Depois de descobrir que a cidade estava sendo usada como um lugar para os recrutamentos da Guilda das Trevas, Monk pensou que talvez houvesse algum funcionário da alta patente aqui, mas ele nunca pensou por um segundo que o próprio líder da Guilda estaria aqui. Mas quanto mais ele pensava sobre isso, mais sensata era a sua atitude de se manter distante de Avrion. Desta forma, ele seria capaz de reunir o máximo de informações possíveis sobre seu inimigo número um.
Enquanto Monk caminhava em direção ao centro, os outros membros, incluindo aqueles que o haviam convidado, notaram que Morfran também caminhava em direção ao centro da sala.
“Não pode ser?” O usuário da lança disse. “Os dois não vão brigar, certo?”
“Faz muito tempo que não vejo o chefe brigar, acho que ele viu algo no garoto.” – O outro disse.
Então, alguns segundos depois, Monk pegou a espada de madeira do chão e viu Morfran fazendo o mesmo. Olhando para Morfran, as memórias do que tinha acontecido antes começaram a piscar em sua mente. Como ele havia queimado todos eles com seus esmagadores poderes de relâmpago e quase nenhum deles poderia se mover naquele dia… Se não fosse por Ray que tinha vindo e os salvou disfarçado de Nes. Talvez ele não estivesse vivo.
Já fazia um tempo desde aquela época e Monk tinha ficado mais forte, aprendido mais habilidades e estava pronto, mas ele tinha que admitir, a barreira de raios dele seria difícil de passar.
Olhando como ele estava vestido agora, ele parecia completamente diferente. Não havia nenhuma armadura estranha e poderosa, e ele apenas parecia um nobre normal que havia saído da rua. Por um segundo, Monk pensou se realmente aquele era o mesmo homem que tinha encontrado na encosta do penhasco. Mas agora ele tinha certeza de que não era. Os dois tinham energias diferentes ao falar.
“Você é um Cavaleiro de Avrion, correto?” Perguntou Morfran, sem se lembrar de quem era Monk. Ele realmente não o impressionou da última vez que se encontraram. “Você não tem que responder, eu sei que você é um Cavaleiro de Avrion. Aquela habilidade e trabalho com os pés que você usou. Ambos lhe foram ensinados por… Como que ele se chama mesmo agora? Oh, Sir K, eu acho que é isso.”
Permanecendo em silêncio, Monk decidiu que se concentraria apenas na luta que tinha pela frente. Talvez vencer isso pudesse provar a ele que ele fez a escolha certa ao se juntar a Avrion. Quanto mais tempo ele passava aqui, mais em conflito ele estava começando a se sentir. A Guilda das Trevas eram pessoas normais, assim como as de Avrion. A única diferença era o objetivo em vista. Talvez fossem apenas seus métodos que fossem extremos demais.
“Silêncio, huh, bem, você certamente combina com os Faixas-Preta de que me lembro.” – Morfran disse enquanto começava a balançar a espada de madeira. “Vamos fazer isso com as regras do teste. Não vou usar nada da minha magia e apenas usar minhas próprias habilidades com a espada. Acho que seria mais justo, certo?”
A adrenalina crescia em Monk cada vez mais. Normalmente, ele conseguia se acalmar, e estava tentando com as técnicas que conhecia, mas sua raiva era muito profunda pelo homem à sua frente. Uma coisa era atacar aqueles que o prejudicaram, mas não civis inocentes. Isso era uma coisa que ele nunca poderia fazer.
“Vamos lutar!” Morfran gritou com um sorriso.
Assim que essas palavras foram ditas, Monk foi quem correu para a frente, usando seu trabalho com os pés gingando de um lado ao outro, arte ensinada aos Faixas-Preta, criando um estranho padrão com pequenos saltos usando os pés, o movendo de área em área enquanto enganava o seu oponente com movimentos e balançar de corpo imprevisíveis. Então, quando Monk estava perto o suficiente, ele saltou do lado esquerdo de Morfran. Usando o gingado dos Faixas-Preta, ele de repente girou atrás dele. Morfran conseguiu surpreendentemente acompanhar isso girando ao redor também. Mas Monk aceitou isso. Claro, Morfran precisava estar confiante em suas habilidades de Cavaleiro para sequer sugerir tal batalha.
Um golpe foi feito em direção ao seu pescoço, mas foi um golpe fantasma, realmente vindo de outra direção e, quando estava prestes a bater em sua cabeça, parou ao ser segurada pelas próprias mãos de Morfran.
“Eu nunca gostei daquele estilo chique estúpido dele!” – Morfran disse ao estalar a espada de madeira com os dedos que foi infundida com o Ki de Monk e, em seguida, balançar sua própria espada para baixo.
Não havia nada de especial no ataque de Morfran, não tinha nenhuma sutileza, não havia beleza, nem pequenos truques. Foi apenas um balanço normal. Como se alguém que nunca tivesse segurado uma espada antes tivesse dito para golpear o mais rápido possível. Havia aberturas em todos os lugares, mas por algum motivo Monk não conseguia fazer nada.
O golpe, a velocidade, a força, era tudo muito rápido para ele poder reagir, se esquivar ou mesmo contra-atacar. O golpe veio golpeando para baixo, acertando o Monk no ombro, ele sabia que tinha quebrado no segundo em que o ataque o atingiu, mas o golpe poderoso continuou lá deslocando todo o seu corpo para a frente e jogando-o no chão. Ele havia batido no chão com tanta força que seu corpo saltou ligeiramente e alguns segundos depois Monk estava tossindo sangue.
“Eu nunca estive destinado a ser um Cavaleiro em Avrion.” Morfran disse. “Eu nem sei por que fui escolhido, talvez algum tipo de erro. Mas olhe para isso, todas aquelas habilidades que você aprendeu, que passou anos aperfeiçoando, acabaram se tornando inúteis diante do puro poder. Eu não percebi antes, mas o que Avrion fez comigo ao me expulsar foi uma bênção. Eu me perguntava e queria minha vingança mesquinha, mas então percebi que minhas opiniões estavam erradas.”
Morfran caminhou até Monk e estendeu a mão.
“Minha visão inteira e toda a Guilda das Trevas mudaram naquele dia quando eu o conheci. Você o conheceu também, não é, é por isso que você está aqui.” – Morfran disse.