Madan no Ou to Vanadis – Volume 1 – Capítulo 4 - Anime Center BR

Madan no Ou to Vanadis – Volume 1 – Capítulo 4

Capítulo 4: A vida de um oficial público.

Tradução: Reiki Project

Passaram-se dez dias desde que Tigre recusou a oferta de Ellen. Sua vida como prisioneiro era pacífica, mas monótona.

Para começar, Tigre continuava acordando ao meio dia.

Chamava o soldado a cargo dele para que o escoltasse até a cozinha.

O nome do soldado era Rurick, o mesmo que lhe entregou aquele arco de baixa qualidade. Por alguma razão, que Tigre desconhecia, seu cabelo havia desaparecido.

Embora seu cabelo negro, que chegava aos ombros, combinasse naturalmente com seu rosto e atos cavalheirescos, sua careca também era impressionante.

“Lorde Tigrevurmud. De agora em diante, eu, Rurick, atuarei como sua escolta. Assim, não hesite em me chamar quando tiver algum problema.”

Rurick sorriu enquanto fazia uma reverência, o que surpreendeu Tigre. Depois de pensar um pouco, Tigre decidiu lhe perguntar sem rodeios.

“Humm… O que aconteceu ao seu cabelo?” “Foi cortado.”

Ele respondeu secamente.

“A Vanadis-sama ordenou que entregasse o que fosse mais valioso para mim depois da minha vida. Normalmente, teria sido condenado a morte. Mas graças a benevolência de Lorde Tigrevurmud, minha vida foi perdoada.”

– Então foi minha culpa.

Tigre procurava uma forma de desculpar-se, mas Rurick se ajoelhou repentinamente. “Mesmo que possa ser um pouco tarde, por favor perdoe meu vergonhoso ato e aceite

minha gratidão. Além disso, estou realmente surpreendido pelas suas habilidades sobre- humanas com o arco. Estava confiante de minhas habilidades com o arco, mas depois de ver aquilo, me senti como um principiante.”

Rurick falava sério.

“En- Entendo. Bem, estarei aos seus cuidados.”

Embora Tigre compreendesse o que havia acontecido, ainda se sentiu incomodado. Rurick percebeu a expressão de Tigre e continuou atuando como se a situação não fosse incômoda em absoluto.

Inesperadamente Rurick era muito amigável.

Quando chegou a cozinha, o almoço já havia terminado, portanto, Tigre pegou as sobras. E começou a comer imediatamente.

As servas da cozinha o pediram que esperasse até que elas preparassem algo, mas assim, Tigre poderia comer imediatamente e não se sentiria com uma carga, já que não se preocupava muito com o tempo.

“Tigre-san, lamento incomodá-lo, mas poderia me ajudar?”

Em algumas ocasiões, pediam a Tigre para ajudar com as tarefas da cozinha, como retirar o couro de coelhos, aves e cervos. Tarefas que Tigre realizava com gosto.

“O que você precisa?”

“Bem, essa noite jantaremos carne de cervo.”

Depois que o guiaram até os fundos da cozinha, Tigre pegou uma faca.

Um esplêndido exemplar se encontrava sobre uma mesa no canto da sala. Rapidamente Tigre tirou seu couro de forma limpa.

Tigre cortou a pele, partiu a carne em diversas peças, e removeu as entranhas.

Apesar de Tigre fazer o trabalho de forma minuciosa, não levantou nem uma sobrancelha por causa do fedor ou da visão, Rurick olhava com admiração seu profissionalismo.

“Não importa quantas vezes eu veja, realmente você é muito habilidoso. Quantas vezes já fez isto?”

“Suponho que já estou acostumado, visto que passava muitos dias vivendo nas montanhas.”

Já que levar as coisas até sua casa não era muito conveniente, Tigre costumava fazê-lo no lugar onde caçava.

De fato. Tigre não era muito bom tratando de gado como bovinos e suínos. Embora pudesse aplicar o método baseado em suas semelhanças, ainda lhe faltava muito em habilidade.

Quando terminou, Tigre saiu da cozinha e recebeu como pagamento umas moedas de cobre, uma fatia de bolo e um pouco de vinho.

Após isso, começou a explorar os arredores. Caminhava pelo Palácio Imperial até que Rurick o disse:

“Está proibido de ir mais adiante.” E Tigre se assegurava de obedecer.

Quando o sol começava a se por, dirigia-se a área de treinamento para praticar com o arco. “Embora seja apenas na cozinha, está realmente tudo bem permitir que um prisioneiro

tenha acesso a objetos afiados?”

Tigre perguntou enquanto praticava com o arco.

Tigre estava confuso pela facilidade com que havia recebido a permissão.

“Embora me doa dizê-lo, se houvesse mostrado alguma intenção de tomar um refém, eu o atacaria sem piedade.”

Rurick disse com um rosto honesto.

“Creio que tenha percebido, mas enquanto estava tirando o couro do animal, todos estavam atentos para que não apontasse a faca para nenhuma pessoa. Se tentasse atacar alguém, eu me colocaria em seu lugar para protegê-lo.”

“Mas não seria perigoso?” “Sou consciente disso.”

A cabeça careca de Rurick refletia a luz do sol. Enquanto ria alegremente.

“Na verdade, mesmo com sua habilidade, não deixa de praticar. De novo você me impressiona.”

“Ah, sim…”

Ao ser elogiado de tal modo, Tigre se sentiu envergonhado. Era difícil continuar falando.

Para não perder sua habilidade com o arco, Tigre continuava treinando. Tigre desejava algum dia poder vencer Ellen. A derrota que sofreu em Dinant foi um grande choque para ele.

Tigre treinava com Rurick e outros arqueiros.

Em pouco tempo Tigre começou a ensinar a outros, desde sua postura, até como melhorar sua pontaria, e até mesmo sobre os materiais para fabricar e como dar manutenção ao arco.

“Para alguém como o Lorde Tigrevurmud, não creio que o arco seja um empecilho. Com sua habilidade surpreendente, poderia usar qualquer arco.”

“Mesmo assim, se quiser que o disparo seja mais preciso, o melhor é utilizar materiais de boa qualidade. Eu mesmo quebrei vários arcos e arrebentei várias cordas…”

“Então os materiais mais caros são os melhores?”

“Mesmo se usar um material difícil de conseguir, não seria igualmente difícil de repará-lo? Sabe o que é um bambu? É uma planta que cresce em um país do extremo oriente, depois do mar.”

“Eu já o vi uma vez. Mas não poderia dizer se é uma arvore ou não.”

“Embora o material seja muito bom, é muito raro e difícil de se obter, então é muito caro.” “Eu gostaria de fazer um arco de Dragão.”

Rurick sorriu enquanto dava de ombros em direção a Tigre. Ele havia mencionado algo que não existia.

O dragão em si existia.

Eles viviam nas profundidades dos bosques e nas altas montanhas. Só habitavam áreas que não estavam povoadas.

Ambos, Mashas e Bertrand, que haviam vivido mais de cinquenta anos nas terras isoladas, nunca haviam visto um dragão selvagem.

Os dragões não existem. Muitos dizem que só existem nas lendas, mas são reais, embora haja muito poucos.

Um dia, enquanto caçava. Tigre se encontrou com um dragão. Mesmo agora, quando se lembra o ocorrido, um calafrio percorre seu corpo. Aquela experiência havia sido muito impactante.

Não existia algo mais duro que o corpo de um dragão.

Era impossível de trabalhar. As garras, chifres, escamas, não importava o que, eram difíceis de trabalhar. As laminas quebravam, as marretas quebravam. Mesmo se fossem postas ao fogo por várias semanas, nada acontecia.

Em consequência, não existia nada feito com partes de dragão.

Esses tipos de objeto só podiam ser encontrados nas lendas e em contos de fada. Depois de meio koku, quando terminou o treinamento, os outros soldados falaram com

Tigre.

“Oh, Rurick, Tigre-san, estão com tempo?”

Haviam os convidados para jogar. Eles costumavam jogar cartas, xadrez, e outros similares.

Como costumavam a apostar, no início Tigre teve que pedir a Rurick que o emprestasse dinheiro.

“Coloquem o dinheiro na mesa, e preparem-se para chorar. Eu jogo.”

“Tigre-san voltou a chorar por dinheiro Rurick? Ou por acaso roubaste esse bolo e vinho da cozinha.”

“Vocês, por quando tempo pensam em continuar falando assim com Lorde Tigrevurmud… ele é o prisioneiro da Vanadis-sama.”

Mesmo Tigre não sendo particularmente bom, havia sido capaz de ganhar o suficiente para devolver a Rurick seu dinheiro e, de alguma forma, pode ganhar um pouco para ele mesmo.

Tigre não sabia nada do que acontecia em Brune.

Havia escutado sobre Brune uma vez, embora, naturalmente, estava meio adormecido. “Me desculpe. Limlishia-sama nos ordenou a não falar de Brune diante de você.”

Já que ele não era uma criança, decidiu deixar de insistir neste assunto. Ainda mais, mesmo se perguntasse, não o diriam nada.

Ao pôr do sol, os soldados se reuniam no pátio de treinamento para jogar.

Embora houvesse banheiros públicos, tinham um horário designado para o seu uso, já que era necessário transportar a lenha para ferver a água. Tigre costumava usá-los também.

Depois disso, tigre voltou ao refeitório para o jantar, comeu o suficiente, e voltou para seu quarto.

De certa forma Tigre havia se acostumado a sua vida como prisioneiro.

Mesmo tendo se acostumado a seu estilo de vida atual, Tigre não podia dizer que era algo de que gostava.

Dentro de sua mente, Tigre sempre se questionava sobre sua situação. Tinha duas opções se quisesse voltar a Alsace.

E eram pagar o resgate ou escapar.

Seu desejo de escapar já havia desaparecido.

E junto a isso, embora suas habilidades com o arco fossem superiores, era impossível para ele escapar de Rurick e vencer os soldados, em especial se não fosse capaz de conseguir o número adequado de flechas. Se Ellen viesse, então a vitória seria algo impossível para Tigre.

“O dinheiro é a chave…”

Tigre estava sentado na cama de seu quarto, enquanto brincava com um punhado de moedas de cobre. A quantidade não era suficiente para pagar um resgate.

Mesmo Tigre tendo perguntado a Ellen.

“Há algum trabalho que eu possa fazer para ganhar algum dinheiro?”

“Você se tornará meu subordinado? Ou talvez você possa trabalhar em algum barco de Muozinel. Se remar por um ano, consideraria recomendá-lo para o trabalho. E mesmo se morrer, seu salário seria descontado do resgate e entregue a sua família.”

“… Então, se eu não me tornar seu subordinado, deverei trabalhar até a morte.”

“Não pode ser um prisioneiro de guerra para sempre, não é mesmo? Ainda não é muito tarde.”

Como Tigre não pode pensar em um plano melhor, sua única opção era se render a Ellen.

… É possível que Titta e Bertrand ou Mashas possam conseguir o dinheiro do resgate.

Mesmo assim… Tigre não gostava de ter que depender deles. Não era como se ele não gostasse de Titta e dos demais.

Ele só não queria que se vissem forçados a trabalhar tanto para conseguir o valor do resgate em tão pouco tempo.

Não me resta outra opção além de escapar, mas será difícil fazê-lo.

Como Tigre fazia uma caminhada todos os dias, a guarda protegia os lugares importantes.

Junto a isso, Tigre desconhecia a segurança que estava perto das rampas, já que tinha sido proibido de se aproximar delas.

Além do mais, não eram só os muros do castelo.

Mesmo se conseguisse escapar do Palácio Imperial, seria impossível passar pela muralha que rodeava o castelo.

Depois dela se encontrava a cidade.

Só terei uma oportunidade, assim, preciso investigar apropriadamente.

Ainda restava tempo até que o prazo para entregar o resgate terminasse. Tigre se reconfortava repetindo isso.

***

 

“Tigre, você consegue usar outra arma além de um arco?”

Um dia Tigre foi chamado ao escritório de Ellen, que o perguntou sem nenhuma explicação. “Sou medíocre no uso de outras armas.”

“Sério? Não é bom esconder isso.”

Ellen olhou para Tigre, como se duvidasse dele. Não estava irritada com ele, ela só não acreditava.

“Não tenho motivos para mentir sobre isso. Se pudesse usar uma espada ou lança, haveria pegado uma em Dinant quando minhas flechas acabaram. E poderia ter pego você em uma emboscada.”

Tigre deu de ombros. Se tivesse experiência no uso da espada, nunca teriam zombado dele em seu país.

“Não se incomode. Sua técnica com o arco assustou os soldados daqui. Ate Rurick te admira. Estou muito surpresa.”

“Isso…”

Ligeiramente envergonhado, Tigre começou a brincar com seu cabelo. “Havia um motivo para fazer aquilo ao cabelo dele?”

“Ele devia ser castigado. Rurick, agradecido, raspou ele mesmo sua cabeça.” “Agradecido?”

“Há duas razões para isso. A primeira é que você poupou sua vida, então ele estava realmente comovido. A segunda é que ele admira suas habilidades com o arco, já que Rurick é o melhor arqueiro deste lugar.”

Como Rurick era habilidoso com o arco, ele compreendia o quão difícil deve ter sido para atingir o inimigo com um arco tão ruim.

Mesmo assim Tigre conseguiu maneja-lo sem dificuldades.

Rurick ficou tão impressionado que raspou a própria cabeça completamente e não lhe importou o fato de Tigre for um prisioneiro de guerra.

“Parece que sua popularidade com as mulheres diminuiu, mas ele não parece se importar.” “Ah, bem, então creio que está tudo bem.”

Tigre assentiu de maneira educada, embora ele não pudesse considerar que não fosse grande coisa.

“Além disso, ele aceitou de bom grado ser seu cão de guarda. Embora para ser sincera, foi ele quem pediu pelo posto.”

Tigre inclinou seu pescoço. Ele havia entendido mal as coisas por causa do tom e da atitude de Rurick.

Já que ele era o encarregado de vigiar Tigre, sua atitude lhe parecia algo suspeito. Devia ser esgotante fazer um trabalho como esse.

“Todos estão interessados em você. E claro, isso me inclui.” Ellen deixou escapar um sorriso para Tigre.

“Eu quero saber do que você é capaz. É provável que você tenha algum talento oculto.

Amanhã tentaremos algumas coisas.”

Uma vez que era um prisioneiro, Tigre não podia negar. E assim chegou o próximo dia.

No pátio de treinamento, estavam só três pessoas, Tigre, Ellen e Lim.

Em frente a Tigre, Ellen empunhava uma lança com uma postura simples.

Tigre a enfrentava, também com uma lança, empunhando-a com ambas as mãos. Claro, já que estavam praticando, as pontas das lanças haviam sido removidas.

Lim os observava em silencio, a distância.

Atrás dela se encontrava uma alabarda, um machado de batalha, um machado longo, uma foice, uma corrente, uma balestra e varia outras armas.

“… O que eu deveria fazer?” “Faça o que quiser.”

Ellen sorriu para Tigre, que estava sem palavras.

Nesse instante, Tigre, recordando o básico, lançou um golpe até Ellen. Ellen desviou com sua cintura.

Junto a um som seco, um impacto forte foi transmitido através de sua mão. “Você não poderia atacar com um pouco mais de agressividade?”

Ellen o provocava enquanto quebrava sua postura. Tigre, irritado atacou rapidamente. Golpeava por cima, atacava pelos lados e investia pela frente.

Porém, Ellen não recebeu nenhum golpe.

Ella não havia usado sua espada.

Apesar de ficar impressionado, Tigre ainda continuava aflito.

Entretanto, Tigre era ruim no manuseio da lança e só conhecia movimentos básicos. Ele só havia usado uma lança para matar um urso uma vez enquanto caçava.

De repente, uma ideia passou pela cabeça de Tigre.

Já que era um treinamento, Ellen havia analisado as habilidades de Tigre baseando-se em seus ataques e como se defendia. Por isso Ellen tinha uma atitude confiante.

Eu tentarei quando Ellen abaixar sua guarda…!

“Uoo!”

Segurando firmemente sua lança, tigre correu em direção a Ellen enquanto gritava, a apontando para ela.

Ellen sorriu com ironia e desviou a lança para cima; porem. Tigre não parou. Embora tenha cambaleado pelo desvio da lança, tigre segurou o ombro de Ellen. Surpreendida, Ellen não pode se esquivar, e ambos caíram no chão.

“Que… tal isso?”

Sua intenção era agarrar Ellen, mas parecia que havia falhado.

Tigre baixou o olhar, e observou o rosto surpreso de Ellen. O qual rapidamente, se tornou vermelho enquanto olhava para Tigre.

Depois disso, Tigre percebeu uma suave sensação em sua mão direita.

… Não pode ser.

Quando olhou, sua mão direita tinha agarrado o peito de Ellen.

“Ah, não, não era minha intenção, isto…”

Embora ele estivesse à procura de uma desculpa, suas palavras não saíram.

Logo depois, Lim correu e golpeou a cabeça de Tigre com a bainha de sua espada Tigre agachou-se, segurando sua cabeça, enquanto agonizava por causa da dor.

Ellen se levantou, com sua roupa agora suja e um rosto com uma expressão complexa. “Eleonora-sama, por favor, me dê a ordem. E eu cotarei a cabeça deste sujeito.”

“Es… Está tudo bem. Não foi grande coisa.”

Ellen tentou fazer uma expressão boa, mas não pode. Sua voz estava muito fina e seu rosto estava avermelhado. Sacudindo o pó de sua roupa, Ellen tocou com força o lugar que a mão de Tigre havia agarrado.

“Empurrar uma Vanadis, isso não é suficiente para a pena de morte.” Lim olhou para Tigre, com um olhar cheio de intenção assassina.

“Foi minha culpa. Eu peguei leve enquanto media sua força. Se continuar a mostrar o seu desconforto por tanto tempo, os demais zombarão de nós.”

“… Se Eleonora-sama diz.”

“Lim embainhou sua espada relutantemente. Ellen ofereceu ajuda a Tigre enquanto respondia.”

“Consegue se levantar?” “… Obrigado.”

Enquanto esfregava a parte dolorida de sua cabeça com a mão esquerda, Tigre usou sua mão direita para se levantar.

“Creio que meu crânio esteja fraturado.” “Aguente. Não o fiz com má intenção.”

“Foi claramente uma tentativa de assassinato.” “Não tive escolha.”

Depois de rir um pouco, Ellen murmurou em um tom que só Tigre pode escutar.

“Você tocou o peito de uma mulher. Não acredite que sempre se livrará tão facilmente.”

Depois de ver diretamente o rosto de Ellen por um momento, Tigre abaixou sua cabeça para evitar seu olhar.

“Muito bem, continuemos.”

Finalmente Ellen recobrou sua compostura, assim como Tigre.

“Como se trata de você, não vou me segurar completamente. Suponho que te atacarei sem piedade para provar suas habilidades.”

Disse Ellen em um tom macabro, enquanto olhava para montanha de armas.

Depois de praticar com todas as armas, Tigre, morto de cansaço, estava deitado no chão.

O suor cobria seu corpo, e sua respiração estava tensa. Seu abdômen se movia para cima e para baixo pesadamente, e seus braços e pernas sentiam uma dor que nunca haviam experimentado antes. Naturalmente, ele havia sido derrotado sem piedade.

“Na verdade você é um inútil sem um arco.” “Isso… foi o que lhe disse…”

Lim exausta, olhou para Tigre, que estava deitado no chão, com os olhos frios enquanto deixava sair uma resposta.

“Não é como se você fosse horrível. Os novos recrutas são iguais a você. Se fosse meu colega ou meu subordinado, te treinaria do básico.”

“Não deveria incomodá-lo tanto Lim.”

Ellen tocou o ombro de Lim enquanto falava. Ambas estavam cansadas e suando.

As duas haviam praticado com Tigre, revezando. Embora nem Lim ou Ellen estivessem tão cansadas quanto Tigre.

“Mesmo assim, sua habilidade com o arco é excelente.” Cruzando seus braços, Ellen assentiu alegremente.

Como ela compreendia sua capacidade com o arco, lhe ordenou a fazer disparos consecutivos como recuperação.

Para fazer isso, Tigre disparou trinta flechas sem parar, tentando acertar um alvo com precisão. Ele disparava muito rápido, pegava a flecha de sua aljava, prepara a flecha, puxava a corda do arco, disparava e repetia o processo. O tempo estava sendo contado até o alvo ser acertado.

Tigre conseguiu um resultado com o qual ninguém podia se comparar. “Você deveria guardar tudo isso.”

Lim afastou-se de Ellen e Tigre, levando as armas. “Precisa de ajuda?”

“… Estou bem.”

Tigre, que continuava deitado no chão, ofereceu sua ajuda, mas foi rapidamente rejeitado.

Enquanto olhava as costas de Lim, os ombros de Ellen tremiam enquanto continha suas risadas. Ellen sorriu agridocemente enquanto se virava para Tigre.

“Não se sinta mal. O que ela quis dizer foi, ‘vá dormir e pare de se preocupar por coisas sem sentido’.”

“Para mim, não pareceu diferente da Lim usual.”

“Lim está te avaliando de seu próprio jeito. Se você se tornasse formalmente meu subordinado, ela mostraria mais respeito.”

Lim havia perguntado a Tigre se queria se unir a eles, sem dizer isso diretamente. Tigre deixou sair um grande suspiro. Embora estivesse interessado, era algo impossível, já que ele não poderia trabalhar seriamente sob seu comando.

Ellen assentiu levemente e apertou sua saia. “Ajudarei Lim. Volte para seu quarto e descanse.” “… Só isso?”

Rurick, que costumava o vigiar, não estava por perto. Antes de começar a treinar com as armas, Lim disse aos demais que não se aproximassem.

Além do mais, o dia estava a ponto de terminar. Em menos de meio koku, o céu escureceria.

“Tenho certeza de que conhece o caminho. Se você se perder, é só perguntar a uma empregada ou a algum soldado.”

Ellen sorriu enquanto se afastava.

Tigre olhou para o céu tingido de vermelho e suspirou. “… ela me tem na palma da mão.”

Ele sabia que nunca poderia perdoar a si mesmo.

Ele estava muito confortável aqui. Claro, o melhor lugar para estar sempre seria Alsace. Tigre era um prisioneiro. Estava restringido a certos lugares e era vigiado por uma escolta.

Porém, nunca foi vítima de abuso ou agressões. Além do mais, tanto seu quarto quanto suas roupas eram limpos e lavadas.

Mesmo dormindo até o meio dia, ninguém dizia uma só palavra. Mesmo que Lim se mostrasse decepcionada com isto, não se queixava.

Sua comida era igual a dos outros soldados.

Tigre tinha sorte de poder comer um bolinho de maçã com manteiga, truta grelhada, sopa com conservas, carne, batatas, e um doce suco de laranja.

Os temperos e a fragrância da truta junto a sua leve acidez, mesmo não sendo muito espetacular, eram simples mas satisfazia Tigre com calor.

A textura da carne era esquisita, e as batatas estavam bem cozidas. “Realmente é delicioso. Me pergunto se Titta poderia preparar algo com isso…” Repentinamente esses pensamentos o invadiram.

Acima de tudo, suas habilidades com o arco eram bem vistas aqui.

Embora Tigre desagradasse a Lim, era apenas com as coisas ‘não relacionadas com a arquearia’.

Tigre recordou as palavras de Ellen.

Ela lhe havia perguntado se ele queria se tornar seu subordinado. O olhou diretamente em seus olhos.

Ela elogiou suas habilidades.

Eu só consigo usar o arco.

Tigre pensou que havia encontrado um lugar onde era aceito. O que era bem incomum. “Bem, não a nada que eu possa fazer.”

Mesmo assim, Titta e Alsace eram importantes.

“De qualquer forma, se me tornasse seu subordinado, me obrigaram a acordar cedo.”

Lim o acordaria sem piedade alguma. Além do mais, teria que trabalhar, e seria impossível para ele sair para caçar.

Um sorriso cheio se ironia apareceu no rosto de Tigre enquanto o imaginava. Tigre se levantou com sua roupa molhada de suor grudada ao corpo. Sentia-se realmente incomodado.

Irei tomar um banho.

Tigre se dirigiu ao poço que estava perto da área de treinamento. Todos os soldados ao terminar seu treinamento, se dirigiam para lá.

Embora houvesse banhos para os soldados, havia um horário estabelecido para o seu uso, e, naturalmente, deveriam levar sua própria água e esquentá-la eles mesmos.

Por esse motivo, o poço era o mais usado.

Aparentemente, cerca de trinta soldados estavam reunidos ao redor do poço, parecia que eles haviam terminado de treinar. E mais de dez faziam fila para usá-lo.

Talvez devesse procurar outro lugar.

Sem deixar que o vissem, Tigre virou-se e começou a andar.

Se jogasse com os soldados, deveria apostar algo. Como não era tão familiarizado com os soldados, Tigre não quis ter que lhes pedir dinheiro emprestado.

Claro que alguns achavam desagradável a presença de Tigre.

Logo agora, esse grupo de pessoas estavam tomando banho. Por isso, Tigre quis evitar problemas desnecessários. Por isso acabou se afastando.

Tigre caminhou até um dos cantos do edifício e entrou em uma trilha pouco visível. No final dela, se encontrava outro poço. Tigre o encontrou um dia enquanto passeava. Um arvore pequena e fina obstruía a visão da trilha.

Ao se aproximar do poço, Tigre escutou o som de água golpeando o chão. “Me pergunto se haverá mais alguém aqui.”

Tigre chegou ao poço perdido em seus pensamentos. Mediatamente sua respiração parou, seus olhos se arregalaram, e seu corpo ficou paralisado.

Diante dele estava Ellen, completamente nua, tomando um banho. Alguma coisa de cor verde escura descansava perto de seus pés.

“Hum? Ah, é você.”

Ellen, sem mostrar nenhum sinal de vergonha, olhou para Tigre. Ellen deixou escapar uma pequena risada, sem sequer tentar cobrir seu corpo.

Tigre ficou sem palavras. Não conseguia mover um só dedo enquanto olhava fixamente para o corpo de Ellen. Seu cabelo prateado preso a sua pele clara, os seus seios estavam acentuados por causa da água, a delicada linha de suas nádegas arredondada, sua cintura delgada era sensacional. Por causa disso até mesmo o seu sorriso de sempre parecia mais cativante.

A água escorreu a partir da ponta do seu pescoço até o vale entre seus seios.

“… Até mesmo eu me sentirei envergonhada se continuar me olhando por muito tempo.” A voz de Ellen foi levemente tingida com timidez.

Finalmente, Tigre voltou a realidade. E virou-se, chocado. “Eu- Eu sinto muito. Mesmo ouvindo alguém, eu, não … “

Tigre deixou sair essas palavras, tentando encontrar uma desculpa adequada. Seu rosto estava ruborizado, e seu coração batia fortemente.

Mesmo estando em pânico fechou os olhos com força, o seu corpo branco estava profundamente gravado em sua mente.

Há pouco tempo, eu havia tocado lá.

Tigre se lembrou daquela suave sensação em sua mão direita. Era muito intenso para Tigre, de diversas formas.

“Não precisa se desculpar. Você veio tomar banho, não foi? Você não precisa ir embora.” Tigre não conseguia entender.

“Humm, em Zchted, é normal que um homem e uma mulher tomem banho juntos?”

A mente de Tigre não estava funcionando bem, ainda assim de alguma maneira ele conseguiu dizer essas palavras.

“Não haveria problema se os dois fossem crianças de 6 ou 7 anos.”

Ela estava claramente se divertindo. Embora não estivesse irritada. Tigre enterrou a cabeça em suas mãos e abaixou-se no chão.

“Eu te disse antes, embora fosse embaraçoso, dada a minha posição como Vanadis, e como líder de LeitMeritz, devo manter a compostura e falar apropriadamente. Mesmo se for uma grade surpresa como ser vista nua, não posso gritar ou agir como uma garotinha.”

“Ah, Ah… entendo.”

Se Tigre estivesse mais calmo, poderia ter se dado conta de que Ellen continuava a tomar banho atrás dele. Ellen parou de falar com formalidade.

“Está aqui com sua escolta? Ou está sozinha?”

“Estou sozinha, Seria muito sufocante ir e ficar junta todo tempo. De qualquer forma queria tomar um banho.”

“Não está muito vulnerável? Você foi ataca por um assassino outro dia.”

Embora ele tivesse falado sobre o assassino, Tigre não tinha visto com seus próprios olhos. “Não estou indefesa. Minha espada está próxima.”

Quando disse isso, Tigre notou a espada encostada no poço. Mais ainda continuava preocupado.

Repentinamente, Ellen falou.

“A propósito, você veio aqui sem saber que este poço é só para mulheres?” “Ele… é?”

“Costumo usá-lo já que fica perto do meu quarto e escritório e os soldados sempre mantiveram distância. Uma vez que Lim e as empregadas souberam dele, começaram a usá-lo. E antes que eu me desse conta, ele se converteu em um poço só para mulheres. Talvez eu deveria ter lhe contado.”

“Realmente me desculpe. De agora em diante terei mais cuidado.”

“Bom, está tudo bem. Que bom que apenas eu que estava aqui, se fosse Lim ou mais alguém, elas teriam gritado. E nem mesmo eu poderia te salvar.”

Tigre não podia imaginar ver Lim gritando. Novamente pode se escutar o som da água. “Não tomará banho?”

“Quando você terminar.”

Embora ele pensasse que ela dizia para incomodá-lo, sua voz soava natural. Era difícil para Tigre não responder de forma curta.

“Entendo. Espere um pouco.”

O som da agua continuou enquanto Tigre olhava para o céu nublado.

Se olhasse para trás, Ellen estaria nua. Não conseguia ignorar isso. O som da água era escutado claramente.

Deveria ter ido depois de ter me desculpado.

Já que Ellen o disse para esperar um pouco, Tigre teve dificuldades para ir embora.

Um leve som de farfalhar veio de trás enquanto algo estava aproximando de seus pés. Era um jovem dragão com um corpo robusto, com cerca de aproximadamente 4 chet [Aproximadamente 40 centímetros.] de comprimento.

“Um dragão…?”

Era uma criatura viva com asas parecidas às de um morcego, que se mantinham um pouco elevadas. Dois chifres saiam de sua cabeça. Escamas de cor verde azulado cobriam a maior parte de seu corpo.

O dragão levantou sua cabeça e olhou Tigre com olhos afiados. “Esse é meu dragão. Lunie.”

Tigre escutou a voz de Ellen vindo de trás. A propósito, esta criatura estava perto dos pés de Ellen há um tempo atrás.

O dragão chamado Lunie entrecerrou seus olhos e se esfregou contra a perna de Tigre. “Você é bem diferente.”

Diziam que os dragões tinham uma grande inteligência. Até mesmo ainda jovens, podiam reconhecer o rosto de uma pessoa.

Era a primeira vez que Tigre via um dragão tão pequeno. Cuidadosamente se inclinou para poder vê-lo melhor. Lumie parou de se mover e observou Tigre calmamente; as asas em suas costas se moveram.

Suas asas estão se movendo com firmeza. Então ele deve ser um Vyfal[1].

“É a primeira vez que você vê um dragão?”

“Não. Há dois anos vi um enquanto estava caçando nas montanhas. Era uma área desabitada, media cerca de sessenta ou setenta chet [mais ou menos seis ou sete metros], só que era um Slo[2].”

O comprimento dos dragões adultos podia ser de cem a cento e cinquenta chet. Embora os homens conseguissem criá-los até alcançarem a metade de seu tamanho adulto, que era mais de cinquenta chet.

“Você tem muita sorte. Nunca vi outro dragão sem ser o Lunie.” “Esse dragão tem dois olhos.”

Quando Tigre estendeu uma mão para segurar Lunie, ele fugiu de Tigre e retornou para sua ama. Ellen sorriu para o dragão e o pegou em seus braços, como se estivesse abraçando uma criança.

“Um Slo com um olho? O que aconteceu?”

“Me atacou. Depois de lutar com ele, de alguma forma consegui escapar. Pensei que ia morrer.”

A forma de lutar de um dragão era muito diferente da dos restos dos animais.

O grande dragão deslizava pela terra e derrubava as arvores por onde passava. Tigre mantinha os olhos nele enquanto evitava a morte diversas vezes. De alguma forma Tigre conseguiu derrota-lo usando o terreno a seu favor.

 

[1] : Vyfal: Wyvern: Também chamados de Serpe, é o clássico dragão medieval.

 

[2] : Slo ou Dragão da Terra: Podem aparecer de diversas formas mais geralmente parecem serpentes ou como crocodilos gigante só que sem asas.

“Lutar contra um dragão e sair vitorioso é algo incrível. A propósito, de que cor eram as suas escamas?”

“Eram de cor bronze. Há algo errado com isso?”

“Ah, está tudo bem. Neste país é proibido matar dragões jovens e dragões negros.” Ao escutar essas palavras Tigre se lembrou da bandeira desse país.

Os dragões formavam parte da mitologia de muitos países. Estes viviam em zonas desabitadas e afastadas, inclusive em Zchted. Dos dragões que habitavam Zchted, os dragões negros era criaturas místicas.

Os dragões negros concediam proteção as pessoas próximas a eles. Era uma lenda comum. “Meu país não tem leis assim. Há domadores de dragões em Zchted?”

“Não conheço nenhum em particular, mas os dragões não formam parte do exército, já que eles são enormes maquinas de comer.”

“E mesmo assim, apesar de ter derrotado um dragão, não reconheceram suas habilidades?”

“Não pude mostrar o cadáver. E era impossível cortar alguma parte dele como prova, além do mais, estava cansado. Pensei em voltar, mas quando retornei ao lugar, um deslizamento de terra havia coberto o cadáver.”

“É uma pena.”

“Não, está tudo bem.”

Ambos ficaram em silêncio. Apenas o som da agua podia se escutado. “… Posso te perguntar algo?”

Enquanto olhava para o céu, Tigre cheio de ansiedade perguntou novamente. “Apesar de existirem assassinos atrás de você, você não pode pedir ajuda a sua

Majestade?” “O que?”

Vendo seu rosto cheio de dúvida, Ellen confusa ficou em silêncio por um instante. “Desafortunadamente, sua Majestade não agirá se não houver provas. E já que o inimigo

sabe disto, vem com a premissa de que morrerão.” “… É uma situação muito grave, não é?”

O rosto de Tigre tinha uma expressão complexa. Tanto o Rei de Zchted, como o Rei de Brune, apenas ignoravam o que aconteciam em seus reinos.

“Me deixe perguntar algo.”

Enquanto Tigre pensava na amaga realidade, Ellen lhe fez uma pergunta. “Que tipo de lugar é Alsace?”

“Preocupada?”

“Um pouco. Embora tenha lhe dado boas opções, recusou minha oferta sem remorso, por isso doeu um pouco. Então, isso chamou minha atenção.”

“Eu também pensei que sua oferta era boa.” Depois de dizer isso, Tigre começou a falar.

“Para pô-lo de forma simples, é um lugar cheio de florestas e montanhas. As estradas principais não passam por ela. Para chega até a capital, devo ir ao território vizinho para pegar uma estrada em melhores condições. Você pode levar vários dias para chegar.”

“Você fala com bastante orgulho dela.”

Como era a cidade onde havia nascido e crescido, era um lugar importante para ele. Mesmo se mencionassem seus defeitos, tigre continuaria orgulhoso dela.

“Há lobos e ursos pardos nas florestas e montanhas. Ocasionalmente, também aparecem onças. Pode se encontrar uma grande variedade de nozes e ervas selvagens, de modo que se tiver o conhecimento necessário você pode conseguir sobreviver ao inverno com pouca comida. As pessoas sob minha responsabilidade são amáveis, por isso é um lugar pacifico.

Embora os invernos possam ser devastadores, dormir com um cobertor em frente a lareira é uma sensação sem igual. Pelo contrário, os verões são frescos e há muitos dias ensolarados. Sobre a colina se estende um mar de vegetação, até onde a vista pode alcançar, e quando o vento sopra, pode deitar-se e relaxar tomando sol.”

“Você diz isso porque gosta de dormir.” Ellen deixou escapar um sorriso agridoce. “Você nunca… quis se tornar Rei?”

“Não é que essa seja uma boa desculpa, mas esse tipo de sonho é demais para mim.” Tigre podia suportar o fato de zombarem dele pela sua habilidade.

No entanto, Tigre não queria esquecer de nenhuma de suas memórias.

“Eu havia escutado que o arco era menosprezado, mas não pensei que fosse tão exageradamente.”

Em Alsace, incluindo a Titta, não havia uma só pessoa que tivessem que fazer disparos de prática.

Isso era porque todos acreditavam em Tigre.

“É mais do que se pode imaginar. Na história militar, o tom muda completamente quando se fala de arco. Em Alsace, mesmo os aristocratas e cavaleiros que fizeram grandes façanhas eram menosprezados. Mesmos as mulheres e suas filhas zombavam deles por serem covardes. Embora tenha seus méritos, o arco sempre é menosprezado.”

Nenhum sinal de malicia pareceu na voz de Tigre enquanto falava. “Apesar da situação, seu pai te ensinou arquearia.”

“Embora não me lembre, parece que desde pequeno só brincava com um arco, ainda quando não tinha a idade para entendê-lo. Meu pai me viu e me animou a continuar praticando se estivesse interessado nele. E bem, todos os meus ancestrais foram caçadores então…”

“Então suponho que devo agradecer a seu pai. Graças a ele, pude te conhecer – Embora também, pudesse ter evitado ser jogada no chão e ser vista nua.”

Ellen disse essas últimas em um tom mal humorado e lançou um pequeno rosnado a Tigre institivamente.

“Já terminei. Pode se virar.”

Virando para trás. Ellen estava parada de frente a ele, vestida com um robe curto, sua espada em sua cintura. Um grosso pano cobria seu longo e prateado cabelo. Seus brancos pés e mãos sobressaiam do robe com aspecto encantador. Já que não conseguia olhar diretamente, Tigre olhava para Lunie, que se encontrava deitada aos seus pés.

“Foi uma conversa interessante. Nos vemos depois.”

O pequeno dragão foi atrás de Ellen e ambos desapareceram no caminho coberto por árvores. Tigre assentiu, enquanto decidiu-se por tomar banho rapidamente.

Depois de tirar a roupa e deixá-la de lado, pegou um balde com água e o virou sobre o corpo várias vezes, tentando esquecer o que havia visto anteriormente.

“Eleonora-sama…?”

Em um lado da árvore, Lim apareceu vestindo um robe curto e segurando um balde. Lim, sem palavras, viu o corpo de Tigre antes que pudesse terminar sua frase.

Normalmente, seu rosto carece de emoções, mas, agora mesmo, podia-se apreciar que ela estava claramente chocada.

Tigre também estava petrificado. A parte inferior de seu corpo era muito vergonhosa para se olhar, já que ainda se lembrava de como havia visto Ellen pouco antes

“Ah –…”

Depois de alguns segundos de silêncio, Tigre deixou escapar um som, embora ainda continuasse confuso.

Tigre tentou encontrar as palavras adequadas para sair a salvo da situação. “Manter a compostura diante da situação…?

Tigre se lembrou da sua conversa com Ellen. “Não precisa se preocupar comigo.”

Embora tentasse ocultar sua vergonha com palavras elegantes, um balde foi jogado em sua direção acompanhado de um grito.

***

“Oh, então você o viu.”

Ellen devolveu Lunie a seu celeiro, onde se encontravam os demais dragões e retornou ao seu escritório. Seu peito estava tremendo, prestes a explodir, em quanto ouvia a história de Lim.

Seu cabelo prateado brilhava com a humidade, já que tinha terminado de tomar um banho. “Eu nunca vi. Como era?”

“Sem comentários.”

Sua aparência indignada acompanhava seus olhos azuis cheios de fúria. Lim deixou escapar um suspiro de raiva.

“Deveria restringir seus movimentos ainda mais.”

“Será que ele se acostumou a viver aqui? Aliás ele parece se dar bem com os soldados e os cozinheiros.”

“Como alguém pode se acostumar com a vida de prisioneiro?”

“Depois de tudo, ainda espero que me peça para se tornar meu subordinado.” Lim assentiu.

“Além disso, também há alguns entre os soldados que não gostam do seu comportamento.”

Lim estabeleceu o fato de que poderia haver um conflito entre aqueles que gostavam de Tigre e aqueles que não.

“Mas, isolá-lo em um quarto realmente irá solucionar as coisas?”

“Mais cedo ou mais tarde, ele retornará a Brune se o resgate for pago, ou será vendido a algum mercador de Muozinel.”

“E é por isso, que eu ofereci torná-lo meu subordinado.”

Ellen pegou um documento da pilha que estava sobre sua mesa e o mostrou a Lim. Os olhos de Lim continuavam cheios de dúvida enquanto lia o documento, mas em um instante sua raiva desapareceu.

“… Parece que a situação em Brune está bastante ruim.”

“Eu também me surpreendi, só se passou um mês desde a batalha de Dinant, e a situação ficou assim.”

O documento era um resumo da situação feita por um habitante de Zchted que vivia no país como um embaixador entre as nações. O sujeito havia se disfarçado e viajado através de

Brune como um mercador, coletando informações, e a reportava periodicamente ao Reino de Zchted.

A situação podia ser resumida em uma frase.

“Há indícios de que poderia se desencadear uma guerra civil em Brune.”

“O rei havendo perdido seu filho, o Príncipe, ficou devastado. Se esqueceu dos assuntos políticos e se trancou em seu quarto. Não há ninguém para deter as ações dos demais aristocratas.”

“Parece que os Thenardier e Ganelon, dois grandes nobres, tem conflitos violentos todos os dias.”

Ellen o disse em um tom que o fazia parecer seu problema.

O território de LeitMeritz estava próximo ao do Reino de Brune.

Se eclodir uma guerra em Brune, havia possibilidades de que seu território terminasse sendo invadido.

“Provavelmente não podem se preocupar pela situação de Tigre. Alsace estará sozinha nisso. Não conseguiriam preparar o resgate.”

“A propósito, porque o montante do resgate é tão alto?” “Sua habilidade com o arco.”

Golpeando sua mesa, Ellen assentiu.

“Quando se captura um excelente espadachim, não se aumenta o montante do resgate baseando-se em suas habilidades? Embora os países revisem o montante do resgate, a maioria predetermina um montante severo para os arqueiros. Para Brune, isso era um problema trivial.”

Quando Lim escutou Ellen, seu rosto voltou a carecer de expressão.

“Embora eu pudesse diminuir o valor, não quero que seja tomado como um precedente de simpatia. E não tenho motivo algum para mudar o acordo.”

“… Então se Lorde Tigrevurmud não puder pagar o resgate.”

“Embora inicialmente eu o tenha dito como uma ameaça, neste ritmo, sua venda a Muozinel poderá se tornar realidade.”

“Então é por isso que você quer ele se torne seu subordinado?”

“Seria lamentável perder suas habilidades com o arco. Sua personalidade não é problemática. Se eu o treinar apropriadamente, poderia se tornar de grande ajuda, só precisaria de um pouco de trabalho.”

Ellen riu.

“Lhe entenderei minha mão mais uma vez no dia final. Já me recusou uma vez, ele não feriria meu orgulho uma segunda vez.”

Lim recuperou a compostura e fez uma pergunta.

“No entanto, será que realmente não será pago? Inclusive Ganelon ou Thenardier poderiam se aproveitar da situação e pagar o regate pelo Lorde Tigrevurmud. E assim demonstrar que são o tipo de pessoas que não abandonam alguém de seu reino que poderia ser enviado as terras dos desertos.”

“Pelo que eu posso dizer, acredito que Tigre preferira não servir Thenardier nem a Ganelon. Só o traria miséria. Já imaginou o difícil que seria viver sob o comando de algum deles? Ambos são autênticos nobres de Brune que desprezam a arquearia.”

Ellen mostrava uma expressão complicada enquanto recordava de sua conversa com Tigre. “De qualquer forma, direi aos soldados que escutarei qualquer queixa que tenham a

respeito.”

 

***

“Oh, o Conde Vorn…”

O aristocrata que havia escutado a história de Mashas tinha uma expressão de desprezo. “Perdemos mais soldados em Dinant que o reino tinha perdido nos últimos anos. O dano foi

muito grande e vários nobres morreram.”

“Realmente, mas, mesmo preso, Lorde Tigrevurmud continua vivo. Como amigo de seu falecido pai, eu gostaria de salvá-lo.”

Mashas se encontrava na mansão de um aristocrata rico.

Sua vida havia sido muito produtiva. Na sala de pinturas pela qual Mashas passou, se encontrava um papel de parede caro, que havia sido feito em Muozinel, com a imagem de uma ave com asas douradas, decorando a parede. A cadeira em que ele estava sentado estava coberta com a pele de uma onça. Inclusive o vinho que haviam servido a Mashas em uma taça era um muito caro.

É a quinta pessoa que eu visito. Se não funcionar, não terei mais ninguém a quem pedir ajuda.

Se não pedisse ajuda aos outros, não conseguiria conseguir o dinheiro até a data limite.

Mashas fez uma referência ao nobre em sua frente, enquanto pedia aos deuses com todo o seu coração.

“Por favor. Lhe devolverei o dinheiro sem importar quanto tempo eu leve. Poderia me ajudar?”

Só havia silencio. “Me desculpe.”

Embora o nobre olhasse Mashas com simpatia, disse aquelas palavras para romper o silencio.

Mashas desesperado apertou seu punho, contendo as lagrimas, apesar de sua idade.

“Se não houvesse acontecido isso em Dinant, eu teria aceitado seu pedido, Lorde Mashas.

Porém, dada a situação…”

O aristocrata continuou falando em um tom sério.

“ – Em breve esse país se submergirá em uma guerra civil.” “…Entre os Duques Ganelon e Thenardier.”

Mashas respondeu com um tom de voz fraco.

Ele também havia escutado a situação recentemente.

Devido ao impacto pela morte do Príncipe Regnas, os interesses do estado foram deixados de lado. Mashas já havia imaginado algo assim.

O homem em sua frente era um aristocrata bem conhecido quem poderia influenciar na situação atual.

Ganelon e Thenardier eram primos distantes do Rei, e seus confrontos aumentavam a cada dia. Além disso, além deles, dada a situação, muitos aristocratas começaram a atuar com precaução. Qualquer erro poderia piorar a situação e até mesmo poderia destruir uma família.

No entanto, haviam aqueles que compartilhavam ouro, informação, ou fazia tratos com outros aristocratas. Dado que era uma emergência, mesmo que possuíssem muito ouro, não podiam usá-lo imprudentemente.

Mesmo sendo amigos próximos, não podiam ajudá-lo. Mashas se retirou com passos pesados.

“… Então tudo foi inútil.”

O sol já havia se escondido e o céu se tingia de um cinza escuro. Pela aparência das nuvens, parecia que iria chover a qualquer momento.

Mashas não podia culpá-lo. Posto que tão pouco ele tinha o dinheiro para ajudar Tigre.

Muitas pessoas trabalhavam em sua residência e, além do mais, devia manter um exército e território. Havia um limite para o que poderia fazer.

Me desculpem, Tigre… Titta, Bertrand, eu realmente sinto muito… perdoem-me por favor…

Mashas retornou em silêncio a sua casa enquanto a chuva caía.

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