Demorou algum tempo até Monk finalmente entender tudo o que Martha havia lhe contado, como Ray havia sido derrubado devido à briga entre Van e Harry.
“Parece que a Sombra afetou muito o seu grupo.” – Monk respondeu. “Pergunto-me por que razão nunca foi capaz de levar o meu próprio coração, apesar de mim estar tão envolvido com eles.”
“Ray disse que pode ter algo a ver com nossos desejos profundos, ele se alimenta disso. Talvez seu desejo seja muito forte para ser dominado ou não seja capaz de ajudá-lo a realizá-lo. Monk, você sempre foi uma pessoa forte.” – Martha disse, sorrindo para ele.
Os dois precisavam deixar o assunto por aí. Por enquanto, Monk tinha que continuar agindo como o líder da Guilda das Trevas enquanto ajudava a Sombra, mas na hora certa, ele sabia que poderia fazer com que a Guilda das Trevas se convertessem. Enquanto isso, Martha teria de fingir que não sabia de nada.
O sol da manhã ergueu-se e ambos os grupos estavam prontos para continuar sua investigação. Afinal, até agora eles não haviam encontrado nada e ainda não tinham ideia de quem estava por detrás do ataque.
Contudo, não começou como eles esperavam e, um pânico lento começou a se instalar entre aqueles do Asas Carmesim.
Martha acordou um pouco mais tarde do que os outros devido a ela ter ficado acordada depois de falar com Monk. Quando ela saiu de sua tenda, ela podia ver Katie, Lenny e Jack falando um com o outro com olhares preocupados em seus rostos.
“Não consigo sentir o cheiro dele em lugar nenhum, é claro que ele não está aqui.” – Jack relatou.
“E se ele se foi, então podemos assumir que o cristal branco desapareceu com ele.” – Lenny respondeu. “Como nenhum de nós previu isso, estamos na base inimiga, então é claro o que aconteceu.”
Ao ouvir o fim da conversa, Martha teve uma ideia do que estava acontecendo. Se eles estivessem falando sobre alguém desaparecido e o cristal branco, eles só poderiam estar falando sobre Van.
“Por favor, me atualize sobre o que aconteceu. Van sumiu?” – ela perguntou.
Lenny acenou com a cabeça e parecia que seus piores pensamentos eram verdadeiros.
“Tem que ser aqueles da Guilda das Trevas.” – Katie fez uma careta. “A Sombra sabe o quanto o cristal branco é uma ameaça para eles, eles tentaram tirá-lo de nós várias vezes. Você afirmou que Monk costumava ser um Cavaleiro Faixa-Preta, né? Um dos melhores. Ele poderia facilmente ter entrado furtivamente durante o nosso sono e pegou Harry e o cristal.”
Embora o que estava sugerindo fosse provável, Martha sabia que não seria o caso. Monk não teria feito nada, mas parecia que os outros já estavam sendo influenciados e pensando a mesma coisa.
Naquele exato momento, parecia que havia uma nova briga acontecendo. Desta vez, um membro do Asas Carmesim que foi convidado a investigar estava discutindo com um dos membros da Guilda das Trevas. Não sendo mais capaz de suportar sua má atitude, o membro do Asas Carmesim brandiu sua espada.
Foi inesperado para o membro da Guilda das Trevas e Martha estava muito longe para impedi-lo.
“Não!” – ela gritou, como se estivesse vendo a coisa toda acontecendo em câmera lenta. Se sangue fosse derramado de qualquer lado, seria quase impossível fazer com que os dois grupos pudessem cooperar.
No entanto, antes que a espada pudesse atingir, ela foi afastada, sendo empurrada por outra espada lateralmente, momentos depois, pela força do impacto, a espada do membro do Asas Carmesim caiu no chão; incapaz de segurar o cabo.
“O que você está fazendo atacando nosso povo?” – perguntou Monk.
Os outros membros da Guilda das Trevas que testemunharam isso, sacaram suas armas em reação e estavam prontos para uma batalha. Afinal, seu exército era muito maior do que o Asas Carmesim e, sem seu líder, eles tinham certeza de que poderiam vencer.
“Monk, espere!” – Martha gritou. “Um de nossos homens desapareceu. Acho que isso pode ser apenas um mal-entendido entre nossos dois grupos. Você não o viu por aí, viu?”
Guardando a espada, Monk fez o possível para acalmar a tensão e o sangue em ebulição entre os dois lados. – “Não, mas antes de olhar para o nosso lado, sugiro que você olhe para o seu primeiro. Não houve problemas dentro do seu acampamento?” – Monk respondeu com uma pergunta, tentando dar uma dica a Martha.
Naquele momento, ela mesma percebeu algo.
“Onde está o Harry? Alguém viu Harry?” – ela perguntou.
Os outros se entreolharam e olharam em volta, agora percebendo que poderia muito bem ser uma possibilidade. Depois de seu conflito de ontem, era de se esperar que isso pudesse acontecer.
Eles estavam tão focados e em alerta máximo por estarem perto da Guilda das Trevas que não olharam para o óbvio na frente deles.
“Todos, tentem encontrar Harry e trazê-lo de volta!” – Martha ordenou, enquanto ela voava no ar e começava a patrulhar à frente.
Assim como eles pensaram, o verdadeiro culpado por trás da captura de Van era ninguém menos que Harry. Ele tinha a pedra branca na mão e, ao mesmo tempo, um Van espancado e machucado por cima do ombro. Por vários dias, uma voz estava falando com ele, uma voz com a qual ele estava bastante familiarizado.
Foram as palavras de seu pai. Falava com ele e dizia o que fazer. Tudo começou quando ele tocou os ossos do dragão. A voz falava de um caminho secreto na fortaleza, que lhe permitiria viajar por túneis. Esses túneis os levaram de volta à fortaleza principal onde a Sombra vivia.
Quando finalmente saiu de um dos túneis, Harry pôde vê-la à frente. Uma fortaleza maior do que qualquer uma que ele já tinha visto antes. Era grande o suficiente para ser sua própria cidade e tinha pilares altos e pontiagudos que pareciam ameaçadoras. No entanto, a parte mais marcante de tudo isso foi a espiral que envolveu toda a fortaleza. Parecia que um dragão gigante havia sido esculpido como se estivesse protegendo o edifício.
“Eu vim aqui pra entregar o que você queria.”