I Don’t Want This Reincarnation – Capítulo 36
Isso é Estranho (4)
Como não queria comer uma refeição pesada, parei num restaurante de fast-food e comprei um conjunto de hambúrgueres.
Logo após isso, saí carregando uma sacola plástica que emitia um odor oleoso e entrei no beco de uma antiga área residencial.
— …
A viela era confusa e estreita, e ainda havia muitas partes onde a escuridão caía; apenas algumas poucas velhas lâmpadas de rua funcionavam.
— Isso me lembrar dos velhos tempos…
Há muito tempo, me mudei para um lugar semelhante quando tinha acabado de começar a trabalhar.
“Acho que é por aqui…”
Era difícil encontrar o endereço que me foi passado no celular, especialmente por conta das placas do beco estarem faltando ou quebradas.
— Seu desgraçado, pare aí!
Enquanto continuava a andar pelo caminho escuro, ouvi um grito másculo.
Thu-Thum!
E com a queda de algumas caixas, uma pessoa apareceu do outro lado.
— ?
Instantaneamente parei para ver o que estava acontecendo.
O indivíduo que parecia estar fugindo não demorou para ser pego pelo homem que o seguia, sendo então derrubado no chão de forma brusca.
— Kim Woo-jin, seu merda, você não passa de um miserável que sentem pena… por que resolveu fazer tanta confusão? Hein?!
— Vá se foder, me solte!
Observando a perseguição animada que estava ocorrendo, franzi a testa para o nome “Kim Woo-jin”…
Tap.
Tap.
Tap.
Com alguns passos dados, me aproximei o suficiente para poder ver o rosto da pessoa no chão; bem, a luz do poste também ajudou.
“É realmente o Kim Woo-jin.”
O canto da boca dele parecia rasgado, como se já tivesse sido espancado uma vez, e um lado do seu rosto estava vermelho…
— Haha…
O homem que agarrava Kim Woo-jin, que lutava para tirar suas mãos, levantou ao máximo possível suas bochechas gordas e riu sarcasticamente.
— Quanto tempo acha que vai durar? Você ficou todo pomposo e seguro depois que aquela guilda o aceitou, mesmo com sua habilidade de merda.
Kim Woo-jin, que encarava o homem através de seu cabelo vermelho suado, cerrou os dentes e disse: — Me erra, seu bosta. Mesmo que me dê milhões, eu não vou! Me solte!
— Pirralho arrogante.
Thud.
— Ggh!
Ao largar severamente Kim Woo-jin contra o chão, o homem arregaçou as mangas de sua camisa de seda e cerrou os punhos.
Mesmo de longe, com apenas um olhar, pude dizer que suas mãos eram maiores do que o rosto da figura que parecia querer acertar…
— Vejamos se continua tão arrogante quando for espancado até não conseguir respirar…
Ao ouvir isso, os olhos de Kim Woo-jin tremeram de forma instável.
— Haa…
Ainda de longe, observando, suspirei e ativei minha habilidade.
Whoosh—
O vento rapidamente se reuniu e começou a espalhar pelo meu corpo… Logo, tomei impulso para frente.
— Você vai aprender a ser— A-Aaargh!
O homem, que foi atingido no ombro pelo meu pé, voou para o lado.
— …?!
Kim Woo-jin, que havia fechado bem os olhos em preparação para a sua dor, voltou a abri-los, parecendo surpreso.
— Ha-Han Yi-gyeol?
— Eu.
— Se-Seu merda…! Quem você pensa que é?!
Um pouco mais longe, o homem que tinha sido subitamente atacado se levantou enquanto cambaleava.
— Um viajante — falei sem rodeios.
— Então, você poderia ter apenas passado! Por que me interrompeu?!
— Ah… Na verdade, eu sou seu colega.
Corrigi minha resposta.
— O quê?! — indagou o homem com uma expressão enrugada, antes de gritar com uma voz cheia de ódio: — Está dizendo que também é membro da guilda?! Como ousa um usuário de habilidade bater numa pessoa comum? Vou denunciá-lo imediatamen—
— Espera. Pensando bem, eu nem sou colega… sou um “independente”.
O indivíduo que estava bufando de raiva há pouco, acabou por fazer uma expressão estúpida por um momento.
— Han Yi-gyeol… por que está aqui?
Kim Woo-jin, que olhava para mim com admiração, interveio na conversa.
— Para jantarmos juntos.
Lembrando disso, entreguei a sacola de fast-food que estava segurando para ele, que franziu a testa.
— Mas então, por que você está sendo espancado?
— I-Isso é…
— Ei, seu merda!
Alternando o olhar entre mim e Kim Woo-jin, o cara enfezado de antes voltou a gritar num tom irritado…
— Por que não fica fora disso e se manca? Se for agora, eu te deixo viver!
Suas palavras me lembravam do passado onde eu tinha brigas; sorri de volta.
— Quem deveria estar dizendo essas coisas aqui sou eu. Vá, desapareça e pare de intimidar crianças.
Com as minhas palavras, o rosto do homem ficou vermelho e mais enrugado.
— Seu merda…
Ele cerrou os punhos, exalou um fôlego rude e começou a vir correndo em minha direção.
— Eu vou te matar!
Sem problema algum, balancei minha mão e desviei levemente do ataque óbvio que voou em direção ao meu queixo.
Swoosh—
Assim, fiz o vento envolver as pernas da figura que me atacava e o levei para o chão.
Thud—
— Urgh!
O homem gritou enquanto seu rosto batia no chão de cimento.
“Isso deve ter doído…”
Mesmo sabendo disso, continuei a usar o vento enquanto olhava para o homem já impotente.
Whoosh— Boom!
Subitamente, seu corpo foi jogado contra a parede e seu braço, que se movia sozinho, começou a bater em seu rosto…
— Argh— Urgh!
Deixei a cena patética se prolongar por uns segundos, antes de desativar minha habilidade; bem, foi suficiente.
O homem logo começou a fugir em desespero…
— Vo-Você vai ver só!
E soltou fora a frase de um vilão de terceira categoria.
Já do outro lado, calado, apenas resolvi continuar a observar suas costas enquanto se afastava.
— Ei…
Kim Woo-jin, que se levantou com seu corpo machucado, olhou para mim com um olhar de constrangimento.
— Han Yi-gyeol…
— O que foi?
Aquela perda de tempo só me deixou irritado e com mais fome…
“Os hambúrgueres já devem estar frios.”
— De verdade, por que está aqui? — perguntou ele, limpando com a manga de sua camisa a área dos olhos manchada de lágrimas e sangue.
— Já falei, estou aqui para jantar com você. Tenho algo para falar também.
Dito isso, examinei cuidadosamente o estado de Kim Woo-jin…
Olhando-o atentamente, pude ver que suas mãos ficaram feridas por conta da queda e que suas calças estavam sujas.
“Acho que vou ter que tratá-lo também…”
— Mas enfim, assuma a liderança e vamos para a sua casa. Não tô a fim de perder mais tempo procurando ela.
— Casa? Mi-Minha casa?
— Óbvio. Agora, pare de fazer perguntas estúpidas e vamos embora.
Ao hesitar por um tempo, Kim Woo-jin logo assumiu a liderança…
— …
Agora, vendo suas costas, vi que parecia muito desconfortável enquanto caminhava.
“Ele torceu o tornozelo também?”
Momentos depois, ao virar da esquina, chegamos à casa de Kim Woo-jin.
Ele, que entrou por um portão enferrujado, dirigiu-se para a entrada de um porão; havia um forte cheiro de mofo no ar.
— Já-Já vou lhe avisar de antemão…
Parando junto à outra porta de ferro adiante, Kim Woo-jin falou com uma voz levemente deprimida.
— É muito estreita por dentro. Desarrumada também.
— E daí? Eu sequer tenho casa. Agora deixe disso e abra a porta.
— Haa…
Em resposta à minha reação indiferente, ele soltou um pequeno suspiro e abriu a porta.
Click.
Tap.
Tap.
Tap.
O interior da casa era realmente muito estreito, como esperado.
Mais adiante um colchão velho era visto colocado de pé no canto da parede, havendo um cabide com roupas ao lado da pequena cozinha.
Olhando para a pequena entrada de ar no teto e para o chão do cômodo, pensei: “É realmente parecido… Acho que todos os quartos semissubsolo são assim.”
Sabia disso por já ter morado num lugar exatamente assim.
Scratch.
Com o repentino ruído que chamou minha atenção, vi Kim Woo-jin abrir uma pequena mesa dobrável e colocar a sacola de fast-food sobre ela.
— É estreito… não é?
— Sim, mas isso não importa.
Embora o cômodo fosse pequeno, era muito mais limpo do que eu pensava…
Depois de lavar as mãos no banheiro, me sentei à mesa e tirei os hambúrgueres da sacola.
— Primeiro, vamos comer. Estou quase morrendo de fome.
— Hm? Tá….
Com minhas falas, Kim Woo-jin, que também havia acabado de lavar as mãos no banheiro, se sentou e recebeu o hambúrguer.
Enquanto comíamos, o observei silenciosamente algumas vezes…
Deve ter sido muito desconfortável comer por sua boca estava machucada, mas não o ouvi reclamar em nenhum momento.
Momento depois, acompanhado com ruídos ocasionais de casa velha…
— Kim Woo-jin…
Voltei a falar enquanto bebericava uma Coca-Cola.
— Você tentou me encontrar depois de acordar esta manhã?
Na minha indagação, Kim Woo-jin enrugou seu rosto; parecendo ficar irritado como se tivesse esquecido do que aconteceu pela manhã.
— Porra, era sobre isso que queria falar? Aliás, aonde você foi sozinho?
— Eu tinha algo a fazer.
— Me dê seu contato. Tentei te ligar, mas eu não sabia seu número.
— Eu tinha deixado meu celular para trás também, então não poderia atender, de qualquer modo.
— E-Eu… antes, eu ia esperar você voltar, mas aí o Mestre veio—
— Tudo bem, tudo bem…
Ao ter sido cortado, pude assistir Kim Woo-jin ficar mal-humorado. Assim, com minha consciência levemente pesada, acrescentei: — Da próxima vez, se possível, eu lhe direi. Está bem?
— …
Ele fez beiço como se estivesse insatisfeito, mas sua expressão logo ficou mais calma.
Deixando isso de lado, tendo enchido meu estômago também, fui limpar minhas mãos oleosas no banheiro.
— Haa…
E depois, coloquei o colchão de pé na parede no chão e deitei; sim, se deitar logo após comer é algo ruim para sua saúde, mas eu estava cansado.
Kim Woo-jin, que tinha estado me olhando em silêncio, apenas começou a limpar o lixo com diligência.
Já ignorado o delinquente do bairro, permaneci deitado em seu colchão, até que finalmente pude ver que ele terminou de limpar as coisas, momento em que passei a sentar no colchão.
— Traga alguns medicamentos.
— Medicamentos?
— Sim. Como Min Ah-rin-ssi está ausente e não pode tratá-lo, eu mesmo vou fazer seus curativos.
— E-Eu estou bem…
— …
Mesmo tendo falado aquilo, Kim Woo-jin acabou por obedientemente trazer uma pomada e curativos.
Já sem rodeios, os peguei, tirei os curativos amassados que pareciam estar guardados por muito tempo e falei: — Sente-se. Tentarei ser rápido.
— N-Não precisa, eu mesmo fa—
— Vai fazer curativos com aquele espelho quebrado do banheiro? Sente-se logo.
No fim, hesitando, Kim Woo-jin sentou-se na minha frente…
— Feche seus olhos.
Quando recebi os medicamentos, mandei ele fechar os olhos; era um pouco desconfortável trocar olhares.
— …
Quando Kim Woo-jin ficou de olhos fechados, apertei a pomada e derramei seu conteúdo sobre meu dedo…
— Ugh!
Quando toquei no canto de sua boca com meu dedo de pomada, ele estremeceu.
— Fique quieto.
Contudo, acabou por aceitar calmamente o toque, que não foi suave, pois sua testa ainda franziu.
— Agora que já terminei com sua boca, explique.
— Hã?
Olhando-o de perto, o sangue que era visto sob seu olho não estava vindo de um ferimento grave; fiquei contente…
— O que quer dizer com “Hã?“? Me fale quem é o desgraçado de antes.
— …
Kim Woo-jin, que não falou mais nada até que eu terminasse de aplicar o medicamento e colocar um curativo, abriu cuidadosamente os olhos e agarrou meu braço.
— ?
Seus olhos cor de cobre, de frente para mim, cintilavam na luz.
— É por causa de minha habilidade…
— Ele pediu para ajudá-lo com algum trabalho?
— Sim… Na verdade, ele que me ajudou há um tempo…
Kim Woo-jin piscou lentamente seus olhos; pude ver um pequeno ponto sob a sobrancelha direita… um sinal de pele.
— Quando me tornei um despertado, eu tinha por volta 17 anos… foi por aí que ele me achou e sugeriu que trabalhasse com ele.
Bem, era compreensível…
Aos olhos de certas pessoas como ele, ou eu mesmo, as habilidades de Kim Woo-jin eram realmente bastante úteis…
— Naquela época, eu era jovem e passava por dificuldades, então… acabei aceitando.
No entanto, não havia como sua mão de obra ser devidamente remunerada; afinal um jovem estava lidando com indivíduos que eram os melhores em passar a perna em qualquer um.
— No início, estava tudo indo bem. O trabalho não era muito difícil, e eu era pago por ele.
— Aí esse “trabalho” começou a ficar ainda mais perigoso e ele não queria pagar corretamente.
— Isso mesmo…, mas, felizmente, o Mestre me encontrou, assim consegui fugir de tudo aquilo.
— …
— E quando expliquei minha situação para ele, um quarto me foi alugado… foi então que saí dessa casa por um tempo.
— O cara de hoje é do lugar onde trabalhava antes?
— Não… Esse é outro. Algumas vezes ele aparece perguntando como estou, e no fim me pede para ajudar a transportar drogas…
— Recuse. Nunca se envolva com desgraçados desse tipo, eles são espertos.
— Hm? Ce-Certo…
Kim Woo-jin fez uma expressão sutil.
— Ele fazia confusão toda vez que vinha?
— Até antes, ele só me sugeria pensar positivamente sobre a proposta de trabalho, mas como acabei não voltando para casa com frequência e comecei a evitá-lo, as coisas acabaram daquele jeito… ele tentou me levar à força.
“É por isso que não deve fazer qualquer negócio com gente assim…”
— Bem, como não há mais nada que possa ser feito. Venha ficar comigo no meu quarto.
— Hã?
— Você já foi espancado hoje… E amanhã podem aparecer mais pessoas prontas para fazer isso novamente. Vai poder lidar com isso?
Com as minhas palavras, os olhos de Kim Woo-jin vacilaram…
Ele, que tinha estado sentado firme o tempo todo a minha frente, logo relaxou seu corpo e pousou sua cabeça contra meu ombro.
— Não… eu não vou conseguir lidar… Hoje, eu estava com medo.
— Sabia…
Olhando para baixo, pude ver que, em seu rosto, suas sobrancelhas afiadas estavam para baixo; deixando-o com uma expressão triste.
Em outras palavras, era como ver um gatinho abandonado num dia de chuva.
— Então, venha e fique no meu quarto como ontem. Mas o sofá não é um pouco desconfortável?
— Não… O sofá é ótimo. Muito melhor do que aqui…
Acenei com a cabeça enquanto sentia pena.
Como uma pessoa sensível como Kim Woo-jin poderia suportar situações como essas?
— Certo… não sou de dividir quarto, mas não me importa se for com você. Bom, agora vá arrumar suas malas para ir.
— Certo.
Talvez fosse por ter se sentido melhor depois que um de seus problemas foi resolvido, mas pude ver Kim Woo-jin ligeiramente esboçar um sorriso para mim; acabei sorrindo para isso.
Era como ter um irmão mais novo com uma grande diferença de idade…
Momentos depois, tendo terminado completamente os curativos de suas outras feridas menores, levantei-me e disse: — Como essa porta pode se abrir quando for forçada… recomendo que traga todos os seus pertences importantes.
— Está tudo bem. Não há nada assim por aqui.
Depois de ter dito isso, as únicas coisas que vi Kim Woo-jin pôr dentro de uma mochila foram seu celular, um carregador e algumas roupas…
— Certo, então vamos.
Mais tarde, com Kim Woo-jin me seguindo, voltei ao prédio da guilda.
Ele podia ser um parceiro inesperado para ficar comigo, mas não era particularmente ruim.
Bem, na verdade, Kim Woo-jin era o mais confortável para se ter por perto.