Machine-Doll wa Kizutsukanai - Volume 7 - Capítulo 2 - Anime Center BR

Machine-Doll wa Kizutsukanai – Volume 7 – Capítulo 2

Capítulo 2: O Elfo de um Conto de Fadas

Tradução: Reiki Project

 

Voltando um pouco no tempo, até a noite anterior ao reinício da Festa Noturna—

Loki deixou o Dormitório Masculino Raphael com Cherubim ao seu lado e seguiu até o Coliseu.

Ele seguiu para o sul na rua principal que cortava a Academia de norte a sul. Ao passar pelo refeitório central, ele notou uma aluna que parecia estar esperando por alguém.

Ela era a Representante Estudantil, Olga Saladin. Ela estava usando um vestido cerimonial branco, uma peça exclusiva para executivos oficiais. A atmosfera que ela exalava era linda, emitindo até mesmo um certo ar intimidante.

— Eu estive esperando por você, Imperador da Espada, Loki.

O sorriso de Olga Dourada se destinava a todos, sem favoritismo.

Era a primeira vez que ele o via de perto. Loki pareceu um pouco envergonhado por sua elegância.

— Eu gostaria de falar com você. Posso ter um pouco do seu tempo?

— Desculpe, mas estou indo para a Festa Noturna.

— Nesse caso, vamos conversar enquanto caminhamos. Sobre Akabane Raishin.

As sobrancelhas de Loki se moveram com uma contração.

Os olhos de Olga se estreitaram como se ela tivesse gostado dessa mudança.

— Por que você não luta com ele?

De repente, ela foi direto ao cerne da questão.

— Os estudantes dizem que você e ele são “companheiros”. Mas isso não está certo, está? Ao menos posso dizer que você possui alguma animosidade em relação a ele. Não devo dizer que você sente medo dele?

Medo…?

Seu eu do passado provavelmente ficaria ofendido.

No entanto, agora ele tinha espaço para rir das palavras de Olga em seu coração.

— Por favor, não se ofenda comigo. Mas você deve reconhecer o verdadeiro poder de Raishin mais do que qualquer outro. Ele é um poderoso inimigo bloqueando o seu caminho. Por que você não tenta derrotá-lo?

— Você não sabe de nada.

— Devo tentar adivinhar, então? Você quer derrotá-lo sozinho, certo?

— O que você quer dizer com isso?

— Do jeito que você está agora, você teria a mesa virada contra você. Você precisaria da ajuda da sua irmã mais velha, não é?

— …Hmph. Diga o que quiser.

— Você está bem com a forma como as coisas estão? Você pode acreditar que está usando-o, mas a verdade é que ele está ficando cada vez mais forte a cada batalha pela qual ele passa. Mais rápido que você.

Loki parou de repente, sorriu levemente e contra-atacou.

— Não adianta me instigar. É você quem quer que nós lutemos, mas por quê?

— Você não vai se deixar levar pela minha… provocação, hein? Você é difícil.

Olga ergueu levemente as mãos e fez uma pose de desistência.

— Eu faço parte do Comitê Executivo. É uma posição difícil e que requer muita consideração… a Festa Noturna não está chata por você e Raishin estarem lutando juntos?

— Hmph, uma partida para apostas, hein. Essas pessoas ricas são tão pretenciosas.

— As casas de apostas de Londres têm estado muito ocupadas ultimamente. Elas vão começar a vender a partir de agora, então é necessário modificar um pouco as grandes chances.

Penteando seu cabelo loiro cor de mel para cima, ela girou seus saltos como se estivesse desistindo.

— Eu gostaria que você lutasse contra o Raishin, se possível— mas não irei forçá-lo. Amigos são insubstituíveis. Desejo-lhe boa sorte na luta de hoje.

— Espere! Você está dizendo que sou amigo dele? Nós somos—

Desta vez, Olga não prestou atenção e se afastou, acenando com a mão.

Um gesto irritantemente elegante. Sob as árvores à beira da estrada, as quais começavam a mudar de cor com a passagem da estação, suas costas desapareceram em uma imagem que mais parecia uma pintura.

Loki olhou feio para Olga enquanto ela se afastava, e suportou a irritação que brotava em seu peito por algum tempo.

Cherubim olhou com espanto para seu mestre com seus olhos semelhantes a pontos luminosos.

 

Parte 2

 

Raishin subiu as escadas com passos furtivos e convidou Henri para seu quarto.

O quarto estava tão maltratado quanto de costume, mas estava limpo devido a boa limpeza feita por Yaya.

Yaya estava ligando para Shouko na entrada do primeiro andar. Apenas Raishin, Henri, Sigmund e uma pequena Charl estavam no quarto no momento.

Raishin olhou na direção de Henri e perguntou com entusiasmo.

— Por favor, diga. Essa é realmente a Charl?

Henri mostrou o que estava em suas mãos. Charl, que estava do tamanho de um filhote de camundongo, cruzou os braços, parecendo descontente, e olhou para Raishin.

— Ela não é um autômato em miniatura feito para se parecer exatamente com ela, ou talvez uma ilusão?

— Você está errado, seu insolente! Ó, talvez você seja cego? Não, você tem queijo suíço no lugar de olhos?

A pequena Charl tinha uma voz mais baixa e um comprimento de onda mais alto.

No entanto, se ele a aproximasse de seu ouvido, poderia entender suas palavras perfeitamente. Sua voz era muito parecida com o chilrear de um filhote de passarinho.

Intrigada, Henri olhou para a cabecinha de sua irmã mais velha.

— Onee-sama… o Sigmund viu o momento em que ela ficou menor.

— Então o que foi? Que magia é essa?

Raishin virou o rosto para Sigmund. O dragão moveu a cabeça para cima e para baixo,

— Será necessário um processo de eliminação. Que tipo de magia poderia fazer algo assim?

— Se for magia, ela pode ser cancelada ao se utilizar outro tipo de magia, não?

Uma ideia que usava o princípio da dissonância ativa mágica.

No entanto, Charl balançou a cabeça.

— Eu já tentei. Mas não funcionou. Meu poder mágico não está completamente estável, e não está se manifestando com sucesso… a magia da Henri também não funciona.

— Deixa comigo. Com minha nova técnica, vou dirigir todo o meu poder mágico para ajudar você.

— Espere, Raishin. Não faça algo tão irracional com um pensamento amador.

Sigmund saltou de um ombro de Raishin para o outro e o deteve com uma voz cautelosa.

— Em termos de força de efeito, isso não me parece uma simples magia moderna. Parece mais magia ritualística.

— Ritualística… você quer dizer magia ancestral?

— É perigoso atingi-la com outra magia sem saber o estilo da técnica. Seria ótimo se uma magia cancelasse a outra, mas se não tivermos cuidado, o corpo de Charl pode sofrer uma reação adversa.

— …Uma reação, você diz?

— Por exemplo… o efeito pode acabar se tornando permanente— ou algo parecido. O efeito mágico é corrigido e esse se torna o seu estado padrão.

— Isso não significa que é irreversível!?

— Isso pode ser possível. A magia ancestral tem muitos perigos.

Ele não queria correr esse risco. Raishin abandonou a ideia de usar sua magia.

Henri estava olhando ansiosamente para sua irmã mais velha. Charl não tinha perdido seu olhar confiante habitual, mas Raishin notou que ela estava tremendo levemente.

— Vamos até os Executivos, por hora. Isso pode estar interferindo com os participantes da Festa Noturna.

— Não!

Charl se opôs prontamente.

— Há muitos deles que guardam rancor de mim. Se eles souberem que estou nesse estado…

— Eu não vou deixá-los fazer nada.

— Não diga isso tão facilmente! Além disso… eu estou… horrível…

Entendo, a Charl tem um orgulho maior do que o de qualquer outra pessoa.

Embora ela estivesse fingindo ser uma grande maga, ela provavelmente não queria que ninguém mais soubesse que a magia de alguém havia a pego tão facilmente.

— Então vamos ao consultório médico? Uma opinião médica seria

— Eu sou absolutamente contra isso!

Mais oposição do que antes. Tanto Raishin quanto Henri foram pegos de surpresa pelo inesperado olhar ameaçador de Charl.

— Eu NÃO vou ser examinada pelo Cruel-sensei! Ele é muito pervertido!

— Bem… você pode pensar assim, mas a habilidade desse médico é confiável, certo?

— Raishin, a Charl não está questionando a habilidade dele. A Charl deu um pontapé naquela região do médico assim que entrou na Academia.

Parando para pensar nisso, o Cruel escondeu a região da virilha quando encontrou Charl antes.

— Por essa razão, aquele médico é um grande não! Eu não sei o que ele vai fazer e chamar de exame médico!

— Ei, então não faremos nenhum progresso. Se nem os Executivos da Festa Noturna e o consultório médico estão fora de opção.

— Vamos resolver sozinhos!

— Você está pedindo demais…

Enquanto Raishin estava perplexo, a porta se abriu com um estrondo e Yaya voltou.

— Ó, Yaya. O que a Shouko-san disse?

— Certo. Ela acha que isso provavelmente é uma ‘maldição’ ou ‘magia negra’.

— É a mesma conclusão que o Sigmund chegou. Então?

— A Shouko disse “Maldições estão fora da minha área de especialização” …

— …Entendo.

Antes da Maquinagem ser sistematizada— a magia antes dos tempos medievais tinha muitos mistérios. Ele tinha ouvido que várias artes secretas haviam sido perdidas desde então. Os métodos eram muito diferentes no ocidente e no oriente. Eles precisavam de um especialista, caso contrário não faria sentido pedir ajuda.

A silenciosa Henri abriu timidamente a boca,

— Com licença… que tal ser examinada pela Kimberley-sensei?

— Ó. Eu estava justamente pensando que ela era nossa única opção.

— Não! Eu não quero ficar devendo mais ainda a Kimberley-sensei!

Charl também foi contra isso. Raishin finalmente ficou irritado.

— Não diga algo tão egoísta! Pelo bem de quem você acha que estamos fazendo isso!?

— O quê!? Isso é natural, não é!? Meu tal…

— Tal… o quê?

— Na-na-não é nada, seu pervertido

*Slam!*

Alguém bateu violentamente na porta, deixando todos nervosos.

— Ei, Raishin! Eu estou ouvindo vozes conversando faz um tempo! Não me diga que você trouxe garotas para o seu quarto!?

O responsável pelo dormitório parecia estar suspeitando deles. Raishin entrou em pânico.

— Desculpe! A Yaya está ficando louca, como sempre!

*Choque!*

Chocada, Yaya tinha lágrimas nos olhos.

— Você é terrível, Raishin… usando a Yaya assim…

*Triste*

— Ah, desculpe! Mas, veja, o que você geralmente diz e faz é

— O Raishin é um idiota…

*Chora*

— Você é um homem terrível. O pior dos bastardos pervertidos. Inimigo das mulheres.

— E de quem é a culpa disso!!

— Ei, Raishin!

— Não é nada!

E assim, a noite avançou inutilmente.

 

Parte 3

 

— Acorde, Charl.

Com o corpo tremendo, Charl acordou.

O que ela estava usando como cama era o corpo de Sigmund. Ela dormiu agarrando-se a Sigmund para que seu corpinho não congelasse.

— Não me sinto como se tivesse dormido…

*Bocejo*

No momento em que ela bocejou, o rosto de Raishin, o gigante, encheu seu campo de visão.

— Oi, Charl. Estávamos preocupados porque você não acordava.

Ele foi capaz de ver— seu rosto ao acordar— e o momento em que ela bocejou.

Além disso, Charl estava seminua. Ela estava apenas envolta em um lenço, e não estava de lingerie.

Charl corou e, por hora, o amaldiçoou enquanto se lembrava.

— Seu pervertido! O pior pervertido que existe! Fazendo algo como atacar o despertar uma jovem dama, você é realmente o pior!

— Que horrível! Quer dizer, estamos no meu quarto, não é?

Raishin riu e a afastou. Sigmund se desculpou pela falta de educação em nome de Charl.

— Sinto muito, Raishin. A Charl está de mau humor devido à falta de sono.

— Ó, entendo. Essa situação está a deixando bem preocupada, hein.

— Não. É que o ato de dormir no seu quarto é um pouco excitante para

— Calado, Sigmund! Não diga palavras tão imprudentes e esquisitas!

Ela subiu em suas costas e puxou suas asas. Sigmund riu deliciosamente.

De repente, ela percebeu que Raishin estava olhando fixamente em sua direção.

— O-o que… o que você está olhando…?

— Eu me sinto mal que a única coisa que você tenha para se vestir seja esse lenço. Você tem algo que possa usar?

— Vo-você estava olhando para mim com olhos obscenos!? Não olhe para mim! Pervertido!

— Eu não estou olhando para você de forma obscena! O que quero dizer é que você estava usando roupa de banho outro dia!

— Raishin— Agora você está brincando de trocar a roupa da Charlotte-san.

Uma zangada Yaya interrompeu a conversa.

— Mesmo que a boneca do Raishin seja a Yaya! Por favor, troque as roupas da Yaya também!

— Não tire a roupa! E troque você mesma!

Raishin disse a Charl enquanto se acotovelava com uma Yaya seminua.

— Por hora, vamos até a casa da Kimberley-sensei hoje. Iremos assim que o intervalo do almoço— ou pelo menos quando o quinto período terminar. Entendido?

— Cla… claro.

Charl concordou relutantemente.

— Não faça uma cara assim. A Kimberley-sensei certamente nos cederá um pouco de sua sabedoria.

— …Sim.

— Da perspectiva do Raishin, a Charlotte-san parece… sexualmente… obscena…

As poucas palavras de Yaya arruinaram a atmosfera agradável.

— Não diga isso de um jeito estranho! Seja sexualmente ou qualquer outra coisa, não tem nada que eu possa fazer, certo!?

— Sim, tem! Você vai se divertir cutucando-a com um cotonete! Então vocês vão ficar nus e se abraçar juntos!

— Hum? Chega disso… ficar nus e abraçar… o quê?

— E aí vai fazê-la dizer——“Não, Raishin, é doloroso…”.

— Espere um pouco! Do que diabos você está falando!?

— E com o líquido viscoso… Raishin!

Imaginando uma cena como essa, chamas surgiram no rosto de Charl.

— Vo-você é o pior bastardo pervertido que existe! Seu cérebro funciona, por acaso!?

— Vocês duas, vocês estão muito longe da minha imaginação, sabiam!?

Raishin coçou a cabeça ruidosamente e sofreu por algum tempo.

Eventualmente, ele usou todas as suas forças e com a expressão de alguém que tinha acabado de ter uma grande ideia

— …Eu já tive o bastante disso. Vou pegar alguma coisa para comer agora.

— Ah, a Yaya vai! Não vou deixar o Raishin ficar com o mel!

— …O que há de errado com o mel?

— Você está sendo muito ingênuo se pensar que vou deixar você fazer algo como derramá-lo sobre o corpo da Charlotte-san para lambê-la!

— Eu não vou! Isso não parece nada apetitoso!

Sigmund se levantou, abriu suas asas e voou até o parapeito da janela.

— Nesse caso, irei até o quarto da Henri. Ela deve estar preocupada com a Charl.

— Espere! Você está me deixando!?

— Fique aqui com o Raishin. É mais seguro.

Assim que disse isso, ele pegou impulso na moldura da janela e voou para fora.

Com a partida de Sigmund, Charl rapidamente ficou ansiosa.

— …E agora, seu estúpido!? Demônio! Homem de coração frio! Bruto!

— Certo, certo. Comporte-se e fique aqui comigo.

Raishin disse como se para confortá-la. Ter alguém falando com ela dessa forma, Charl acabou pensando que não era algo de todo horrível. Ela então entrou em pânico, balançou a cabeça em negação, e tentou atacá-lo verbalmente como sempre, mas—

Infelizmente, nenhuma maldição saiu de sua boca.

Foi meio humilhante. Charl desviou o rosto corado.

 

Parte 4

 

Raishin decidiu tomar café da manhã no quarto junto de Yaya e Charl.

A refeição de Charl representou um grande desafio. Primeiro, não havia talheres que se ajustassem ao seu tamanho. E acima de tudo, toda a comida era grande demais se comparada a Charl.

Charl pegou um pedaço de um pão preto parecido com uma montanha com suas pequenas mãos e o levou a boca.

— Que tal? Você pode comer isso?

— …É amargo.

— Amargo? Agora que você mencionou, apenas os dormitórios mais pobres como este servem de centeio certo?

— Não é isso… caramba, mel! Passe o mel!

— Certo, certo. Aqui está, ojou-sama

Quando ele estava prestes a deixar seu assento, uma garrafa foi subitamente apresentada vinda do lado.

— O que foi, Yaya? Você pegou?

— …A Charlotte-san está pequena, então pensei que seria difícil para ela engolir as coisas.

Ela disse em um sussurro enquanto olhava para longe. Ela parecia descontente, mas por alguma razão ela se preocupava com Charl. Raishin ficou feliz e disse algo que normalmente não diria.

— Você é gentil. Eu gosto desse seu lado.

— Raishin… ♡

*Kyun!*

O coração de Yaya bateu mais forte. Ela corou e ficou tão animada que esmagou a garrafa de mel com as mãos. Felizmente, os cacos da garrafa não atingiram ninguém— mas o mel viscoso derramou sobre o prato.

E sobre o prato estava Charl, que se agarrava ao pão preto. O mel percorreu seu caminho e caiu abruptamente. Em alguns segundos, seu cabelo e sua pele ficaram pegajosos.

Um silêncio pesado. Eventualmente, Yaya cobriu a boca como se tivesse sido pega de surpresa.

— Raishin… você está tentando lamber a Charlotte-san…!?

— Foi você que quebrou a garrafa!

— Mas foi o Raishin que me obrigou a fazer isso! Eu pensei que fosse estranho, o Raishin nunca diz palavras tão doces…!

Ignorando a interação deles, Charl estremeceu no prato.

— Charl… err, humm, vou te dar um banho.

— Não brinque comigo, seu pervertido! Eu vou me limpar!

Charl ergueu as mãos e ficou com raiva… mas ela abaixou as mãos fracas e afundou no prato. Sua raiva parecia ter ultrapassado os limites, e ela acabou ficando muito triste.

Ela geralmente diria algo como “Não olhe para mim, seu pervertido!”, mas

— Ei… ei, não chore.

— Quero dizer… eu pareço lamentável… não é?

Charl, que era temida como a incomparável T-Rex, era agora um ser incrivelmente impotente.

Raishin aproximou seu rosto de Charl e disse tão gentilmente quanto possível.

— Que tal isso. Vamos encontrar a Kimberley-sensei agora, o que você acha?

Sem discutir, Charl assentiu profundamente. Ela estava tão desanimada que era impossível não sentir pena dela.

Raishin deixou o quarto, envolvendo aquela garota em suas mãos como se segurasse um pequeno pássaro.

Ele saiu do dormitório e se dirigiu até o prédio da Faculdade de Ciências com Yaya, que estava visivelmente arrependida.

Ele foi direto para o escritório de Kimberley no último andar. Após algumas batidas na porta, ele obteve uma resposta,

— Entre.

Kimberley parecia estar em seu escritório. Ela realmente se levantava cedo. Ou será que tinha ficado acordada a noite toda? De todo modo, Kimberley não parecia cansada, ela tinha uma aparência normal.

— Você está aqui já tão cedo pela manhã, Sensei.

— Há noites em que não consigo dormir. Como no dia anterior, quando chegou um brinquedinho novo.

— Chegou alguma coisa nova? Estou sendo um incômodo?

— Não se preocupe. Você também é um dos meus brinquedos divertidos.

— Raishin… e pensar que você é um dos brinquedos da Kimberley-sensei…!

— Ei, Yaya! Que tipo de mal-entendido terrível é esse!?

— Então, que tipo de diversão você tem para mim nesta manhã?

Raishin silenciosamente estendeu as mãos.

Vendo a garota sentada em suas mãos, mesmo Kimberley arregalou os olhos.

Ela colocou seus habituais óculos de armação prateada e aproximou seu rosto de Charl.

— O que aconteceu, Charlotte? Você não está ainda menor que ontem?

Charl estava chorando baixinho, então ela não respondeu.

— Ela está extremamente desanimada. E coberta de mel. Não me diga que você ia lam

— Não! Até você está vindo com essas ideias estranhas e erradas!

— Humm… primeiro, preciso despi-la e examiná-la melhor. Os homens precisam se retirar.

Ele acabou sendo expulso do escritório. Raishin não teve escolha além de se sentar em um canto do andar.

Ele se sentou no sofá na área de descanso e olhou pela janela.

Era uma manhã tranquila. A luz do sol e o canto dos pássaros não eram nada diferentes do habitual.

Então, de repente, ele se lembrou de algo que Charl tentou dizer na noite anterior.

Tal… o que é isso?

“Meu tal”

— Tal… Talismã!

O colar prateado que ele ganhou de Charl. Um amuleto com uma runa gravada.

Falando nisso, durante as férias de verão ele havia discutido com Charl por causa disso.

Em outras palavras, Charl estava falando sobre isso? “Mesmo que eu tenha perdido meu talismã defensivo.”.

— A Charl ainda está chateada…?

— O que há de errado com a onee-sama?

Uma voz o alcançou da escada. Ao olhar naquela direção, Henri estava prestes a terminar de subir. Ela estava usando um avental sobre o vestido e segurava um grande cesto de roupa suja.

— Bom dia, Raishin-san.

— Ó, lavando roupa tão cedo pela manhã? Você é uma trabalhadora dedicada, sabia disso?

Henri sorriu alegremente e em seguida franziu a testa, parecendo preocupada.

— Humm, e sobre a onee-sama?

— A Kimberley-sensei está examinando-a agora.

— Graças a Deusa ah, mas então, o que você quer dizer com a onee-sama ainda estar chateada?

— Um talismã que ganhei da Charl. Eu o perdi, ou talvez deva dizer que ele acabou quebrando.

— Um talismã?

— Ela comprou antes da Festa Noturna começar. É um pingente com uma runa protetora gravada.

A expressão de Henri mudou. Ela ficou um pouco pálida.

— É aquele com… um hexagrama prateado gravado…?

— Você sabe algo sobre isso?

— Isso é… uma lembrança de nossa avó Eliza.

— !

— Nossa avó é bem versada em runas. Ela os entalhou. Eu também tenho um anel rúnico.

— …Sério? Ela disse que era algo que ela só tinha comprado… porque era brilhante.

A própria Charl havia dito isso de uma forma que parecia ser mesmo verdade.

No entanto… dada a sua personalidade, seria impossível que ela admitisse por conta própria que se tratava de uma lembrança de família.

Ela o guardava com tanto carinho que ele parecia novo em folha.

Henri terminou de subir as escadas sem dizer nada, provavelmente por consideração aos sentimentos de um silencioso Raishin.

Ao que parece, ela estava indo ao telhado para colocar a roupa para secar.

É uma lembrança da avó dela… é por isso que ela está chateada…

Ele deveria se desculpar com Charl. No entanto, era difícil trazer este assunto novamente à tona. Enquanto ele quebrava a cabeça pensando no que deveria dizer, ele ouviu a voz de Yaya do outro lado do corredor.

— Raishin, a Kimberley-sensei está chamando você.

Raishin se levantou e voltou ao escritório com um peso no peito.

 

Parte 5

 

Quando ele abriu a porta, Sigmund já havia chegado antes dele.

Ele se sentou ao lado de Charl na mesa dos fundos. Falando em Charl, em vez do lenço sujo, ela agora estava vestida com uma fita enrolada ao redor do corpo. Os dizeres absurdos “O presente sou eu ♡” vieram a sua mente. Raishin quis estrangular a si mesmo.

A dona da sala, Kimberley, estava diante da mesa. Ela abriu um algo parecido com um grosso livro de medicina, e estava pensando com uma expressão dura no rosto.

— Como está indo, Sensei? Você encontrou alguma maneira de cancelar o feitiço?

Kimberley virou a cadeira abruptamente e respondeu com uma voz calma.

— Primeiro vou te contar o resultado do diagnóstico. Baseado em minhas conclusões, é uma maldição.

Uma maldição era uma categoria de magia, mas sua definição e classificação eram relativamente vagas.

— Também pode ser chamado de encanto ou amarração. Frequentemente identificado como uma magia de antes da era da Maquinagem. A duração do efeito é extremamente longa, mas por outro lado, são necessários vários procedimentos complexos e muitos materiais para se fazer algo assim.

— …Isso também existe na minha cidade natal.

Usar uma boneca de palha para representar o alvo e cravar pregos nela.

— É um típico estilo de magia empática.

— Mas, senhorita

Sigmund fez uma pergunta.

— Não é fácil amaldiçoar uma maga do nível da Charl. A Família Belew é espiritualmente fortalecida, e a Charl se protege no dia-a-dia.

— A outra parte parece ser um usuário poderoso. E não apenas suas habilidades devem ser admiradas. Maldições geralmente são poderosas, mas há riscos envolvidos também— não é mesmo, Charlotte?

Seu tom era o mesmo que ela usava durante as aulas. Charl ficou um pouco surpresa, mas respondeu corretamente.

— As maldições retaliam… certo?

— Isso mesmo. A força motriz de uma maldição é o ódio do usuário… porque a conexão entre o usuário e a técnica é forte, o efeito rebate quando bloqueado. O mesmo acontece se não houver efeitos. Em outras palavras, o inimigo usou essa técnica estando consideravelmente preparado em caso de dar errado.

Raishin enrijeceu, sentindo como se tivesse sido atingido por uma faca nas costas de seu pescoço.

Era possível que, neste momento, aquilo que ele vinha apenas especulando tivesse mudado claramente para convicção.

Ele tinha uma ideia de uma pessoa que preferia usar meios eficazes sem se preocupar com os riscos.

Charl perguntou com uma voz inquieta, mas clara.

— Então, Sensei. Que maldição me afetou?

— Com base na clareza dos sintomas— isto é, uma total redução da composição corporal Não tenho dúvidas de que é a Maldição Nibelung ou alguma variação dela. A fonte é uma poderosa maldição originada no interior da Alemanha. Ela tem o poder de transformar o inimigo em um elfo.

Elfo. Yaya inclinou a cabeça perplexa com essa palavra estranha.

— Eles aparecem em contos de fadas… um velho cruel que protege o seu tesouro, certo?

— Esse estereótipo seria a imagem de uma tribo inimiga amaldiçoada. A parte problemática dessa técnica é que ela pode ser ativada apenas com um ódio fraco e ataques indiscriminados podem acontecer. Além disso, sua afinidade com corpos é extremamente alta— o método para dissipar essa maldição só foi estabelecido recentemente. Sapos e cisnes podem voltar a ser príncipes e princesas novamente, mas não é comum ouvir falar de elfos que retornaram à forma humana, certo?

— Espere! Existe uma forma de dissipar a maldição!?

Raishin entrou em pânico e pressionou Kimberley por uma resposta. Kimberley, com o mesmo olhar sério no rosto,

— Bom, existe. Trata-se de um método realmente muito simples.

— Não brinque comigo. Você devia ter dito isso antes!

— Diga para a pessoa que lançou a maldição cancelar o encantamento.

— !

— Dissipação forçada é um ato que se assemelha a abrir um cofre sem possuir a chave. Fazer isso pode danificar o cofre e até mesmo arruinar seu conteúdo. Porém, se você tiver a chave, não há porque se preocupar com isso.

Ele perdeu a esperança.

Porque isso na verdade significava se submeter ao inimigo.

Kimberley se virou para Charl e perguntou, como se para obter uma confirmação.

— Charlotte. Você tem alguma ideia de quem possa ter feito isso com você?

— …Não. Quero dizer… há vários nomes possíveis.

— Você sentiu alguma hostilidade ou desconforto recentemente? Você tocou em algum objeto estranho?

— Eu não sei… eu não sei!

Charl se agachou e segurou a cabeça. Ela estava sendo exposta a um estresse extremo.

Charl estava sentindo-se tão infeliz que Raishin foi atormentado por dores de consciência.

Não seria melhor contar tudo a elas…? Não, a Alice permitiria algo assim?

Kimberley apoiou o queixo nas mãos e suas palavras saíram misturadas a um suspiro.

— Estamos em um beco sem saída. Se soubéssemos ao menos a rota da infecção, poderíamos obter alguma pista sobre o culpado.

— …Uma infecção? Isso não é uma epidemia.

— [Intocável] Se você tocar no objeto corrompido, sofrerá desastres. É o princípio básico da feitiçaria, seu idiota.

Kimberley enrolou o jornal e bateu na cabeça de Raishin com um olhar perplexo.

— Se uma maga como a Charl foi amaldiçoada, então é seguro assumir que a via de entrada da maldição foi por meio do contato com algo infectado.

— …Senhorita, você poderia me examinar? Eu posso ter sido o intermediário.

Sigmund murmurou dolorosamente. Charl de um saltinho, surpresa.

— Do que você está falando? Como você poderia ser o intermediário da maldição

— Há uma possibilidade. Você me segurou ontem à noite antes do incidente ocorrer, certo? Se considerarmos que eu já estava infectado com a maldição naquele momento, faria sentido.

— Mas quem poderia…? E por quê…?

— …Eu não sei, mas a verdade é que senti algo parecido com um miasma pouco antes disso acontecer.

Kimberley olhou para Sigmund e acenou com a cabeça.

— É possível. Se for possível que a infecção seja passada através de um autômato, um contato precoce seria esperado. Bonecas Banidas podem agir longe de seus mestres— será que foram atrás dele quando estava sozinho?

Kimberley se levantou vigorosamente.

— Vamos descobrir imediatamente. Penúltimo, o que você vai fazer?

— Eu… eu vou tentar pensar em alguma coisa.

— Entendo. Você pode se esforçar um pouco, mas não seja descuidado.

— Sim. Yaya… sinto muito, mas você deve ficar aqui e proteger a Charl.

— Ó… sim.

Yaya pareceu suspeitar um pouco, mas ela o obedeceu silenciosamente e sem questionar.

Uma voz alcançou Raishin pelas costas quando ele já estava prestes a sair.

— Vou te dizer isso, Penúltimo. Prolongar o tempo é impossível. Vai levar no máximo três dias até que a maldição mostre seu efeito completamente.

Sua espinha congelou. Embora soubesse a resposta, ele perguntou assim mesmo.

— …O que vai acontecer quando o terceiro dia chegar ao fim?

— Ela não poderá voltar a sua forma original.

A resposta era exatamente o que ele havia imaginado.

Raishin cerrou os dentes e saiu correndo do escritório de Kimberley.

 

Parte 6

 

Raishin foi rapidamente para o Dormitório Feminino Grifo.

Infelizmente, Olga já havia ido para a aula.

Quando se está impaciente, nada acontece como se espera. Ele não pôde encontrá-la mesmo correndo, então ele não teve escolha a não ser parar um veterano e perguntar sobre a aula que Olga iria assistir. Quando ele chegou ao auditório, a aula havia sido cancelada e, enquanto isso, ela aproveitou para almoçar. Quando ele voltou ao escritório da Representante Estudantil, eles acabaram se desencontrando. Então, depois disso e daquilo, a aula da tarde já havia começado.

Então, depois das quatro da tarde— ele conseguiu encontrá-la em sua quinta visita ao escritório.

O terceiro andar do grande auditório, uma área exclusiva para Executivos. No momento em que ele ouviu as palavras “Por favor, entre” do outro lado da pesada porta, Raishin entrou com um grande impulso.

— ALICE!

— Me chame de Olga.

Alice, que estava disfarçada de Olga, sentou-se com um sorriso amargo no rosto.

Shin, o criado, ficou na frente de Raishin, que entrou no escritório rapidamente.

— Deixe-o passar, Shin.

Ouvindo isso de Alice, Shin relutantemente saiu do caminho.

Raishin pisou com força e avançou até ficar diante da mesa do escritório, em seguida, usou o punho para bater na mesma.

— …Você fez isso?

— Fiz o quê?

— Não se faça de ignorante! O que aconteceu com a Charl!

— E se eu disser que sim?

— Dissipe a maldição! Agora!

— Não.

— Se for assim, farei você dissipá-la a força!

— Isso é impossível.

— …Você está testando a minha resolução?

— Você quer testar a minha resolução?

Seus olhares colidiram, espalhando faíscas.

No entanto, era Alice quem tinha o trunfo. Se Alice quisesse se ela fizesse algo como se matar, Charl não poderia mais ser salva.

Percebendo isso, Raishin não poderia fazer mais nada.

Notando os sentimentos de Raishin, Alice falou como se zombasse dele,

— Não me diga que você está preocupado? Apenas eu sei como cancelar a maldição. Eu certamente a odeio, mas se você me matar, a Charlotte não poderá ser salva.

— …Por favor, pare.

— Essa é a atitude adequada para se pedir algo?

Suprimindo firmemente sua raiva, ele colocou as mãos sobre a mesa e abaixou a cabeça.

— Eu te imploro. Dissipe a maldição da Charl.

— Nesse caso, você está noivando comigo?

Raishin não respondeu Alice imediatamente.

Ele olhou furtivamente para ver que tipo de expressão ela estava mostrando

Alice estava olhando para Raishin com olhos frios. Por algum motivo, ela parecia desapontada.

— Vou dissipar a maldição da Charlotte. Mas apenas depois que terminar minhas tarefas.

— O quê por que não agora!?

— Se a isca fosse apenas mordida, a pescaria seria um fracasso.

— Eu mantenho minhas promessas!

— Mentiroso. Eu só conheço um outro homem capaz de ignorar promessas tanto quanto você. O quê? Você não precisa se preocupar com isso. Minhas tarefas serão concluídas dentro de dois dias. Tem um cão de guarda da Associação com ela agora, certo? Os efeitos da maldição devem ser significantemente atrasados.

Ela viu através de tudo?

— Faça como quiser! Mas se algo acontecer com a Charl… eu vou te matar…!

Ela fez uma careta olhando diretamente para ele.

Por um momento, algo parecido com dor pôde ser visto nos fundos dos olhos azuis de Alice.

Talvez fosse apenas sua imaginação. Alice deu um tapa na bochecha de Raishin.

— Se você quiser salvá-la, não machuque meus sentimentos, tudo bem, Raishin?

Com um sorriso sádico, ela lentamente deixou seu assento.

— Em primeiro lugar, devo obter uma prova de lealdade.

Ela parou bem ao lado de Raishin e gentilmente apresentou sua mão a ele.

Ele não entendeu o que ela estava querendo dizer, ele estava confuso— e desta vez, ela bateu no rosto de Raishin com as costas da mão.

— Ajoelhe-se e beije minha mão.

Não adiantava ir contra ela. Longe de ser inútil, isso teria apenas o efeito oposto ao esperado.

Raishin se ajoelhou bem onde estava e beijou a mão de Alice tal qual um cavaleiro medieval.

— Bom. Nesse caso, devo pedir um aqui desta vez?

Ela apontou para os lábios. Como era de se esperar, Raishin hesitou.

— Ó, você é contra isso? Nesse caso, lamba as minhas coxas ao invés

— Ojou-sama. Já basta.

Shin a repreendeu com uma voz áspera. Alice estalou a língua, parecendo insatisfeita, e voltou para a mesa do escritório.

Ele foi salvo. Ele nunca pensou que chegaria o dia em que Shin iria salvá-lo.

— Vamos continuar isso da próxima vez. Não está quase na hora da Festa Noturna?

Ela estava dizendo que ele tinha que ir agora?

Raishin cerrou os punhos, mas incapaz de fazer nada, ele apenas se levantou.

— Quase esqueci, tenho certeza que você já sabe disso, mas nem uma palavra disso para qualquer um— será tudo em vão se se você revelar isso a sua dona ou a sua parceira, está ouvindo?

— …Eu sei.

— Não se esqueça. Você agora é o noivo da Olga você é meu.

Ele não pôde fazer nada além de acenar com a cabeça. Raishin deixou o escritório com um humor sombrio.

Ele vagou pelo campus como se arrastasse as pernas. Quando percebeu onde estava depois de todo esse tempo andando sem rumo, ele havia voltado para os arredores da Faculdade de Ciências.

Uma jovem de cabelos pretos estava parada sob a iluminação externa.

— Raishin!

Era Yaya. Ela notou Raishin e correu até ele.

— Onde você foi? Você saiu correndo do nada ah! Não me diga que você estava no quarto daquela megera de ontem… bem quando a Charlotte-san está passando por um momento difícil…

Ela estava certa, mas Raishin não podia mais se dar ao luxo de encontrar uma desculpa para isso.

— Desculpe. Posso contar com você para a Festa Noturna de hoje?

— É claro… mas, tem algo errado? Você está agindo estranho, Raishin.

— Não é nada. Vamos lá.

Ele se sentiu mal por Yaya, mas não podia explicar.

Acompanhado por uma aparentemente preocupada Yaya, ele se dirigiu até o Coliseu, local da Festa Noturna.

O caminho até o Coliseu estava lotado de estudantes retornando para os seus dormitórios.

Ao que parece, a noite já havia sido concluída. Talvez Loki ou Frey tenham sido os responsáveis.

Quando ele chegou ao campo de batalha, Loki e Cherubim estavam no palco. Frey não estava em nenhum lugar à vista. Os restos quebrados de um autômato estavam sendo levados para fora do palco.

— Não faça essa cara de fraqueza.

Assim que ele olhou para Raishin, Loki disse friamente sobre o ombro.

Seu impulso ardente foi transmitido a ele. Como ontem, ele sentiu uma sede de sangue.

— O quê? Não me diga que já acabou. E quanto a Fre—

No momento em que Raishin entrou no campo de batalha.

Cherubim voou, levantando chamas escaldantes.

Ele se transformou no ar e assumiu a forma de uma longa espada, mirando a cabeça de Yaya.

Raishin empurrou Yaya, que conseguiu desviar por um fio de cabelo, e saltou para se esquivar.

Ele olhou para Loki com a sensação de que não conseguia acreditar no que estava vendo. Yaya provavelmente compartilhava da mesma sensação. Ela estava olhando alternadamente para Loki e Raishin com os olhos arregalados.

Os poucos espectadores que ainda não haviam deixado seus assentos fizeram barulho diante da situação inesperada.

Aquele golpe tinha sido sério. Se eles não tivessem se esquivado, a cabeça de Yaya teria sido cortada e saído voando.

— O que há de errado? Com o que você está surpreso?

Loki disse com uma voz fria e penetrante.

— Originalmente, você e eu somos Números. Somos seres que devem esmagar um ao outro pelo único trono de Wiseman, não? Mais cedo ou mais tarde, esse seria o nosso destino.

Ele sabia disso.

Porém, em algum lugar, ele pensava que poderia continuar a se dar bem com Loki

Como um aliado, ele pensava que os dois poderiam lutar juntos.

— Somos inimigos, portanto

Um poder mágico pálido e visível se ergueu dos ombros de Loki.

— Decidi derrotá-lo esta noite.

*Buzz*

Cherubim avançou sobre Raishin, produzindo um ruído metálico.

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