Se recusando a segurar a mão de Morfran que estava pendurada acima de sua cabeça, Monk bateu com o punho no chão. Ele estava frustrado, depois de todos aqueles anos de trabalho, e ainda não conseguia nem mesmo tocar Morfran quando se tratava apenas de habilidade com a espada. Também parecia que os rumores eram verdadeiros, Morfran nunca foi bom em usar a espada, ele tinha conseguido seu assento de Ancião em Avrion por outros meios. Também eram rumores de que ele era incrivelmente fraco.
Então, por que, por que Monk perdeu? O que mudou Morfran? A curiosidade estava começando a encher a mente de Monk, mas ele ainda não conseguia aceitar sua mão estendida e, em vez disso, levantou-se do chão e começou a se afastar segurando o peito com o ombro se arrastando pelas paredes.
Com isso Morfran decidiu deixa-lo por enquanto, e a partir daí alguns dias se passaram. Nos dias que se seguiram, Monk continuou a ir à estalagem, pois, ao passar nas provas, conseguiu dormir ali e recebia uma determinada quantidade de moedas a cada dia. Isso era mais do que suficiente para ele comprar comida e até economizar aos poucos se quisesse comprar algo a mais.
Ele continuou a observar as pessoas chegando dia após dia à pousada especial. E ele continuou a andar junto do usuário de espada, que mais tarde ele descobriu que se chamava Zane, e o usuário da lança que se chamava Pery. Morfran também ficou na pousada assistindo a cada luta naquele dia, e constantemente olhava para Monk de vez em quando.
Sinceramente, Monk não tinha se decidido sobre o que faria. Não parecia que Morfran se importasse se ele se juntaria à Guilda das Trevas ou não, mas o próprio Monk estava começando a se preocupar.
Se ele fosse entrar, suas opiniões lentamente começariam a se transformar na forma como Morfran e os outros se sentiam. Ou ele poderia usar isso para descobrir sobre a Guilda das Trevas e a pessoa por trás de tudo isso? Uma maneira de eles ganharem a guerra.
Depois que os testes do dia foram concluídos, Monk e Zane fariam as tarefas dadas pela Guilda das Trevas. Isso incluía entregar comida para aqueles que estavam com fome na cidade. Os participantes que falharam e aqueles que apenas pareciam estar com fome. O que surpreendeu Monk sobre isso foi que, ao fazer essas ações altruístas, nenhuma vez o nome da Guilda das Trevas foi mencionado.
Vários Grêmios faziam esse tipo de coisa de vez em quando, mas sempre garantiam que todos soubessem de onde isso vinha. Era uma forma de construir reputação e permitir que as pessoas considerassem bem um Grêmio. Até o exército do Asas Carmesim foi instruído a fazer isso por Slyvia. Como sua reputação era ruim e precisava ser melhorada rapidamente.
Quando eles deixaram uma caixa de mercadorias em outra casa, Monk teve que perguntar aos outros.
“Como as pessoas descobrem sobre este local de teste? Não é como se estivesse sendo anunciado ou coisas do tipo. Se fosse, tenho certeza de que Alure tentaria aplanar esse local.” – Disse Monk. “Como você mantém aqueles que não são selecionados em segredo?”
“Não fazemos nada.” – Zane respondeu. “Não sei quando começou, mas acho que as pessoas simplesmente sabiam o que Morfran estava fazendo. Ouvi dizer que foi provavelmente assim que a Guilda das Trevas começou. No início, havia muitos como você, eles simplesmente viriam aqui, sem saber, para descobrir depois que um homem estava pagando um bom dinheiro para aqueles que se juntaram à seu grêmio.”
“Naquela época não havia um nome para a Guilda das Trevas, eles respeitavam o líder e continuaram a trabalhar para ele. Isso se espalhou cada vez mais. No entanto, eles começaram a ter um nome ruim para si próprios. Havia alguns no grêmio que eram conhecidos como ex-criminosos, até alguns assassinos, o que por sua vez causou a má reputação. Mesmo assim, nada mudou. As pessoas encontram seu caminho aqui aprendendo com os outros, é como se alguém pudesse sentir sua própria espécie.”
“E mesmo aqueles que não conseguem se juntar são gratos pela ajuda. Neste momento tenho certeza que eles sabem que é loucura mencionar a Guilda das Trevas. Todo mundo conhece nossa reputação. Se alguém salvou sua vida, ou lhe deu comida quando você estava morrendo de fome, você os colocaria nesse tipo de problema? As coisas continuaram do jeito que estão e não tivemos nenhuma coisa ruim acontecendo desde então.”
Quanto mais tempo Monk passava com Zane e Pery, mais ele se sentia como se fossem pessoas normais.
‘É tudo um truque, talvez algum tipo de lavagem cerebral. Eles fazem todos esses atos agradáveis para aqueles que precisam de ajuda. Fazem as pessoas pensarem que tudo o que estão fazendo é bom. Então, quando Morfran lhes dá um trabalho para fazer, ele pode manipular a historia real como quiser. Dizendo-lhes mais uma vez que isso é por uma boa causa. ― Depois de terem feito tantas boas ações e ajudado a vida de tantas pessoas, pensam, tem que ser por uma boa causa, certo? Já que por todo o tempo até agora foi apenas fazendo boas ações’ – No momento, essa era a explicação mais plausível que Monk poderia inventar, porque simplesmente não fazia sentido para ele.
“Vocês dois já mataram?” Perguntou Monk.
“Morfran nunca nos pediu isso, ele sempre nos permite fazer o que quisermos. Mas ele tem cuidado de nós por tanto tempo, que desejamos um dia retribuir o favor. Se ele nos pedir para matar, por causa dos objetivos da Guilda, então eu acredito que eu faria isso.” – Zane respondeu e Pery ao lado dele concordou.
‘Parece que minha linha de pensamento estava certa.’ – Mas olhando para as duas pessoas ingênuas na frente dele. Monk não queria que eles se transformassem em assassinos de sangue frio que haviam sofrido uma lavagem cerebral. Talvez ele também pudesse estar na posição deles e ser facilmente influenciado como eles. Monk queria ajudá-los e a muitos outros também.
No dia seguinte, Monk voltou para a pousada de manhã cedo e abordou Morfran no balcão.
“Eu quero me juntar à Guilda das Trevas.” Disse Monk.
Por um breve segundo, ele olhou para Monk de cima a baixo.
“Se você quiser se juntar, todos os Cavaleiros de Avrion devem fazer algo.” – Ele respondeu. “Volte e diga a eles que você está indo embora para sempre.”