Capítulo 118: Manela
Manela, a mulher alta, caminhou até Wyntor e assentiu em cumprimento.
Nick olhou para ela com bastante admiração.
Ela era tão alta e forte, e sua postura parecia tão confiante.
Nick nunca tinha visto alguém assim nos Dregs.
— Imagino que tenha se divertido? — Wyntor perguntou com um suspiro.
— Sim — Manela respondeu com um aceno confiante — mas seus guardas são inúteis. Eles nem me notaram até que eu me mostrei voluntariamente. Você precisa de melhores.
Os guardas ouviram Manela. Normalmente, eles teriam protestado, mas dessa vez ficaram quietos.
Sim, eles eram muito bons no que faziam, mas aquela era uma Veterana da Kugelblitz!
Claro que não estavam no nível dela!
Se estivessem, não estariam trabalhando para um cliente pequeno como a Sonho Sombrio!
— Eles são mais do que bons o suficiente pelo que eu pago — Wyntor disse com um sorriso amigável. — Se eu contratasse guardas com os quais você estaria satisfeita, eu perderia mais dinheiro do que ganharia.
Manela exibiu uma expressão desinteressada, mas Nick pôde perceber que ela entendeu.
No momento seguinte, Manela lançou um olhar para Nick.
Nick ergueu uma sobrancelha.
Manela franziu as sobrancelhas.
— É esse o cara? — Manela perguntou.
— Sim, este é Nick, meu Chefe Extrator Zephyx — Wyntor disse, indicando Nick.
— Chefe Extrator Zephyx — Manela repetiu com desgosto.
Quando ela ouviu Chefe Extrator Zephyx, a imagem do próprio Chefe Extrator Zephyx da Kugelblitz passou por sua mente, um Extrator Zephyx nível seis, um Herói.
Comparado àquela pessoa, Nick parecia uma criança.
— Oficialmente, suponho que o título seja preciso — Manela disse.
Nick respirou fundo.
Silêncio.
— Não vai perguntar? — Manela perguntou.
— Não — Nick respondeu. — Eu sei o que você quer dizer.
— Hmph — Manela resmungou enquanto observava Nick por mais um momento. — Bom, dinheiro é dinheiro, suponho.
Nick assentiu e estendeu a mão para um aperto. — Prazer em trabalhar com você.
Manela olhou para a mão com as sobrancelhas franzidas. — O que você está fazendo?
— Aperto de mãos — Nick disse como se fosse óbvio. — Não é assim que as pessoas da Cidade Interna se cumprimentam?
Os olhos de Manela se estreitaram.
Nick ergueu uma sobrancelha.
Ele fez algo errado?
Wyntor pigarreou desconfortavelmente. — Nick, um aperto de mãos é mais para interações entre negócios. A menos que estejam em uma reunião oficial, Extratores geralmente não se cumprimentam assim.
— Pode contar a ele — Manela disse. — Não precisa mentir por mim.
Wyntor pigarreou novamente. — E Manela não é da Cidade Interna. Ela costumava viver na Cidade Externa.
— Ah — Nick disse, recolhendo o braço. — Eu não sabia.
Manela apenas olhou para Nick. — Você cheira a frango — ela disse.
Nick não tinha certeza de onde Manela queria chegar. — Sim, eu como todos os dias.
— São bons? — ela perguntou.
— Muito — Nick respondeu. — É a melhor coisa que já comi na vida.
Manela ergueu uma sobrancelha.
Nick não parecia estar mentindo.
Então, um sorriso casual surgiu em seu rosto. — Obrigada. Minha mãe cria os que vendem aqui, e meu pai os abate. Sua apreciação pelos frangos é o motivo de eles ainda estarem trabalhando até hoje.
Nick piscou algumas vezes, surpreso, enquanto pensava nos frangos que tinha comido.
Os pais de Manela eram os responsáveis por criá-los e abatê-los?
— Os frangos têm um sabor incrível — Nick disse com um aceno.
— Obrigada — Manela disse com um pequeno sorriso.
Mas então, sua expressão imediatamente se transformou em um cenho solene, cheio de seriedade.
— Não temos tempo para isso — ela disse.
Nick assentiu.
Eles não estavam ali para falar de frangos.
— Pegue suas lanças — Manela ordenou.
— Eu tenho uma — Nick disse, pegando uma delas.
Clank!
Manela empurrou a lança para o lado, e ela caiu no chão.
— Pegue o conjunto inteiro — ela ordenou. — Ouvi dizer que você tem um conjunto de cinco. Pegue todos. Deixe suas braçadeiras no seu quarto.
Manela já tinha percebido o motivo de Nick não estar carregando todas as suas lanças.
A única lança que ela jogou para o lado já era pesada demais para alguém como Nick.
Um conjunto de cinco seria absolutamente brutal de carregar, e se Nick também usasse suas armas de punho, as coisas só ficariam mais complicadas.
— Claro — Nick disse, virando-se para sair.
— Leve sua lança com você — Manela ordenou.
Nick franziu as sobrancelhas. Ele voltaria ali de qualquer maneira. Por que deveria levar a lança com ele?
— Mostre respeito ao trabalho artesanal — Manela explicou, vendo a expressão de Nick. — Uma lança só deve permanecer em três lugares quando não estiver sendo usada.
— Nas suas costas.
— Cravada em algo.
— Ou sobre uma superfície limpa.
— Você pode cravar sua lança no chão do armazém, já que é isso que uma lança deve fazer, mas não tem permissão para deixá-la jogada em um chão tão sujo.
Manela estalou os dedos, e a lança no chão voou sozinha para sua mão.
CRACK!
No momento seguinte, ela lançou a lança de Nick para baixo, e ela cravou perfeitamente no chão.
— Assim está certo — ela disse.
Então, deu um chute na lança, e ela caiu no chão.
— Assim não está.
“Mostrar respeito ao trabalho artesanal?” Nick pensou.
Naquele momento, Nick pensou em como se sentiria se produzisse algo com toda a sua paixão e amor e depois visse aquilo sendo jogado no chão com desdém.
“Provavelmente eu não me importaria, mas consigo entender como alguém poderia ver isso como falta de respeito”, Nick pensou.
— Entendido — Nick disse, abaixando-se e levantando a lança.
Depois de colocá-la nas costas, Nick deixou o armazém.
Enquanto isso, Manela olhou para Wyntor. — Ele é maleável — ela disse. — Isso é bom.
Wyntor assentiu. — Vejo muito potencial nele.
Silêncio.
— Você não concorda? — Wyntor perguntou.
Manela olhou para a saída com as sobrancelhas franzidas.
— Não sei.
— Ele é maleável, e consigo ver um fogo queimando dentro dele.
— Mas, por outro lado, ele também me dá uma sensação que já senti em muitos dos meus colegas.
— É como se ele estivesse lutando uma batalha sem esperança, e soubesse disso no fundo.
— Ele parece idealista demais.
— Pessoas assim não costumam viver muito.