O incidente envolvendo Van foi encoberto e era óbvio o porquê. Roland não queria que as pessoas descobrissem que eles haviam permitido que um de seus alunos morresse na Academia. Para a sorte da Academia, a estudante era apenas uma garota de uma vila pobre, mas se alguém como Van morresse em vez disso, a Academia seria duramente acusada por permitir que tal incidente acontecesse.
Portanto, a próxima melhor coisa a fazer era fingir que nunca tinha acontecido.
A parte triste era que Ray esperava que, depois de descobrir o que aconteceu com Amy, ele fosse capaz de usar essa informação para de alguma forma trazer Gary de volta para seu lado. Se a Sombra estivesse por trás de tudo, então talvez isso fizesse Gary mais uma vez um homem racional, ajudando-o a sair dessa situação.
Mas com as informações que tinha agora, isso só faria Gary odiar Roland ainda mais.
Quando Springett entrou na sala, a primeira coisa que ela fez foi olhar nos olhos de Ray. Ele pode sentir os olhares dela no mesmo instante, era como se ela estivesse tentando olhar através dele, e ele não foi a única pessoa que notou o olhar dela.
“Whoa, o que diabos você fez pra mexer com ela?” Max perguntou.
“Eu não fiz nada” – respondeu Ray.
Mas ele sabia o por quê. Springett ainda não confiava nele depois do incidente que tinha acontecido com os alunos da classe média. Embora o diretor estivesse convencido, ela não estava.
“Olá a todos, hoje eu serei seu tutor nesta aula. Infelizmente, Del está ocupado fazendo o círculo mágico de teletransporte para seu próximo exame. É por isso que estou aqui hoje.” Disse Springett: “Sobre o assunto dos círculos mágicos, é isso que abordaremos na aula de hoje.”
Springett então explicou em detalhes sobre os círculos mágicos. Como um círculo mágico era uma coisa complexa que tinha que ser desenhada à mão e só funcionaria se alimentada por um cristal de besta.
O círculo mágico em si era semelhante a lançar um feitiço e também semelhante aos feitiços gravados em cristais de bestas, que usariam a energia do cristal para ser lançada, e assim como também se poderia usar Mana.
Um bom exemplo de onde círculos mágicos foram usados, foram os dispositivos que eles usaram na vida cotidiana. As luzes que eles usaram eram alimentadas por cristais de bestas, mas se eles colocassem um cristal de besta no chão e o encarassem esperando ascender e fazer alguma coisa brilhar, ele não faria nada.
Um círculo mágico teria que ser desenhado, ele agia como um conjunto de instruções para o cristal da besta. Quanto mais fortes forem as instruções definidas, mais fortes os cristais da besta precisam ser.
Obviamente, quanto mais complexo o conjunto de instruções, mais potência é necessária para acioná-lo. De certa forma, era um tipo de linguagem de programação que os Magos tinham que aprender e poucos Magos se especializaram nisso. Mas todos eram obrigados a saber pelo menos o básico.
Era sempre útil, se uma luz fosse se apagar em suas casas, eles podiam fazer a sua própria luz e substituí-la.
Springett então começou a desenhar um círculo mágico no quadro, mas parecia um pouco diferente dos exemplos que ela havia mostrado antes.
“Como você pode ver, este é um círculo mágico incompleto, usando os pedaços de papel na sua frente eu gostaria que vocês completassem o círculo mágico.”
Assim que Springett deu as instruções, os alunos começaram imediatamente a trabalhar. Rabiscando em seus pedaços de papel, mas no fundão da sala, três alunos ficaram parados olhando para o papel na frente deles.
“Ei Nes, por que você não está escrevendo nada, é muito fácil para você?” Max disse.
‘Mas que problema dos infernos’ – pensou Ray. Sua avaliação na escola era a do cara que gabaritou com perfeição o teste de admissão. Se houvesse algo que pudesse revelar que Ray de fato não era um Mago, seria isto.
“Por que você não está escrevendo nada?” Ray perguntou.
“Ha, ha, bem, é por isso que vim até você, você sabe da minha pontuação, elas são as mais baixas da classe.”
Foi quando Ray virou a cabeça para Van esperando que ele tivesse escrito algo, entretanto, Van estava afundado em sua cadeira com a cabeça baixa ainda aborrecido com a história que havia contado antes.
“É tudo culpa minha.” Ele ficou murmurando.
Só então Springett começou a andar pela sala de aula verificando os círculos mágicos de todos que eles haviam desenhado, então quando ela alcançou a última fileira, ela começou a sorrir ao se aproximar de Ray. Como se ela soubesse que o havia pego.
“Oh~ o que é isto.” Ela disse levantando o pedaço de papel em branco de Ray. “Por que você não escreveu nada, não pode ser que você não saiba consertar um círculo mágico simples como este, não é?”
Foi quando Max entrou na conversa.
“Não, a senhora entendeu errado, professora, sabia que Nes aqui teve uma pontuação perfeita no teste de admissão? Algo que nunca foi feito na Academia antes. Ele simplesmente acha isso muito fácil.”
“Oh sério?” Springett disse agora com um sorriso enorme no rosto.
“Bem, por que você não vai até a frente da classe e mostra a todos como se faz.”
Naquele momento, Ray queria fazer tudo ao seu alcance para estrangular Max. Enquanto Ray caminhava até a frente da classe, Max acenou para ele com o polegar para cima.
Max sentiu como se tivesse feito um favor a Ray, uma chance para ele se exibir na frente dos outros alunos, sem o que ele sabia. Mas por outro lado, Ray estava xingando ele, desejando que ele estivesse morto e enterrado numa cova.
Enquanto Ray começou a caminhar até a frente da classe, ele começou a pensar. Havia alguém no Asas Carmesim que seria capaz de lhe dar a resposta. Avrion estava cheia de cavaleiros inúteis e embora Slyvia fosse inteligente, ela não tinha nenhuma razão para estudar círculos mágicos, pois Cavaleiros nunca poderiam usar magia.
Conforme Ray se aproximava da frente da classe, ele começou a entrar em pânico ainda mais. O que só estava tornando mais difícil para ele se lembrar quem que ele teria que contatar neste momento.
Então, finalmente, ele alcançou a frente da classe.
“Vá em frente, mostre-nos como se faz” – disse Springett.