A grande batalha tinha finalmente terminado, mas a um grande preço. Todo o conselho de Anciãos foi eliminado, exceto Humfree e Slyvia. Os únicos Mestres Cavaleiros ainda vivos eram Sir K e Wilfred, que haviam ido para o subsolo na época para proteger o Ser Divino.
E a cidade. A cidade estava completamente arruinada. Vários prédios em toda a cidade foram derrubados e levaria bastante tempo para serem reconstruídos.
Quando Wilfred e Sir K voltaram à superfície, ficaram chocados com tudo o que disseram a eles do que ocorreu. A Cidade de Avrion não existia mais. A única coisa que ainda permanecia em pé era a Academia e as muralhas da cidade.
Ray imediatamente aproveitou a chance para assumir a liderança e o controle de toda a cidade e nenhuma pessoa se opôs. No final, até Wilfred decidiu se juntar ao Asas Carmesim.
A bandeira pendurada no topo da Academia foi rasgada e substituída pelo símbolo de uma cabeça vermelha de Dragão. Era o mesmo símbolo que cada membro do Asas Carmesim recebia ao aceitar o Contrato.
Ray então deu aos alunos e Cavaleiros restantes duas escolhas. Eles poderiam ficar na Cidade de Avrion, mas somente se eles se tornassem um membro do Asas Carmesim ou eles poderiam ir embora. Ray queria ter certeza de que nada como a Puro-Sangue desse as caras novamente.
Ele agora estava no comando desta cidade e faria isso do jeito certo. Não havia maneira de ele saber quem ainda era um membro da Puro-Sangue ou não, e esse era o método mais fácil de remover todos eles de uma vez.
No final, metade dos Cavaleiros e alunos decidiram ficar e aceitar o contrato, enquanto a outra metade saiu. Foi um resultado melhor do que Ray pensava originalmente. Isso foi graças a Wilfred e Sir K. Eles conquistaram seguidores devotados ao longo dos anos, já que passavam a maior parte do tempo com os Cavaleiros e alunos.
Durante o próximo mês, os alunos e Cavaleiros que permaneceram continuaram a reconstruir a cidade. Eles se certificaram de que os túneis que haviam sido escavados antes fossem selados e colocaram ainda mais portas de aço com diferentes combinações de senha para que algo assim nunca pudesse acontecer novamente.
Entretanto, esse tempo todo, algo havia incomodado Ray. Quando a cidade estava sendo atacada pelas Bestas, por que a Guilda das Trevas não atacou também? Jack disse a Ray que eles tinham visto Morfran nos túneis.
Eles pareciam não saber sobre a Serpe, caso contrário, eles teriam planejado em como lidar com aquela besta antes de tudo.
Quando Ray questionou Sir K e Wilfred, eles disseram que haviam encontrado vários membros do Guilda das Trevas mortos nos túneis. Um exército inteiro, a julgar pela condição em que seus corpos foram encontrados, parecia que eles haviam sido mortos por uma fera mortal, mas nenhum vestígio da fera ou besta foi encontrado, e Ray não queria perder mais tempo pensando nisso.
Quando a cidade finalmente terminou de ser reconstruída, todos decidiram ter três dias de silêncio e descanso pelos mortos que pereceram, incluindo o Mestre Cavaleiro Bernardo e os outros Anciões que foram as maiores perdas.
Não houve protesto contra isso e todos pensaram que era a coisa certa a fazer. Porém, depois de três dias, era hora de decidir quem ficaria no comando da cidade.
Ray não precisava mais ficar em Avrion, mas precisava de pessoas em quem confiava para permanecer lá. Uma votação foi lançada e os novos líderes de Avrion foram selecionados.
Wilfred e Sir K foram promovidos a Anciões, o que era de se esperar. A maioria dos Cavaleiros só se juntou ao Asas Carmesim por causa desses dois de qualquer maneira. Humfree também manteve sua posição de Ancião, não havia suspeita de que Humfree fosse um membro da Puro-Sangue. Houve várias vezes em que ele poderia ter matado Ray no hospital e o fato de que ele quase foi morto por Gib confirmou que ele não estava trabalhando com eles.
Finalmente, a última pessoa foi Slyvia, o que surpreendeu até ela mesma. Ray confiava em Slyvia e em sua inteligência, assim como os outros Cavaleiros. Eles tinham visto o quão empenhada e cuidadosa ela tinha sido no último mês, enquanto a cidade estava sendo reconstruída.
Ray também ofereceu a Von sua antiga posição de volta, já que a cidade não seguia mais as regras antigas, mas Von decidiu recusar.
Claro, Ray permaneceu no topo, mas os outros que não sabiam a identidade de Ray, só conheciam aquele chamado Nes. Ray tinha apenas 17 anos e também parecia muito jovem. Os outros Cavaleiros achariam difícil aceitar um líder com 17 anos de idade, então sempre que Ray precisava falar com o publico ou ter discursões de planejamentos, ele se transformava em Nes.
Agora, com quase tudo resolvido em Avrion, Ray estava pronto para partir e seguir para seu próximo destino, mas havia um último problema que tinha ocorrido no mês anterior, e o problema era Gary.
Gary estava praticamente obcecado por sua nova espada. Ele a carregaria consigo aonde quer que fosse. Mesmo no banho, com medo de que alguém fosse roubar dele.
Quando Ray usou seus Olhos do Dragão na espada, não parecia ter nenhuma anomalia, então Ray a largou de mão, mas estava claramente fazendo algo com Gary.
Gary havia perdido muito peso durante esse período e isso estava começando a preocupar a todos. Ele não estava comendo direito e não estava falando com ninguém, nem mesmo com Ray.
Slyvia acabou chamando todos para uma conversa na sala de reuniões dos Anciãos entre todos os seus antigos colegas de quarto por causa dele.
“Gary, chamamos você aqui porque cada um de nós está preocupado com você.” Slyvia disse: “Não é verdade, gente?”
Todos ao redor da sala concordaram com a cabeça.
“Olha, estou farta disso! Não adianta fugir dos problemas, temos que enfrenta-los.” Martha reclamou. “Você precisa se livrar dessa espada, olhe o que ela está fazendo com você!”
“Você só quer pegar ela pra você!” Gary retrucou.
“Não é isso, Gary.” Monk respondeu: “Você tem agido de forma estranha desde que pegou essa coisa.”
“Bota estranho nisso” – Dan acrescentou.
Gary não respondeu e apenas agarrou a espada que estava em sua bainha em volta da cintura.
“Olha, se você não quer nos ouvir, então você tem que ouvi-lo!” Slyvia disse enquanto apontava para Ray.
Ray então se levantou de sua cadeira e lentamente começou a caminhar até onde Gary estava sentado, ele estendeu a palma da mão aberta. “Eles estão certos Gary, me dê a espada.”
Gary olhou nos olhos de Ray e olhou de volta para a espada. Então, de repente, Gary puxou a espada de sua bainha e a colocou bem contra o pescoço de Ray.
O movimento foi tão intenso e rápido que Ray nem teve tempo de reagir.
“M-Me desculpa!” – Gary disse gritando enquanto estava com a espada colada ao pescoço de Ray.