Prólogo: O Anjo Convida
Tradução: Reiki Project
— Sem medo de mal-entendidos, Yaya e Raishin cruzaram a linha neste verão.
No refeitório da Academia, um autômato com lindos cabelos negros— Yaya anunciava em voz alta.
Pausa para o almoço na Academia Real de Maquinagem Walpurgis. Como fazia desde seu primeiro semestre, Raishin estava com sua parceira Yaya, uma garota tão linda quanto uma fada chamada Charl, e Sigmund, que tinha a forma de um jovem dragão.
A afirmação controversa de Yaya já era familiar para os estudantes ao redor, motivo pelo qual ninguém prestou muita atenção ao que ela havia dito.
— Longe de estar com medo de mal-entendidos, você não está tentando causar um mal-entendido com todas as suas forças?
Raishin respondeu imediatamente como de costume.
Yaya o ignorou.
— Você entendeu, Charlotte-san? O verão é a estação do amor. Quando o verão acabar, garotas se transformarão em mulheres. Brincar com um foguinho desses vai te deixar algumas memórias agridoces.
— Ela está mentindo outra vez… não está, Raishin?
Parando de enrolar o macarrão, Charl perguntou ansiosamente.
— Que nós cruzamos uma linha, nós realmente cruzamos, mas não é o que você está
— O quê Sigmund! Exploda esse canalha!
— Calma, Charl. O Raishin está falando sobre habilidade mágica.
O que ele quis dizer é que… o efeito do circuito mágico [Força] agora podia ser exercido também pelo marionetista…
— Você está enganado Raishin e Yaya cruzaram a linha entre homem e mulher
Yaya insistiu enquanto estava à beira das lágrimas. Uma cena pacífica, como de costume.
Ao menos era o que acontecia até que
— Hou? Isso é divertido.
Uma voz familiar o alcançou por trás.
Yaya mostrou um estado de alerta e os alunos ao redor deles deixaram escapar um suspiro de admiração.
Quando Raishin se virou, nervoso, ele constatou que, assim como havia pensado, uma mulher conhecida estava ali parada.
Seu vestido bem feminino que enfatizava o busto, e o rabo de cavalo que parecia muito com a cauda de um cão eram suas principais características. Embora ela estivesse na casa dos vinte anos, ela tinha um sex appeal muito mais adulto se comparada a Yaya e Charl.
Ela era a Baronesa Griselda Weston, também conhecida como [A Labirinto], que fora a vencedora da última edição da Festa Noturna.
Como de costume, ela tinha uma grande espada pendurada na cintura.
Charl, que a encontrava pela primeira vez, enrijeceu visivelmente.
Raishin também se colocou em guarda, mas por uma razão completamente diferente da de Charl.
— …Olá, Oshishou-sama.
— O que há com essa cara? Você está fazendo uma careta como se tivesse acabado de encontrar algum monstro.
— Comparados com uma Wiseman, mesmo os monstros são criaturas fofas. Você poderia não ficar balançando sua espada em um lugar como este?
— Isso vale para todos vocês. Eu sou uma professora, sabiam? Por que eu faria algo tão idiota?
Se você fica balançando essa coisa para cima e para baixo, como pode sequer pensar em usar a palavra ‘descrição’?
— No momento em que ele pensou isso, um golpe da lâmina afiada veio descendo em sua direção.
Suas sobrancelhas estavam prestes a ser cortadas ao meio, mas ele parou o dito golpe usando o truque de ‘aparar um golpe de espada com as mãos nuas’.
— O que você está fazendo assim do nada!?
— Eu não desembainhei minha espada!
— Por favor, pare!
Yaya, que não conseguia deixar aquilo passar, interrompeu a conversa.
— Mesmo que você seja uma Wiseman, a Yaya não vai permitir que você machuque o Raishin!
— …Que coisa mais atrevida de se dizer para mim. Quem você pensa que é?
— A Yaya é a esposa do Raishin!
— Hou. A propósito, aluno idiota, seu currículo está—
— Você me ignorou!?
Yaya começou a chorar. Griselda acenou com a mão visivelmente irritada,
— Não subestime os adultos. É natural que os autômatos sintam um carinho anormal por aqueles que os usam, mas isso não é o bastante para que eu acredite na declaração de casamento feita por uma boneca. Agora, se isso for um fato, então eu vou apenas desmontar você!
— Você não está sendo a criança aqui!? Você nem é velha o bastante para se chamar de adulta!
— Desejar sua parceira autômato é nojento! Eu vou cortar você e refogar seus pedacinhos!
— Você vai fazer o quê!? Afinal, você está vindo atrás de mim!?
— Pessoal, acalmem-se. Estamos em um local público.
Sigmund ergueu a cabeça e avisou em voz baixa.
Ele não os repreendeu, mas falou com um tom tão digno que os deixou encabulados. Aqueles sim eram o discurso e a conduta de um adulto. Ambos, Griselda e Raishin, coraram.
— Hum, este autômato— é realmente um Gram?
Griselda olhou maravilhada. Como esperado de uma Wiseman, seu conhecimento era vasto. Seu olhar observador também era aguçado.
Aparentemente, Griselda finalmente havia notado a presença de Charl.
— Então essa garota é a filha do Conde Belew…
— Eu sou Charlotte, filha de Edgar Belew. Baronesa Weston.
Charl se levantou e fez uma reverência rígida.
— Não, não há necessidade de se curvar. Sua posição na nobreza é mais alta que a minha… Hum, ouvi rumores de que você possui grandes habilidades. E que você parece ter as qualidades de uma Jin Mastery.
Jin Mastery. Raishin lembrava-se vagamente do termo.
Se me lembro corretamente, escutei sobre isso em uma aula de magia antiga.
— Você via fadas quando era criança? Ou teve alguma conversa com unicórnios?
Charl baixou a cabeça. Ela parecia estar se lembrando de alguma coisa. No entanto, ela claramente não queria tocar no assunto agora. Raishin então fez a coisa certa,
— Mais importante, por que você veio aqui? O que tem o meu currículo?
— Certo por que você não está inscrito em nenhum dos meus seminários!?
Uma vez que ela foi altamente avaliada por seu conhecimento da história militar, ela acabou se tornando professora da Faculdade de História. Entretanto, ela não era responsável pela maioria das palestras teóricas, e suas áreas de expertise eram exercícios de combate mano-a-mano, exercícios militares de batalha em campo aberto e técnicas de sobrevivência em combate.
— Bom… eu sou mais ou menos um estudante do segundo ano. E não tenho certeza quanto a sua área de expertise.
— Não se preocupe. Meus seminários estão abertos para todos os estudantes.
— Mas tem uma enxurrada de candidatos, certo? Eu cheguei tarde para me inscrever…
— Não tema. Eu deixei uma vaga para você com antecedência♡.
— Isso não é discriminação reversa!? Faça isso de forma justa!
— Cale-se! A melhor educação deve ser dada aos melhores valores. Não apenas isso, mas também é uma contribuição para o desenvolvimento do mundo mágico. Todo estudante sabe disso.
Ela não gritou, mas sua voz parecia ter alcançado a todos no refeitório.
Todos fizeram expressões como se estivessem refletindo sobre o assunto. Apenas uma pessoa, Raishin, estava insatisfeito.
Griselda atirou um formulário de inscrição sobre a mesa.
— Assine isso depressa e envie ao Escritório de Assuntos Estudantis— E Charlotte, vou preparar uma vaga para você. Se quiser, pode vir também.
— Eh, eu… também?
— Vou treinar você um pouco. Como dona de um autômato Gram, é rude com o Rei Dragão que você esteja em um estado lamentável como este.
Charl fez uma careta como se estivesse com dor. Talvez ela estivesse se sentindo frustrada.
Como seria de se esperar de uma Wiseman. Ela não perdoa nada.
Charl era temida como a T-Rex, e uma pessoa poderosa o bastante para ser listada como uma dos [Rounds]. Nenhum dos demais professores ousaria usar esse tom para falar com Charl.
Dizendo isso, Griselda se virou e saiu, fazendo sua saia balançar.
De repente, e antes que ele percebesse, Yaya estava com os olhos cheios de lágrimas.
— Raishin… você vai fazer as aulas daquela megera?
— Mesmo que seja uma piada, ela é uma pessoa que eu chamo de mestra, certo? Não quero você a chamando de megera ou qualquer coisa assim.
— Uuuuuu, se você está falando sobre aulas particulares, então você deve ter feito várias vezes durante as férias de verão! Não apenas isso, mas você também deve ter sido completamente sugado… e explorado até a exaustão—!
— Não diga isso de um jeito estranho! E nós só praticamos magia, tudo bem!?
— Humph. Decidir ter aulas com o corpo dela como objetivo. Você é o sedutor mais baixo que existe.
— Até você, Charl!? Eu não vou assistir as aulas dela.
— O que você disse…!? Mesmo que uma Wiseman tenha convidado você pessoalmente!?
— Bom… eu sei do que se trata.
— A-agora que você mencionou isso, e quanto a sua grade? Ela já está pronta?
Charl subitamente começou a se comportar de forma suspeita. Ela desviou os olhos e corou.
— Eu, uma estudante de honra, posso te dar uns conselhos, sabe? Na-não é como se eu estivesse me exibindo ou nada do tipo!
— Não é um problema nem nada, mas…
Ao lado de Yaya, que arregalou os olhos de forma pouco natural, Raishin abriu seu caderno e mostrou sua grade.
Charl tomou o caderno dele a força, ela estava espantada.
— O que diabos é isso!? Isso não é nada bom!
Sim, Raishin havia se inscrito apenas para disciplinas obrigatórias.
— Você não vai conseguir se formar assim! Se você não tiver um diploma, não vai poder se tornar um Wiseman mesmo se conseguir derrotar o Magnus, sabia? Além disso, você não tem créditos suficientes para renovar sua matrícula no meio do curso
— Não, está tudo bem.
— …O que você quer dizer? É por que você levou a sério as aulas suplementares?
— Por causa dos meus resultados do fim do primeiro semestre, eu fiquei bem perto de ser expulso da Academia.
Aqueles que obtivessem notas muito baixas seriam expulsos no fim do semestre.
— Mas eu não preciso mais me preocupar com isso. A Festa Noturna terminará antes dos exames finais.
O segundo semestre terminaria em março. No entanto, a Festa Noturna acabaria em pouco mais de um mês portanto seria encerrada pouco antes do ano novo.
Antes do ano terminar, ele já deveria ter resolvido a questão com Magnus.
— Meu objetivo é matá-lo, e não conseguir o diploma.
— …Se este é o caso, não seria melhor você participar dos seminários da Baronesa Weston?
Certamente, as lições de Griselda poderiam ser úteis em combate.
Entretanto, havia o perigo dele acabar sendo esmagado antes disso.
Manter-se em perfeitas condições também era um importante fator em combate. Mesmo que suas feridas tivessem finalmente se curado, a vitória ficaria cada vez mais distante se ele tivesse feridas por todo o corpo antes de enfrentar Magnus.
Depois disso, eles não falaram muito e, por algum motivo, o clima do almoço acabou ficando esquisito.
Quando cada um dos pratos já havia sido esvaziado, e Sigmund estava limpando seu rosto com os membros anteriores
Os alunos se mexeram.
Eles olharam na direção de onde vinha a comoção. Uma linda estudante estava parada sozinha na entrada do refeitório.
Ela se destacava. De qualquer forma, uma garota como ela se destacaria na multidão.
Um cabelo loiro deslumbrante. Digno e penteado para trás. Traços nobres. Sua atmosfera aristocrática era muito similar a de Charl, mas ela não era tão antissocial quanto Charl. E uma certa parte era decisivamente diferente de Charl.
A capa branca que cobria seus ombros era de uso exclusivo dos membros da administração da Festa Noturna.
— Aquela é a representante dos estudantes e terceira colocada entre os Rounds, Olga Saladin.
Agora que isso foi mencionado, ela é familiar.
A garota que ficou responsável pela construção da gigantesca Barreira de Julgamento durante o ataque de Edward.
— Raishin, ela está vindo na nossa direção.
Como Yaya disse, Olga caminhou de forma majestosa até parar diante de Raishin.
Estufando seu peito volumoso, ela olhou para ele com calma.
— Você é aquele a quem chamam de Penúltimo?
Ele atraiu a atenção de todos ao redor em um instante. Raishin, sentindo algo semelhante a “isso de novo não”,
— Hoje tem sido um dia cheio de surpresas. O que a mundialmente famosa representante dos estudantes tem a tratar com um pobre aluno como eu?
— Eu gostaria de conversar com você hoje a noite. Apenas nós dois.
O refeitório enlouqueceu. Foi como se alguém tivesse cutucado uma colmeia.
— A Olga Dourada chamou pessoalmente por ele!
— Um convite para uma noite com a representante dos estudantes!?
— Sem chance… Olga-nee-sama!
Olga continuou falando sem se preocupar com o barulho ao seu redor.
— Pode ser depois que a Festa Noturna se encerrar. Não vai levar muito tempo, de todo modo, você não acha?
— Bom… isso depende do que vamos fazer.
— Não vai levar muito tempo. Bom, não importa mesmo que seja tarde da noite. Eu gostaria que você visitasse este local.
Ela colocou um cartão sobre a mesa. Era um cartão de visitas. Um mapa estava desenhando no verso.
Sem esperar pela resposta de Raishin, ela graciosamente girou sobre os calcanhares e foi embora.
Não apenas os estudantes do sexo masculino, mas também as garotas foram cativadas por suas costas se afastando galantemente.
Sem entender o motivo, o pasmo Raishin a seguiu com os olhos até que ela sumisse de vista.
— O que foi…
O rosto de Yaya surgiu abruptamente diante dele com os olhos cheios de lágrimas.
— O Raishin… odeia a Yaya?
— De novo com isso? Eu já disse que te odeio?
— Hic… mas você vai me odiar no futuro…
— Eu não vou.
— Você está mentindo…
— Eu não estou mentindo.
— …Mesmo que a Yaya mate todas as megeras?
— Que condição ridícula é essa!? Pare!
— Vamos, abra logo os olhos! O Raishin é fraco contra esse tipinho! E o que parece é que esse tipinho aparece mais do que o necessário!
— …Por que você me vê assim?
Tornando-se hostis do nada, Charl e Yaya soltaram faíscas. Com medo de ser arrastado para a confusão, Raishin rapidamente puxou a cadeira para longe e abriu distância entre ele e as garotas.
Ele pensou enquanto virava um copo de água para garganta a baixo.
O que a representante dos estudantes quer de mim?
Quanto a isso, algo parecido já havia acontecido antes.
Pouco depois de chegar à Academia, o chefe do Comitê Disciplinar se aproximou dele no refeitório.
——Ele tinha um mau pressentimento. E sentiu uma inquietação decisiva.
“Você é aquele a quem chamam de Penúltimo?”
Olga certamente disse isso. Ele estava preso nessas palavras.
Sim— isso certamente não era típico de Olga.
— Charlotte-san! Por favor, desista do Raishin!
— Por que você não desiste? Não tem nada do que eu te-tenha que desistir!
Raishin engoliu o restante da água ao ficar irritado com Yaya e Charl, que ainda estavam se encarando.
Parte 2
Ao mesmo tempo. Loki estava no meio de seu treinamento de concentração mental em algum lugar na floresta atrás da Faculdade de Ciências.
Seu próprio corpo flutuava fazendo pleno uso da telecinese, e ele estava de pernas cruzadas na posição Asana, como se fosse um praticante de Ioga.
Seu parceiro, Cherubim, tinha a forma de uma grande espada e estava inclinado contra uma árvore próxima. Seus olhos, semelhantes a pontos luminosos, olhavam fixamente para Loki.
De repente, a têmpora de Loki se moveu com uma contração.
E isso fez com que seu olhar afiado se movesse. Imediatamente depois disso, uma forma esbranquiçada se moveu por entre as árvores.
O que se moveu suavemente foi um vestido branco—
— Sophie
Ele já estava começando a correr. Cherubim se transformou em um anjo mecânico e correu às pressas atrás de Loki.
Após cerca de cem metros, Loki parou e olhou ao redor.
Ele perdeu sinal da presença. Ele certamente havia sentido uma presença nostálgica agora.
Não— aquilo obviamente era uma alucinação.
Eu sei. Ela não deveria estar aqui. Ela está morta. Eu a matei. Mas qual é o significado disso? Por que eu te vi agora? É algum tipo de presságio? Ou meu sexto sentido captou alguma coisa?
— Quem está aí!?
Sentindo a presença de alguém atrás dele, Loki instantaneamente fechou a distância de vinte metros.
Uma garota usando um avental sobre o vestido ficou surpresa, e caiu no chão incapaz de se manter de pé.
Era um rosto que ele reconhecia. Tratava-se da irmã mais nova de Charl, Henri.
— Loki… san?
Loki ficou desapontado, a um ponto surpreendente mesmo para ele.
Não era Sophie— embora ele soubesse disso desde o princípio.
— Com licença, há algo errado…?
— …Não é nada.
Quando se virou, ele ouviu o latido de cães.
Várias respirações se aproximavam de forma descuidada. Quando ele olhou na direção do som, viu sua irmã mais velha sentada sobre um cão negro com suas pernas para um dos lados. Seu cabelo branco perolado e seus olhos vermelhos eram iguais aos de Loki.
Ela estava acompanhada por treze cães semimecânicos da série Garm, incluindo o cão-lobo Rabbi.
Frey desmontou de Rabbi, caminhou rapidamente até eles com pequenos passos e olhou para ele como se o condenasse.
— Uu… Loki, você fez a Henri chorar.
— O quê!?
Quando Loki se virou, Henri rapidamente enxugou as lágrimas.
— Vo-você está enganada! E-ela ficou um pouco assustada… ah!
Embora não estivesse estampado em seu rosto, Loki estava confuso em sua mente.
O quê? Isso é minha… culpa?
— Err… desculpe. Parece… que eu assustei você.
— Ah não! Eu que deveria me desculpar por ser uma medrosa!
Henri acabou olhando para baixo. Ambos se sentiram envergonhados em silêncio. Aquilo estava insuportavelmente desconfortável. Tentando mudar o ar, Loki fez algo muito incomum da parte dele e mudou de assunto fazendo uma pergunta a Frey.
— Qual é o problema? Você tinha ido entregar o almoço para o Raishin, certo?
Ele apontou para uma grande cesta amarrada nas costas de Rabbi. Frey imediatamente mostrou uma expressão triste e deixou os ombros caírem desanimadamente.
— Quando eu cheguei no refeitório… o almoço já tinha acabado…
— Você foi lenta como sempre, hum.
— Uu…
*Abatida*
— Na-não fique tão deprimida! Não estou dizendo que a culpa é sua!
— Ah, Frey-san. Nesse caso, gostaria de almoçar comigo?
Ao ouvir isso de Henri, Frey ergueu a cesta com alegria.
— Sim, vamos comer juntas. Você também, Loki. Certo?
— Desculpem, vou voltar para o meu treinamento
— Uu, você não pode!
Frey agarrou o braço dele e abriu um sorriso de rosto inteiro.
— Certo?
Ele perdeu o equilíbrio. No entanto, ele estava vulnerável ao sorriso de sua irmã mais velha.
Três pessoas almoçaram com treze cabeças ao redor. Cherubim era alimentado com uma forragem sólida misturada especialmente para ele pela manhã e a noite, mas uma vez que as sobras haviam sido confiadas a ele, treze cabeças estavam ‘sentadas’ e aguardando.
— Isso é muito bom, Frey-san! Você é muito boa cozinheira!
Henri a elogiou com um sanduíche nas mãos. Loki estava meio convencido e jogou o sanduíche na boca.
…Estava normal. Normalmente delicioso. Talvez ela tenha aprendido um pouco mais depois de parar de misturar veneno.
Comendo a comida caseira de sua irmã mais velha— ele não podia imaginar uma cena assim tão normal até algum tempo atrás.
Ele realmente se sentia à vontade. Aquilo era incomum, mas não de uma forma ruim. Era o que ele pensava.
Um tempo calmo. Enquanto ele aproveitava a gentileza, uma ansiedade misteriosa projetou uma sombra sobre o coração de Loki.
Algo estava prestes a acontecer. Mais uma vez.
A presença que ele havia sentido antes poderia ter sido apenas uma alucinação.
No entanto, devia existir algum motivo por trás daquela alucinação. Provavelmente o sexto sentido de Loki havia sentido algo.
Seria muito sentimental pensar que Sophie estava o alertando sobre isso?
Se ele não fosse assim tão sentimental, então aqueles caras que pareciam carregar o aroma de Sophie de forma persistente—
Será que aqueles caras estavam operando das sombras de algum lugar próximo?
Subitamente, os autômatos Garm ergueram as cabeças todos de uma vez. Eles eriçaram as orelhas, farejaram e se viraram com cautela para os arredores, como se procurassem por inimigos invisíveis.
— …Você sentiu algo?
Loki virou o rosto para sua irmã mais velha. Frey mostrou uma expressão preocupada,
— Outro dia, essas crianças estavam agindo meio estranho.
— O que eles sentiram? Você também sentiu?
— Uu… talvez, eu acho.
Você não tem certeza?
Frey baixou os olhos e então olhou para Henri.
Henri inclinou a cabeça, parecendo surpresa.
— …Aquelas pessoas estão vindo de novo. Aquelas que se intitulam Cavaleiros.
Um choque penetrante percorreu o corpo de Loki.
Afinal, os magos eram como causa e efeito. A ‘imaginação’, o ato de ‘encobrir seus sentimentos’ e as ‘premonições desagradáveis’ de excelentes magos—
Quase sempre estavam corretas.