No centro do vilarejo, Kaito estava ocupado desenhando o círculo de teletransporte. Felizmente, ele sempre carregava alguns cristais de escrita consigo. Os professores e Bliss ajudaram também, uma vez que Kaito lhes deu instruções do que ele se lembrava sobre o que exatamente eles teriam que fazer.
Os outros, incluindo os professores, ficaram maravilhados. Um círculo de teletransporte era complicado e este era ainda mais complicado. Como Kaito foi capaz de se lembrar de tudo sobre o círculo era algo que eles não conseguiam sequer entender.
“Então, seremos capazes de voltar para casa quando o círculo terminar?” Um aluno disse.
“Espero que sim, quanto mais ficarmos aqui, menos chance eu acho que temos de sobreviver.”
Enquanto Blake olhava para o círculo e a falsa esperança que os professores estavam dando aos alunos, ele não aguentou mais e se virou com nojo. Os professores decidiram que seria melhor se eles desenhassem o círculo mágico de qualquer maneira, embora não tivessem como ativa-lo.
Eles iriam desenhar o círculo por enquanto e tentar resolver aquele problema para mais tarde, mas Blake sabia disso e sabia que eles decidiram manter isso em segredo do resto dos alunos.
O círculo agora tinha chegado ao ponto onde Bliss e os outros professores não podiam mais ajudar. Ficou muito complicado para eles e eles só puderam ajudar no início do círculo. Eles decidiram fazer a ronda e verificar o bem-estar dos alunos.
Enquanto Max e os outros estavam deitados em Noir usando-a como algum tipo de travesseiro.
“Ei, você tem certeza que essa coisa não vai te comer?” Bliss perguntou.
“Relaxe, nós somos melhores amigos” – Max respondeu.
Os alunos de vez em quando vinham até Max para prestar homenagem ao lobo e dar uma olhada mais de perto. Max neste momento se sentia como um rei, rumores corriam que ele tinha conseguido domar uma besta tão poderosa e ele gostou dessa sensação.
Porém, havia um aluno que tinha medo de se aproximar.
“Van, o que você está fazendo, vamos cara, chega aí” – disse Max.
Van lentamente começou a se mover, mas Noir não lhe deu atenção, ao contrário da última vez. Van teve experiências ruins com bestas e ainda sentia que aquela tinha vindo atrás dele, tinha certeza disso.
Enquanto Bliss o observava, ela percebeu que devia haver um medo profundamente enraizado dentro dele. Isso foi muito mais profundo do que o resto deles pensava.
Então Van estava finalmente perto o suficiente do ponto onde ele estendeu a mão e começou a acariciar o pelo de Noir.
“C-cachorrinho bonito” Van disse com a voz trêmula.
Os outros dois riram ao ver a cena. Foi então que uma menina apareceu também.
“Você se importa se eu acariciar o cachorro fofo também? por favor?” Era Norah, a princesa de outro reino.
“Não acho que seja um cachorro, mas vá em frente” – disse Max, mas, ao dizer essas palavras, ele tinha outra intenção por trás delas. Ele sabia que as meninas não resistiam a coisas fofas como essa e logo teriam a princesa de um reino do seu lado.
Então, porém, Max percebeu algo, o lobo não parecia fofo. Na verdade, embora os outros alunos tivessem vindo, era mais por medo. Norah foi a primeira a chamar a coisa de fofa.
“Obrigado por nos proteger lá.” Ela disse em uma voz suave. “Você é meu herói.” Então ela abriu o braço e mergulhou no pelo de Noir.
Os outros alunos vendo isso e não vendo nenhuma reação da besta, realmente se sentiram desconcertados. Durante toda a vida lhes disseram que as bestas eram perigosas. Que por instinto eles atacariam e matariam humanos. Que a única coisa de boa que poderia vir de uma Besta seriam seus núcleos, isso levou os humanos a sempre caçar bestas.
Mas aqui, vendo uma garotinha abraçar um lobo gigante tão pacificamente, eles estavam começando a pensar que talvez o que lhes ensinaram estivesse errado.
Só então Flynn e Springett terminaram de verificar todos os alunos. Alguns estavam com fome, mas era difícil dizer se era dia ou noite aqui, pois o céu era sempre roxo escuro. Se as bestas não os matassem, logo morreriam de sede e fome. Eles precisavam encontrar uma fonte de energia para o círculo magico o mais breve possível.
Springett começou a olhar para Noir e se perguntou se o núcleo de besta dentro dela seria poderoso o suficiente para alimentá-lo. Mas ela rapidamente desistiu dessa ideia. O lobo era seu salvador e depois de vê-lo lutar, mesmo que todos estivessem com força total, ela não tinha certeza se eles poderiam enfrentá-lo, mesmo se todos atacassem juntos.
“Eu me pergunto quem é o seu dono?” Springett disse.
“O que você quer dizer, não é Max?” Norah disse enquanto agora deitava de costas na besta ao lado de Max.
“Não, você sabe tão bem quanto eu que a besta nos protegeu e Max no início estava com tanto medo quanto o resto de nós quando a viu pela primeira vez.” – Disse a Professora Springett: “Mas para um animal ficar tão tranquila com os humanos, ele deve ter um dono humano. É a única coisa que faz sentido.”
“Bem, existe aquele reino que cria bestas como animais de estimação, certo?” Bliss disse: “Talvez alguém de lá esteja aqui, ou seu dono morreu.”
“Acho que não, esta besta é muito poderosa para isso, apenas alguns teriam o poder de controlar algo assim e eles não mandariam seus homens aqui para vagarem sozinhos.”
Os olhos de Noir se abriram de repente, ela podia sentir algo se aproximando. De repente, ela se levantou, fazendo com que Norah e Max caíssem no chão e batessem com a cabeça.
“O que aconteceu?” Max disse.
O rabo de Noir começou a balançar intensamente enquanto ela podia sentir o homem se aproximando ainda mais. Ela então decolou na velocidade da luz.
“Você acha que é o inimigo, eles estão nos atacando?”
O grupo olhou na direção de onde Noir havia fugido e todos os alunos agora estavam focados nele também. Lentamente, uma figura começou a aparecer com Noir andando atrás dele.
E à vista apareceu um menino ruivo de cabelo espetado, com manoplas na mão e um peitoral de tatu armadilho.
