‘O ar de fora, as árvores da floresta, como é refrescante estar do lado de fora de novo’ – Jack pensou enquanto respirava fundo.
Nesse momento, Jack, Ray e Bob estavam andando juntos, indo para a cidade de Zrey na mesma carruagem em que haviam chegado.
Depois de testemunhar a força de Ray, Bob percebeu de qual pessoa ele realmente deveria ter medo. Ray não tinha nenhuma intenção de fazer mal à Bob, mas também tinha um plano reserva caso Bob se recusasse. Ele simplesmente usaria a habilidade Verdade Dragônica para fazê-lo desembuchar sobre onde Zrey ficava.
Do seu próprio bolso, Bob pagou aos guardas para deixar os dois saírem da prisão. Bem, ele também pagou pelo custo das barras da cela que foram destruídas. Os guardas perguntaram o que aconteceu, mas Bob apenas os deu mais propinas de novo para comprar o silêncio deles.
Até agora, foi o pior dia para Bob. Como comerciante, ele se preocupava com os lucros, mas, desde que topou com os dois, tudo o que recebeu foram perdas. A única coisa que o deixou feliz foi ver os mecanismos da carruagem.
Sempre que o carro ficava sem energia, o cristal também desaparecia, ficando cada vez menor à medida que a energia era usada. Após a inspeção da carruagem antes, eles tinham notado uma escotilha, mas nunca imaginaram que um cristal de besta seria colocado nela.
Normalmente, um Mago teria que inscrever um círculo mágico para permitir que as coisas fossem energizadas, mas isso parecia não mostrar tal requisito. Estava claro que era uma tecnologia além de seu tempo. No entanto, Bob percebeu rapidamente que era inútil, pois ele não era mais o dono da carruagem.
Jack dirigiu a carruagem, sentado na frente, com Bob sentado ao seu lado, dando instruções. Enquanto isso, Ray optou por se sentar no telhado.
“Será que precisamos de um interior maior pra carruagem?” Jack perguntou.
“Eu gosto do lado de fora porque quando estou dentro, me sinto apertado.” – Ray respondeu.
À medida que continuaram a seguir as instruções de Bob, ele percebeu que as duas pessoas não falavam muito uma com a outra. Estava claro que Jack respeitava aquele sentado no topo da carruagem como seu chefe, mas isso fez o comerciante se perguntar quem eles eram.
Os dois pareciam muito jovens, embora o que o preocupasse mais do que tudo fosse: ‘Por que eles estavam tentando chegar até Zrey?’ – Assim que Bob pensou sobre o assunto, Ray começou a fazer algumas perguntas.
“Então, Bob, não é? Por que você não me diz por que ninguém conhece este lugar e por que você sabe sobre ele.”
Bob tinha um sorriso nervoso no rosto. Ele estava preocupado com as informações que os dois já sabiam. Se eles soubessem o suficiente, contar a eles não era uma coisa tão ruim. Ainda assim, se ele revelasse algo que não deveria revelar ao público, isso começaria a causar problemas.
“Por favor, pelo meu bem.” – disse Bob – “Posso perguntar como vocês dois aprenderam sobre Zrey?”
Jack ergueu os olhos e viu que Ray acenou com a cabeça, dando sinal verde para ele.
“Quando estávamos trancados naquela cela de prisão, eu não estava mentindo. Na verdade, sou de Zrey, mas simplesmente não consigo me lembrar de como eu volto pra lá, já que quando eu saí, eu era muito jovem e não passei tantos anos vivendo lá.”
Bob permaneceu em silêncio por um tempo. Exatamente como Jack disse, ninguém deveria saber de Zrey, ou pelo menos deveria ter sido informado das regras antes de sair e entrar.
“Bem, se você já sabe sobre isso, posso lhe dar algumas informações. Zrey é um lugar especial que nem mesmo a Rainha do Reino Alure conhece. Foi mantido assim por anos, a tal ponto que nem mesmo há qualquer boato relacionado a isso. É por isso que fiquei tão chocado ao encontrar vocês dois. É um lugar especial para comerciantes.”
“O que você quer dizer com especial?” Ray perguntou.
“Receio não ter permissão para dizer, especialmente se vocês não sabem o que está acontecendo. Tudo o que posso fazer é continuar levando vocês dois até Zrey.”
“Pare a carruagem.” – Ray gritou enquanto descia de cima, descendo para onde os outros dois estavam.
「Habilidade Verdade Dragônica – ativada」
“Diga-me, por que Zrey é tão especial?”
「Habilidade falhou: a habilidade foi bloqueada por forças externas」
Pela primeira vez, a habilidade Verdade Dragônica de Ray não funcionou. Ele deixou Bob em paz e voltou para o teto da carruagem enquanto eles continuavam a viagem.
Por algum motivo, Ray sentiu o coração bater mais forte de excitação.
‘Alguém conseguiu bloquear minha habilidade, bem, essa é a primeira vez.’ – Ele pensou, divertindo-se com a circunstância. – ‘Há tantas possibilidades. Isso poderia ter algo a ver com os Lobisomens? Ou era algo mais?’
Ao usar sua habilidade – Olhos do Dragão, ele poderia dizer que Bob não era um Lobisomem. Portanto, estava claro que nem todos sabiam onde Zrey estava.
O que significava que poderia haver algo mais acontecendo lá, que era maior do que ele pensava. O que uma cidade poderia estar escondendo tanto que eles precisavam continuar sendo tão discretos para o resto do mundo?
Finalmente, eles tinham chegado a uma parede bastante grande. Era de cor vermelha e parecia que se estendia de ambos os lados. O caminho só permitia ir para a esquerda ou para a direita, eliminando a possibilidade de dar a volta ao local, mas Bob havia apontado para a frente.
No local para o qual Bob apontou, havia uma placa de pedra exposta. Escrito naquela laje estava um texto estranho que nem mesmo Ray conseguia reconhecer.
Jack olhou para a escrita e anunciou as palavras em voz alta.
“Para a terra de origem, eu voltei.” – Depois de dizer essas palavras, um pedaço da parede começou a se deslocar. Um grande trecho da parede, moldado num arco, começou a descer ao chão até que eventualmente, revelou um caminho de pedra iluminado por tochas.
“Parece que você realmente é de Zrey, não é?” Bob perguntou. “Se você souber a senha, a porta deve se abrir. Venha então, vamos embora.”
A carruagem continuou a se mover ao longo do caminho de pedra. Assim que passaram pela entrada, ela começou a se fechar novamente, impedindo sua saída, longe da visão do mundo exterior.
“Achei que você disse que não conseguia se lembrar do caminho de casa, mas lembra do código?” Bob perguntou, curioso com a desculpa esquisita que Jack disse a ele antes.
Embora Jack tenha ficado em silêncio, pois ele realmente não sabia o código, ele estava apenas lendo as palavras que haviam sido escritas na laje de pedra.
O caminho era bastante longo e, mesmo com a carruagem, demoraram cinco minutos para chegar ao destino.
“Bem, aqui estamos.” – disse Bob.
Era uma cidade subterrânea, mas não se parecia com nenhuma outra cidade. Os edifícios eram em sua maioria feitos de ouro e prata e todos decorados com joias. Só de olhar, podia-se dizer que a cidade era rica, até demais.
As joias brilharam magnificamente ao refletir as luzes ao redor. Até mesmo as pessoas que andavam vestiam roupas de alta qualidade, com diferentes tipos de joias e acessórios crivando-as.
“É isso!” Jack disse entusiasmado. “Esta é minha cidade natal!”
“Jack, foi um detalhe muito grande que você deixou de fora que a cidade em que você cresceu era subterrânea, não acha?” Ray disse com um tom irritado, olhando para Jack como se ele o tivesse enganado.
