Capítulo 7: Rei Carmesim
Tradução: Reiki Project
Tarde da noite, Raishin estava sob a cidade com Komurasaki.
O ar úmido refrescava sua pele. As paredes eram endurecidas com cimento e o teto tinha luzes elétricas acesas. Surpreendentemente, os prédios principais da cidade eram todos conectados por túneis subterrâneos.
Em uma sala, dentro da área de controle, onde rifles estavam alinhados em uma parede, Raishin prestava atenção enquanto segurava um telefone.
Ele ouvia atentamente a voz, enquanto observava mais de dez cidadãos armados prenderem suas respirações.
“Como vão as coisas, Penúltimo?”
— Passáveis.
Respondendo levemente às palavras de Kimberley, Raishin bateu a câmara na mesa.
Ao lado, havia fotos que acabaram de ser reveladas. Havia dez ou mais delas. E Raikkönen estava nas fotos. Ele também tirou uma foto do calendário, relógio e edifícios, bem como a data e o local onde foram tiradas. Todas as fotos estavam escuras, mas se um profissional as julgasse, seria possível provar que [o impostor de Raikkönen estava na cidade].
— Foi um trabalho fácil. Afinal, o melhor autômato do mundo está comigo.
Ao contrário de seu tom leve, suor frio brilhava na testa de Raishin. Ao que parece, Komurasaki também estava exausta parada ao lado de Raishin.
— Posso enviar estas fotos para a Cidade das Máquinas?
“Faça isso depressa. Seremos capazes de fazer algo antes que Raikkönen se mova. Você não foi notado, certo?”
— Ele é um Wiseman, certo? Não posso afirmar com certeza que ele não me notou.
“Você não está sendo excepcionalmente humilde? Foi assim tão difícil?”
— Bem, foi difícil me controlar. Ser atacado na cama durante o sono seria mais fácil do que isso.
“Você se controlou bem.”
— Ei, ei… é estranho ser elogiado por você.
“Estou elogiando você. Se tentar atacar um Wiseman como está agora, você seria imediatamente transformado em cinzas.”
Palavras diretas que afirmavam os fatos como eles de fato eram. Quando ele pensou em se aproximar de Raikkönen, o medo que havia sentido em sua pele foi revivido e causou um arrepio na nuca de Raishin.
“Na verdade, parece que ele levou algumas mercadorias ridiculamente perigosas.”
— Autômatos?
“Você ficará surpreso ao ouvir isso. Seu armamento é a antiga boneca lendária— Frisberg. Acho que ela é mais conhecida como Código HV, não é?”
— …Desculpe. Eu não conheço nenhuma das duas.
*Bump.*
Um som surgiu do outro lado da linha.
Sem chance, parece que a Kimberley caiu.
Ele pensou. Mas, como se nada tivesse acontecido, Kimberley—
“É um objeto datado da segunda metade do Renascimento, reservado para ele pela Marinha. Naturalmente, a tecnologia de fabricação já se perdeu. Se você perguntar o preço, ficará atônito com a resposta. A resposta seria algo em torno do alto preço da sua parceira multiplicado por dez.”
— A Shouko-san ainda está viva, por isso ela não consegue superar o preço das antiguidades. Em vez disso, por favor me dê informações sobre o circuito mágico.
“Hum… se eu fosse comparar com os circuitos que você encontra ao seu redor, seria algo semelhante ao da Irori.”
— Parecido com o da Irori? O que você quer dizer com isso?
“O circuito da Irori rouba o calor ao redor do alvo. Frisberg faz o oposto. Fornece calor para que o alvo desapareça… em apenas um instante.”
— Não. Não é apenas isso.
Raishin lembrou-se de algo que percebeu quando discutiu com Raikkönen.
Apesar de tê-lo pego completamente desprevenido, Raikkönen rapidamente se esquivou dele transformando-se em chamas. Não era apenas uma habilidade de manipular o calor.
As chamas não tinham substância. Não poderiam ser danificadas por lâminas ou armas de fogo.
Além disso, o oponente era um Wiseman. A capacidade dos usuários nessa disputa era esmagadoramente diferente.
Kimberley riu provocativamente, como se tivesse lido os pensamentos de Raishin.
“Mesmo que você tivesse uma chance em um milhão, você não vai vencer. Mas você vai tentar assim mesmo, não vai?”
— Sim.
“Você é um homem completamente tolo. Existem boas notícias para você. Nosso Padrinho fez seu movimento.”
— Padrinho…? Se bem me lembro, esse é o chefe da Nectar, não é?
“Ele é uma espécie de líder, se quiser chamar assim. Na verdade, ele teve uma conferência com o Tenente General Raikkönen.”
— Uma conferência? Sobre o que eles conversaram?
“O impostor do Tenente General Raikkönen está trabalhando de forma fraudulenta em Sheffield, algo nesse sentido.”
— Mas as evidências ainda não foram enviadas?
“Eloquência é o movimento característico de um mago. Tendo ouvido uma conversa que misturava verdades e mentiras, o verdadeiro acabou dizendo que ordenou que a Polícia prendesse o impostor— para tentar lidar com uma situação impossível.”
Ele estava horrorizado. Ele realmente pensava que a Nectar era aterrorizante.
Entendo. O Padrinho está no topo do mundo mágico— aquele que nomeia os Wiseman. Se uma entrevista fosse solicitada, eles não poderiam simplesmente recusar.
O verdadeiro não deveria estar em Sheffield agora, porque deveria estar de plantão no Palácio Real. Ele tinha que proteger o Rei, que era alvo de Edmund.
No entanto, Raikkönen estava ligado a Edmund e não ao Rei.
Ele tentou incriminar Griselda como a “líder dos rebeldes”. Reconhecendo o rosto de Raishin, ele decidiu mirar nele. Raishin deduziu isso a partir desses dois fatos.
Era apenas uma conjectura, mas parecia que ele estava certo. Afinal, o impostor de Raikkönen tinha que fazer com que o verdadeiro fosse tratado como falso.
— …Se houver ordens para o Exército, eles não serão repreendidos se eu acabar me ferindo de forma impensada?
“Sem problemas desta vez. A Nectar também decidiu cooperar com a prisão do impostor. Mesmo se você fosse fazer algo, poderia insistir que essa é a intenção da associação. O Padrinho parece ter dito isso, portanto— não será um problema. Se você puder derrotá-lo, então, por favor, derrote-o.”
— …Ele tem uma opinião bastante elevada sobre mim, não é?
“Isso é tudo que posso fazer daqui. Envie as fotos o mais depressa possível. Elas serão necessárias para o trabalho.”
— Como sempre, estou em dívida com você.
“Sim, você me deixa farta o tempo todo. Mais alguma coisa?”
— Deixe-me falar com a Yaya, por favor.
“Achei que você diria isso.”
O que substituiu a voz risonha de Kimberley foi uma um pouco mais distante—
“Raishin?”
Ele pôde ouvir a voz tímida de Yaya.
O coração de Raishin estava cheio de nostalgia. Ele tinha a sensação de que não a via há anos, mesmo que houvessem se passado apenas duas semanas desde que ele partiu.
— Você está bem, Yaya?
“Sim. Parece que o Raishin também está bem.”
Uma voz alegre. A inocentemente feliz Yaya pareceu subitamente adorável.
“Raishin, você está se esforçando demais outra vez, não é?”
— Sim. Eu fiz várias coisas até agora, mas de certa forma, esta é a mais cruel de todas.
De todo modo, ele foi superado. Mesmo que Magnus ainda não fosse um Wiseman.
“Raishin. A Yaya está… a verdade é…”
A voz animada de Yaya de repente soou estridente.
“Eu quero voar para aí agora e lutar junto de Raishin…”
— Eu sei. Obrigado.
Um momento de silêncio.
Em que diabos a Yaya está pensando?
Em pouco tempo, ele voltou a ouvir sua voz alegre usual.
“A Festa Noturna começa novamente em duas semanas, certo? Tudo bem se eu passar todo o meu tempo livre praticando?”
— Sim, está tudo bem. Bem… eu posso entender melhor agora. Muitas coisas.
“Entender? Como o quê?”
— Como o quanto eu dependo de você.
Ele confiava na habilidade de Yaya. Ele tinha se esquecido de se desenvolver mais.
— A razão pela qual a Shouko-san a colocou sob meus cuidados… O significado das palavras que a Irori disse no passado: “A Yaya é a mais adequada para escoltar pessoas importantes”. A razão pela qual a Shouko-san deixou que a Komurasaki me acompanhasse nessa viagem… algo assim, mas é basicamente isso.
Yaya não disse nada e escutou as palavras de Raishin. Ele falou, com um tom terno atípico dele.
— Quando eu voltar, me acompanhe no meu treinamento. Há algo que eu gostaria de experimentar.
“É claro. Se o Raishin desejar, a Yaya obedecerá a qualquer posição sexual.”
— Não vamos tentar uma coisa dessas! E eu quis dizer treinamento de magia!
Sua troca habitual. Devia ser irritante, mas na verdade era estranhamente relaxante.
Apesar do combate arriscado e potencialmente mortal que se aproximava, Raishin desligou o telefone com uma sensação de tranquilidade.
Komurasaki enrijeceu seu lindo rosto e olhou para Raishin.
Eles acenaram um para o outro e se levantaram das cadeiras ao mesmo tempo.
Examinando os cidadãos ao redor, Raishin explicou os detalhes da operação.
Parte 2
Kimberley apoiou o queixo nas mãos e observou as costas de Yaya, que permaneceu parada.
A ligação parecia ter terminado. No entanto, Yaya não largou o receptor do telefone.
— Nossa, seu querido mestre com certeza está com dificuldades.
Kimberley suspirou, levantou-se e colocou a palma da mão sobre o ombro de Yaya.
— Mas você foi paciente, não foi?
*Assente.*
Yaya acenou com a cabeça. Seu rosto já estava ensopado de lágrimas.
Raishin tentou desafiar um Wiseman— a própria [morte], mesmo não a tendo ao seu lado.
Ansiedade e um sentimento de impotência. Suportando a dor que era semelhante a que ela sentiria caso tivesse seu corpo dilacerado, Yaya se comportou como de costume.
Kimberley deixou Yaya em silêncio e foi até a janela.
Um homem vestindo uma capa preta estava parado ali, exatamente como na noite anterior.
— Esse garoto pode fazer isso, irmão Uguisu?
Ele perguntou em um sussurro. Kimberley acenou com a cabeça e respondeu.
— Mesmo que eu diga que ele não pode, ele é alguém que vai conseguir assim mesmo. No entanto— honestamente falando, eu estou surpresa. Ele ainda é apenas um estudante e um garoto imprudente. No entanto, o próprio Padrinho irá ajudá-lo.
— Eu já esperava por isso. Ele tem interesse no lado negro da Academia. Se ele puder usar alguém daqui, então poderá se aproximar dos motivos ocultos de Rutherford.
— Os magos procuram compensação, afinal.
Ela acabou abrindo um sorriso amargo. Magos se dedicavam a investigar a verdade. Eles eram fundamentalmente românticos, mas a menos que fossem mais pragmáticos, não obteriam sucesso.
— E mais uma coisa. Há uma razão pela qual o Padrinho agiu por conta própria.
— Você vai dizer qual é?
— Você também disse isso antes. O Padrinho pensou “esse garoto não é a criança sobre a qual a previsão falava?”. Ou ele ou—
— Seu irmão mais velho?
Ela puxou suavemente o queixo. Uma afirmação.
— Que contraste interessante. Um gênio extraordinário que criou uma boneca proibida ainda no início da adolescência e foi elogiado como o melhor em gerações— e uma criança problemática com um desempenho acadêmico pífio, hein.
— Causa e efeito são uma coisa interessante, não são? Não, não seria melhor chamarmos isso de ironia? Dois candidatos vieram de uma mesma família do Extremo Oriente e de um grupo de mercenários com sangue nas mãos.
Embora não seja minha função dizer isso.
Kimberley riu de si mesma.
Eu também conheço o gosto da guerra. Essas mãos estão manchadas de sangue e tiraram a vida de muitas pessoas. Eu não tenho o direito de apontar quaisquer defeitos da família Akabane.
O homem olhou pela janela para a lua se pondo no céu.
— Inovação tecnológica, aprimoramento de teorias e condições sociais turbulentas— Materiais o bastante para criar Machine Dolls. Como quando o antigo mar estava cheio da [origem] da vida.
Pouco antes do nascimento do primeiro ser vivo, a Mãe Mar ficou saturada com sua [matéria].
Antes que a grande mudança ocorresse, as condições para a mesma foram atingidas.
— Em breve alguém irá [derrubar o primeiro dominó] e a humanidade obterá a Machine Doll. O Padrinho previu que a criança desempenharia esse papel. E este é o local onde o conhecimento da magia está mais concentrado— não há outro lugar onde a Festa Noturna possa ser realizada além desta Academia.
Um lugar onde as Artes Mecânicas e a Magia Mecânica disputam entre si. Um lugar onde ensaios experimentais se colidem, e são testados e eliminados, e onde algo novo estava para surgir— essa era a Academia Real.
O mundo agora estava enfrentando uma mudança estrutural.
Um rápido desenvolvimento científico e tecnológico. A ascensão do imperialismo. Capitalismo e regras coloniais. Uma era em que a ordem do velho mundo entrou em colapso e um novo sentido de equilíbrio foi buscado—
Esta crise social estava, ironicamente, encorajando a evolução da humanidade.
Os humanos são criaturas essencialmente preguiçosas. Sem serem pressionados por uma ameaça, eles não fariam nada.
Para levá-los a fazer algo, primeiro era necessária a existência de uma [crise].
De repente, um pensamento terrível veio à mente de Kimberley.
Por acaso, essa condição social foi… causada por alguém?… Idiota. Isso não passa de uma teoria da conspiração.
Ela balançou a cabeça. Nem mesmo as Rosas da Associação poderiam criar algo nessa extensão.
O homem puxou o capuz e olhou para Yaya com suas pupilas douradas.
— Para a humanidade que obtiver Machine Dolls, o resultado de obtê-las será o mesmo que um desastre? Ou será a prosperidade? — Eu desejo, tenho esperanças por uma era melhor.
Seus olhos estavam direcionados para Yaya, que ainda segurava com força o receptor do telefone e chorava de forma comovente.
Parte 3
Infelizmente, quando ele saiu da delegacia, estava chovendo lá fora.
A chuva fina parecia grudar em sua pele. Raikkönen olhou para o céu nublado e franziu a testa para o sinal inquietante. As nuvens pareciam literalmente ameaçadoras. Elas causavam nele uma sensação ruim.
A polícia estava sob seu controle. Era improvável que os cidadãos mostrassem qualquer resistência.
No entanto, relaxar demais era perigoso. Os cidadãos estavam acostumados a lutar. Quando Griselda resistisse, seria muito problemático ser atacado pelas costas pelos cidadãos.
Raikkönen revisou a formação de sua equipe e decidiu deixar oito pessoas a mais que o planejado na cidade.
Oito pessoas posicionadas em pontos-chave da cidade, enquanto ele próprio se dirigia até a Residência Weston com outras três pessoas. Afastados cerca de dez metros uns dos outros, eles avançaram em linha reta pelo caminho que levava diretamente até a colina.
De repente, o subordinado que estava na ponta da fila parou no meio do caminho e olhou ao redor, parecendo suspeitar de alguma coisa.
— Não é estranho? Posso sentir que o castelo… está muito mais distante do que estava ontem.
Um leve desconforto. Claro, Raikkönen também sentia isso. Ele parou sua equipe, aguçou seus próprios sentidos e procurou pela origem do desconforto.
Ele estava bem entre a colina e a cidade. O relógio marcava dez horas. Sem ser capaz de sentir nenhuma presença humana com sucesso, e sem sentir nenhum tipo de traço de poder mágico—
Não, ele sentiu. Alguém estava usando magia?
— Voltem para a cidade!
Ele emitiu instruções e usou sua magia.
Ele transformou seu próprio corpo em chamas, diluiu sua existência e aumentou a densidade novamente em um ponto distante de onde estava há um momento atrás. A teoria básica uma vez ensinada por seu mestre refinada para ser utilizada até mesmo em uma situação real de batalha.
A grande distância foi percorrida através de um atalho e ele voltou para a cidade.
Porém, já era um pouco tarde demais.
O que aconteceu? Os subordinados que haviam sido deixados para trás estavam presos e seus autômatos destruídos.
Era inacreditável, aquilo parecia ter sido feito pelos cidadãos. Os cidadãos armados com rifles e cassetetes tentavam prender seus subordinados e afugentá-los.
Esta não era mais uma situação em que ele poderia se preocupar em esconder sua identidade.
Raikkönen decidiu usar magia e atacou com intenção de ameaçá-los.
Chamas surgiram nas pontas de seus dedos e pilares de fogo elevaram-se sobre os arredores. A explosão ceifou os cidadãos e os policiais foram dispersados.
Os cidadãos ficaram chocados, largaram os subordinados de Raikkönen e fugiram o mais depressa que suas pernas podiam carregá-los.
Obviamente, fugir era inútil. Tudo aquilo se encontrava dentro do campo de visão de Raikkönen. Para enfraquecer a resistência, o próximo tiro foi disparado— e bem diante de seus olhos, os cidadãos desapareceram.
Aquele número de pessoas em apenas um instante. Era como se eles tivessem sido engolidos por uma neblina.
— Tenente General! O que diabos…!?
Os subordinados que conseguiram alcançá-lo gritaram. Os experientes e destemidos lutadores estavam tremendo.
Raikkönen, por outro lado, não estava. No entanto, ele sentia o perigo. A presença dos cidadãos, que ele havia sentido antes, agora tinha desaparecido.
Agora aquela era uma cidade fantasma. No entanto, ela não deveria estar assim.
Subitamente, houve um grito e um de seus subordinados caiu. Ele agarrou o pescoço dele e percebeu que ele estava sofrendo. Ao que parece, ele não conseguia respirar.
Mais um caiu, então outro e, finalmente, três deles caíram onde estavam.
Antes que ele percebesse, uma fina fumaça roxa pairava sobre ele.
Um forte estímulo subiu por seu nariz. Com a garganta queimando, Raikkönen caiu de joelhos.
Ele estava com dificuldades para respirar. Aquilo era gás venenoso? Ele concentrou poder mágico para tentar queimar o gás, mas acabou surpreendido.
Não havia chamas. Frisberg não reagia!
O autômato estava selado…?
— Então é isso?
Este dilema incrivelmente conveniente mostrou a verdade a Raikkönen.
Raikkönen fechou os olhos e cortou todas as sensações.
Ele tentou se levantar lentamente. Seu corpo se contraiu e não se moveu— ao menos era o que parecia, mas na verdade tratava-se de uma alucinação. Na verdade, Raikkönen deveria ter se levantado normalmente.
— …Bom, não é fácil?
Ele ouviu uma voz. No momento em que tentou encontrar a localização da voz, uma bala perfurou sua testa.
Sangue fresco respingou com uma dor que parecia ter reduzido seu cérebro a nada. O gosto forte de sangue e a angústia desesperada que o atacou— Raikkönen estava atônito.
De fato, essa é uma alucinação maravilhosa. Está controlando 90% dos meus sentidos.
Na verdade, a bala não feriu Raikkönen. O corpo dele havia se transformado em chamas perfeitamente e se esquivado da bala. Este sangue e dor eram apenas alucinações que o inimigo estava mostrando a ele.
— …Maravilhoso.
Ele não era de modo algum orgulhoso. Seu controle de poder mágico era de um nível superior, e não tolerava que outras pessoas tentassem usar interferência de poder mágico ou coisa semelhante contra ele, sempre sendo capaz de ver através das informações distorcidas quase que imediatamente.
E mesmo assim, este inimigo conseguiu enganá-lo quase perfeitamente.
— Mas isso não passa de um truque de mágica dissimulado. Uma mera ilusão.
Normalmente desperdiçar seu fôlego era ineficaz. Sua intenção era identificar os adversários e ganhar tempo.
— Dissimulado é algo totalmente inesperado por você, não é? A magia produzida pelo trabalho da Karyuusai, a maior artesã dos tempos atuais. A névoa de várias camadas leva os cinco sentidos a loucura, e domina o coração, a mente e a consciência.
— Você é o aluno que estava na residência Weston ontem?
— Me chame pelo meu nome. Você já sabe qual é, não é mesmo?
— Raishin Akabane— não é?
— Então você realmente sabe, hein. Isso mesmo. E seu grupo tem relação com sua Alteza, Edmund.
Embora não tenha mostrado em seu rosto, Raikkönen sorriu ironicamente em sua mente.
Ele pretende me enganar? É um garoto muito engenhoso.
Ele podia ouvir sua voz, mas não identificar seu paradeiro. Sons de uma arma ecoavam continuamente, atirando em Raikkönen. Não estava claro devido à alucinação, mas provavelmente a maior parte de seus subordinados haviam sido derrotados.
— …Que barulhento.
Ele liberou uma quantidade um pouco maior de poder mágico concentrado em apenas um instante.
Nada aconteceu.
Não, algo aconteceu. Na verdade, as chamas de Frisberg deveriam ter explodido, causando uma imensa destruição ao redor. Ao menos, a fonte das balas foi completamente queimada.
Raikkönen chamou pelo calouro disforme na cidade ilusória que havia ficado completamente em silêncio.
— Eu quero perguntar algo. Você me ataca, e então o quê? Meu objetivo é recrutar Griselda Weston— mesmo se eu for morto, um novo negociador será despachado para cumprir a tarefa.
— …Quem você pensa que está enganando com essa história de negociação!? Com um monstro desses como autômato— um monstro como você é necessário para meras negociações? Você sequer possui uma licença?
Licença. Uma permissão para matar. Ele parecia estar familiarizado com questões internas do Estado, ainda que fosse apenas um estudante.
Exatamente, caso Griselda viesse a resistir, ele havia recebido ordens para “apagá-la”.
——Não, isso era um pouco diferente.
A ordem que Raikkönen havia recebido era, no fim das contas, forçar Griselda a resistir.
— …Parando para pensar sobre isso, você também foi um estudante da Academia, não?
Raikkönen estava perplexo. Aquelas palavras foram imprevisíveis, mesmo para um Wiseman.
— Então você sabe, certo? Durante as férias de verão, existe uma coisa chamada “Projeto de Pesquisa”.
— E o que tem isso?
— Vou te contar meu lema. Eu derrotei um Wiseman!
Naturalmente, um sorriso encheu seu coração.
Raikkönen sentiu alegria pela primeira vez em muito tempo e se interessou pelo poder demonstrado por outra pessoa pela primeira vez em muito tempo.
Parte 4
Eu escutei o som de uma explosão e senti um poder mágico agora mesmo?
Griselda, que se levantou de um salto, inconscientemente baixou a postura e levou a mão ao punho da espada.
O som de explosões ressoou do lado de fora, vindos da direção da cidade.
Quando ela percebeu, o fogo estava aumentando na cidade!
— Aquele idiota… algo terrível deve ter acontecido!
Incapaz de se conter, ela saltou pela janela carregando apenas sua espada gasta pelo tempo.
A primeira coisa que ela precisava fazer era proteger os cidadãos. Mesmo agindo assim tão tarde, Griselda ainda era reconhecida como uma lorde. Consumindo uma quantidade generosa de [Fios]— de seu próprio sangue, ela interferiu com sua própria circulação mágica e aumentou sua força física. Então correu para a cidade em alta velocidade.
Quando ela chegou, a cidade estava em um estado terrível.
O ar estava anormalmente seco. Uma nuvem de poeira dançou e o cheiro de terra queimada pairou sobre ela.
A rua principal foi transformada em um terreno baldio. Não havia engano, aquilo foi feito pelo [O Carmesim]. Havia apenas alguns magos no Exército que poderiam fazer esse tipo de coisa.
Ela forçou os olhos enquanto corria. Enquanto pensava, ela pôde ver a parte de trás de alguém parecido com Raikkönen.
— Senhorita Weston!
Ouvindo uma voz chamando-a de seu lado, ela parou repentinamente.
Ela viu os cidadãos se reunindo e se escondendo atrás de um prédio desabado.
Homens e mulheres de todas as idades acenaram suas mãos com sorrisos que estavam prestes a explodir.
— Idiotas! O que vocês estão fazendo!?
Cowen, que era o mediador da cidade e funcionário do Governo, deu um passo à frente.
— Estamos nos livrando dos vilões, Senhorita Weston.
Dizendo isso sem qualquer traço de timidez, ele enviou um sinal para o seu grupo. Quando os cidadãos abriram espaço, os subordinados de Raikkönen foram atirados ali.
Mesmo Griselda ficou pasma.
— O que está acontecendo aqui…!?
Seis marionetistas gravemente feridos. Oito autômatos destruídos.
O ataque no outro dia foi apenas “um ataque noturno de rufiões”, mas desta vez quem estava atacando era um “mensageiro enviado pelo Exército”. Se isso viesse à tona, o Exército não ficaria em silêncio.
Quando ela estava prestes a gritar com eles, o som de uma explosão a interrompeu.
Uma explosão se aproximou e os cidadãos caíram de uma vez só. Mesmo Griselda precisou se abaixar e esperar até que a onda passasse.
Esse poder mágico… Raikkönen!
Literalmente, um poder inacreditável. A atmosfera vibrou como se os céus estivessem assustados. Ao que parece, ele estava lutando com alguém. Com Raishin— claro.
— Vá logo, Senhorita. O outro herói vai morrer!
Cowen gritou. Sob o chapéu verde, os olhos parecidos com os de um garoto travesso fizeram contato com os dela.
— Por favor, Senhorita!
— Proteja aquele garoto!
— Vá depressa!
OS cidadãos simpatizaram com ele de forma unânime. Griselda hesitou. As tropas restantes poderiam estar a espreita em algum lugar, e Raikkönen poderia mudar seu alvo e direcionar seu ataque para eles. Griselda tinha a obrigação de proteger os cidadãos.
No entanto…
— Eu sinto muito! E não morram!
Griselda acenou com a borda da saia e começou a correr. Ela correu pelos becos como um vendaval e seguiu para o coração desolado da cidade.
Ela já havia tido um vislumbre da figura de Raikkönen através das aberturas dos edifícios colapsados. Raishin e Komurasaki estavam no telhado de um prédio um pouco mais distante.
Griselda reduziu sua velocidade, apagou sua presença e se aproximou de Raikkönen. O poder mágico ao redor de Raikkönen estava descontrolado, arcos de chamas engolfando a cidade.
Ele está atacando tudo, menos ele…
Raikkönen permaneceu parado sem se mover. Seu corpo às vezes se transformava em chamas e agia como se ele estivesse se esquivando de ataques invisíveis.
O que ele está fazendo— Entendo, é uma ilusão!
Ela pensava que o circuito mágico de Komurasaki era [para esconder]. No entanto, na realidade ele parecia ser [para enganar os sentidos do inimigo]. Se fosse assim, ele seria capaz de se esconder e mostrar ilusões—
Ele está mostrando uma ilusão para um Wiseman…? Um mero humano comum como ele…!?
Ela aumentou seu poder mágico e forçou os olhos. A chamada [Visão Espiritual] era uma técnica que aumentava a sensibilidade ao poder mágico. Fazendo com que sua consciência se sincronizasse com a de Raikkönen, ela teve uma visão espiritual dos arredores dele.
E ela ficou surpresa. Aquilo deveria ser chamado de alucinação completa? O que estava sendo mostrado para Raikkönen era uma espécie de mundo falso completamente indistinguível da realidade.
Tudo era real, desde o cheiro de sangue e a dor das balas, até a presença de atiradores inexistentes.
O que é esse truque…? Não entendo seu mecanismo!
Era um pouco diferente do método de projetar uma visão tridimensional, trabalhando diretamente no sentido da visão do oponente.
Como se estivesse interferindo diretamente na consciência do oponente.
Era diferente quando se tratava de oponentes comuns, mas não era fácil interferir na mente de um mago— e um Wiseman ainda por cima. Mesmo se houvesse uma chance de que isso fosse mesmo possível, havia uma barreira chamada de [o Princípio da Dissonância Ativa Mágica]. Se aquilo fosse uma interferência mágica, então ela deveria ser abafada no momento em que Raikkönen se transformasse em chamas.
Não, o princípio não tem nenhuma relação com isso. Se tal coisa for usada…
Mesmo Griselda estava correndo risco de acabar sofrendo algum dano.
No entanto, a expressão no rosto de Raishin não era de compostura. O suor frio escorrendo revelava que ele estava tendo uma luta difícil. As chamas explodiam ao lado dele, atacando tanto Raishin quanto Komurasaki.
Raishin segurou Komurasaki em seus braços e saltou para o próximo prédio. Aquele em que ele estava até segundos antes foi incendiado e desapareceu sem deixar quaisquer vestígios. Uma torre de pedra, consumida em apenas um instante.
Os dois foram atingidos pela explosão e rolaram no telhada de um prédio de apartamentos.
Eles estavam lamentavelmente manchados de sangue, com queimaduras e arranhões. Ainda assim, eles ergueram os rostos resolutamente.
Nesse ritmo, eles vão ser atacados até morrerem.
O oponente era um Wiseman, a ilusão acabaria sendo interrompida eventualmente. Ele não era um adversário que cujo poder se esgotaria rápido, era apenas uma questão de tempo até que as chamas disparadas de forma imprudente acabassem atingindo Raishin.
Devo parar Raikkönen com [Fios]…? Idiota! Isso seria suicídio!
Não importa o quanto a ilusão fosse perfeita, se os [Fios] atingirem Raikkönen diretamente, sua posição seria instantaneamente revelada e ela seria reduzida a nada em um piscar de olhos. A ilusão estava prestes a ser cancelada. Ela não tinha opções. No entanto, se ela não fizesse nada, a cidade seria reduzida a cinzas.
A voz de Raishin de repente chegou aos ouvidos da preocupada Griselda.
— O que você acha, Komurasaki? Você viu o poder mágico daquele cara?
Ver— Entendo, então é isso!
Raishin não pretendia ficar quieto. Com os excelentes órgãos sensoriais de Komurasaki, ele estava procurando pelo ponto de onde se originava o poder mágico de Raikkönen— ela estava tentando sentir a posição de Frisberg!
— Sim, eu vi! A sombra, Raishin!
— A sombra?
— O autômato está sob os pés dele! Na sombra!
— Bom trabalho!
Raishin abriu um grande sorriso e rapidamente fez sinais com as duas mãos. Uma grande quantidade de poder mágico queimou em seu corpo. Foi do ponto abaixo de seu umbigo para sua espinha e fluiu em seus braços.
— Absurdo! Me imitar é—
Muito devagar. Antes que Griselda saltasse, Raishin empurrou suas mãos na direção de Raikkönen.
Pálidos fios de poder mágico surgiram de seus dedos como flashes de luz.
Eles eram claramente visíveis a olho nu. Ao contrário de Griselda, havia dez deles. Em função disso, o coice foi grande. Uma névoa vermelha jorrou das costas de Raishin e se espalhou como se fosse um par de asas.
A vaporização do sangue não foi completa. Foi um jato de sangue líquido, provavelmente devido a algum vaso sanguíneo rompido.
No entanto, sem se preocupar com isso, Raishin lançou todos os dez fios na direção dos pés de Raikkönen.
No momento seguinte, houve uma reação clara.
As chamas ao redor de Raikkönen começaram a crescer como se tivessem sido sopradas por um forte vento.
Elas fizeram sons e espalharam faíscas. Ele próprio também parecia estar sofrendo.
Eventualmente, algo rastejou para fora de sua sombra.
Aquilo é… Frisberg!
Aquela criatura de forma indeterminada era como a [própria chama]. Não parecia ter um corpo sólido. O “espírito do fogo” das lendas provavelmente se pareceria com isso.
O espírito de fogo profundamente carmesim foi envolvido por fios e lutou. Parecia estar tentando se livrar da interferência, mas os [Fios] enroscados nele eram uma imensa massa de poder mágico. Não era fácil desfazê-los.
Raikkönen ainda não havia notado nada de incomum. Assim que percebesse o que estava acontecendo, ele recuperaria o controle sobre Frisberg facilmente.
Humm, ele teve sorte… o efeito da ilusão enfraqueceu a percepção sensorial do corpo de Raikkönen—
De repente, um arrepio percorreu as costas de Griselda.
——Não! É o oposto!
Ele não foi capaz de interferir com Frisberg porque a ilusão foi eficaz.
Ele usou as ilusões desde o começo para poder interferir com Frisberg.
Para incapacitar o Wiseman e eliminar seus subordinados, esse tipo de coisa não passava de uma [oportunidade]. Tudo, desde o começo, os preparativos para fazer algo assim—
Porém, isso não era realmente como um tabuleiro de xadrez.
— Guuh!?
As costas de Raishin e a parte ao redor de seus ombros incharam muito, assumindo uma aparência semelhante a caroços.
Um sinal de que sua carne iria explodir. Raishin vomitou muito sangue, a morte estava a caminho—
…Hum, eu não vou permitir isso.
O poder mágico perturbado se estabilizou novamente, o caroço desapareceu e Raishin recuperou a compostura.
Com o rosto encharcado de suor frio, Raishin se virou lentamente para ela.
— Que magia é essa, Oshishou-sama…?
— Eu disse, não foi? Eu controlo o [Labirinto].
Um [Fio] pálido se estendeu das pontas dos dedos de Griselda e voou até as costas de Raishin. Ele correu pelo corpo do garoto e se tornou um condutor para regular a potência do fluxo mágico.
Raishin escapou da morte. Assim que se sentiu aliviada, uma raiva violenta encheu seu coração.
— Que comandante de coração frio! Sacrificando-se para proteger os peões, que Rei idiota!
— Eu sei.
Raishin sorriu. Griselda ficava cada vez mais zangada.
— Eu disse para você parar! Você não consegue ouvir o que sua mestra diz!?
— Você é minha mestra, mas antes disso é uma mulher.
— Hum? Seu desgraçado, o que você está—
Raishin falou com uma voz perfeitamente clara e sem hesitar um instante sequer.
— O que há de errado em proteger uma mulher chorando?
Ela ficou com os olhos marejados, seu campo de visão ficou turvo.
…Isso mesmo. Esse cara é esse tipo de pessoa.
Griselda sabia. Ela soube disso ao investigar o histórico dele.
Esse cara sempre se metia em batalhas imprudentes como esta.
Era por isso que ele podia e tentava acreditar.
Enxugando os olhos com um dedo para que ele não percebesse, Griselda gritou.
— Se for assim, então derrube aquele cara imediatamente!
Com a intervenção de Griselda, os [Fios] de Raishin tornaram-se extremamente estáveis.
Raishin, que provavelmente não era nada inferior a Magnus no momento, fez seu poder mágico se concentrar ao máximo e puxou Frisberg.
Frisberg flutuou desamparadamente no ar. Por outro lado, Raikkönen continuava parado de pé.
— Agora, Komurasaki—
— Espere!
No momento em que Griselda gritou, a presença de Raikkönen surgiu atrás dela.
Ela se virou como se tivesse sido sacudida. Raikkönen já estava apontando um dedo na direção de Raishin.
Os olhos de Raikkönen não estavam olhando diretamente para Raishin. No entanto, ele percebeu claramente sua localização.
Os [Fios] foram rastreados…!
Ao que parece, nem mesmo uma ilusão perfeita poderia enganar completamente toda a percepção de Raikkönen. Ele compreendeu a posição de Raishin sincronizando seus sentidos com Frisberg…!?
Raikkönen emitiu chamas. Seria uma bala ou uma lança profundamente carmesim?
Como o controle estava instável, o poder do fogo estava dramaticamente fraco. Mas era o bastante para matar Raishin.
As chamas atingiram a bochecha de Griselda, apontando direto para o coração de Raishin. Ele dobrou seu corpo e se esquivou por muito pouco— mas a carne em seu ombro direito desapareceu.
Ele gritou enquanto se contorcia devido a dor ardente.
— Faça depressa, Komurasaki!
Percebendo o significado do grito, Griselda olhou fixamente para a cena a sua frente.
Antes que ela percebesse, Komurasaki surgiu atrás de Raikkönen.
Ela surgiu saltando em um instante— não, não foi isso.
Desde o começo. Ela estava mirando ali!
Inimigos apareceram por trás para atirar em Raishin. Ele leu o movimento deles.
Komurasaki segurava uma espada de prata de um gume com aperto firme enquanto caminhava dentro do território dele e golpeava para cima com um movimento hábil.
O básico do básico. Literalmente o golpe mais básico de todos. Falando francamente, foi um golpe realmente simples.
Provavelmente porque a lâmina de prata mostrava isso, a pequena silhueta de Komurasaki sobrepôs-se a dela em sua memória.
A lâmina afundou na lateral do corpo de Raikkönen, rasgando sua carne a atingindo o osso.
Sangue fresco respingou— mas não era o bastante!
A supremacia de Frisberg continuou a oscilar e, além disso, foi capaz de corresponder ao momento do ataque… e assim, Raikkönen se transformou em chamas e evitou um ferimento fatal.
Ele imediatamente moveu-se para o próximo edifício. Ele olhou para suas mãos ensanguentadas e exclamou de dor.
Que homem… um estudante atacando um Wiseman. Pelo meu bem— não, pelo nosso bem, ele está fazendo o impossível ser possível. Eu não posso deixar esse homem… Raishin morrer.
Griselda furtivamente avançou para a frente de Raikkönen como se quisesse proteger Raishin.
— Por favor saia, Oshishou-sama.
Raishin e Komurasaki ficaram surpresos. Ignorando-os, Griselda disse novamente.
— Sem sua orientação, eu não teria me tornado uma Wiseman… Não posso agradecê-lo o suficiente por isso. No entanto, perdoe a minha ingratidão. Eu não posso me juntar ao Exército.
Ela colocou a mão sobre o peito, ajoelhou-se no local e baixou a cabeça.
— Por favor, perdoe-me.
— Eu não posso fazer isso.
Uma resposta fria. Raikkönen olhou com frieza para Griselda.
— Para o Exército, você é uma existência valiosa. Mais do que Frisberg. Portanto— na pior das hipóteses, não podemos nos arriscar a entregá-la para outro país.
O braço direito de Raikkönen se alargou. Uma chama turbulenta e furiosa. Se aquilo fosse lançado, um raio de cem metros seria transformado em cinzas.
Para se livrar delas, não havia escolha a não ser lutar? Quando ela estendeu a mão para o punho da espada com um humor sombrio, Raishin apareceu calmamente e se colocou diante de Griselda.
— Vá para casa, Sua Excelência Tenente General. É muito vulgar tentar persuadir uma garota que não gosta de você.
Raikkönen olhou silenciosamente para Raishin.
Raishin continuou falando.
— Volte para Londres. Caso contrário, a Nectar virá procurá-lo.
— …O quê?
— Ontem à noite, o Padrinho da Nectar teve uma conferência com você. Mas agora, no Palácio Real, eles estão falando sobre se livrarem do seu impostor.
Griselda ficou chocada. Por um momento, ela não entendeu o que Raishin estava dizendo.
No entanto, Raikkönen pareceu compreender imediatamente. Seus olhos afiados tornaram-se ainda mais nítidos.
— Entendo, não é um problema apenas para a Grã Bretanha se o impostor de um Wiseman estiver vagando por aí. Os Cavaleiros Cruzados podem aparecer de repente— esse é o motivo?
Raikkönen olhou ao redor da cidade.
— É fácil queimar essa cidade inteira, no entanto.
Ele disse algo que o deixou apreensivo com uma voz calma.
— Se eles fizerem isso, o verdadeiro Raikkönen estaria aqui. Sendo assim, devo recuar por hoje. Por respeito à inteligência de minha jovem caloura e sua boa sorte.
Ele acenou com a capa e se virou. E disse algumas palavras sem olhar para trás—
— Você conseguiu uma boa peça, Zelda.
— …Ele não é uma peça. Ele é meu pupilo, Sensei.
De repente, Raikkönen parecia estar sorrindo. O corpo de Raikkönen foi imediatamente envolvido em chamas e, em seguida, desapareceu.
Parte 5
Quando a presença do inimigo desapareceu, a força deixou os joelhos de Raishin.
Seu poder mágico havia sido consumido já há muito tempo. Ele não sentia seu ombro ferido.
Na verdade, mesmo apenas ficar de pé era muito difícil para ele.
A autodepreciação encheu seu coração. Como esperado, o Wiseman era demais. Ele usou todo o seu poder mágico, recorreu a técnicas sujas e, ainda assim, um corte foi tudo o que ele conseguiu fazer.
Seu corpo inteiro estava lento, ele não conseguiria cair de forma segura. Tombando para frente, um pequeno corpo, semelhante ao de um pequeno animal, o apoiou antes que ele atingisse o chão com sua testa.
— Aguente firme, Raishin! Você está bem?
— …Você foi bem, Komurasaki. Obrigado.
Ele abraçou seu pequeno corpo com força e afagou sua cabeça.
Komurasaki tinha lágrimas nos olhos. E começou a tremer agora. Ela parecia realmente assustada. Komurasaki quase não tinha experiência em combates com outros marionetistas.
É uma pena que tecnicamente o primeiro oponente dela tenha sido um Wiseman…
O plano absurdo de Raishin o surpreendeu. E Komurasaki, que respondeu a este absurdo, foi verdadeiramente adorável.
— Você deveria estar mais feliz. Você derrotou um Wiseman.
— Eu não… venci! Foi um empate!
Ela mostrou um grande espírito competitivo e respondeu de volta. Achando isso engraçado, Raishin sorriu.
Naquele momento, sangue foi derramado.
Komurasaki tentou estancá-lo, mas não foi o bastante. O céu girou e desta vez foi Griselda que o apoiou antes que ele caísse de costas.
Seu rosto ficou pálido e seus lábios e o canto externo de seus olhos começaram a se contrair. Ela estava claramente tremendo de raiva. Para acalmá-la, Raishin falou com uma voz boba.
— O que foi, Oshishou-sama? Um Wiseman te irritou?
— Você foi longe demais… seu idiota! Você é realmente…
Ela disse, tomada pela emoção, enquanto derramava grandes lágrimas.
— É algo grande! Eu te reconheço como meu aluno…!
— Você não tinha me reconhecido ainda!? Então eu estava apenas fazendo trabalho braçal aquele tempo todo!?
— Raishin! Não seja precipitado!
Komurasaki agarrou-se a Raishin, que de repente explodiu para cima de Griselda, impedindo-o.
Griselda enxugou as lágrimas, cruzou os braços de forma orgulhosa e olhou para as mãos de Raishin.
— Aquele último [Fio] foi muito bom. Tudo graças as minhas provocações.
— Pare de falar de provocações! Se você está ciente disso, então conserte!
— Não é uma mera provocação. Eu bloqueava sua circulação sanguínea. Foi por este motivo que você pôde resistir por tanto tempo. O que eu quero dizer é que você estava inconscientemente mantendo seu fluxo sanguíneo sob controle.
— Circulação sanguínea…? Eu…? Aquela circulação extremamente delicada de sangue?
— Sim. Você protegeu a circulação mágica de interferências externas e colocou as partes distorcidas em ordem. Quando o corpo começa a doer, os seres humanos inconscientemente optam por uma postura indolor. É basicamente a mesma coisa.
— Então, meu controle de poder mágico… melhorou? Com essas suas provocações?
— Foi isso que eu disse, não foi? Eu vou te ensinar com o seu corpo.
Ela riu e afirmou. Raishin olhou espontaneamente para as próprias mãos.
Quando eu melhorei tanto assim?
Komurasaki também disse isso. Teria sido graças a isso que ele pôde usar a forma avançada do Yaegasumi?
— …Obrigado, Oshishou-sama.
— Nós— não seja convencido, seu idiota!
Griselda enrubesceu e ficou irritada.
— Por que você está satisfeito por algo desse nível? Se eu estivesse levando a sério, poderia causar a você ou a qualquer outra pessoa uma parada cardíaca em apenas um instante!
— Obrigado, mas eu passo…
E fez uma careta. Griselda estava gritando.
Então, com uma expressão séria, ela olhou alternadamente para Raishin e Komurasaki.
— Permitam-me agradecer. Graças a vocês dois, meu coração está revigorado.
Griselda agarrou a mão direita de Raishin e apertou-a com força.
— Se você pensar bem, o destino é estranho. Talvez algo tenha acontecido há muito tempo entre a Família Weston e a sua.
— Se sim, deve ser uma história bem antiga, não? A história da Família Akabane existe há milhares de anos.
— A origem do [Fio de Ariadne] também parece ser de milhares de anos atrás.
— É uma história interessante. Mil anos acabaram de se passar.
— Isso é verdade. Assim, um homem e uma mulher—
— Tornaram-se mestra e aluno.
*Buzz*
A espada de Griselda brilhou.
Dois fios de cabelo de Raishin caíram suavemente, dançando ao vento.
— …Você quer morrer?
— Por que você está tentando me matar!? Que erro eu cometi agora!?
— Calado! Esteja preparado! Vou aumentar meu poder mágico todos os dias a partir de agora!
— Geh… esse treinamento ainda vai continuar…?
— É claro. Se for bem feito, você poderá compreender a essência dos [Fios].
Com isso dito, ele não teve escolha a não ser ficar em silêncio. A menos que ele aprendesse a usar o Kouyokujin, ele não seria capaz de derrotar Magnus de qualquer modo.
— Vou estar bom o bastante antes do recomeço da Festa Noturna— não, antes de enfrentar o Magnus?
— Não fique ansioso. Se você praticar sem dormir, vai conseguir dominar o básico.
— Não, isso é impossível. Não dormir é impossível.
— Eu vou te ensinar ininterruptamente. De tal modo que você não irá se esquecer disso até que morra!
— Você vai me traumatizar!? Quer dizer, vou conseguir voltar vivo para a Academia!?
Komurasaki deu uma risadinha. Vendo aquele sorriso, Raishin se sentiu um pouco aliviado.
— Senhorita Weston!
— Nossa Senhora!
— Viva!
Antes que eles percebessem, os habitantes da cidade se reuniram nas ruas sob o prédio.
As pessoas escondidas no subsolo e à distância começaram a fazer barulho, como se a cidade tivesse acabado de voltar a vida.
Griselda respondeu com alegria e saltou do telhado.
Ela, que foi empurrada pelas pessoas, parecia envergonhada e sorria alegremente.
— Diga, Komurasaki.
— Sim? O que foi?
Provavelmente porque Komurasaki estava pensando a mesma coisa, ela sorriu com uma expressão de quem tinha uma premonição do que Raishin estava prestes a dizer.
— Vamos voltar logo para o castelo e enterrá-la.
— Sim!
A brisa soprando acariciou seus cabelos.
Os gritos de alegria aparentemente excitados viajaram na brisa e se misturaram ao horizonte distante.