Após meia hora de procura implacável pela sala, ninguém conseguiu encontrar nada que se parecesse com uma entrada ou uma saída, então todos se reuniram de volta em frente a estátua. Ray ainda estava olhando para a estátua tentando descobrir por que a pessoa parecia tão familiar para ele.
“Ei, você acha que Ray está apaixonado?” Dan sussurrou para Monk.
“Ele está olhando para aquela estátua há um tempo incrivelmente longo.”
Martha então surgiu por trás dos dois e deu um coque nas cabeças deles.
“Parem com isso, vocês dois.”
Então, de repente, eles ouviram um grito vindo de um dos cantos da sala.
“Droga, deve haver uma passagem em algum lugar.”
Quando o grupo se virou para ver quem era, descobriu que o barulho vinha de Gary. Gary parecia ser o mais frustrado entre todos.
“Bem, devemos voltar?” Slyvia perguntou ao grupo.
Ray então apontou para a estátua.
“Debaixo da estátua, tem uma passagem.”
“Tá falado sério?!” Gary disse enquanto corria até a estátua e imediatamente começava a empurrá-la.
“Essa coisa pesa pra caramba” – disse Gary, “Vamos lá, vocês vão apenas ficar olhando?”
Dan e Monk então se aproximaram e tentaram empurrar a estátua de novo, mas ela não se moveu nem um centímetro como a porta de aço.
Ray tinha realmente visto a porta quando ele entrou na sala, não era como se ele não quisesse ajudar os outros, mas ele queria ficar e olhar para a estátua por mais um tempo. Ele sentia que quanto mais olhava para a estátua mais ela o lembrava de alguém.
Ray então caminhou até a estátua e os outros se afastaram, ele colocou sua mão na parte inferior da estátua e exatamente como antes, o sistema reagiu novamente.
<Você gostaria de entrar?>
<Sim>~<Não>
Ray escolheu ‘sim’ sem qualquer hesitação, Ray sentiu que estava prestes a descobrir algo extremamente importante.
A estátua começou a se mover para trás e embaixo dela havia outra escada para as profundezas que iam direto à escuridão.
“Até onde é que este lugar vai parar?” Dan perguntou.
Ao contrário da escada anterior, esta escada não descia em espiral e apenas conduzia o grupo direto para baixo até que eles finalmente chegaram no final e deram de frente com um alçapão[1]. Gary levantou o alçapão para revelar mais uma escada. O som de água correndo podia ser ouvido vindo de baixo.
“Eu vou primeiro, eu preciso” – disse Gary enquanto começava a descer lentamente a escada. A escada levava a uma sala vazia ainda maior, cheia de nada além de pedras. A sala tinha cinco túneis no total, mas quatro deles foram selados com portas de ferro, semelhantes a primeira na entrada
“Ray, você acha que pode abrir isso?” Gary perguntou.
Ray caminhou até uma das portas de ferro e percebeu que eram ligeiramente diferentes. Essas portas não tinham uma marcação circular no centro como as outras. Quando ele colocou a mão na porta, não houve reação.
Ray balançou a cabeça.
“Bem, parece que não temos escolha” – disse Gary enquanto continuava a andar pelo único túnel que não estava com o caminho selado.
O grupo continuou descendo o caminho e, eventualmente, parte da parede da caverna começou a possuir alguns cristais. Os cristais liberavam uma luz azul brilhante iluminando toda a caverna.
“O que são essas coisas?” Slyvia disse enquanto olhava para um dos cristais.
“Bem, se você não sabe o que são, nenhum de nós saberá” – respondeu Gary.
Exatamente como Gary disse, ninguém tinha ideia do que eles eram e nem tinham visto nada parecido antes. Não parecia um cristal de besta. À medida que o grupo continuou a andar pela caverna, mais e mais cristais começaram a aparecer nas paredes até que, eventualmente, toda a parede foi coberta pelos cristais azuis.
Eles continuaram a andar até que, finalmente, um único e enorme cristal flutuou no ar. O cristal estava mais radiante do que qualquer outro cristal que eles tinham visto na caverna. Foi uma visão inesperada para o grupo, mas assim que seus olhos caíram naquilo, eles souberam imediatamente o que era.
O Ser Divino.
Imediatamente, todos no grupo sentiram como se estivesse na presença de algo muito mais poderoso do que suas próprias existências e se ajoelharam colocando a cabeça no chão. Ray não conseguia entender a reação dos outros ao seu redor.
“Ray, você não consegue ver? É o Ser Divino!” Slyvia gritou.
De repente, Ray sentiu algo dentro de seu corpo sacudir. Era como se algo em seu corpo quisesse escapar dele e se juntar ao cristal. Ray tentou o seu melhor para resistir a isso, mas não conseguiu aguentar. A força de atração era muito mais superior que sua própria resistência.
O pedaço de seu corpo que ele estava tentando segurar de repente o deixou e entrou no Cristal.
Imagens começaram a passar pela mente de Ray, eram imagens de destruição, tristeza e morte. Ray estava vendo um mundo onde a Praga das Sombras havia vencido a luta contra a humanidade, onde a Praga das Sombras governava toda a terra. Não apenas os humanos se foram, mas todas as criaturas vivas foram juntos.
Finalmente, as imagens pararam e a parte de Ray que havia entrado no cristal foi devolvida a ele.
‘O que é que foi isso?’
Então, de repente, Ray se lembrou de uma das imagens que tinha visto no meio dessas visões. Era uma imagem dele nesta mesma caverna. A visão mostrou a ele como uma das pessoas do grupo que veio junto com ele estava sendo controlada por uma força maligna obscura.
Em sua visão, ele viu uma lâmina afiada envenenada perfurar suas costas, Lembrando de tudo isso, Ray foi se virar, mas já era tarde demais.
A visão se tornou realidade e ele já havia sido esfaqueado. Ray podia sentir a lâmina de prata afiada dentro dele. O corpo e as pernas de Ray começaram a ficar dormentes quando o veneno começou a fazer efeito.
Ray então desabou no chão, mas conseguiu levantar a cabeça antes de ir sua visão escurecer completamente. Ele ouviu gritos e berros dos outros, então viu Gary pular para o lado dele na direção de Jasmine. Jasmine tinha um sorriso no rosto enquanto suas mãos estavam cobertas de sangue.
A última coisa que Ray viu foi Gary balançando sua espada contra Jasmine e decepando a cabeça dela antes que seus olhos escurecessem completamente.
[1] Porta ou tampa fixa no chão
