Machine-Doll wa Kizutsukanai - Volume 7 - Capítulo 7 - Anime Center BR

Machine-Doll wa Kizutsukanai – Volume 7 – Capítulo 7

Capítulo 7: O Predominante

Tradução: Reiki Project

 

Charl e Frey já haviam retornado aos túneis subterrâneos após completarem facilmente seu primeiro objetivo.

Charl já estava de volta ao seu tamanho normal. Ela estava vestindo somente a jaqueta de Alice, não usando nada por baixo.

Sigmund estava em seu ombro, enquanto o cão-lobo Rabi caminhava ao lado de Frey.

Charl sentiu vontade de vomitar depois de se lembrar do que as duas tinham acabado de ver.

— Uuh… Charl, você está bem?

— Como você pode estar tão calma depois de ver algo assim?

— Havia muitas coisas dessas no lugar onde morávamos.

— Desculpe por lembrá-la de algo desagradável.

Frey inclinou ligeiramente o pescoço e moveu timidamente uma de suas mãos até a testa de Charl.

— Você está com febre?

— Não— Eu sou perfeitamente capaz de pedir desculpas quando preciso!

— Mas o seu rosto… está vermelho.

— Is-isso é—

O rosto de Charl ficou ainda mais vermelho, como se estivesse prestes a explodir em chamas a qualquer momento.

— Não se preocupe, Frey. O que aconteceu há alguns momentos atrás a deixou tão feliz que agora ela só consegue pensar nisso.

— Si-si-silêncio, Sigmund! Na-Não diga—! Idio—! Isso—!

Ao contrário de suas palavras, Charl estava tão vermelha que começou a se sentir zonza.

Frey olhou para o chão enquanto fazia uma declaração.

— Aquilo me deixou com inveja.

— Ma-ma-mas ele só disse aquilo porque não tinha outra escolha.

— Mesmo assim, eu ainda fiquei com inveja…

— …Eu sinto muito.

— Você realmente não está com febre…?

— Nós realmente temos tempo para ficar falando sobre isso!? Fizemos apenas metade do nosso trabalho!

Charl começou a andar aceleradamente depois de jogar essas palavras para encobrir sua timidez.

Frey também avançou pela escuridão da enorme cavidade, com uma expressão séria no rosto.

— Charl… Se tem algo te incomodando, você pode discutir não apenas com o Raishin, mas comigo também.

De repente, Frey havia declarado tais palavras com um tom sério de voz.

Depois de se virar surpresa, Charl descobriu que Frey tinha um sorriso no rosto.

— Somos amigas, afinal.

— !

Charl conseguiu conter desesperadamente as lágrimas que estavam se formando em seus olhos.

Uma pessoa que pode me chamar de amiga.

Até muito recentemente, não havia ninguém que pudesse cumprir esse papel.

Sua família nobre fora rejeitada pela sociedade por terem ferido o Príncipe Coroado.

Mesmo que todas as pessoas que a chamavam de amiga tivessem se afastado e desaparecido há muito tempo—

Charl olhou para Frey, seu rosto totalmente vermelho e aparentemente incomodado.

— Eu sou Charlotte, da orgulhosa Família Belew. Eu não suporto me tornar o fardo de qualquer pessoa. Portanto… se você depender de mim, eu também a ajudarei.

Frey assentiu alegremente— enquanto seus seios enormes saltitavam devido a inércia, jogando um balde de água fria em sua recém-cultivada amizade.

Naquele instante, Rabi ergueu as orelhas. Frey também virou a cabeça em seguida.

— Uuh… eles estão perto…!

Aparentemente, Rabi tinha ouvido um som. Frey também, uma vez que estava compartilhando os sentidos com o autômato.

Charl e Frey reduziram a velocidade e prosseguiram cuidadosamente ao descer a encosta diante delas.

Eventualmente, depois de chegarem a um penhasco, um enorme palácio tornou-se visível ao olharem para baixo.

Um templo solenemente resplandecente— uma estrutura com aspecto divino.

Um pilar em forma de cruz estava erguido na varanda do templo, e Shin estava preso a ele.

Seu corpo estava completamente envolto por correntes que selavam sua energia mágica. O fato de que ele estava preso por uma longa corrente era evidência o bastante da enorme força opressora que o possuía.

— É a nossa vez, Sigmund.

Charl se lembrou das palavras de Alice depois de chamar Sigmund.

“Se a vida deste autômato é preciosa para você— Se você não quiser ouvir esse tipo de frase cliché, precisamos apenas incapacitar todos os guardas de forma instantânea e recuperar o Shin. No entanto, desta vez as circunstâncias são muito ruins.

Sendo uma enorme cavidade aberta, aproximar-se deles seria muito perigoso. Mesmo se escondendo com a magia do circuito Yaegasumi, eles poderiam acabar ativando a barreira do inimigo, dando a eles uma ideia grosseira de sua localização, expondo-os a um ataque destrutivo de longo alcance.

É por isso que vamos destruir as correntes que prendem o Shin usando um tiro com uma magia de longo alcance. Shin tem a habilidade de voar, então apenas destruir suas amarras será o bastante para que ele escape por conta própria.”

Obviamente, Sigmund era o mais adequado para este papel.

Charl rapidamente alinhou sua visão com a de Sigmund, calculando a distância entre eles e Shin.

Um pouco mais de quinhentos metros. Não havia vento. A esta distância— seria possível acertar aquela corrente.

— Teremos apenas uma chance. Se falharmos… Frey, estou contando com você para atacar.

— Uh, entendido.

Frey assentiu movendo a cabeça. O movimento de seus seios enormes reduziu um pouco a vontade de Charl.

Sigmund abaixou sua postura enquanto estendia seus membros para equilibrar o corpo. Seu alvo eram as correntes que prendiam Shin. Falhar significaria abrir um buraco no corpo do autômato.

Charl preparou sua energia mágica e, com uma oração, puxou o gatilho em seu coração.

 

Parte 2

 

Rosenberg abriu seu largo sorriso sobre um Loki caído— imediatamente movendo seu pé para esmagar o crânio de seu adversário.

Loki ainda não havia voltado a si, ele não estava em condições para reagir adequadamente. Ele morreria—

No entanto, inesperadamente foi Komurasaki quem salvou Loki de tal situação.

Tendo desfeito o efeito do Yaegasumi em si mesma, Komurasaki lançou-se, mirando sua adaga de metal nos olhos de Rosenberg.

Rosenberg puxou o corpo para o lado, surpreso com o súbito ataque. Usar o Fragarach seria o bastante para anular o dano que pudesse ter sido causado em seus olhos, mas aparentemente seu medo instintivo dominou sua racionalidade por um instante.

Rosenberg estalou a língua de forma irritada depois de ficar envergonhado de si mesmo. Komurasaki aproveitou a oportunidade para buscar refúgio após reativar o efeito do Yaegasumi novamente, puxando Loki consigo desta vez.

Incluindo os guardas, ninguém ali parecia segui-los com os olhos. Aparentemente, eles não podiam vê-los.

— Onii-san, você está bem?

— Sim, desculpe. Você fez tudo isso sozinha?

— Eu também sou uma das Setsugetsuka! Mas tudo o que eu posso fazer é ficar brincando de esconde-esconde. Eles irão nos encontrar rapidamente se usarem qualquer magia de detecção.

— …Eu eliminarei os guardas antes que isso aconteça. Você pode me seguir, autômato Setsugetsuka?

— É claro!

Komurasaki estava agindo sem medo. Loki sorriu enquanto enviava sua energia mágica para Cherubim.

A enorme espada estava banhada por chamas carmesins enquanto cortava um Heimgardner pela metade. A silhueta de Cherubim, que tinha aparecido por um instante depois que sua invisibilidade foi cancelada, voltou a ser escondida por Komurasaki.

Os marionetistas responsáveis pela guarda foram assaltados por um medo imenso.

A situação era semelhante a ser atacado de surpresa no meio da escuridão.

A decisão a que eles finalmente chegaram foi— bater em retirada.

As quatro pessoas evacuaram o local protegidas pelos dois autômatos restantes.

Não fazia parte do trabalho dos guardas deixar seus autômatos serem destruídos em vão. Proteger a rota de fuga de Loki com antecedência para que pudessem chamar por reforços também tinha sido um trabalho esplêndido da parte deles.

…Mas ainda assim eles desistiram muito depressa.

Loki fechou os olhos por um momento, sentindo que havia algo fora do lugar. Ele não podia acreditar que os altamente aclamados Katzbalgers tinham desistido assim tão facilmente. Eles tinham outras intenções…?

Não, agora ele precisava se concentrar no inimigo a sua frente.

Agora que os Katzbalger tinham evacuado a área, o único autômato restante era aquela Fênix.

— …Que descuidado. Bem, isso não importa. Vocês não estão no nível da minha Fênix de qualquer modo.

Rosenberg estava tranquilamente de pé, sem sinais de ter sido afetado pela situação. E—

— Ali!

Ele havia dado sua ordem depois de descobrir precisamente a localização de Loki e Komurasaki.

O pássaro de fogo voou em direção a Cherubim quase tão depressa quanto a velocidade do som!

Loki não seria capaz de reagir a tempo. Recebendo o golpe com seu corpo inteiro, umas das peças da armadura de Cherubim que continha uma lâmina se partiu em duas. A Fênix mudou seu alvo para Loki após ver o estado desequilibrado de Cherubim. Rosenberg pretendia atacar o mago— exatamente como Loki havia lhe ensinado, uma tática elementar de batalha.

Loki saltou para o lado para evitar o ataque, mesmo assim seu manto pegou fogo e parte de sua pele acabou sendo queimada.

A Fênix continuou sua perseguição, Komurasaki gritava, tudo o que ela poderia fazer era assistir o momento em que as garras do pássaro estavam prestes a atingir a garganta de Loki.

Apesar disso, Cherubim conseguiu reagir desta vez, parando as garras da Fênix após voltar a sua forma de espada gigante. No entanto, é claro que ele não poderia queimar o pássaro. Usar a magia do circuito Jet apenas aumentaria o poder do inimigo.

A enorme espada começou a se estilhaçar intensamente. Um segundo antes da lâmina explodir, Loki escapou rolando sob a Fênix, mal conseguindo fazer com que Cherubim saísse do caminho.

— Huhu… que emocionante. Verdadeiramente.

Rosenberg riu agradavelmente, fiel às suas palavras.

— Que doce momento— brincar com o tolo insolente que ousou marcar o meu corpo.

— Marcar…?

Rosenberg arregaçou as mangas. Várias marcas de cicatrizes inchadas podiam ser vistas em seus braços.

— Essas são as feridas que você me deu. Marcas que também estão sobre minhas mãos e pernas. Meu coração vingativo se inflama tal qual a Fênix todas as vezes que eu vejo essas cicatrizes horríveis. Eu fiquei mais forte para fazê-lo pagar por isso. Por esta razão, eu sairei vitorioso.

— Fazer com que eu… pague por isso…!?

A voz de Loki havia perdido todo o seu calor.

Uma voz tão fria quanto o zero absoluto. Uma ruga surgiu no rosto de Rosenberg por um instante.

Loki ergueu o rosto lentamente. A expressão de Rosenberg mudou miseravelmente depois de ver aquele par de olhos vermelhos. Era o rosto de uma pessoa sentindo um medo real.

— Você acha que… arranhões patéticos… e insignificantes como esses…

Uma chama extraordinariamente barulhenta de energia mágica cobriu todo o corpo de Loki.

— Podem compensar a vida daquela garota!?

Depois de gritar, o chão, que era composto por uma mistura mágica, se partiu quando pequenas adagas voaram de dentro dele.

Eram as mesmas adagas que foram atiradas nos guardas no começo. Ele havia as movido através do chão e as puxado de volta para aquele local!

A mesma técnica que seu pai havia usado contra ele no passado. As quatro pequenas adagas atacaram Rosenberg por baixo. Todas atingiram seu alvo diretamente, mas nenhuma delas deixou nenhum tipo de ferimento em seu corpo.

— Uma luta sem sentido. É impossível que essas coisas perfurem o meu Fragar—

O sorriso zombeteiro de Rosenberg congelou em um instante… Ele estava enganado, o objetivo de Loki não era atacá-lo!

Uma das adagas havia cortado o pulso esquerdo de Loki, fazendo com que sangue fresco começasse a fluir incessantemente para o chão.

— …O que você fez? Você planeja se matar primeiro? Como se eu fosse permitir!

Rosenberg incitou sua Fênix a avançar— mas o autômato não se moveu.

Ela não avançou. A Fênix ficou paralisada no ar, como se uma parede invisível impedisse que ela avançasse. Os olhos de Rosenberg se arregalaram depois de perceber a causa daquela anormalidade.

— Tele… cinese? Você está parando os movimentos de um autômato controlado por outra pessoa por meio… da telecinese …!?

Quanta energia mágica alguém precisaria para realizar um feito assim?

Uma quantidade absurda de energia mágica dominou toda a região nas proximidades. Komurasaki havia caído dolorosamente de joelhos depois de ser atingida pelo impacto das ondas de fluxo mágico.

O sangue que Loki derramava não estava formando uma poça no chão. Ele evaporava antes mesmo de tocar o chão, transformando-se em uma aterrorizante energia mágica de alta densidade, que fluía em direção a Cherubim.

O coração mecânico implantado no peito de Loki estava girando fora de controle, como um reator mágico expelindo quantidades explosivas de energia mágica.

Rosenberg estremeceu. No entanto, Loki não lhe daria a liberdade para recuar neste momento.

A enorme espada coberta de chamas carmesins começou a girar, com uma velocidade que excedia em muito a velocidade do som.

 

Parte 3

 

— Eu agradeço, Diretor.

Griselda tentou mostrar um sorriso confiante enquanto escondia a tensão.

— Você deixou meu pupilo escapar— devo interpretar assim?

— Eu não tinha intenção de deixá-lo ir. No entanto, todo esforço merece uma recompensa, e cada jovem uma oportunidade. Especialmente aquele garoto, que acumulou resultados o bastante e muitos méritos dignos de louvor.

— Que grande professor. Então, como terminamos este duelo? Agora que meu aluno idiota conseguiu passar por este lugar, eu gostaria de recuar com o rabo entre as pernas o mais depressa possível.

— Eu não posso deixar você fazer isso. Se você se retirar aqui, eu simplesmente voltarei a perseguir aquele jovem— e você não acha realmente que poderia se opor à autoridade acadêmica e sair ilesa, certo?

— Eu achei— que sim!

Griselda subitamente atacou o Diretor, tentando cortá-lo.

No entanto, ele não sendo uma pessoa comum, já havia reagido ao ataque. A Rainha lançou seu grupo de espíritos.

O autômato escudo avançou e cobriu Griselda. Os espíritos que foram bloqueados se espalharam como fumaça pelo ar, e Griselda aproveitou para voar perto do chão e tentar atacar a Rainha por baixo.

O Diretor nem sequer olhou para Griselda. Não que ele não tivesse notado— ele já sabia que ela faria isso.

O autômato espada atacou por cima, mirando a cabeça do Diretor.

Griselda tinha sido a isca, e a espada era o verdadeiro ataque.

A espada foi bloqueada pelo Diretor enquanto um novo grupo de espíritos vingativos choveram sobre Griselda mais uma vez.

Griselda rapidamente rolou para trás enquanto ordenava que seu autômato espada recuasse rapidamente. Outra massa de espíritos tinha aparecido por trás de Griselda, enquanto seu escudo a protegia pela frente.

Aparentemente, ela tinha sido cercada tirando vantagem de seu ponto cego. No entanto, tudo isso ainda estava dentro da estimativa de Griselda, que dispersou a massa às suas costas sem sequer precisar olhar naquela direção, com um golpe de sua espada.

Foi uma repetição contínua de Griselda dispersando os espíritos da Rainha e se aproveitando dessa oportunidade para se aproximar e tentar cortá-la, apenas para que ela tivesse seu ataque impedido pelo Diretor. Ela tinha finalmente decidido se afastar depois que a luta se arrastou por cinco minutos.

O suor na testa de Griselda era claro, mas sua respiração não estava perturbada.

Por outro lado, o Diretor não tinha uma única gota de suor, mas parecia irritado. Ele começou a falar depois de franzir a testa.

— Não vamos chegar a lugar nenhum assim…

Era uma batalha sem graça. Griselda riu.

— Por que você não tenta dispensar essa Rainha obscenamente brutal e usar outro autômato? Esse não é um dos seus pontos fortes e a razão pela qual você é conhecido por ser poderoso?

— …Hum, eu realmente gostaria de fazer isso, mas…

— O que foi, Ed? Você está dizendo que meu trabalho aqui está feito?

A Rainha estufou as bochechas em descontentamento.

— Que ingrato da sua parte. Quem você acha que conseguiu transformar aquele pirralho magrelo na pessoa que você é hoje? Eu estou muito triste.

— Espere um momento, Rainha Ishtar! Tal coisa não—

— Não importa mais. Apenas me dê mais energia mágica. Vou trazer minha segunda tropa.

— !

O medo tomou conta do corpo de Griselda após ouvir essas palavras.

Dizia-se que o demônio Astaroth possuía quarenta tropas. Griselda estava convencida de que esse grupo de espíritos que ela estava enfrentando compunha todas elas.

Porém… e se todo esse grupo representasse apenas a primeira tropa?

A Rainha não estava usando mais do que um quadragésimo de sua força total…!?

— Parece que não temos outra escolha.

O Diretor preparou sua energia mágica. Uma rajada de vento, mais parecida com uma tempestade furiosa, cobriu o lugar.

A colossal energia mágica foi transferida para o corpo da Rainha, de modo que Griselda começou a temer a realidade absurda à sua frente.

Então—

— Esqueça isso, velhote.

Alguém apareceu ao lado do Diretor como uma rajada de vento.

A pessoa segurava um sabre apontado para frente, obstruindo o caminho.

Era alguém que Griselda conhecia. Aquela mulher era a secretária do Diretor, alguém que o governo britânico havia enviado pessoalmente.

— Como você pode ver, estou muito ocupado no momento, Avril-kun.

— Não se preocupe, meu assunto possui uma prioridade muito maior. Um pedido direto de Sua Majestade, o Rei. Ele disse que queria te perguntar alguma coisa— sobre o caso Grandville.

— Hum… isso foi muito rápido.

Mostrando um olhar divertido, o Diretor havia fechado o Livro Lemegeton em sua mão. “Ei, Ed…” foram as últimas palavras de repreensão deixadas pela Rainha antes de desaparecer completamente.

O Diretor virou-se para Griselda com seu costumeiro comportamento modesto e nobre.

— Senhorita Weston. Eu gostaria de esquecer que todos os eventos desta noite aconteceram, mas também gostaria de ouvir a sua opinião.

— O que você disse?

— Ninguém veio a este lugar e nada aconteceu aqui. Eu não tenho nenhuma intenção de condenar suas ações. Já que nada aconteceu, não há realmente qualquer necessidade de se lidar com nada.

…Velho esperto.

Griselda sorriu amargamente.

— Do que você poderia estar falando? Nada aconteceu aqui esta noite, então por que você condenaria qualquer uma de minhas ações?

O Diretor então assentiu, satisfeito.

— Vamos, então. Irei acompanhá-la até a superfície.

Ele estava dizendo que ela deveria segui-lo. Este local era o lugar mais importante da Academia. Ele provavelmente não tinha a intenção de deixá-la vagar livremente por ali.

Recebendo um olhar descaradamente irritado de Avril, Griselda começou a andar em direção a ambos. Depois de mudarem de forma, a espada e o escudo a seguiram com passos tão graciosos que ninguém poderia sequer pensar que se tratavam de simples objetos mecânicos.

Griselda foi tomada por uma ansiedade sem precedentes enquanto avançava pelo caminho escuro à sua frente.

Raishin deveria estar lutando mais adiante. Entretanto, Griselda havia parado de ouvir quaisquer sons de batalha fazia algum tempo.

A luta já acabou, então. Aquele idiota realmente… ainda está vivo?

O Diretor continuou andando calmamente. Suas costas pareciam terrivelmente desagradáveis.

 

Parte 4

 

— Magnus…

Alice sentiu um medo muito evidente depois de olhar para aquela máscara de metal.

Não apenas Alice. Mesmo Raishin, que sempre tinha um sorriso no rosto, não importava o tipo de situação em que se encontrasse, ficou petrificado com uma expressão tensa. Yaya também estava tremendo um pouco.

Um homem pelo menos meia cabeça mais alto que Raishin. A máscara e a capa escondiam inteiramente sua aparência.

Um indivíduo que passava uma forte impressão, apesar de não ter uma única característica que pudesse revelar sua verdadeira identidade.

Havia três autômatos ao redor dele, agindo como escoltas.

Elas usavam vestidos que cobriam seus corpos como se fossem flores. Os véus finos que cobria seus rostos tinham kanjis orientais sobre eles. Uma vez que a escrita dos símbolos era um pouco áspera, mesmo Alice, que era versada em vários idiomas, levou algum tempo para decifrá-los. Ho(火), Kama(鎌) e Tama(玉)— Cada um deles representava uma parte de seus nomes. Portanto, aqueles três autômatos eram Hotaru, Kamakiri e Tamamushi.

Cada uma delas brandia armas diferentes. Hotaru tinha adagas em ambas as mãos, Kamakiri segurava uma foice de cabo longo, e Tamamushi tinha uma espada. Embora não estivessem em posição de ataque, todas as armas estavam em punho, prontas para reagir rapidamente.

O [Esquadrão] que Magnus controlava. Deveriam ser seis no total, mas havia apenas três delas aqui.

— …Que atencioso, Diretor.

Raishin exibiu um leve sorriso depois de enxugar o suor.

— Excelente. Vou por fim ao meu destino aqui e agora de uma vez por todas!

— Espere, Raishin. É melhor você esperar pela T-Rex ou pelo Imperador da Espada antes—

— Não podemos nos dar a esse luxo. Se eu recuar aqui agora, não poderei salvar você ou o Shin.

— Por favor, afaste-se, Alice-san. Do contrário, você estará em perigo.

Yaya avisou Alice, preocupada com ela. Aparentemente, ela também queria lutar.

Magnus assentiu enquanto olhava para Raishin como se tentasse determinar algo.

— Eu posso ver que você ficou mais forte. Você está desafiando um inimigo que já o derrotou uma vez sem demonstrar nenhum medo.

— Eu estou com medo. Mas, mais do que isso, agora meu desejo de lutar com você é muito mais forte.

— Coragem imprudente. Você só quer experimentar o quão grande é o poder que adquiriu até agora.

— Isso mesmo, eu sou imprudente— mas não pense que dessa vez será igual àquela época.

— Hoh— E você poderia me dizer o que mudou?

Um segundo depois, um som metálico se espalhou pelo corredor.

As três donzelas autômatas apareceram próximas de Raishin. Hotaru pela frente, Tamamushi e Kamakiri por trás. Elas tentaram cortar Raishin com suas lâminas.

Duas das garotas saltaram para longe. Seus véus se levantaram ligeiramente com o movimento e revelaram expressões de surpresa em seus rostos.

Raishin olhou para sua mão esquerda, para o seu dedo indicador. Uma pequena gota de sangue escorria de um pequeno corte. Era uma ferida que fazia parecer que seu dedo havia sido atingido por uma agulha. Provavelmente era a mão que ele havia usado para parar o ataque de Hotaru.

Ele nem sequer precisou bloquear os ataques restantes. Ele apenas tinha se esquivado deles com um movimento delicado.

— Incrível. Então essas garotas podem romper a magia do Kongouriki usando apenas força bruta.

Raishin sorriu. Magnus olhou para ele com admiração.

— Incrível. Então você conseguiu ativar o Kongouriki em apenas um instante.

— É um pouco cedo para você me elogiar.

Raishin pegou a bandagem que cobria sua mão direita e a arrancou com um único movimento.

Os olhos de Alice se arregalaram depois de ver o que aquela bandagem estava escondendo. Um padrão misterioso estava gravado em sua mão direita. Talvez uma tatuagem? O desenho traçava linhas tal qual um labirinto.

As marcas em seu braço começaram a brilhar com um tom de vermelho carmesim assim que entraram em contato com o ar.

— Yaya. Suimei 48.

— Sim!

Cinco fios se espalharam dos dedos de Raishin em direção às costas de Yaya.

Fios de energia mágico de um tom pálido de azul. Brilhantes o bastante para queimar a retina de quem os visse.

Alice ficou chocada. Ela nunca tinha visto tal convergência de energia mágica. Ela não achava que mesmo seu pai, Edward, poderia fazer algo assim…

Yaya acelerou de forma explosiva, lançando-se em direção a Magnus.

Claro que o Esquadrão de Magnus não permitiria que ela o atingisse. Kamakiri ativou sua magia, movendo instantaneamente Hotaru para a frente de Magnus. Hotaru recebeu o punho de Yaya com suas lâminas cruzadas diante dela.

Hotaru conseguiu parar o punho de Yaya. No entanto, ela não conseguiu conter a força do golpe em si!

As pequenas adagas foram destruídas e Hotaru foi lançada voando para longe. A força do golpe fez com que Hotaru colidisse com uma parede no salão, criando uma cratera na qual seu corpo afundou. Algumas fissuras, semelhantes a uma teia de aranha, se expandiram do local do impacto por todos os lados até o teto da cúpula, de modo que toda a estrutura foi abalada até o núcleo.

Alice estava com medo. Yaya conseguiu dominar o Esquadrão de Magnus!

Raishin sorriu agradavelmente enquanto cerrava os punhos.

— Eu não era habilidoso o bastante para controlar dez fios de uma única vez. Então cinco bastam.

Magnus sussurrou entediado depois de ver o braço de Raishin.

— Então você selou os fios em um braço para poder usar o outro— um Rimon Kouyokujin, Shahou Zange, hum.

— !?

— Com o que você está surpreso? Você realmente acreditou que em mais de mil anos de história do Clã Akabane, não houve sequer um indivíduo que tenha chegado a mesma conclusão que você?

Magnus continuou a falar de forma desinteressada, com seus olhos vermelhos fixos em Raishin.

— Essa é uma fórmula mágica que eu nunca vi, mas faz essencialmente a mesma coisa. De acordo com alguns registros ancestrais, o Kouyokujin possui três portas— Jicchou, Jissoku e Juurin. O Rimon é o que você consegue quando abandona uma delas, um caminho simples em que apenas Jicchou e Jissoku estão completos.

Magnus suspirou. Ele estava expressando sua decepção enquanto balançava a cabeça.

— Você se apressou demais. Você descartou o talento com o qual nasceu.

Alice deu uma olhada no rosto de perfil de Raishin.

Raishin estava pálido, mas não havia perdido a vitalidade.

— Eu farei o que for preciso para derrotar você. Além disso, eu não descartei o pouco talento que tenho. Mas mais importante do que isso— você, você acabou de cometer um erro crucial.

— …O que seria?

— Você acabou de admitir ser Akabane Tenzen na minha frente!

Um som estrondoso, como aquele produzido por uma maré violenta, começou a agitar o lugar.

Talvez seu ódio tenha pedido por mais poder, porque uma absurda quantidade de energia mágica estava transbordando do corpo de Raishin.

A energia que estava concentrada em seu braço direito havia se transformado em fios bem concentrado de pura energia mágica que se moveram na direção de Yaya, concedendo a ela uma força temível.

O cabelo de Yaya começou a subir um pouco— e então ela desapareceu.

Não. Ela começou a correr. A onda de impacto atingiu as bochechas de Alice, soprando seu cabelo para trás.

Yaya entrou na área do inimigo em apenas um instante. Ela correu em direção a Hotaru, que estava se levantando.

Entretanto, outra das donzelas interferiu, depois de se transportar ela mesma para a frente de Yaya.

Era Tamamushi. Ela recebeu o golpe do punho de Yaya não com sua espada, mas com o próprio braço esquerdo.

Hotaru se juntou a Tamamushi por trás antes que ela pudesse ser dominada por Yaya. Apesar disso, a força de Yaya continuava a superá-las. Se ela pudesse apenas continuar forçando-as assim—

Foi neste momento que pela primeira vez Magnus apontou sua mão direita na direção de seus autômatos.

Cinco fios de energia mágica se estenderam de seus dedos. Dois haviam atingido Hotaru, e dois atingiram Tamamushi. A força das duas garotas havia aumentado em questão de instantes e começaram a competir com a força de Yaya— Ao mesmo tempo, o circuito mágico de Tamamushi foi ativado.

Que tipo de magia poderia ser? A mudança ficou rapidamente visível em Yaya, não em Tamamushi.

A força começou a deixar o corpo dela.

A reação de Raishin foi rápida. Ele segurou o braço direito com a mão esquerda, aumentando ainda mais sua energia mágica. Yaya recuperou sua postura, mas seu poder não estava aumentando!

Ele está reduzindo a energia mágica da Yaya… Não, ele está drenando!

Tamamushi continuou a aumentar os efeitos de sua magia. Uma magia do tipo drenagem mágica exigia um programa extremamente complexo e um controle muito delicado. Magnus estava fazendo isso como se não fosse nada, enquanto controlava três autômatos ao mesmo tempo—

Sim, três autômatos.

Já era tarde demais quando Raishin percebeu isso. O último dos fios de Magnus chegou a Kamakiri— que ergueu sua foice depois de se teletransportar para atrás de Raishin.

Kamakiri apontou para o pescoço de Raishin. No entanto, depois de abaixar e evitar por muito pouco o ataque, Raishin imediatamente chutou o estômago de Kamakiri.

Ele foi capaz de contra-atacar! Raishin apontou seu sorriso para Magnus diante de uma surpresa Alice.

— Magia de transporte espacial é certamente uma ameaça— mas não é como se sua velocidade realmente aumentasse. Eu posso reagir desde que eu saiba quando ela vai atacar e onde vai aparecer. Um truque desmascarado nada mais é do que uma simples farsa— não foram essas suas palavras?

— …Nesse caso, eu darei outra lição ao meu kouhai, como bom membro da Academia que eu sou. O que decide a utilidade de uma magia não é a superioridade da habilidade. O mais importante é— como e quando usá-la.

Kamakiri desapareceu novamente e reapareceu acima de Yaya.

Ela parecia mirar em Yaya, mas como ela estava no meio da luta contra Tamamushi— seu Kongoukiri ainda estava ativo. Sendo assim, aquela foice não faria nada com ela.

— Por baixo, Raishin!

Raishin também notou antes mesmo que Alice terminasse de falar.

O grande movimento de Kamakiri tinha sido apenas uma simulação. O verdadeiro ataque— veio de Hotaru!

Hotaru foi transportada para abaixo de sua linha de visão em um instante.

A velocidade dos ataques de Hotaru era muito mais rápida do que a dos demais autômatos.

O bastante para que não fosse visível. Hotaru empurrou sua palma para frente tal qual um relâmpago.

Foi graças aos seus instintos que Raishin conseguiu reagir. Ao menos ele não tinha conseguido se esquivar do golpe por ter sido capaz de enxergá-lo.

Raishin saltou para longe dali ao pegar impulso no chão. A palma de Hotaru tinha falhado em tocar o abdômen de Raishin por um fio de cabelo—

——Ou assim ele pensou.

Uma grande quantidade de fluídos gástricos misturados com sangue e outras coisas começou a transbordar da boca de Raishin.

— Ah… ah… aa…!

Foi um impacto como se algo tivesse explodido dentro dele. Incapaz de continuar de pé, Raishin caiu no chão, tentando apoiar seu corpo com as mãos na sua frente, enquanto observava o que seu corpo estava jogando fora. Ele não conseguia entender o que o havia atingido.

Não tinha sido uma onda de choque.

Raishin havia aplicado a magia Kongouriki em si mesmo naquele instante. Se a palma da mão de Hotaru tivesse criado uma onda de choque, a armadura formada por seus músculos fortalecidos deveria tê-lo protegido.

Yaya voltou para o lado de Raishin, à beira das lágrimas.

— Raishin! Por favor, me responda, Raishin!

— O que foi isso…?

Os olhos vermelhos de Magnus se fixaram em Raishin com simpatia.

— Você confundiu o poder da Hotaru.

…Entendo. Então eu estava entendendo errado.

Hotaru parecia do tipo que realizava ataques físicos após aumentar a força do seu corpo. Alice pensou assim, e provavelmente Raishin também.

No entanto, e se essa força física fosse apenas um subproduto de outro tipo de magia?

E se ao ativar o efeito de sua magia, incidentalmente, suas habilidades físicas também fossem aumentadas?

— Você não serve para nada.

Raishin podia ouvir as palavras de Magnus vindo de algum lugar bem atrás dele.

Aparentemente, Magnus foi transportado para atrás dele. Em algum ponto, uma pequena espada apareceu em uma de suas mãos.

Yaya não conseguiu reagir. A espada curta iria cortar o pescoço de Raishin— mas um instante antes disso acontecer—

O braço esquerdo de Alice bloqueou a lâmina.

— …Alice Rutherford. Qual o significado disso?

Magnus pareceu um pouco surpreso.

Alice torceu o braço esquerdo— seu membro mecânico artificial— com força, danificando intencionalmente o interior do cilindro. Um gás vermelho começou a se espalhar do tubo de metal quebrado.

— Mestre! Afaste-se!

Hotaru gritou. Alice também gritou com todas as suas forças depois de olhar para o Esquadrão agitado atrás dela.

— Yaya! Pegue o Raishin!

Yaya desesperadamente carregou Raishin em seus braços enquanto desajeitadamente escapava de Magnus. Alice também saltou para trás, atirando o seu brinco esquerdo no gás.

A magia foi ativada depois de receber sua energia mágica. O brinco tinha emitido uma faísca, que rapidamente inflamou o gás no local, gerando uma imensa explosão.

Alice e Yaya conseguiram escapar para um canto do grande salão, lançando-se em direção a uma saída que Alice havia indicado antes.

Algumas escadas as esperavam naquele lugar. Infelizmente, elas levavam para baixo.

— Alice-san, o que… o que podemos fazer…!?

— Shh! Esconda-se!

Alice continuou descendo as escadas depois de fazer Yaya parar de falar.

Um buraco escuro na parede tornou-se visível depois de descer cerca de dois andares. Alice prestou atenção na situação acima deles após rapidamente atirar Raishin dentro daquele buraco. Magnus estava se aproximando… mas seus passos eram lentos. Assim como ela temia, aquele lugar parecia não ter saída.

— Raishin… Raishin…!

Yaya continuava sacudindo seu mestre enquanto abafava sua própria voz.

Raishin não respondeu. Ele aparentemente tinha desmaiado. Apesar de quase não estar sangrando, o dano interno que ele recebeu parecia ter sido muito grave.

A visão de Alice gradualmente embaçou depois de ver a aparência desastrosa de Raishin.

Que homem tolo. Sério. Ele não tem salvação.

O peito de Alice estava tão quente que ela não conseguia suportar.

Eu— uma garota que engana e mente para outras pessoas em benefício próprio.

Raishin— o completo oposto. Uma pessoa que se deixa enganar e que se coloca em perigo pelo bem dos outros.

A humanidade não deve perder um homem tão raro e peculiar como ele.

Eu não posso deixá-lo morrer. Este homem não pode morrer.

Foi honestamente surpreendente— descobrir que sentimentos assim tão belos ainda possam existir dentro dessa minha alma contaminada.

Ela queria rir. Era a primeira vez em sua vida que Alice sentia-se grata a Deus.

Isso mesmo, eu ainda tenho uma última arma sobrando.

Uma arma perfeita o bastante para fazer com que qualquer um pensasse que ela tinha sido criada exatamente para este momento.

— Yaya, eu preciso te pedir um favor.

Yaya olhou para cima com expectativa, com uma expressão muito tensa.

— Eu quero que você retire meu cadáver deste lugar quando a luta terminar. De uma forma que ninguém o encontre.

— Eh… Alice-san… o que você quer dizer com isso?

— Meu circuito mágico é excelente. Afinal, é algo que o próprio Edward Rutherford mandou criar. Apesar disso, o efeito ainda vai se desgastar depois de alguns dias.

Alice piscou de brincadeira. Ela então ativou a magia do circuito Brocken.

Yaya arregalou os olhos, surpresa depois de olhar para a silhueta de Alice após sua transformação—

E começou a chorar depois de entender a intenção de Alice.

— Ó? Você está chorando por minha causa?

— Porque…

— Você é muito gentil, apesar de todas as coisas horríveis que eu disse a você.

Alice tinha movido as mãos para os ombros delicados de Yaya.

— Você vai me ajudar, certo? Eu quero salvar essa pessoa.

Yaya assentiu. Outro Raishin surgiu diante de seus olhos.

Seus ferimentos e até mesmo o sangue que ele derramou— tudo era idêntico ao original.

Alice, que se transformou em Raishin, também ativou o circuito Brocken sobre o verdadeiro Raishin.

Elas empurraram o corpo de Raishin ainda mais no buraco depois de o camuflarem como outra parte das rochas. A magia, que era usada para reunir informações, não seria descoberta facilmente, a menos que fosse conduzida uma busca especial.

— Adeus, Raishin. Representar o papel de sua noiva— foi muito divertido.

Alice deixou o buraco com Yaya, voltando para as escadas depois de dizer adeus.

Após subirem até um ponto plano e eliminarem sua presença—

Yaya lançou um ataque surpresa em Hotaru, que descia as escadas.

O chute foi um golpe direto. Hotaru foi lançada para longe. Não causou um grande dano a ela, mas o ataque surpresa tinha sido um sucesso.

Hotaru girou no ar e pousou no chão. Às suas costas, a sombra de Magnus tornou-se visível.

Alice começou a falar, imitando a voz de Raishin.

— Você pensou que fosse vencer assim tão fácil, Magnus-san? Eu não morri ainda.

A magia seria responsável por regular o tom de sua voz, mas isso não era algo que Alice pudesse confirmar por conta própria.

Eu soei parecida com ele? A insegurança é insuportável, mas— eu vou conseguir. Eu passei toda a minha vida enganando várias pessoas. O Magnus não será exceção!

— Vamos, Yaya.

— Sim!

Alice enviou sua energia mágica para Yaya, que havia acabado de assentir com firmeza.

A batalha recomeçou mais uma vez. Yaya atirou seu corpo inteiro na direção de Hotaru.

No entanto, havia três autômatos no Esquadrão de Magnus. Tamamushi sacou sua espada para ajudar Hotaru. Yaya foi rapidamente encurralada.

Kamakiri saltou em direção a Alice com sua foice em mãos.

——Perfeito.

Alice sorriu no fundo de seu coração.

Mesmo se ela fosse decapitada, o circuito Brocken não perderia o efeito. Neste lugar, um cadáver idêntico ao de Raishin permaneceria caído, e o verdadeiro não seria procurado— tinha que ser assim.

Se esse tipo de golpe funcionaria em Magnus ou não, era uma aposta que ela precisava fazer. No entanto, de acordo com a suposição de Alice, mesmo que alguma suspeita restasse em Magnus, ele provavelmente não iria muito mais longe do que isso.

Adeus, Raishin.

Alice mais uma vez se despediu de Raishin dentro de seu coração. A grande lâmina que desceu pelo ar, descrevendo uma lua crescente para cortar o pescoço de Alice… parou abruptamente.

— …?

O corpo de Kamakiri estava se contorcendo dolorosamente na frente de Alice. Aparentemente, ela não conseguia se mover.

Alice então notou os fios azuis pálidos de energia mágica que se enrolavam ao redor do corpo de Kamakiri.

Alguém apoiou seu corpo nos ombros de Alice antes que ela pudesse entender o que estava acontecendo. Nesse momento, os fios de energia mágica que entraram em contato com seu corpo desfizeram facilmente sua camuflagem.

Foi Raishin quem se agarrou a Alice.

Raishin abraçou Alice enquanto respirava superficialmente— Não, ele estava apenas encostado nela.

— Raishin… o que… você está fazendo!? Apesar de tudo isso… você é um idiota!

— Você que é idiota!

Raishin gritou irritado. Seu hálito quente chegou ao ouvido de Alice, surpreendendo-a.

— Você é muito egoísta! Depois de me envolver… manipular a Charl… e fazer tudo o que queria tantas vezes… você me dá um adeus egoísta assim!

— Mas tudo o que eu fiz com você…!

— Se você realmente se sente culpada pelo que fez—

Raishin segurou Alice com força, forte o bastante para quebrar os ombros dela a qualquer momento.

— Viva e redima-se!

Alice rapidamente conteve as lágrimas que transbordavam de seus olhos.

Viva e continue a viver.

Foi a primeira vez que alguém disse isso a ela.

Raishin lançou seu olhar para Magnus, enquanto chamava por sua parceira.

— Vamos nessa, Yaya!

— Sim!

Ele poderia manter esse poder mágico? Mais energia mágica começou a transbordar do corpo de Raishin.

No entanto— de certo modo, a luta já havia terminado antes mesmo que essa energia mágica se manifestasse.

— Seu tempo acabou, Magnus-kun.

A voz do Diretor veio de cima.

 

Parte 5

 

Kimberley estava correndo pelo chão feito de liga mágica.

Seu corpo estava coberto por uma capa preta com bordados dourados. Seus movimentos eram muito eficientes, ágeis o bastante para fazer com que ela parecesse estar voando.

Kimberley encontrou Loki a cerca de 400 metros daquele Santuário.

Loki estava apoiado em sua enorme espada fincada no chão. O que ele poderia ter feito? Sua energia mágica estava completamente esgotada. Seu rosto, que normalmente já era muito branco, estava ainda mais pálido que o normal, e seu corpo tremia repetidamente.

Kimberley fez barulho com seus passos de propósito, para se aproximar sem assustá-lo.

— Parece que eu não era necessária.

A presença do inimigo não podia ser sentida em lugar nenhum. Ali restavam apenas o que podiam ser os restos queimados de alguns tipos de autômatos por todos os lados.

— Presumo que esses restos sejam do Code-PX. Você fez isso? Com as chamas do Cherubim?

— …Matar uma Fênix com fogo é impossível.

Aparentemente Loki não estava totalmente consciente. Suas palavras careciam de energia.

— Nesse caso, o que você usou? Acredito que não tenha sido um método comum.

— Fogo… não é a única coisa que pode ser usada contra um inimigo.

— —Você usou apenas a força bruta do propulsor do Cherubim?

Loki não respondeu, mas provavelmente isso por si só poderia ser considerado como uma resposta afirmativa. Ele havia acelerado sua espada gigante para lançá-la na direção do inimigo— Ele estava dizendo que conseguiu cortar a Fênix usando um método tão primitivo quanto esse?

As chamas da Fênix não eram usadas apenas para atacar. Reter os golpes do oponente por meio da propulsão induzida também reduziria em muito a força de qualquer outro ataque. Se ele tivesse de fato alcançado uma velocidade grande o bastante para romper aquela barreira defensiva— Não seria estranho que Cherubim acabasse sendo destruído com o impacto.

Certamente, Cherubim estava coberto de arranhões e rachaduras, mas ainda assim ele mantinha sua forma original de espada.

Então ele tinha fortalecido toda a estrutura usando a telecinese. Levando em consideração a energia mágica necessária para suportar tal impacto, a quantidade excederia em muito a de qualquer ser humano comum. Seria algo comparável a energia obtida ao fazer com que vários magos lançassem a mesma magia ao mesmo tempo.

— …Impressionante.

Kimberley elogiou Loki, admirada do fundo de seu coração.

Loki torceu os lábios sarcasticamente.

— Ser elogiado por você… só causa o efeito contrário.

— Estas são minhas palavras mais honestas. Parece que você não matou o Rosenberg. Não há nenhum cadáver.

— Eu o matei… como um mago. Eu roubei seu braço dominante e gravei o medo em sua alma…

Loki havia derrotado completamente um oponente que havia trazido consigo um autômato lendário. Além disso, mostrou a ele uma diferença de poder absolutamente inatingível. Ele dificilmente seria capaz de se recuperar de tal golpe, e mesmo que o fizesse, ele provavelmente teria que viver pelo resto da vida com o trauma. Isso faria com que fosse impossível para ele retornar ao campo de batalha algum dia.

De repente, uma vibração ressoou no ar.

Depois de olhar para cima, Kimberley viu um dragão voando em direção ao chão. Era Sigmund, com Charl e Frey montadas em suas costas. Charl estava surpresa por ver Kimberley, mas ficou ainda mais surpresa ao ver Loki. Ela então saltou e começou a correr em direção a ele.

— O que você fez!? Você está à beira da morte!

— …Não é da sua conta.

— Não, Loki! Não diga isso quando a Charl está se preocupando com você!

Loki virou o rosto, irritado após ser repreendido por sua irmã— e começou a cambalear para o lado, mas foi parado pelos seios fartos de Frey antes de desmaiar.

— Loki! Você está bem?

— Desculpe, irmã idiota. Isso é tudo que posso fazer… por hoje.

A força havia o deixado. Todo o peso de seu corpo caiu sobre Frey.

— Loki!? Loki!

— Não se preocupe— é algo que eu realmente não posso dizer nessa situação, mas ele apenas acabou de perder a consciência por ter usado muito poder mágico.

Apesar de falar como se não fosse algo sério, Kimberley rapidamente começou a inspecionar o corpo de Loki.

Ela então notou o corte em seu pulso esquerdo. Uma corda fora amarrada ao redor de seu braço para estancar o sangramento. O sangue não estava fluindo em seu pulso. Ele havia cortado a artéria. Sua vida estaria em perigo se ele não recebesse tratamento imediato.

— Isso é péssimo. Leve-o para cima e faça aquele médico charlatão tratá-lo imediatamente!

Kimberley ergueu a voz como nunca. Empalidecendo, Charl e Frey rapidamente colocaram Loki sobre as costas de Sigmund, antes de saírem voando para a superfície.

— De qualquer forma— que pirralho impressionante.

Uma fissura de cerca de vinte metros estava aberta atrás de uma sorridente Kimberley.

Provavelmente uma fissura que Cherubim havia aberto. Aquele chão sólido, feito de uma mistura mágica, foi dividido facilmente, tal qual uma geleira.

— Realmente impressionante, não é?

Uma voz graciosa como a de um detetive ressoou no local.

Kimberley se virou, embora não estivesse surpresa. Naquele local, uma mulher vestindo um quimono glamuroso caminhou em direção a ela acompanhada por Irori, que também usava um quimono.

— Ah, Karyuusai-dono. O que você está fazendo em um lugar como este?

— A mesma coisa que você. Eu estava preocupada com o meu querido garoto e com os amigos dele.

— Eu não sou tão legal.

Shouko girou a viseira em um de seus olhos, examinando o local.

— …Então foi aqui que o herdeiro dos Rosenberg foi pulverizado.

— É o que parece. A Alemanha certamente abandonará os Kreuzritter de agora em diante. O projeto Fragarach será suspenso e aquele país ficará muito paralisado em termos de desenvolvimento de uma Machine Doll.

— Foi aquele garoto, Loki, que derrotou o herdeiro?

— É o que parece.

— Porém— este conflito provavelmente ficará registrado como uma ação imprudente do Penúltimo.

Jogando o cabelo para o lado, Shouko suspirou entediada.

— O conflito com os Kreuzritter já terminou uma vez como um infeliz mal-entendido. No entanto, já existe um rancor latente entre Japão e Alemanha.

Ela estava certa. Mesmo que este assunto não tenha se tornado público, os líderes de cada divisão do exército já guardavam rancor um do outro. Japão e Alemanha provavelmente se tornariam inimigos em uma possível futura guerra mundial.

— Parece que mais uma página do livro da paz se encerra aqui… Se bem que eu não estou realmente interessada no futuro deste mundo. Meu único interesse é—

— Uma Machine Doll, eu suponho?

Shouko mostrou um sorriso gracioso após balançar a cabeça em negação.

— Meu desejo é criar humanos. Filhos de Deus.

Shouko foi embora depois de se virar. Irori a seguiu em seguida, logo depois de se curvar respeitosamente.

— Que pessoa misteriosa, além de esconder coisas perigosas. Se bem que eu não posso falar muito sobre os outros.

Kimberley sorriu sarcasticamente, andando na direção oposta de Shouko.

 

Parte 6

 

Raishin estava olhando para o Diretor, confuso.

— Acabamos por aqui, Magnus.

— —Sim.

Hotaru, Kamakiri e Tamamushi imediatamente se afastaram.

O Diretor observou Raishin de cima enquanto descia lentamente as escadas.

O corpo de Alice ficou tenso nos braços de Raishin. O Diretor tinha começado a falar com um sorriso no rosto depois de olhar para Raishin e sua filha naquele estado.

— Você venceu. Você preparou tudo isso, não foi, Alice?

Alice baixou os olhos enquanto respondia com uma voz quase inaudível.

— …Sim.

— Você fez bem.

Sua voz estava muito baixa, mas Raishin conseguiu ouvi-lo claramente. O Diretor disse “Você fez bem”. As palavras dirigidas a Alice a haviam atordoado. Ela não conseguia entender o que ele estava elogiando.

Porém, também não havia tempo para entender. O Diretor rapidamente virou seu corpo e,

— Vamos, então, Magnus-kun.

Raishin perdeu a paciência instantaneamente.

— Espere aí, seu velho maldito! Você não tem algo melhor para dizer para—

— Está tudo bem, Raishin.

Alice interrompeu Raishin, agarrando um de seus braços.

— Está tudo bem.

Ela havia repetido as palavras enquanto sorria fracamente, mas de algum modo, com orgulho.

— …Por quanto tempo mais você vai continuar abraçando a Alice, Raishin?

Raishin voltou a si graças a voz fria de Yaya, rapidamente soltando Alice amedrontado. Antes que Raishin desmaiasse devido a tontura que sentia, Yaya o apoiou com todo o seu corpo.

— …Sinto muito, eu vou na frente. Estou preocupada com o Shin.

Após deixar essas palavras de desculpa, Alice desapareceu depois de subir pelas mesmas escadas por onde o Diretor havia ido.

— É meio assustador ouvi-la dizer que está preocupada com o Shin.

Raishin sorriu ironicamente. Sendo atraída, Yaya também abriu um sorriso.

Griselda apareceu logo depois da partida de Alice, correndo escadas abaixo com seus dois anjos mecânicos.

— Seu aluno idiota! Você está bem!?

A tensão no corpo de Raishin foi quebrada depois de ver o rosto de Griselda.

Seu corpo finalmente foi agredido pela sensação de derrota.

——Eu perdi.

Tinha sido uma derrota perfeita e completa. Não tinha sido nem sequer um duelo.

Magnus tinha usado apenas um único braço e três autômatos de seu Esquadrão. Apesar disso—

Por que diabos eu pensei que o tinha alcançado…!? Que eu iria igualá-lo se pudesse usar o meu Kouyokujin? Que nós estaríamos no mesmo nível? Você está errado! Não diminuiu nem um pouco! A avassaladora diferença entre meu irmão e eu!

— Mestre… por favor, me treine mais uma vez. Completamente do começo…!

Para o inferno com sua boa condição física. Nem mesmo se manter saudável tinha sido o bastante para alcançá-lo.

Ele precisava de um treinamento mortal— um treinamento que fosse equivalente a transcender a morte.

Griselda olhou silenciosamente enquanto Raishin baixava a cabeça em súplica.

Ela então puxou uma pequena carta de seu bolso de cima.

— Agora que me lembro, eu esqueci de te entregar isso.

— …Uma carta? O remetente é Eliade— Io!?

Uma carta de Ionela. Raishin começou a lê-la depois de abrir rapidamente o envelope.

[Para o meu querido Raishin. Estou lhe escrevendo esta carta me aproveitando da oportunidade de enviar meus modelos Michael e Raphael. Eles são um giro de 180 graus em comparação com tudo o que eu vinha fazendo até recentemente, mas ambos são minhas criações fofas. Tente ir vê-los e tiver a chance. Eu já contei de você para eles antes.]

— …Embora a primeira coisa que eles fizeram ao me ver foi me insultar.

Raishin olhou para os dois autômatos. Eles não haviam devolvido o olhar, aparentemente desinteressados por ele.

[Acho que você ficará muito surpreso quando os vir. Eles têm, afinal, um conceito totalmente diferente da Eva. Eu gostaria de criar autômatos o mais parecidos com seres humanos quanto possível, mas graças a esse objetivo eu tentei experimentar partir de uma abordagem totalmente oposta. Bem, eu estou dizendo tudo isso, mas na verdade o layout básico deles tem identicamente a mesma ordem que os anteriores e—]

Como sempre, as palavras de Io são verdadeiramente inacabáveis quando se trata de autômatos.

O peito de Raishin ficou mais quente quando ele se lembrou do sorriso inocente de Ionela.

Depois de um tempo, ele finalmente chegou ao final da carta, sendo que mais da metade desta tinha sido dedicada à explicação confusa sobre seus dois autômatos.

A última parte da carta, no entanto, era composta por palavras muito reconfortantes.

[O interrogatório vai demorar um pouco mais, mas graças aos modelos Michael e Raphael, é muito provável que eu volte muito mais rápido do que eu pensava. Bem, até outra hora. Estarei ansiosa pelo nosso reencontro!]

Talvez infectado pela positividade de Ionela, Raishin agora estava muito calmo.

Griselda provavelmente tinha feito tudo aquilo para animar Raishin.

Raishin ergueu a cabeça. Inesperadamente, Griselda estava olhando para ele com uma expressão muito fria.

— Por que você está sorrindo? Quando disse para você ler isso, eu estava me referindo ao final da carta.

— Ah? Vejamos… [De sua amada Ionela, cheia de todo o meu amor nu♡].

Ionela! Ela havia deixado uma bomba na carta!

— O que ela quis dizer com isso…!? Seu idiota, você colocou outra mulher em sua cesta novamente…!?

— Você está errada! Ela simplesmente não gosta de usar roupas—

— A Yaya também está muito preocupada com esse ponto. Muito.

— Não se preocupe com essa parte boba! Aliás, vocês também conhecem a Ionela!

— Raishin— um amor nu do nada—!

— Você com certeza tem coragem de me pedir para treiná-lo depois de brincar comigo…! Aaah! Venha, minha espada! Venha e corte esse desumano!

Uma aura assassina surgiu de ambas as garotas. Raishin disparou como um relâmpago depois de sentir o perigo iminente a seu corpo.

Enquanto ele subia as escadas, ele subitamente conseguiu ouvir uma voz gritando.

— Shin! Shin!

A voz de Alice. Os três decidiram subir depressa.

No primeiro andar, perto do hall de entrada, duas sombras estavam grudadas.

Alice estava agarrada firmemente a um Shin ensanguentado.

— Shin! Seu maldito desleal!

O luar estava iluminando o rosto de Shin. Suas feridas externas pareciam já ter cicatrizado, mas graças à mistura de sangue e lama em seu corpo, ele parecia muito abatido.

— Sinto muito, senhorita… Achei mesmo que deveria ter me matado…

Shin sussurrou fracamente, como se lamentasse sua própria covardia.

— Mas me lembrei de uma coisa e escolhi viver. Devido a isso, no entanto, eu causei muitos problemas desnecessários—

— Claro que não foram desnecessários!

Incapaz de conter as lágrimas por mais tempo, Alice começou a chorar enquanto batia no peito de Shin.

— Você não consegue entender!? Você é um idiota! Tão idiota quanto o Raishin!

— Não me use como referência! Ei, Shin, por que você está com essa cara triste!?

Raishin respondeu instintivamente. No entanto, suas palavras não podiam ser ouvidas nem pelo mordomo e nem por sua mestra.

Alice segurou a camisa de Shin com força enquanto enterrava sua cabeça no peito ensanguentado dele.

— Você é meu, Shin. Você sempre foi meu e continuará sendo! Você só pode morrer quando eu permitir. Até lá, eu não vou te perdoar se você morrer ou desaparecer! Você pode fazer isso, seu idiota estúpido…!?

Shin estendeu as mãos timidamente para os ombros trêmulos de Alice.

— O mordomo de Alice Rutherford não é absolutamente perfeito, mas—

Depois de muito hesitar, Shin finalmente a abraçou.

— Se for uma ordem de minha mestra, então será algo simples de se fazer.

Ele havia declarado com firmeza, com um leve sorriso.

Alice não disse mais nada. Yaya soluçou de um lado, enquanto Griselda desviava o olhar. Ambas sentiam algo pela relação entre um mago e seu autômato.

Ver Shin e Alice se abraçando finalmente removeu o fardo no peito de Raishin.

E ele também se lembrou de seu próprio objetivo mais uma vez.

Eu perdi desta vez, mas ainda não estou morto.

Da próxima vez que lutarmos— eu apenas tenho que vencer.

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