Capítulo 132
Aquele que Presta Muita Atenção
Isto é o pior.
Mahiru murmurou este pensamento em sua mente, tomando cuidado para não dizê-lo em voz alta. Ela estava se sentindo mal desde que acordou e, quando chegou à escola, percebeu que esse problema de saúde era bastante grave. Sua cabeça estava pesada, como se estivesse sendo sobrecarregada por tijolos de pedra, e seus pensamentos estavam mais lentos do que o normal. Mover-se apenas exacerbava a dor surda, como se estivesse sendo atingida por um objeto contundente e, ocasionalmente, seu abdômen inferior disparava de dor, como se dezenas de agulhas estivessem sendo continuamente espetadas nele. Além disso, seu corpo estava febrilmente quente e uma fadiga constante se apegava a ela.
Ela havia se resignado a esse fenômeno como uma parte inevitável de ter nascido mulher, mas a interrupção de seu equilíbrio hormonal era irritante. Embora se sentisse um pouco instável emocionalmente, ela foi capaz de suprimi-las, acalmando suas emoções desgastadas com a razão e soltando um suspiro suave ocasional.
[Del: Ressaltando que tal tópico foi abordado apenas uma outra vez na novel lá no cap 5 do vol 5, embora pela perspectiva do Amane.]
Para o bem ou para o mal, a condição de Mahiru era relativamente branda em comparação com as histórias de terror que ela ouvira de outras mulheres. Desde que tomasse medicamentos, ela poderia funcionar sem maiores problemas. Mas se sua condição fosse pior, uma visita ao hospital seria inevitável. Ainda assim, não era totalmente insuportável para a vida cotidiana e permanecia dentro do reino do grande desconforto. Embora ela se arrependesse de seu sexo em momentos como esses, Mahiru percebeu que não era algo que ela poderia escolher.
Depois da escola, tendo tomado medicamentos e conseguido manter seu desconforto escondido, ela voltou direto para casa sem nenhum desvio. Ela estava passando seu tempo calma e pacificamente na casa de Amane, buscando consolo mental… mas depois de um tempo, quando Amane voltou para casa com sacolas de compras nas mãos, ele olhou para ela atentamente.
“Você chegou em casa mais cedo hoje,” ele disse.
“Sim. Sinto muito por deixar as compras de hoje para você.”
“Não se preocupe com isso,” Amane aliviou. “Parecia que você chegou cedo em casa, a julgar pela aparência das coisas, então não pude deixar de me perguntar.”
Amane estava certo — hoje, ela havia voltado para casa às pressas. Apesar de se sentir fisicamente mal, ela queria passar seu tempo em silêncio, longe das pessoas. Ela tinha tomado outra dose de remédio antes do retorno de Amane para aliviar sua dor, mas não foi completamente eficaz ou de ação rápida. Uma dor surda e fadiga persistente atormentavam seu corpo, continuando a atormentar Mahiru por dentro.
“Achei que seria bom relaxar em casa hoje,” respondeu Mahiru. Sorrindo enquanto levava a mão ao estômago para mascarar sua dor abdominal, ela notou Amane olhando fixamente para ela mais uma vez. Seu olhar parecia estar procurando, sondando algo sobre ela.
“Há algum problema?”
“Não, não é nada,” ele respondeu, aparentemente perdido em pensamentos, então se ocupou em guardar as compras na geladeira.
Aliviada com isso, Mahiru observou Amane sem expressão enquanto ele guardava os ingredientes com habilidade, relaxando sua postura enquanto ela afundava no sofá. Assim que ele terminou e a chamou do balcão, ela endireitou sua pose.
“Vou ferver um pouco de água. Quer uma bebida?”
“Huh? Oh, sim, por favor.” Mahiru assentiu sem pensar muito em sua proposta repentina. Amane, aparentemente inconsciente de seu estado distraído, olhou para ela com um olhar mais terno do que o normal.
“Você se importa se eu tentar fazer uma para você?” Ele então perguntou.
“Oh, você está se oferecendo para me fazer uma de suas bebidas caseiras, Amane-kun?”
“Claro que sim. Vou preparar para você agora, okay?”
Grata pela oferta de Amane de preparar uma bebida quente, Mahiru deixou tudo para ele sem se preocupar. Na opinião dela, mesmo que ele apenas servisse água quente, isso seria o suficiente. Ela poderia simplesmente esfriar e aproveitar lentamente. Sem vontade de se esforçar, ela decidiu confiar totalmente a tarefa a Amane e recostou-se no sofá, ouvindo distraidamente o apito crescente da chaleira fervendo. Antes que ela percebesse, Amane havia retornado para a sala de estar.
Ele segurava uma única xícara na mão.
Huh? Assim que esse pensamento cruzou sua mente, Amane colocou a xícara em suas mãos, dizendo: “Aqui está.” A xícara, projetada com uma estrutura de camada dupla para evitar perda de calor, não estava quente ao toque. Dentro, continha um líquido levemente amarelado. Algum material fibroso parecia estar misturado também, mas como ela não estava prestando muita atenção ao que Amane estava preparando, ela não conseguiu identificar o conteúdo.
Quando ela inclinou a xícara levemente, o líquido, aparentemente grosso, fluiu levemente. Talvez tivesse sido mexido antes, pois as fibras dentro dela giravam e dançavam como roupas caindo em uma máquina de lavar, desenhando espirais em um redemoinho.
“… O que é isso?”
“É mel e gengibre. Ótimo para o corpo e ajudará a mantê-la aquecida.”
[Del: Sim, é provável que as mulheres leitoras já saibam, mas esta é uma bebida que ajuda no momento delas. | Jeff: Gengibre me parece algo azedo.]
Amane disse enquanto gentilmente colocava um cobertor que estava pendurado em uma cadeira sobre os ombros de Mahiru. Ele então colocou uma espécie de bolsa misteriosa em seu colo, deixando-a completamente perplexa. O calor suave da xícara em sua mão era reconfortante, e agora o calor e o peso adicionais em seu colo a fizeram olhar para Amane em confusão, que manteve uma expressão calma.
“Coloque na sua barriga,” ele sugeriu.
Percebendo que a bolsa misteriosa era na verdade uma bolsa de água quente, Mahiru quase soltou uma voz. O peso e o som que ela fez quando ela a inclinou levemente confirmaram que estava cheia de água quente. Quando ele disse “Vou ferver um pouco de água,” ele deve ter se referido à bolsa de água quente, em vez de fazer uma bebida para si mesmo, pois ela notou que nenhuma bebida foi preparada para ele na cozinha. Parecia que ele tinha fervido a água apenas para a bebida dela e a bolsa de água quente.
Sentado um pouco afastado dela, Amane não tinha um olhar sério no rosto, mas sim uma expressão neutra com um toque de preocupação. “Tente se manter confortável. Você prefere deitar depois de terminar sua bebida?”
“E-eu estou bem. Não é tão grave.”
“Então você deve ficar bem assim por enquanto, eu acho. Me avise se ficar muito difícil de suportar.”
Percebendo que tinha sido completamente lida, Mahiru observou Amane casualmente revelar que ele tinha notado que ela estava se sentindo mal, enquanto ele mexia no controle remoto do ar condicionado para ajustar a temperatura.
“Hum, c-como você descobriu?” ela perguntou.
“…Você parecia um pouco indisposta, e você estava com a mão na barriga. Quando isso acontece regularmente, você meio que começa a notar os padrões, se isso faz sentido.”
Amane parecia um pouco apologético enquanto se explicava desajeitadamente. Foi Mahiru quem sentiu pena de fazê-lo se preocupar depois dele ter notado que algo estava errado, mas Amane parecia estar incomodado com outra coisa completamente diferente.
“D-desculpe por te dar nojo,” Amane começou a se desculpar.
“O que te faz dizer isso?” Mahiru perguntou em troca.
“Bem, uh, sabe, pode te deixar desconfortável se um homem souber ou tentar mostrar consideração por esse tipo de coisa.”
Mahiru entendeu de onde Amane estava vindo. Algumas pessoas não gostavam de consideração indesejada ou simplesmente preferiam que seus problemas passassem despercebidos. Embora ela estivesse bastante surpresa ao saber que Amane havia notado, ela não sentiu nenhum desgosto e, em vez disso, pôde ver como ele havia descoberto. Ela estava passando uma quantidade considerável de tempo com ele — especialmente depois que se apaixonou por ele —, muitas vezes ficando na casa dele depois da escola. Não seria exagero dizer que ela estava quase sempre na casa de Amane, exceto quando tomava banho ou dormia.
Dada a quantidade de tempo que eles passaram juntos, não era estranho que Amane tivesse notado seus desconfortos regulares. Embora Mahiru pudesse simpatizar com suas preocupações sobre possivelmente ser intrusivo, mais do que isso, ela estava tranquila sabendo que Amane estava prestando atenção nela.
“…Eu não ficaria feliz se um estranho descobrisse, mas passamos muito tempo juntos, Amane-kun. Não me importo se for você. Além disso, é minha culpa por acidentalmente mostrar isso no meu rosto.”
“Ah, então você estava tentando não deixar transparecer.”
“Essa dor é um caso mensal — não há como evitá-la, realmente. Só atrairia preocupação se eu deixasse transparecer no meu rosto.”
Ela aceitou que seus surtos regulares de problemas de saúde eram inevitáveis e nada poderia ser feito sobre isso. Ela estava acostumada com a dor, então tentou não deixar transparecer em suas expressões ou gestos quando outras pessoas estavam por perto. No entanto, parecia que todos os seus esforços foram em vão, já que Amane conseguia ver através dela de qualquer maneira.
Embora não quisesse preocupá-lo, seus sentimentos eram mistos — ela também estava feliz que ele estava preocupado e cuidava dela. Olhando para Amane ao lado dela, que a encarava com uma expressão séria, ela sentiu essa contradição de emoções.
“Cuidar de alguém doente é a coisa natural a se fazer,” respondeu Amane. “Minha mãe também passava por situações bem ruins, então ouvi muitas coisas sobre isso… É óbvio que eu faria o que pudesse para ajudar.”
A natureza naturalmente atenciosa de Amane e a excelente educação que seus pais proporcionaram brilhavam em momentos como esses. Ao longo do último semestre ou mais, isso se tornou cada vez mais aparente para Mahiru. Apesar de ocasionalmente falar sem rodeios, Amane era honesto, adaptável e profundamente ciente daqueles ao seu redor. Ele tinha um talento especial para oferecer ajuda de uma forma que não soasse como um favor. Sua consideração pelos outros era tão natural quanto respirar, e ele sempre se importava e valorizava Mahiru da mesma forma.
Sua falta de autoconfiança e falta de consideração por suas próprias necessidades eram suas falhas, mas eram mais do que compensadas por seus pontos fortes. Essas falhas haviam melhorado recentemente, e Mahiru se sentia compelida a apoiá-lo onde quer que ele falhasse. Para ela, Amane era uma pessoa maravilhosa.
“Isso é tão você, Amane-kun.”
“É apenas a coisa normal a se fazer… Se eu estivesse doente, você também não se certificaria de que eu descansasse na cama?”
“Bem, talvez…”
“Viu?” Amane declarou, estufando o peito com a máxima confiança, arrancando uma risada de Mahiru. No entanto, uma pontada repentina em seu abdômen a fez ficar tensa brevemente. Amane percebeu essa mudança sutil, e seus olhos instantaneamente refletiram uma mistura de preocupação e tristeza.
“Uhm, se realmente parece horrível, talvez seja melhor você ir para casa e descansar em silêncio. Mas, bem, depende muito de como você está se sentindo… Algumas pessoas acham os outros um incômodo quando estão doentes, e algumas se sentem vulneráveis. É por isso que provavelmente é melhor você decidir se quer ficar aqui ou voltar para casa,” explicou Amane, suas palavras saindo em um tom murmurado e perplexo.
Mahiru colocou a mão sobre a boca, rindo da resposta dele. Ela se viu perdida com ele, sempre tão atencioso e oferecendo sugestões ternamente com seus melhores interesses em mente.
“… No momento, quero ficar junto,” disse ela, sentindo que agora podia realmente contar com a presença dele.
Originalmente, ela deveria ter ido embora rapidamente para evitar ser um incômodo. Se isso tivesse acontecido quando eles tinham acabado de começar a interagir, ela certamente teria encontrado uma desculpa para ir para casa. No entanto, agora, Mahiru se sentia confortável o suficiente para depender de Amane. Mais uma vez, Mahiru sentiu profundamente como ele havia tocado uma parte sensível dentro dela, trazendo um calor reconfortante que, estranhamente, fez seu coração palpitar.
“…Eu não diria que é insuportável. É só desconfortável quando me movo.”
“Entendi. Eu cuido do jantar hoje, então.”
“…Você cuida, Amane-kun?”
“Deixe comigo. Graças a ter uma professora excepcional, aprendi a fazer alguns pratos por conta própria.”
“Hehe, não se esqueça de que essa professora tem um aluno excepcional também.”
“Está tudo na maneira como você ensina, Mahiru. Você é muito boa nisso,” insistiu Amane. Embora, na verdade, fosse em grande parte devido ao seu rápido aprendizado. No começo, ele teve dificuldade para cozinhar, muitas vezes queimando vegetais fritos ou cozinhando demais as omeletes. Mas depois que ela lhe mostrou como e explicou a teoria por trás de cada passo, ele rapidamente absorveu as lições. Amane, sendo bom em estudos, comparou a culinária à química, e sua compreensão dos procedimentos culinários melhorou rapidamente.
Embora suas habilidades ainda fossem um pouco ásperas, ele agora conseguia preparar um prato sozinho e estava aprimorando suas habilidades ajudando todos os dias. Portanto, Mahiru não estava exatamente preocupada com ele cozinhando.
“Tem algo em particular que você queira comer?”
“…Eu não tenho um apetite forte, então algo quente e leve para o estômago seria ótimo.”
“Entendi. Vou tentar fazer algo com o que tem na geladeira.”
“Você percorreu um longo caminho,” observou Mahiru.
“Até eu consigo aprender uma coisa ou duas, sabia?”
“Hehe.” Só ter essa conversa leve pareceu aliviar sua fadiga corporal. A tentativa deliberada de Amane de soar um pouco mais alegre pareceu ser um esforço para distraí-la de sua dor. Evidentemente, pareceu funcionar, pois se envolver na conversa a fez se sentir mais à vontade.
“…Você tomou remédio?”
“Sim, tomei.”
“Tudo bem. Há mais alguma coisa que você gostaria que eu fizesse?”
Já que ele pediu tão gentilmente, Mahiru sentiu que poderia continuar sendo mimada para sempre, o que a fez hesitar um pouco. Mas então Amane sussurrou para ela como um demônio tentador: “Você pode se apoiar em mim o quanto quiser,” levando Mahiru a soltar um pequeno gemido e então dar uma olhada furtiva para ele.
“Eu quero tirar um cochilo, é. Mas, eu… hum, não quero ir para casa.”
Usar a cama dele não seria a melhor ideia, então ela queria tirar um cochilo leve no sofá. Amane piscou, aparentemente surpreso. Ela esperava que ele se opusesse à ideia de ela dormir em sua casa — sendo um homem e uma mulher — mas, verdade seja dita, ela já havia cochilado na casa de Amane várias vezes antes. Além disso, ela confiava que ele não faria nada inapropriado a alguém que não estivesse bem.
Hesitante, Mahiru olhou para ele.
E se ele recusar?
Em vez disso, Amane mostrou um sorriso preocupado, mas divertido, mais por constrangimento do que por desaprovação. Sua grande palma então se moveu suavemente para descansar em sua cabeça.
“Claro. Apenas leve seu tempo e descanse — eu estarei aqui.”
“…Certo.” Fechando os olhos lentamente, Mahiru se apoiou no braço de Amane que estava ao seu lado. Ela sentiu seu corpo estremecer de repente, mas não tinha intenção de se afastar.
Ele disse que ficaria ao meu lado.
Com esse pensamento, Mahiru imaginou que tanta proximidade era permitida. O calor que se espalhava suavemente de onde eles se tocavam era reconfortante. Virando o rosto ligeiramente para Amane, ela foi saudada por seu aroma familiar e refrescante que lembrava menta, misturada com a fragrância sutil de sabão de seu amaciante de roupas. Esse aroma suave e calmante fez suas bochechas relaxarem, e Mahiru deixou sua consciência ir embora enquanto saboreava este abençoado calor.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Acordando de um sonho doce, Mahiru levantou lentamente suas pálpebras pesadas, apenas para encontrar sua visão preenchida com cinza. Sua mente, mais lenta do que o normal, gradualmente refez o que ela estava fazendo antes, percebendo tardiamente que ela tinha tirado um cochilo. Ainda em um estado lento, ela levantou a cabeça.
O que é isso?
Um cintilo de obsidiana surgiu em sua visão, e um sussurro suave logo se seguiu.
“Bom dia.”
Assustada, Mahiru congelou momentaneamente no lugar, incapaz de compreender a situação. Então, o dono da voz, Amane, continuou em um tom calmo como se para acordá-la, “Você dormiu bem?”
“…Bom… dia,” Mahiru finalmente conseguiu responder, com sua voz involuntariamente aumentando o tom enquanto ela se lembrava do detalhe crucial de que ela tinha adormecido encostada em Amane.
De fato, fazia sentido que ela se sentisse anormalmente aquecida e confortável, tendo dormido enquanto sentia o calor do corpo de Amane. Apesar de uma leve rigidez física, ela se sentiu surpreendentemente revigorada e satisfeita mentalmente.
“Uhhh, deixe-me dizer isso primeiro. Você fez isto enquanto dormia, e… não pareceu a coisa certa a fazer, então eu não te sacudi.”
“‘Isto’…?” Mahiru perguntou, inclinando a cabeça em confusão enquanto verificava ao que Amane estava se referindo, e então enterrou o rosto novamente em seu braço.
Em algum lugar ao longo da linha, ela agarrava firmemente a mão de Amane, entrelaçando seus dedos como se se recusasse a soltar, deslizando a sua entre seus dedos ásperos. Confrontada com o fato de que ela não apenas se inclinou sobre ele, mas também segurou sua mão, Mahiru quase resmungou, mal conseguindo se segurar.
Amane certamente não conseguia se mover livremente. Além da inclinação, ela também o roubou perfeitamente da liberdade de mover uma de suas mãos. Amane deve ter ficado bastante incomodado com isso.
“E-eu sinto muito. Devo ter sido um incômodo.”
“Não, não foi esse o caso… Ainda assim, você deve ter ficado um pouco desconfortável tentando dormir assim. É tarde demais para dizer isso agora, mas dormir sentada não é exatamente o ideal.”
“N-não, eu estava dormindo profundamente!” Mahiru exclamou, tentando apertar as mãos em negação, apenas para perceber que elas ainda estavam entrelaçadas. Ela rapidamente relaxou o aperto, e Amane, divertido com sua reação nervosa, gentilmente desembaraçou seus dedos com um movimento cuidadoso, rindo baixinho.
Enquanto suprimia uma voz cheia de uma sensação de perda, Mahiru sabia que não poderia se apoiar nele para sempre. Ela se reposicionou para sentar-se corretamente no sofá e olhou para Amane, que também havia se ajustado da mesma forma. Amane pareceu notar que sua condição havia melhorado após o cochilo, e olhou para ela com alívio nos olhos.
“O remédio já fez efeito?”
“Sim, fez. Meu corpo está muito melhor agora. Sinto muito pelo problema.” Como ela havia dito, Mahiru acreditava que ela tinha sido um fardo e tanto.
Primeiro, ela havia deixado Amane preocupado, e segundo, suas ações essencialmente restringiram seus movimentos, provavelmente levando a um momento bastante chato para ele, pois ele estava preso ao sofá. Além disso, ao se apoiar nele, ela colocou a maior parte do seu peso sobre ele, cansando-o desnecessariamente.
Enquanto ela se sentia bastante apologética, Amane mostrou a mesma expressão antiga que ele sempre usava. Na verdade, ele parecia não entender por que ela estava se desculpando para começar, piscando seus olhos negros algumas vezes em confusão.
“Por quê? Você não me causou nenhum problema. Na verdade, estou feliz em ver você dependendo de mim.”
“…Por favor, não tente me mimar assim.”
“Olha quem está falando. Você é sempre a única tentando me mimar,” Amane retrucou. “Deixe-me retribuir o favor,” ele acrescentou enquanto brincava cutucando sua bochecha, o que a fez apertar os olhos devido à sensação de cócegas.
“Aquilo é uma coisa, e isso é outra,” ela respondeu brincando.
“Huh? Jogando injustamente agora, não é?”
Mahiru riu em resposta. “Eu sou uma mulher astuta, afinal.”
Preocupada que sua preocupação excessiva pudesse deixá-lo desconfortável, Mahiru se manteve firme, mostrando sua gratidão ao gentil e cavalheiro Amane. Ele estava visivelmente insatisfeito com isso, fazendo-a rir mais uma vez. Talvez graças ao seu cochilo leve, risada ou aos efeitos do remédio, seu corpo agora parecia consideravelmente mais leve, apesar de estar um pouco rígido antes.
Olhando para o relógio, parecia que ela tinha dormido por pouco menos de uma hora. A essa altura, eles geralmente já teriam terminado de preparar o jantar, fazendo-a perceber que havia incomodado Amane mais uma vez. Enquanto pensava nisso, ela tentou se levantar, dizendo: “Preciso preparar o jantar…” No entanto, ela se viu incapaz de fazê-lo. Não era que seu corpo estivesse pesado, mas sim que Amane a estava segurando fisicamente.
Mais precisamente, ele a estava segurando gentilmente, mas firmemente, pela mão, seu aperto suave, mas insistente, claramente transmitindo sua intenção de não deixá-la ficar de pé.
“Apenas fique sentada,” ele disse.
“Huh? Mas me sinto melhor agora…”
“Mesmo assim. Você ainda não se recuperou completamente, não é? Você ainda parece um pouco ruim pelo desgaste. Além disso, prometi cozinhar, lembra? Deixe-me cumprir minha promessa.”
Embora Amane tivesse dito que cuidaria das coisas, Mahiru queria argumentar que ela havia se recuperado o suficiente para se mover normalmente. No entanto, um olhar em seus olhos a disse que ele não iria ceder. Isso era algo que ela tinha aprendido sobre ele desde que se tornaram mais próximos: embora Amane geralmente cedesse facilmente, uma vez que ele colocasse sua mente em algo, nada poderia convencê-lo a não seguir em frente. Sempre que isso acontecia, tentar resistir não tinha sentido — ele não cederia até que ela cedesse. E como sua teimosia geralmente era pelo bem dos outros, Mahiru achava difícil rejeitar firmemente suas intenções.
Agora foi a vez de Mahiru parecer descontente, enviando-lhe um olhar de reprovação. Amane, no entanto, apenas riu, e seus olhos determinados mostravam sua recusa em recuar.
“Não comece a ficar de mau humor agora… Pare de sempre tentar resolver as coisas sozinha. Confie mais em mim.”
“…Certo.”
“Ótimo. Agora sente-se e relaxe — imagine que você está em um barco esperando sua comida,” brincou Amane. “…Pode não corresponder à sua sensação de navio de cruzeiro de luxo, mas ainda assim.”
“Nossa.” Mahiru não conseguiu deixar de rir de sua piada autodepreciativa, que foi claramente intencional da parte dele.
Amane sorriu de volta e acariciou afetuosamente sua cabeça. Sabendo que esse gesto era para tranquilizá-la, Mahiru aceitou silenciosamente com alegria. Ela tinha certeza de que isso era algo especial que Amane fazia apenas para ela.
“… Pode demorar um pouco, então você pode dormir um pouco mais se quiser,” ele sugeriu.
“Não, estou bem assim. Vou ficar de olho em seus bravos esforços daqui.”
“Você se preocupa demais.” Com um sorriso divertido no rosto, Amane foi para a cozinha.
Mahiru o observou ir embora, cheia de uma sensação de felicidade e segurança. Ela não disse isso por preocupação. Ela estava simplesmente tomada pela alegria e gratidão de vê-lo se esforçando por ela. Ela queria testemunhar cada momento de suas ações atenciosas, embora ele mesmo pudesse não perceber isso.
Ver Amane vestir seu avental simples foi tão incrivelmente cativante para ela. Observando-o como se fosse da família, entregando-se aos seus próprios pensamentos egoístas e talvez fantasiosos, Mahiru observou atentamente enquanto Amane começava a mexer nos ingredientes.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Cerca de uma hora depois, pratos fumegantes com um aroma perfumado estavam alinhados na frente de Mahiru. Apesar da curta distância do sofá até a mesa de jantar, Amane a acompanhou com muito cuidado. Mahiru piscou frequentemente, admirada com a refeição que ele havia preparado.
Esperando algo como mingau com base em seu pedido por comida quente e leve, ela ficou surpresa ao ver que, embora arroz fosse realmente usado, os pratos eram de um estilo culinário diferente.
O que foi servido em um prato fundo foi um risoto de cor creme, sua consistência sugerindo sua riqueza. Pelo aroma e aparência, provavelmente era um risoto de creme. Não apenas arroz, mas cogumelos e espinafre foram adicionados, fornecendo toques de castanho e verde.
“É risoto feito com leite de soja. Tentei fazer com arroz cru, a propósito. Também usei alguns cogumelos e espinafre do congelador, mas tudo bem mesmo?” Amane explicou, mostrando seu crescimento.
Pega de surpresa por sua explicação, Mahiru ficou momentaneamente congelada de surpresa. Amane percebeu isso e acrescentou: “Eu disse a você que faria direito, você sabe.” Ela não duvidou dele a esse respeito, mas não esperava esse tipo de prato do repertório dele, o que a deixou temporariamente surpresa.
“Sim, usar esses ingredientes foi bom. Parece muito delicioso mesmo,” respondeu Mahiru.
“Isso é um alívio. Fiquei preocupado que você não fosse gostar.”
“Sério? Você já sabe que não sou exigente para comer, Amane-kun.”
“Bem, sim, eu sei disso sim, mas considerei que talvez você não estivesse com clima ou algo assim.”
“Eu não reclamaria depois de fazer um pedido tão vago e deixar tudo para você…”
Mahiru ficou tocada simplesmente por sua consideração e espírito, mas ele realmente foi e preparou para ela. Além do mais, ela testemunhou sua jornada de quase incapaz de cozinhar para agora exibir os frutos de seu trabalho duro. Como ela poderia reclamar?
“Ainda assim, estou surpresa que você decidiu fazer um risoto.”
“É porque você não parecia estar completamente sem apetite. Pesquisei algumas receitas online e foi assim que decidi. Em vez de usar consomê, adicionei molho de soja branco e um pouco de missô para um sabor mais reconfortante. Eu mesmo provei e não acho que tenha ficado ruim…”
“Você até aprendeu a arte de fazer seus próprios ajustes…”
“Ficar tão impressionada com isso me faz sentir um pouco estranho,” admitiu Amane. “Eu consigo se eu tentar, sabia?”
Vendo a reação congelada de Mahiru, Amane se aproximou com uma colher na mão, parecendo um pouco em conflito. Mahiru sorriu e agradeceu enquanto aceitava a colher, então voltou sua atenção para o risoto recém-feito.
“Posso comer agora?”
“Sim. Vá em frente,” respondeu Amane, observando-a com um olhar ligeiramente nervoso. Sorrindo tranquilizadoramente para ele, Mahiru murmurou um baixo “Obrigada pela comida” e pegou um pouco de risoto com sua colher. Sabendo que ainda estava bem quente, ela soprou suavemente para esfriar antes de provar.
O risoto tinha uma textura rica, com o arroz cozido até uma firmeza perfeita, oferecendo uma sensação única na boca. Parecia mais leve do que parecia, provavelmente por ser feito de arroz cru, com uma viscosidade controlada que permitia que se dispersasse agradavelmente na boca. O aroma da manteiga e a suavidade do leite de soja eram imediatamente aparentes, enquanto o molho de soja branco ancorava sutilmente, mas ousadamente, o sabor, criando um gosto suave e acolhedor.
O misso que Amane mencionou deve ter contribuído para a riqueza sutil, mas profunda, do prato. Sua presença não era muito forte, dando profundidade ao sabor sem dominá-lo — um verdadeiro ingrediente secreto. Os cogumelos finamente picados combinavam bem com o risoto, realçando o umami geral e criando um gosto reconfortante, saboroso e reconfortante.
“…O que você acha?” Amane perguntou com um toque de hesitação. “O gosto é delicioso,” Mahiru respondeu.
“Você não está apenas tentando me bajular?”
“Não presuma isso por conta própria, môu.”
Com questão de fato, ela não congelou no lugar para pensar em uma resposta educada, porém insincera, mas sim por estar genuinamente impressionada com a delícia do prato.
Não há necessidade de bajulação entre nós de qualquer maneira. Mahiru silenciosamente comunicou essa mensagem com seu olhar, ao que Amane respondeu com um olhar de leve arrependimento.
“Está delicioso,” insistiu Mahiru. “Posso dizer que você fez com muito cuidado. Tem um gosto suave que realça o sabor dos ingredientes.”
“Fico feliz em ouvir isso. Vou comer um pouco também.” Aparentemente envergonhado por seu elogio sincero, Amane começou a comer sua própria porção do risoto. Ele já havia provado enquanto cozinhava, então sua reação não foi tão dramática quanto a de Mahiru, mas ele pareceu gostar mesmo assim, seus olhos se estreitando em satisfação. “É definitivamente saboroso, mas ainda tenho um longo caminho a percorrer em comparação a você, Mahiru.”
“Por que você tem que comparar comigo? Estou confusa. Aos meus olhos, seria preciso muito talento para alcançar meus dez anos de experiência culinária tão rapidamente.”
“Então sempre será impossível para mim.”
Apesar de seu rápido progresso, as habilidades culinárias, a experiência e o conhecimento de Amane estavam longe de atingir o nível de Mahiru. Embora ela tenha pensado que estaria em maus lençóis se ele a alcançasse, ela então percebeu que cozinhar juntos ainda lhe traria a mesma alegria, levando-a a se sentir um pouco envergonhada de seu desejo egoísta de que ele dependesse dela.
“Você diz isso, mas sua comida é, de fato, deliciosa,” Mahiru começou a explicar. “…Este prato tem um sabor muito quente — reconfortante, talvez? Para mim, parece que sua gentileza foi um dos ingredientes.”
“Não acho que gentileza possa afetar seu sabor…” respondeu Amane.
“O sabor de um prato pode ser fortemente influenciado pela mente de alguém. Saber que você colocou seu coração e alma em fazê-lo realça seu sabor.”
A culinária não era determinada apenas pela habilidade. Embora o sabor de um prato fosse obviamente influenciado pelas habilidades do cozinheiro, os pensamentos e emoções do cozinheiro também tinham o potencial de moldar a comida que ele preparava.
Saber do esforço e cuidado que o chef colocou no prato o tornou ainda mais delicioso para Mahiru.
“…Além disso, você está simplesmente se tornando um cozinheiro melhor, Amane-kun. O arroz está cozido perfeitamente, e os sabores atingem um equilíbrio delicado.”
“Estou honrado em receber seu elogio.”
“…Você está me provocando agora, não é?”
“Não, eu não quis dizer isso dessa forma,” ele esclareceu. “… Genuinamente, sou grato a você.”
“Eu sou quem deveria ser grata, môu.”
Ela se sentiu profundamente grata por sua consciência da saúde precária dela, sua preocupação, permitindo que ela dependesse dele, e até mesmo cozinhando para ela. Por causa de sua gentileza e consideração, Mahiru foi capaz de se deixar confiar nele. Ela se sentiu tão bem cuidada que não poderia pedir mais, cheia de gratidão.
Amane pode não perceber isso completamente, mas sua habilidade de ser genuinamente gentil com os outros — uma característica que parecia natural, mas era difícil de encontrar — era uma de suas maiores forças. Mahiru olhou para ele, notando que ele parecia permanecer em dúvida em relação às palavras dela, e murmurou: “Isso é bem a sua cara,” antes de continuar a comer seu risoto.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Depois que ambos terminaram de comer e relaxaram por um momento, Mahiru olhou para Amane, que estava prestes a começar a lavar.
“Da próxima vez… vou me certificar de não ser um fardo,” ela levantou.
A ajuda do Amane-kun tornou as coisas muito mais fáceis dessa vez, mas não acredito que seja justo que ele se dê ao trabalho de cozinhar para nós dois.
…Ou assim ela pensou, pois a resposta confusa de Amane a pegou desprevenida. “Por quê?” ela o ouviu dizer, os olhos dela se arregalaram com a observação.
“Huh? O que você quer dizer com ‘Por quê’? Não foi problemático para você?”
“Não, por que seria?” Amane respondeu, parecendo inocentemente perplexo. Suas próximas palavras, no entanto, foram tranquilizadoramente confiáveis. “Se alguma coisa, espero que você possa confiar ainda mais em mim. Se você não estiver se sentindo bem e ainda se esforçar, só vai piorar as coisas para si mesma. É por isso que eu ficaria muito mais feliz se você apenas descansasse.”
“M-mas ainda assim…”
“Além disso, não é um fardo para mim. Honestamente.” Amane então pareceu um pouco descontente quando perguntou: “Eu sou tão pouco confiável?”
Ao ouvir isso, Mahiru olhou para baixo, incapaz de olhá-lo nos olhos. “…Se você disser coisas assim, eu posso começar a depender um pouco demais de você.”
“Você pode confiar em mim o quanto quiser. Olha, você pode até começar agora mesmo. Apenas sente-se enquanto eu cuido da louça, okay? Deixe o resto comigo.”
“…Okay,” Mahiru respondeu docilmente.
Amane, não considerando Mahiru um problema, sorriu e disse,
“Ótimo. É isso que eu gosto de ouvir.” Ele deu um cafuné suave em sua cabeça, fazendo-a olhar para ele com um olhar em branco.
Eu o amo.
Ele era gentil, atencioso e trabalhador. Ele era alguém em quem ela sempre podia confiar. A maneira de Amane encorajá-la a confiar nele, sabendo que ela poderia estar relutante em fazê-lo, era um gesto de profundo entendimento e cuidado. Estava claro que ele havia compreendido completamente sua natureza independente e estava falando com base nesse entendimento.
Alguém como o Amane-kun pode ser o marido ideal, Mahiru não pôde deixar de sonhar acordada, pensando que ele seria o marido ideal — gentil, atencioso e sempre se esforçando. Perdida em seus pensamentos, Mahiru continuou a encarar o sorriso maduro de Amane com admiração até que ele levantou uma sobrancelha em leve curiosidade.
“…Você talvez não esteja se sentindo bem de novo? Quer ir para casa e descansar?” Perguntou ele, preocupado com a expressão atordoada de Mahiru. Ele parecia ter a impressão de que sua condição havia piorado.
Mahiru, percebendo que o havia preocupado inadvertidamente, balançou a cabeça rapidamente. “N-não, não é isso! É só que, hum… você promete não rir?”
“O que há de errado?”
“…Eu estava pensando que você seria um bom marido, Amane-kun,” ela confessou, sentindo-se envergonhada por seu próprio comentário fora do comum. Amane, no entanto, não reagiu negativamente. Em vez disso, ele pareceu surpreso e um pouco tímido.
[Del: Receber uma pedrada dessa deve atingir bem a consciência hein.]
“N-não é como se eu quisesse dizer algo com isso, okay!? Simplesmente passou pela minha cabeça porque você é tão atencioso, toma a iniciativa e cuida de mim…” Mahiru explicou apressadamente, percebendo que seus sentimentos eram muito aparentes.
Ela estava perfeitamente ciente de que era incapaz de suprimir seus sentimentos, falando impulsivamente sem considerar completamente suas palavras. A percepção de que suas emoções não estavam tão estáveis como de costume foi impressionante. Enquanto um rubor se espalhava por suas bochechas, Mahiru tentou esconder o calor que subia ao seu rosto, mas sem efeito. Estar sob o olhar de Amane só parecia adicionar combustível ao fogo, fazendo seus sentimentos de alegria e constrangimento queimarem ainda mais intensamente.
“Uuu…” Incapaz de suportar seu constrangimento, ela soltou um gemido lamentável — um dos três sons mais patéticos que já havia feito — e abaixou a cabeça. Por sua vez, Amane também parecia visivelmente perturbado.
“E-eu estou feliz que você pense assim… m-mas o que eu fiz é exatamente o que qualquer um faria, okay? Vamos, você realmente deveria ir descansar,” ele disse, suas palavras saindo um pouco rápido demais, quase tropeçando nelas, enquanto ele rapidamente juntava os pratos em uma bandeja e fazia uma retirada apressada para a cozinha.
Deixada sozinha, Mahiru permaneceu lá, seu corpo encolhido, incapaz de levantar a cabeça. A dor física que ela sentia se foi, substituída por um calor persistente que se recusava a diminuir, e levou um tempo considerável para ela recuperar o controle sobre o calor escaldante dentro dela.