Arco 4: Batalha de defesa da Masmorra
Capítulo 10
História paralela: Gamdia Roston
Tradução: Tinky Winky
Uma estranha sensação de formigamento assaltou Gamdia Roston e o despertou de seu sono.
“…?”
Ele se sentou e abriu os olhos, apenas para ser assaltado por uma sensação de mal-estar antes que pudesse focar sua visão. A atmosfera dentro de sua tenda estava desligada. Todos os pelos de seu corpo se eriçaram enquanto seus olhos exploravam ansiosamente os arredores.
Algo estava errado; quase parecia que ele não estava sozinho.
“Quem está aí…!?”
Confiando em seus instintos, ele agarrou a espada ao lado da cama enquanto fazia uma pergunta dirigida ao intruso.
“Oh? Parece que você é capaz de me perceber.”
De repente se mostrou. Uma criatura com um contorno não muito diferente do de um humano quase parecia surgir diante de seus olhos. Sua forma foi se revelando aos poucos, como se vazasse lentamente da escuridão.
Ele, ou melhor, aquilo, tinha cabelo preto como breu, um estranho olho carmesim e asas de dragão brotando de suas costas. Gamdia ficou chocado, mas sua mente permaneceu descongelada. Ele o informou que o homem que estava diante dele era provavelmente um demônio, e que ele combinava perfeitamente com a descrição do homem que liderou o ataque a Alfyro.
“O que e-”
“Fique em silêncio, a menos que você deseje que eu o prive imediatamente de sua vida.”
O ar que enchia a tenda quase pareceu ficar carregado de peso no momento em que o demônio abriu a boca. Uma pressão incrível agrediu o corpo de Gamdia. Era tão pesado que ele teve que reunir cada última fibra de força de vontade que ele tinha apenas para ficar consciente. A densa energia mágica que irradiava do corpo do demônio lentamente corroeu seu espírito, mas ele continuou a resistir. Ele sabia que seu cérebro iria desligar no momento em que ele perdesse o foco.
O soldado veterano começou a suar frio; grossas gotas de suor escorriam de sua testa até seu rosto, uma após a outra.
Depois de confirmar que Gamdia havia sido silenciado, o demônio finalmente começou a falar.
Depois de emitir seu aviso, o demônio se virou e desapareceu na noite. A forma como sua figura desapareceu quase fez parecer como se ele tivesse vestido um manto de sombra.
Gamdia começou a hiperventilar no momento em que o outro ser saiu. Seu corpo lutava por respirações profundas e rápidas repetidas vezes. Ele sentiu como se tivesse segurado a respiração durante quase todo o encontro. Ou melhor, parecia mais como se seu corpo tivesse simplesmente esquecido como respirar na presença do demônio.
Era exatamente quanto terror o outro ser havia inspirado nele.
O soldado sabia que o demônio era muito poderoso para ele lidar. Na verdade, ele estava convencido de que poderia ter eliminado todo o exército com facilidade, mesmo que todos os soldados o atacassem de uma só vez.
Continuar a expedição simplesmente não valia a pena. Oficialmente, o exército foi enviado para a Floresta Malvada para eliminar tanto os monstros que atacaram Alfyro quanto o demônio que os comandava. Mas isso foi apenas um disfarce. Seu objetivo real era pesquisar a terra e os muitos recursos naturais que vinham com ela. Os superiores queriam uma investigação preliminar detalhada para que pudessem avançar com seus planos de reivindicar a floresta e colonizá-la. Tudo para expandir as fronteiras do país. A subjugação foi uma mera pretensão para silenciar aqueles que se opunham à ideia.
Pessoalmente, Gamdia pensou que toda a missão era uma piada de mau gosto desde o momento em que a recebeu.
A Floresta Malvada não era para brincadeiras. Os monstros que viviam dentro nela eram incrivelmente poderosos. Claro, o exército da expedição tinha contramedidas. Eles foram implantados com um poderoso dispositivo mágico que expulsa quaisquer monstros em sua vizinhança. Enquanto muitos outros soldados estavam mais do que felizes em contar com a tecnologia e confiar nos cientistas de sua nação, Gamdia não estava. Ele sabia que todo o exército da expedição estava propenso a ser aniquilado no momento em que o dispositivo deixasse de cumprir sua função.
Perder o exército era apenas a menor de suas preocupações. A Floresta Malvada era conhecida por ser o território do Dragão Supremo. Ele não tinha dúvidas de que a nação inteira seria destruída no sentido mais literal da palavra se eles o irritassem.
Apesar dos muitos riscos, os superiores de sua nação levaram o plano adiante e forçaram ele e seus subordinados a concordar com sua imprudência.
Sabendo que não tinha a opção de recusar, Gamdia se candidatou a um papel de liderança. Ele determinou que seu melhor curso de ação seria assumir o comando do exército para que pudesse minimizar a quantidade de danos causados às forças de seu país.
Mas os superiores mais uma vez não permitiram que ele fizesse o que queria. Em vez disso, delegaram a posição a um nobre incompetente e tolo cujos bolsos eram muito mais profundos do que sua mente.
Embora sua cidade tenha sido a única sujeita ao ataque, o governador de Alfyro se opôs fortemente à expedição. Ele se recusou veementemente a ajudar de qualquer maneira. E, tendo encontrado o mesmo demônio que ele, Gamdia agora entendia o porquê.
“Eu preciso ir falar com o nobre estúpido responsável e convencê-lo a recuar o exército.”
Gamdia falou consigo mesmo na tentativa de se acalmar e voltar a respirar ao normal.
Ele sabia que sugerir uma retirada colocaria seu personagem em dúvida. Ele certamente seria taxado de covarde e removido de sua posição, mas não se importava. Ele foi contra a expedição desde o início e não desejava que seus compatriotas morressem por bobagens políticas sem sentido.
Ele também sabia que o nobre estava nisso pelo lucro. Era improvável que o tolo virasse o exército, independentemente do que lhe fosse dito. E assim, Gamdia resolveu pelo menos levar seus próprios subordinados e levá-los para um local seguro.
Com isso em mente, o soldado se vestiu e se preparou para buscar uma audiência com seu “superior”.
