Quando enviei o pedido de duelo para Sebastião, não pude deixar de sorrir para mim mesmo. Agora que ele estava aqui na frente de todos, ele não tinha para onde correr. Não havia chance de ele recusar a luta agora na frente de todos.
“Você acha que pode me vencer, só porque venceu Eric? Há uma grande diferença entre a 9ª posição e a 2ª e vou mostrar isso agora.”
Eu apenas fiquei lá em silêncio.
Um dos amigos de Sebastião estava sinalizando para a luta começar. O garoto então começou uma contagem regressiva ― 3… 2… ― mas antes de chegar a 1, Sebastião já tinha se atirado em minha direção.
Ele estava jogando sujo desde o início, mas isso não importava para mim. Sebastião se lançou diretamente para frente dando um golpe. A maioria dos alunos não teria conseguido evitar um ataque tão rápido. Eu simplesmente girei meu corpo evitando o golpe. Enquanto eu girava, eu também fiz meu próprio ataque, a ponta da minha espada de madeira apenas roçou a bochecha de Sebastião deixando um corte.
Eu rapidamente pulei para trás após o ataque.
“Golpe de sorte, mas algo tão fraco assim nunca vai me derrotar.”
Sebastião avançou novamente desta vez colocando mais esforço em seu golpe, mas foi apenas uma repetição do que tinha acontecido da última vez. Novamente cocei o rosto de Sebastião com a ponta da minha espada de madeira.
“Você nunca vai vencer com ataques fracos como este.”
Sebastião começou a balançar, me atacando furiosamente. Cada ataque eu evitaria no último segundo e revidaria, certificando-me de usar apenas a ponta da minha arma.
Para os alunos do lado de fora, deve ter parecido que eu estava sendo oprimido, tudo o que pude fazer foi desviar e balançar minha arma de volta para ele, esperando que o acertasse.
“Ele fez bem em acertar todos os ataques até agora, mas ele será pego mais cedo ou mais tarde, por que ele não tenta um ataque mais forte” disse Kyle.
“Acho que você está vendo tudo errado” disse Slyvia.
“O que você quer dizer?”
“Dê uma olhada.”
A luta já durava dez minutos agora, com apenas Sebastião atacando. De repente, Sebastião parou enquanto o sangue escorria para o seus olhos vindo de suas sobrancelhas.
Enquanto Sebastião estava lá parado, os alunos ficaram chocados com o que estavam vendo. O rosto e as roupas de Sebastião estavam cobertos de sangue. Os arranhões haviam se acumulado por todo o rosto e corpo. Parecia que ele tinha sido atacado por um tigre.
Esse era o meu plano desde o início, se eu o derrotasse com muito poder e muito rápido o sistema de classificação teria me declarado o vencedor. Isso era uma punição muito leve. Eu precisava que ele sentisse dor como Monge sentiu, mas não podia fazer o mesmo aqui na frente de todos. Eu não fui capaz de simplesmente atacá-lo depois que a partida acabou.
Com esses arranhões leves, ele sentiria apenas leves picadas dolorosas a cada ataque. O Comunicador de Classificação foi projetado para simular uma batalha na vida real. Se eu tivesse de infligir um ferimento que teria sido fatal com a espada de madeira, ele me declararia o vencedor.
“É a minha vez agora” disse eu.
Comecei a caminhar lentamente até Sebastião, Sebastião já estava exausto pela perda de sangue e ataques constantes. Ele sabia que tudo o que podia fazer era se defender. Eu balancei minha espada em direção ao seu rosto. Sebastião ergueu a espada para bloquear o ataque.
O rosto de Sebastião mostrou alívio ao pensar que meu ataque tinha sido bloqueado. Porém, bem na frente de seus olhos, parecia que minha lâmina havia desaparecido e havia passado por dentro de sua própria espada. O ataque atingiu seu lábio rachando-o no meio. Agora, olhando para Sebastião parecia que ele tinha duas bocas.
“Xeu fio da putha, deija xó oh neu pai xaber dixxo.” (¨Tenderam, né?¨ -> Seu filho da p.u.t.a, deixa só o meu pai saber disso)
Seus lábios estavam rasgados, tornando difícil entender o que ele acabara de dizer. Mas conhecendo sua personalidade, ele estava tentando me ameaçar com o nome de seu pai.
“Isso é impossível, como ele aprendeu isso?” disse Monk.
Monk havia acordado em seu quarto e ouvido falar da luta acontecendo no campo. Ele estava preocupado com Ray e queria detê-lo. mas quando Monk chegou ao campo, a luta já havia começado.
Monk ficou chocado com a habilidade que acabara de ver sendo usada, assim como os outros Cavaleiros de Faixa-Preta. Pois era uma habilidade que não haviam sido ensinadas, mas apenas mostradas uma única vez. Em uma de suas primeiras aulas, Sir K havia mostrado a eles algumas habilidades que um Cavaleiro Negro acabaria aprendendo.
Uma dessas habilidades foi o Ataque Fantasma. O ataque que Ray acabara de usar em Sebastião. Sir K o havia demonstrado apenas uma vez, mas aqui estava Ray o usando.
“Ele realmente ficou mais forte neste curto período de tempo” disse Gary.
Gary estava confuso sobre o que sentir, ele não sabia se devia ficar feliz por Ray ou chateado porque seu rival estava ficando cada vez mais à frente dele.
Todos na multidão agora podiam ver quem seria o vencedor da luta, mas Ray não parava de atacar. Ele continuou atacando apenas atingindo Sebastião com a ponta de sua espada.
Sebastião não aguentava mais a surra, Ele queria desistir, mas toda vez que ele estava prestes a dizer essas palavras, como se Ray pudesse ler sua mente, Ray golpeava sua boca.
Os alunos só pensaram uma coisa enquanto assistiam a essa cena brutal. Ray era um monstro em pele humana.
‘Mais, mais, sofra mais…’
Eu fiquei meio que repetindo essas palavras como um mantra em minha mente. A cada ataque, imagens do passado surgiam na minha cabeça. Quando olhei para o rosto ensanguentado de Sebastião, não senti pena. Ele merecia isso, ele e Monk eram alunos da mesma escola, os dois lutavam pelo mesmo motivo, eram até da mesma raça. Então, por que havia necessidade de machucar alguém e ir tão longe.
Enquanto continuava a atacar, ouvi alguém gritar na multidão, uma voz que pude reconhecer.
“Já chega, Ray… por favor… pare” Monk disse chorando.
Eu vi o rosto triste de Monk, mas não entendi. Por que ele estava derramando lágrimas, não era isso que ele queria, vingança? Por que ele se importaria com esse bosta ser espancado em primeiro lugar?
Quando parei meu ataque para olhar para Monk. Sebastião conseguiu finalmente falar.
“Eu dexistu!! Nããão! Nan ma-maix, eu perdi!!!!”
A luta havia terminado e as posições de Classificações foram atualizadas. Meu Comunicador agora exibia o número dois.
