturas vivas, exceto eu, tinham morrido. Não parei de andar. Não senti fome nem sede. Nem sequer me senti cansado. Minhas pernas pareciam varas, mas não havia dor.

Quer estivesse ficando mais claro ou mais escuro, eu continuava andando. Não é que eu não estivesse pensando em nada. Pelo contrário, eu estava sempre pensando em algo e me lembrando de várias coisas. Especialmente os arrependimentos continuavam surgindo. No entanto, o arrependimento não deixou nenhuma marca em meu coração e nenhuma lembrança me trouxe alegria. Eles simplesmente estavam lá. Eu não podia tocá-los, apenas os observava em silêncio.

Quando saí da floresta à noite, lá estava a Torre Proibida sob a lua. Ao lado da colina onde ficava a Torre Proibida, as ruínas de Altana jaziam silenciosamente. As lápides incrustadas na colina brilhavam brancas à luz da lua.

Antes que eu percebesse, estava vagando pela colina à procura dos túmulos de Manato e Moguzo. Naturalmente, eu deveria ter me lembrado da localização de seus túmulos, mas não conseguia encontrá-los de jeito nenhum. Todas as lápides pareciam iguais. A maioria delas estava desbotada e ilegível, ou tinha algo gravado que não parecia ser, ou, às vezes, mesmo que eu conseguisse ler, era um nome que eu não reconhecia. Talvez fosse porque era noite e estava escuro, apesar do brilho da lua estar lá fora. Ou talvez não fosse isso, talvez essa não fosse a colina que eu conhecia. A torre no topo da colina não era a Torre Proibida. As ruínas próximas à colina não eram Altana. Antes que eu percebesse, talvez eu tivesse entrado em outro mundo.

Não pensei nem por um momento que seria bom se esse fosse o caso. Se os eventos na Montanha da Coroa fossem reais, não importaria onde eu estivesse agora. O que quer que eu faça, não significa nada.

Eu ressuscitei a Mary. Como resultado, o No-Life King foi revivido e destruiu o sekaishu. Graças a isso, os deuses da luz, Lumiaris, e o deus das trevas, Skullhell, foram libertados. E eu matei o Ranta com minhas próprias mãos.

Todos morreram.

A culpa é minha.

Por que fugi? Se eu tivesse ficado lá, certamente um seguidor da deusa da luz, Lumiaris, ou um servo do deus das trevas, Skullhell, teria me matado. Será que eu fugi em pânico porque não entendia o que estava acontecendo naquele momento? Será que eu simplesmente não queria morrer?

Ou eu achava que deveria sofrer? Que eu deveria sofrer mais e mais, sem parar.

O sofrimento duradouro é adequado para mim.

Pensando assim, talvez eu tenha fugido.

Na verdade, parece injusto ser morto facilmente e encontrar alívio. Não acho que isso seja perdoável.

Quem não vai me perdoar? Alguém que não seja um deus. Isso é certo.

deus é uma porcaria. Lumiaris, Skullhell, são todos uma porcaria. Que se danem os deuses.

Então, será eu mesmo? Com certeza, não consigo me perdoar.

Encostei-me em uma lápide e me sentei no chão. Pensei em Yume e Ruon. Esperava que estivessem a salvos, mas não conseguia me livrar da sensação de que não estavam vivos. Eu queria me desculpar. Eu matei o Ranta. Tenho de pedir desculpas à Yume e ao Ruon. Mas eles provavelmente não estão vivos. Pensei várias vezes sobre isso. Por que não posso chorar? Por que não rastejo, soluçando, e imploro por perdão?

O sol começou a nascer. Quando ele estiver completamente claro, procurarei os túmulos de Manato e Moguzo. Pensei vagamente sobre isso. O que eu faria se os encontrasse? Não sei. Será que estou realmente pretendendo procurar em primeiro lugar?

Por enquanto, decidi me levantar, mas ainda não havia criado forças para isso.

A Torre Proibida no topo da colina explodiu. A torre deve ter uns cinquenta metros de altura. Não a torre inteira. Apenas a parte superior. Do topo, cerca de cinco metros, talvez mais, até dez metros, ela se partiu e explodiu.

— Oh…

Deixei escapar uma voz estupefata. Fiquei surpreso, mas isso não me fez cair de pé. Eu estava tentando me levantar e consegui. Não eram apenas os destroços da torre. Claramente, coisas que não pareciam ser destroços estavam voando. À primeira vista, achei que poderiam ser pessoas.

Fragmentos e coisas que pareciam humanos caíam em uma trajetória parabólica. Apenas pequenos fragmentos voaram em minha direção.

Algo se ergueu verticalmente da parte quebrada da torre. Também pensei que fosse uma pessoa. Provavelmente uma mulher. Ela está nua? Não, cerca de metade de seu corpo é preto, e a outra metade parece não ter nada. Eu estava na metade da colina, a torre ficava no topo dela, e ela estava muito mais alta. É claro que eu não conseguia ver seu rosto.

— Shihoru…?

Mas, eu pensei que sim. Poderia ser a Shihoru?

Shihoru foi sequestrada por Jin Mogis e parecia estar aprisionada pelo mestre da Torre Proibida, ou parecia ter tido suas memórias levadas e manipuladas. Não seria estranho se Shihoru estivesse dentro da Torre Proibida. Esse tipo de raciocínio ou inferência deve ter sido a base, mas, intuitivamente, pensei que fosse Shihoru.

Shihoru. Shihoru estava lá.

A vanguarda e a retaguarda dos que participaram da Queda das Estrelas, Akatsuki e os outros, provavelmente não estão seguros. A Aldeia Akatsuki também não tem esperança. Mas ainda assim, Shihoru está lá. Será que me esqueci dela até então? Sinceramente, não sei dizer, mas eu não tinha esperança. No momento em que pensei que a Shihoru estava lá, uma centelha de esperança se acendeu dentro de mim. Mesmo que seja uma chama pequena e minúscula, se eu a proteger e nutrir para que não se apague, ela poderá um dia se tornar um grande incêndio.

Tentei gritar seu nome novamente, dessa vez em voz alta.

De repente, ela se foi. Ela foi para o leste. Ela voou em uma velocidade incrível e desapareceu em um instante.

Fiquei arrasado. Aquela não era a Shihoru. Não tem como ser a Shihoru, pensei. De qualquer forma, é estranho. Durante o cerco ao Monte da tristeza, ela apareceu montada em uma relíquia semelhante a um disco voador. Desta vez, era apenas ela. Ela voou para longe com seu próprio corpo. Se era ela, então ela não é ela mesma. Não é possível que um humano consiga voar assim. Então o que era aquilo? Será que consigo entender? É impossível que eu consiga.

Houve um barulho perto da torre. Levantei-me novamente. Eu não me importava mais com nada, mas justamente porque não me importava, não havia motivo para ficar parado. Subi a colina.

— Oh, luz…! Sob a proteção de Lumiaris…!”

— Oh escuridão…! Mestre da depravação! Skullhell…!”

Eles estavam lutando bem perto da torre. Uma mulher e um homem. A mulher usava um manto de sacerdotisa, e o homem vestia uma armadura negra e empunhava uma espada.

A mulher parecia desarmada. O homem brandiu a espada e a mulher se esquivou dando um salto para trás.

Blame…!

A mulher imediatamente liberou luz. O homem foi empurrado para trás pela luz, mas continuou avançando em direção à mulher.

Para a direita. Não, para a esquerda. Parece o rastro do cavaleiro das Trevas.

A mulher cambaleou. Parece que ela foi atingida. Aproveitando a oportunidade, o homem continuou a desembainhar sua espada cada vez mais.

— Oh, luz…! Sacrament…!

A mulher foi envolvida pela luz. Magia de luz. Ela curava todos os ferimentos em um instante.

Além disso, a mulher usou outra magia de luz.

— Lumiaris…! Circle…!”

Uma formação de luz com um diâmetro de cerca de dois metros apareceu aos pés da mulher.

Não apenas a mulher, mas também o homem estava dentro da formação.

— Nggh…!

O homem vacilou. A mulher pulou sobre o homem, derrubou-o e começou a socá-lo. Debruçada sobre ele, ela continuou a socar seu rosto.

— Oh luz…! Lumiaris! Por Lumiaris! Pelo amor de Lumiaris! Oh, luz…!”

A luz emanava dos olhos da mulher, enquanto a escuridão jorrava dos olhos do homem. Percebi que a mulher era Io e o homem era o Gomi (Lixo) de sua companheira.

Io e os outros voltaram de Parano para Grimgar conosco. Eles tiveram suas memórias roubadas e escolheram servir ao mestre da Torre Proibida. Eles estavam na Torre Proibida. Io era uma sacerdotisa e Gomi era um cavaleiro das Trevas. Esses dois também não conseguiram escapar da influência de Lumiaris e Skullhell.

Eu me lembro que, entre os companheiros de Io, havia também um ladrão chamado Tasukete, mas o que aconteceu com ele? Shihoru. O mestre da Torre Proibida.

E depois, Hiyomu. Sim, Hiyomu. O que aconteceu com ela?

— Oh, luz…! Lumiaris! Eu ofereço…! Esse servo imundo das trevas…!”

Io parou de bater e começou a mover a cabeça do Gomi para frente e para trás, torcendo-a. Observei a cena de trás de uma lápide. Eu estava fazendo isso inconscientemente.

Os métodos de Io eram brutais. Se ela continuasse assim, nem mesmo suas mãos sairiam ilesas. Mas, pelo que vejo, a graça da formação de luz, essa magia de luz, curou gradualmente as feridas daqueles que estavam dentro do círculo de luz. Mesmo que sua pele se rasgasse ou seus ossos se quebrassem, eles seriam curados. E quanto ao Gomi? Talvez a magia da luz não tivesse nenhum efeito sobre os servos de Skullhell, que se opõem a Lumiaris. Ouviu-se um som horrível. Provavelmente era a vértebra cervical do Gomi se quebrando. Então, Io se levantou e pisou na cabeça do Gomi.

— Oh, luz…! Luz! Lumiaris…! Oh, luz…!

Io, como se estivesse tomada pela emoção, louvou a deusa da luz, Lumiaris, e pisou repetidamente na cabeça do cavaleiro das trevas, como se estivesse batendo os calcanhares nela. O círculo de luz já havia desaparecido, e o cavaleiro das trevas não mostrava nenhum sinal de movimento. Mesmo assim, Io não parou.

— Obrigada…!

Não está claro o que desencadeou isso, mas de repente Io olhou para o céu, fez um gesto de hexagrama e terminou a execução do cavaleiro das trevas.

Por fim, Io se afastou do cadáver do cavaleiro das trevas enquanto cantarolava uma música.

O que havia de tão agradável nisso? Senti algo parecido com indignação. Na verdade, não cabia a mim ficar com raiva, mas era demais. Aquele cavaleiro das trevas era o companheiro de Io. Embora Io e seu grupo fossem chamados de Esquadrão Io e o relacionamento deles estivesse distorcido, devia haver várias coisas importantes para eles, como sua história acumulada, vínculos, coisas que pessoas de fora não entenderiam. Destruir isso dessa forma é tão…

Não foi Io que destruiu.

Foram os deuses. Lumiaris e Skullhell o destruíram.

Ranta sabia que isso aconteceria. Foi por isso que eu o matei. Ele não queria se tornar alguém que não fosse ele mesmo. Ele não conseguia suportar isso. Quer fosse um deus ou o que quer que fosse, ele não permitiria isso. Essa era sua vontade. Com seu espírito, seu modo de vida, seu modo de morrer, ele viveu sua vida. Era realmente irritante como ele me usava para isso. Até o fim, ele era esse tipo de pessoa. Não me obrigue a fazer isso, não me obrigue.

Mas é exatamente por isso que, embora eu não goste dele como pessoa, havia definitivamente algo que tínhamos construído entre nós. Se outra pessoa fosse matá-lo, eu tinha que fazer isso, eu tinha que fazer.

Não importa se é um deus ou o que quer que seja, não vou deixar que o transformem em algo que ele não quer ser.

Não quero de jeito nenhum ver o Ranta transformado dessa maneira.

O cavaleiro das trevas, que deveria ter tido sua cabeça esmagada por Io, se recuperou.

A cabeça do cavaleiro das trevas estava irreconhecível. Algo preto estava se contorcendo ali.

Provavelmente era a mesma coisa que jorrava dos olhos dos cavaleiros das trevas. Será que a escuridão estava tentando consertar as partes danificadas? Parecia que a escuridão estava tentando consertar aquelas partes.

— Uweeeweeeweeweewee! Uweeweeeee!”

O cavaleiro das trevas emitiu o que parecia ser uma voz.

Io se virou. Não apenas de seus olhos, mas de suas narinas e boca, a luz era expelida.

— Imundo…! Servo das trevas…!”

— Auuuuaaah! Eeuuuuaah! Ooeuuu…”

O cavaleiro das trevas voou em direção a sacerdotisa. Eu me retirei para trás da lápide. Eu me enrolei, fechei os olhos e tampei os ouvidos.

Seguidores de Lumiaris e servos de Skullhell, envolvendo aqueles que não têm fé, matando uns aos outros, ninguém sobrevive. Foi isso que pensei. Não, não é isso.

A luz da deusa da luz, Lumiaris, traz poder de cura. A escuridão do deus das trevas, Skullhell, de alguma forma conseguiu restaurar o cavaleiro das trevas.

Em outras palavras, quer você acredite em Lumiaris ou sirva Skullhell, vocês se matarão, serão mortos e morrerão, mas voltarão. Enquanto Lumiaris e Skullhell continuarem a lutar, aqueles que seguem os dois deuses deverão lutar sem parar.

Os dois desceram a colina enquanto lutavam entre si. Permaneci imóvel até não conseguir mais ouvir suas vozes ou os sons de cortes, batidas ou estalos.

O sol estava chegando ao seu zênite. Parecia que eles tinham desaparecido na floresta.

Nervoso, imaginando se eles voltariam, caminhei pelas proximidades da Torre Proibida. Não consegui encontrar uma entrada. Não havia nenhum plano para entrar. Eu estava tentando entrar na Torre Proibida? Nem mesmo isso estava claro.

Voltando ao ponto de partida, sem nenhum pensamento aparente, tentei dar a volta novamente. Foi durante essa segunda rodada que notei algo se movendo a cerca de 15 metros de distância da torre. Eu não havia notado isso durante a primeira rodada. Descendo um pouco a colina, começaram a aparecer lápides naquela área. Estava entre as lápides.

O que era isso? À primeira vista, não consegui perceber. Não era pequeno. Pelo contrário, era bem grande.

Devo dizer que era comprido? No entanto, também tinha largura. Não era fino. Tinha espessura. Estava se contorcendo. Estava se arrastando para frente? Seu movimento era lento. Pernas. Ele tinha duas pernas? Parecia estar rastejando de barriga para baixo.

É uma pessoa?

Não tinha nada parecido com braços. Pelo menos, não em sua forma completa. Talvez seus braços tenham sido arrancados. Não parecia estar nu. Estava vestindo alguma coisa. Era muito escuro, mas não totalmente preto, nem vermelho, nem azul, nem verde. Seria tecido? Ou era algo feito de um material duro como metal? Não consegui determinar.

Aproximei-me dele.

— ……Nnn……

Ele emitiu um som. Acho que era uma voz. Uma voz gemida.

— Hum…

Parei meus passos cerca de dois metros à frente dele. Chegar muito perto pode ser perigoso. O que era perigoso nessa situação? Mesmo agora, meu senso de cautela estava entrando em ação. Eu sempre me pegava rindo de mim mesmo.

— está… bem?

— …Nnn… Você está…”

Ele ainda parecia estar deitado de bruços. Estava tentando girar o corpo. Finalmente percebi que o que cobria sua cabeça era cabelo. O cabelo me fez lembrar de vermes parecidos com fios. Parecia que um número incontável de vermes semelhantes a fios estava parasitando sua cabeça.

Depois de muito tempo, ele conseguiu levantar o corpo para o lado, ou melhor, levantar um lado do corpo um pouco na diagonal. Em seguida, levantou o rosto. Provavelmente, era um rosto. O cabelo, semelhante a vermes semelhantes a fios, também estava crescendo em seu rosto. O que parecia ser olhos eram apenas cavidades. Nas profundezas dessas cavidades, havia algo que brilhava levemente. Sua boca era uma rachadura. A área ao redor da fenda estava rachada. A pele que aparecia através dos espaços entre os fios de cabelo era azul-clara. Ou melhor, era azul.

— Você é… Entendo… um soldado voluntário… de Altana… Seu nome é… Haruhiro…

— …Você… me conhece…?

— Eu… conheço…

— Quem é você…

Olhei para a Torre Proibida quebrada. Depois, olhei para ele novamente. Ele parecia estar bastante danificado. Todo o seu corpo estava em mau estado. Não havia sinal de sangramento.

Parecia que não havia sangue fluindo em seu corpo. Era uma criatura sem sangue ou lágrimas? Será que era mesmo uma criatura viva?

— O… mestre da Torre Proibida…?

— Eu fui chamado… Pelo Senhor Além do raio e… pelo Conde da Fronteira de Altana…

— Por que…

— Ainrand Leslie… Esse é… meu nome…

Devo esmagar a cabeça coberta de cabelos arrepiados como vermes em forma de fio, alegando ser Ainrand Leslie? Ou devo fugir agora mesmo e ir para um lugar distante? Eu não queria me envolver em mais assuntos desnecessários. Alguém como eu não deveria se envolver em nada.

— Shihoru… aquela garota… é inimaginável…

— O que…?

Eu me ajoelhei.

— O que você acabou de dizer? Shihoru…? Você disse isso?

— É isso mesmo… ela… completou a magia… de uma forma inimaginável… Afinal, nenhuma magia… pode se igualar à magia antiga e primordial… mas ela…

— Shihoru… Ela está… segura?

— …Mesmo perdendo metade de seu corpo… ela ainda… com magia…

— Ela voou para longe. Quando a torre… quebrou.

— …Ela causou a destruição… Tudo… aquela garota… ela é… uma bruxa… uma verdadeira…

— Ela está viva… Shihoru está…

— Eu tenho… um pedido… para você…

— …O quê?

— Perto…

— Um pedido… hum? Espere, você está… ciente do que fez? Você, que tirou nossas memórias…

— Não resta muito tempo… para mim…

— Eu não me importo. Por que eu deveria me importar?

— …Veja você mesmo…

Ainrand Leslie moveu a mandíbula. Ele parecia querer que eu olhasse para seu torso. Eu obedeci. Ele estava horrivelmente arrancado. Do tórax ao abdômen, o corpo apresentava marcas profundas de mutilação, como se algo tivesse sido removido de seu interior. A cavidade torácica e abdominal estava completamente preenchida por uma substância espessa e viscosa, semelhante a muco marrom. Vestígios desse muco grudavam no corpo de Ainrand Leslie, indicando que ele havia rastejado desde a lápide, cerca de cinco metros abaixo, até este local.

De alguma forma, eu havia chegado mais perto de Ainrand Leslie. Agora, eu podia estender a mão e tocá-lo.

Se eu tinha rastejado em direção a Ainrand Leslie de joelhos ou se Ainrand Leslie, como uma lagarta, se aproximou de mim, eu não saberia dizer.

— Eu… preciso de sua ajuda… Ainda há… coisas… fazer para mim… E para você, isso não será… prejudicial…

— Não posso confiar… nas palavras de alguém como você…

— Não… necessário…

— Hã?

— Você entenderá… eventualmente…

— O que você está…

Tentei me levantar. Naquele momento, a boca de Ainrand Leslie, como uma fenda, se abriu e, de dentro, um braço encharcado de sangue saiu. Embora “encharcado de sangue” não fosse exato; o sangue era de um marrom espesso, parecendo velho e pútrido, e era repugnantemente desagradável de se ver. O braço era bem fino, mais ou menos da espessura do braço de uma criança, e tinha aproximadamente o mesmo comprimento. Como tinha algo parecido com uma mão na extremidade, presumi que fosse um braço.

Pensei que ele fosse me agarrar. Minha intuição estava errada. O braço que saiu da boca de Ainrand Leslie não me agarrou; em vez disso, entrou em minha boca.

“——–…!”

Ele passou rapidamente pelo meu esôfago e chegou ao meu estômago. Minhas vias aéreas também estavam comprimidas, quase bloqueadas, de modo que eu não conseguia respirar. Tentei agarrar a coisa parecida com o braço de Ainrand Leslie com as duas mãos e puxá-la para fora, mas, em vez disso, ela continuava indo cada vez mais fundo.

— Não posso me dar ao luxo de morrer ainda.

A voz de Ainrand Leslie ecoou dentro de mim.

— Eu ainda não desvendei o mistério de Ark (Arca).

“—-…!——–…!”

— Você não precisa confiar em mim. Preciso de sua ajuda, Haruhiro.

 

“—-…!———…!”

— Não se preocupe. Eu não vou te passar a perna. Eu já te disse, não vai ser prejudicial pra você.

“――――――――…!―――――――――――…!”

— Você pode continuar sua jornada. Comigo. Certamente, você até encontrará aquela bruxa.

 

“—————————-…!”

.

.

 

Desperte...

 

 

.

.

Quantas vezes chamei? Ei. Acorde. Abra seus olhos. Vamos lá. Quantas maneiras diferentes de chamar eu tentei?

Este quarto está escuro. Mas não é escuro como breu.

O piso não é de pedra esculpida nem de paralelepípedo. Então, o que é isso? Essa é uma pergunta que não consigo responder. De qualquer forma, linhas e curvas tênues no piso brilham vagamente. O que esses círculos e combinações de formas representam? Outra pergunta sem resposta.

Há uma pessoa deitada no chão, de barriga para cima. Cabelo comprido. A julgar pelo corpo, é do sexo masculino.

Parece ser bem jovem. Cerca de vinte anos, talvez. Provavelmente japonês. Finalmente, se mexeu.

Apenas abriu os olhos.

— …Hã?

— Acordado?

Quando falei, o japonês levantou a parte superior do corpo.

— …Quem – Junza? Amu? Neika? Não…?

Ele está examinando a sala com os olhos estreitados. Parece surpreso, intrigado e confuso. Seria estranho se ele não estivesse agitado.

— Eu, infelizmente, não sou a Junza Mas… também não sou a Amu ou a Neika.

Tentando manter a calma, falei devagar, e o japonês soltou um suspiro.

— …Acho que sim.

— Um amigo?

— O quê?

— Junza. Amu. Neika. Seus amigos?”

— Amigos, você disse… Não, o que são eles? Camaradas?

— Entendo.

— Você… sabe? Onde Junza e os outros estão. Eles devem estar por perto, provavelmente.

— Desculpe, mas eu não sei.

— Entendo.

O japonês olhou para baixo, perdido em pensamentos.

Eles devem se lembrar de alguma coisa.

Pelo menos o próprio nome. Todo o resto está esquecido.

Não sofreram nenhum procedimento que causasse isso.

Diferente de mim.

Diferente de quem éramos antes.

— Você consegue ficar de pé?

Quando perguntei, o japonês levantou o rosto e acenou com a cabeça. “…Sim.”

— Uh. Eu realmente não sei, mas… acho que consigo ficar de pé.

— Não tem sentido ficar aqui. Vamos sair.

— Sair? É seguro?

Parece que o japonês está confuso. Talvez tenha sido sequestrado ou algo assim e trazido para cá, pensando que está preso. É uma situação em que mal-entendidos não vão ajudar.

— Se você quiser ficar aqui, tudo bem para mim. Eu vou embora em breve. E você?

— O que… você quer dizer?

O japonês se levantou. Parece ágil. Não é só juventude. Sinto a flexibilidade de alguém acostumado a mover o corpo.

Caminhei até a parede e esperei o japonês ali. Seu jeito de andar é característico. Mais próximo de um caçador ou ladrão do que de um guerreiro. Parece um animal selvagem. Não é típico de um japonês.

— Você pode sair daqui.

— O que você quer dizer?

— Apenas vá para fora.

Ao passar pela parede, emergimos do outro lado. É uma escada em espiral com corrimão.

Não tem corrimão de onde saímos. Apesar da ausência de luminárias, as coisas estão bem visíveis.

Não entendo o mecanismo, mas não parece estranho. Porque não tem fim. Não importa o quanto você investigue, dificilmente descobrirá o que está acontecendo, e em muitos casos, um mistério leva a outro.

Depois de descer alguns degraus, o japonês saiu.

— Você está aí. Vamos descer.

— Bem, hum…

— O quê?

Perguntando isso, percebi porque o japonês estava confuso. Ah, certo. Por causa disso.

Nossos olhares se encontraram. O japonês está olhando para o meu rosto. Mais precisamente, para a máscara que cobre meu rosto. Uma máscara. Como chamá-la? Não sei. Não é apenas algo para esconder e cobrir o rosto que não quero ver ou mostrar. Se fosse só isso, eu não a usaria o tempo todo. Essa máscara é uma relíquia. Possui várias funções. É conveniente e, depois de se acostumar, não incomoda. Já estou acostumado.

Ela esconde meu verdadeiro rosto. O japonês deve pensar que sou uma figura suspeita, escondendo minha identidade.

— Onde estamos?

No entanto, não há medo em seu comportamento. Este japonês parece estranhamente calmo.

— Costumava ser chamado de ‘Kui’.

— Kui? Aquele negócio de bastão?

— Estamos dentro da Arca.

— Arca? Como um navio?

— Vamos descer.

Enquanto começamos a descer as escadas, o japonês me segue. Seus passos são leves.

— Ei, só um momento.

— Sim?

Desculpe por fazer tantas perguntas, mas… quem é você?

— Eu? — Parecia uma pergunta simples naquele momento. — Bem… — Por alguma razão, não saía da boca.

Quem sou eu? O que eu sou?

— Eu sou Manato.

O japonês disse.

Eu parei no caminho.

— …Manato?

— Sim.

O japonês inconfundivelmente pronunciou Manato.

Eu me virei.

— Esse é… seu nome? Manato?

— Sim. Na verdade, é. Entre amigos, às vezes me chamam de Matt ou Mana. Mas meu nome é Manato. É assim que minha mãe e meu pai me chamavam.

— Seus pais…?

— Estão mortos. Há muito tempo. Nenhum de nós tinha pais.

— Quantos anos você tem?

— Quantos anos? Ah, você quer dizer idade? Bem… não tenho certeza, mas por volta dos doze? Ou catorze? Talvez treze.

— Você é jovem. Mais jovem do que eu pensava.

— Só um palpite. Faz uns… três anos? Quatro anos? Desde que meus pais morreram. Acho que faz por aí. Mas não conto tão perto.

— …Manato.

— Sim.

— Um conhecido meu— Manato.

Faz tempo.

Sério? Faz tempo? Talvez eu tenha murmurado esse nome para mim mesmo, mas não me lembro de ter feito isso recentemente.

— Faz um bom tempo, mas eu tive um amigo, por acaso, com o mesmo nome que você.

— Ah, entendo. Que coincidência.

— Sim, é uma coincidência.

— Uma coincidência?

— Encontros inesperados e misteriosos como este.

— Uma coincidência. Nunca ouvi isso antes. Ah. A propósito, e você?

— Meu nome?

Segurei o corrimão da escada. De alguma forma, parecia que eu poderia desmoronar se não o fizesse. Um nome. Meu nome. Não importava. Não há ninguém para me chamar pelo nome. Mas isso não significa que eu o esqueci. Não consigo esquecer o passado. É pesado demais para esquecer.

— Haru.

Soltei o corrimão.

— Havia alguém que costumava me chamar assim.

— Haru.

Manato disse quase num sussurro.

Ele se parece com aquele Manato? Honestamente, não sei. Consigo me lembrar de sua aparência. Mas o rosto que vem à mente é realmente ele? Mesmo que seja diferente da realidade, não posso verificá-lo. O mesmo vale para a voz.

Aquele Manato costumava me chamar de Haruhiro. Talvez eu estivesse com medo. Se esse japonês me chamasse de Haruhiro, talvez eu sentisse que as memórias dele – sua aparência, sua voz – seriam destruídas e perdidas completamente, e isso me assustou.

— Então, posso te chamar de Haru?

— Não me importo.

Como devo chamar esse jovem japonês? Aquele Manato certamente riria e diria que é óbvio. É assim que me sinto. Porque esse é o nome dele, certo?

— Vou te chamar de Manato. Tudo bem?

— Tudo bem?

Manato riu. Era uma risada diferente daquele Manato, mais inocente.

— Sem problemas. Porque eu sou Manato.

— Entendo. Vamos descer, Manato. Você provavelmente quer saber onde é isso, certo?

Comecei a descer as escadas novamente. Parece que meu corpo não é realmente meu. Na verdade, não há garantia de que meu corpo me pertença, mas provavelmente não é o caso. Então o que é?

Finalmente, cheguei ao final da escada em espiral e entrei do outro lado. Você poderia dizer que eu emergi de lá.

Lá fora.

É depois do pôr do sol? Ou talvez antes do nascer do sol? Eu não poderia dizer imediatamente porque estive dentro da arca por um tempo. O céu oriental está ligeiramente claro. Isso significa que o sol nascerá em breve.

Madrugada.

Estou em pé no topo de uma colina.

Não estou sozinho.

Manato também emergiu da arca.

Pensando bem, costumávamos chamar a arca de “Torre Proibida”. De fato, vista de fora, a arca parece uma torre. O topo permanece desmoronado e tudo está coberto por uma densa hera. Nada mais é que uma torre antiga.

— Huh?

Manato olha em volta.

— Onde estamos?

— Este é um mundo diferente de onde você estava.

Desci a encosta da colina e parei na frente de uma grande pedra branca. Existem muitas lápides semelhantes nesta colina.

— É chamado Grimgar.

— Um mundo… diferente. Grimgar…

Manato arregalou os olhos e inclinou a cabeça.

— O que… huh? Como… Não me lembro de ter vindo a um lugar assim. O que você quer dizer com um mundo diferente? Um mundo… não o Japão?

— Japão é um país. Eu também estive lá uma vez. Embora eu não me lembre de nada. Já ouvi histórias sobre o Japão, então não estou completamente perdido.

— Haru, você também é… do Japão?

— Parece que sim. Vim para Grimgar do Japão.

— Então… como?

— Eu também não sei.

Se ao menos eu pudesse explicar direito, seria ótimo. Eu também queria saber e tentei investigar. Não correu bem.

— Não havia muitos que vinham para Grimgar como você, mas havia alguns.

Todos disseram que não sabiam. Mesmo tendo lembranças antes de vir, algo aconteceu – algo deu errado, talvez – de qualquer forma, ninguém se lembra do que aconteceu então. Ninguém.

— Espere um momento.

Manato se agachou, coçando a cabeça.

— Então, além do Haru, existem outros? Pessoas do Japão, como eu?

— Havia, devo dizer.

— E agora… não tem?

— Faz um tempo.

— Um tempo? O que você quer dizer com isso?

— Pessoas que cruzaram do Japão para Grimgar foram transferidas para uma sala na arca. A arca possui tal mecanismo. Ou devo dizer, existe tal dispositivo? Em nosso tempo, a cada poucos anos, alguns… vinham, às vezes mais de dez de cada vez. Mas tornaram-se cada vez menos frequentes e cada vez menos numerosos.

— Então, faz tempo que eles vieram?

— Correto.

— Quanto tempo?

— Mais de quarenta anos — Ao dizer isso em voz alta, não pude deixar de ficar surpreso mais uma vez. Aqueles que vieram do Japão provavelmente não vieram aqui por vontade própria. Era mais como se tivessem sofrido um infeliz acidente. Então, embora sentisse pena deles, eles eram, de certa forma, almas gêmeas para mim. Eu não diria que ansiava por eles. Eu não podia dizer isso. Mas o aparecimento dos japoneses trouxe algo para mim. É difícil de expressar, mas era algo como um senso de propósito.

— Faz quase cinquenta anos desde a última travessia.

— Cinquenta anos? Isso é… muito, não é? As pessoas não costumam viver tanto assim. Mesmo meus pais, quando morreram, provavelmente não tinham nem trinta anos. Haru, você está vivendo muito tempo, não está…?

— Acho que seus pais morreram jovens, Manato, mas… sim, você está certo. Definitivamente vivi mais do que deveria.

— Cinquenta anos. Então… cinquenta anos atrás? Quando os japoneses vieram para Grimgar, Haru, você era uma criança?

— Não.

— Então… quantos anos tem? Quero dizer… no Japão, se você vive trinta anos, é considerado uma vida bastante longa, certo? Como todo mundo vai morrer de qualquer maneira, ninguém realmente conta quantos anos, quantos anos eles têm.

— Eu também parei de contar seriamente, Manato. É diferente com vocês. Parece muito diferente…

Alguma coisa está errada. Alguma coisa? Claramente errado. Pessoas morrendo antes dos trinta. É claro que isso não é impossível. Se não for por causa do tempo de vida. O que significa dizer que alguém teve uma vida longa se viveu apenas trinta anos?

E por que os japoneses pararam de vir a Grimgar? Eu estava pensando vagamente nesse sentido. Talvez algo incomum, não uma ocorrência rotineira, mas um acidente excepcional ou um desastre natural, tenha acontecido em algum lugar do Japão e, como resultado, as pessoas foram enviadas para Grimgar. E então isso parou de acontecer. Talvez o Japão tenha passado por mudanças drásticas.

Se o tempo de vida das pessoas que vivem no Japão diminuísse drasticamente de repente, isso seria uma mudança significativa. Os humanos não são tão longevos quanto os anões ou elfos, mas podem viver até os setenta ou oitenta anos de idade. Essa é a expectativa. O que poderia acontecer para que a expectativa de vida se tornasse menos da metade disso? Não tenho a menor ideia.

— O que aconteceu no Japão em pouco mais de quarenta anos? Será que realmente só se passaram quarenta anos? Parece que… mais… — Notei Manato se levantando. Ele respirou fundo, se espreguiçou e inclinou o corpo para a esquerda e para a direita.

— O que você está fazendo?

— O que você acha? — Manato abriu as pernas, arqueou a parte superior do corpo para trás e depois se inclinou para frente. Ele repetiu o movimento. —Estou mexendo meu corpo. Contanto que seu corpo se mova corretamente, você não morrerá facilmente.

— Bem, acho que é uma maneira de ver as coisas.

— Haru, apesar de viver muito tempo, você se move com leveza, tem uma boa forma. É por isso que você está vivendo tanto?”

— Será que é esse o caso…

— Ei, você tem algo para comer? Tem uma floresta aqui. Ah, tem uma montanha. É alta, não é? — Manato apontou para a cordilheira que se erguia ao sul.

— São as Montanhas Tenryu.

Entendo. Lembro-me de alguém do Japão dizendo que quase não há montanhas tão altas assim no Japão.

— Dragões moram lá. Aqueles que servem aos deuses são proibidos de entrar naquela montanha.

— O que é um dragão? Uma besta? Você pode comer?

— … Comer um dragão seria difícil, não é? É mais provável que você acabe sendo comido.

— Oh, sério? Mas tem bestas na floresta, certo?

— Sim. Bem…

— Se não forem muito perigosos, você pode pegá-los, matá-los, cozinhá-los e comê-los, certo? E tem cogumelos, vegetais selvagens, nozes e coisas assim. A floresta é uma floresta e as montanhas são montanhas, mas acho que elas são diferentes do Japão?

— Se você estiver com fome, provavelmente posso preparar algo que você possa comer por enquanto.

— Sério? Isso é ótimo. Então talvez estejamos bem.

— …Você não está se sentindo desanimado?

— Desanimado? Por quê? Ainda estou vivo, não estou?

Manato riu. Ele estava fingindo ser corajoso? Não parecia. Ele dobrou e esticou os joelhos, virou a cabeça e saltou levemente. O próximo salto foi bem alto.

— Estou preocupado com meus amigos, mas provavelmente ainda estão vivos. Se  estiver vivo, poderá vê-los novamente. Talvez não. Se realmente quer vê-los,  pode ir procurá-los. Não pode? É impossível?

Eu tive que balançar a cabeça.

— …Sinto muito, mas não sei. Até onde eu sei, quem veio do Japão não deveria estar lá.

— Entendo.

Manato respirou fundo e expirou vigorosamente. Ele tinha uma expressão alegre.

Ele disse que tinha cerca de treze anos. Ainda uma criança. Mas não parecia por seu físico. Ele era esbelto, mas não magro; na verdade, ele era incrivelmente tonificado. Provavelmente era mais alto do que eu. Parecia um pouco desproporcional. Seu corpo parecia maduro, mas suas feições e expressões eram estranhamente infantis.

— Bem, surpreendentemente, Grimgar… era isso? Este lugar pode ser mais confortável. Teria sido melhor com amigos, embora. Já que não sei por que estou aqui, não tem o que fazer né.

— …Você é bastante positivo.”

Não pude evitar um pequeno sorriso.

— Posso te perguntar uma coisa, Manato?

— Sim.

— Que ano era no Japão? Se você não entende a pergunta, não precisa responder.

— Ano…

Manato colocou o dedo na têmpora.

— O ano… era 2100? 2100… É vago, mas acho que minha mãe mencionou algo assim… Talvez estivesse no jornal. Mas já faz um bom tempo.”

— 2100…

Cobri a boca com a mão. Meu rosto estava coberto pela máscara da relíquia. Mesmo assim, às vezes eu fazia esses gestos.

— Entendo. Provavelmente, tanto em Grimgar quanto no Japão, a mesma quantidade de tempo se passou. Parece que o Japão mudou muito nesses quarenta e poucos anos…

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