É uma questão de lógica.
Durante a missão de defesa do décimo andar, os soldados e a cavalaria, os NPCs aliados, não conseguiam nos ver.
No entanto, esses caras podem nos reconhecer claramente. Ao me aproximar, senti o olhar de um inimigo. Isso significava que não eram NPCs comuns.
Eolka disse, parecendo perplexa: — Bem, eles podem não ser inimigos, sabe?
— Há uma possibilidade para isso também. Não se preocupe. Eu não os matei.
— Acho que já estão meio mortos…
Um murmúrio alto começou.
Sem aviso prévio, uma cena cômica se desenrolou, atraindo uma multidão de curiosos.
Uma testemunha começou a explicar, gesticulando descontroladamente.
— Ah, eu não sei. O soldado desmaiou do nada com uma hemorragia nasal. E o cara ao lado dele bateu a cabeça na parede sozinho. Várias vezes! Fez até barulho!
O homem de cabeça raspada fingiu bater a cabeça na parede enquanto explicava.
Graças aos espectadores, o caminho até a praça ficou um pouco mais tranquilo. Peguei o chifre pendurado no pescoço do soldado e joguei no esgoto.
— Vamos. Estamos ficando sem tempo.
Atravessamos o portão e entramos na praça.
A praça estava tão lotada, que era impossível se movimentar. O barulho de centenas de vozes encheu os arredores. Apurei meus ouvidos para entender as conversas.
— Dizem que se você tocar ele apenas uma vez, você não terá mais desejos.
— Eu não acredito nisso. Provavelmente é apenas bobagem.
— Quem é você para suspeitar de alguém? Você é um cara que passa o dia inteiro bebendo.
— É o quê, seu cotoco de gente? Quer morrer?
— Caí dentro se tiver coragem, velhote. Você está me incomodando há um tempo.
A maioria das conversas não tinha sentido, mas entre elas havia palavras repetidas.
‘Ele.’
Eles se referiam a alguém com um pronome, não com um nome.
Parecia que ‘ele’ era a razão pela qual tantas pessoas se reuniram na praça.
‘É altamente provável que seja a pessoa designada.’
No meio da praça erguia-se um edifício grandioso e esplêndido que lembrava um castelo.
— Esse é o Salão Prateado?
— Sim.
Tinha cerca de vinte metros de altura, paredes de mármore branco e vitrais que brilhavam com cores iridescentes. No telhado abobadado havia estátuas representando as deusas gêmeas. As paredes eram intrincadamente esculpidas com paisagens e desenhos misteriosos.
A atenção das pessoas estava focada no Salão Prateado, particularmente em um ponto dentro dele.
Um terraço que estava a quinze metros de altura.
— Olha, irmãozão. Alguém parece estar saindo.
Jenna apontou para a entrada do terraço.
E de fato, alguém estava saindo. Era um homem velho, vestido com uma túnica branca de sacerdote. Ele olhou para a multidão e depois bateu com o cajado no chão.
【Todos, fiquem quietos!】
Uma voz profunda e autoritária espalhou-se por toda a praça.
A comoção que estava acontecendo parou repentinamente quando as pessoas ficaram em silêncio.
Eolka murmurou: — Está usando magia de amplificação sonora.
【O sucessor do Sol chegou. Não cause perturbação!】
‘Tempo está sendo desperdiçado.’
Não estávamos a passeio.
A contagem regressiva ainda continuava, pouco a pouco.
— Vamos começar a entrar no templo.
— Devemos ir para dentro do templo?
— Sim.
Não estava claro quem precisávamos proteger.
Não havia informação suficiente, mas também não havia tempo para hesitação. Era hora de tomar uma decisão. Se tal evento ocorre em uma missão, era altamente provável que o indivíduo protegido fosse uma figura chave no evento.
‘As decisões precisam ser tomadas rapidamente.’
Voltei meu olhar para a entrada do templo.
Soldados vestidos com armaduras estavam dispostos ao lado da porta com asas esculpidas em relevo. Eles estavam controlando rigorosamente quem poderia entrar. De repente, meus olhos encontraram os de um soldado.
Tirei minha espada da bainha.
Os olhos do soldado se arregalaram de espanto.
‘Eles também podem nos ver.’
Com minha espada estendida, me aproximei da entrada.
Os soldados também agiram. Um homem que parecia ser o líder deu um passo à frente com uma expressão cautelosa.
— O que vocês são?
— Afaste-se. A menos que você queira se machucar.
— O templo está fora dos limites! Vocês são hereges?
— Hereges?
— Isso mesmo. Servimos a deusa…
Derrubei a estátua de gesso de uma deusa ao meu lado.
A cintura da estátua quebrou e se despedaçou.
— É isso que você chama de heresia?
— Você, seu desgraçado maluco! Matem ele!
Acompanhado de efeitos sonoros, uma janela de aviso apareceu.
Aviso!
【Soldado Humano Nv.13】x ?
【Inimigo Desconhecido Nv.???】x ?
Foi uma mensagem de combate indicando a chegada de inimigos.
— Eu estava certo.
— Aff, você é muito agressivo.
— Vocês também acreditam em algum tipo de culto à deusa ou algo assim?
— Não.
— Eu só acredito em mim mesma e no irmãozão.
Aaron sacou sua lança.
Jenna preparou uma flecha.
— Vamos atravessá-los e entrar no templo. O alvo que estamos protegendo deve estar lá.
Clang!
Os soldados sacaram simultaneamente suas armas. Espadas, lanças e alabardas.
— Exterminem os hereges!
Seguindo as ordens de seu líder, os soldados avançaram.
Coloquei meu escudo na mão esquerda.
— Ataquem.
— Sim!
O soldado na frente balançou a alabarda.
Depois de desviá-lo com meu escudo, enfiei minha espada em sua garganta.
— Ugh!
Enquanto um caía sangrando, o soldado atrás dele enfiou sua lança. Quando virei meu torso, a lança roçou a lateral da minha armadura de couro. Ela se dobrou e a lâmina da minha espada perfurou o aço fino, cortando a carne.
— Gaaah!
— Yaaah!
Outro soldado atacou com uma alabarda na mão. Agachei-me e usei o meu escudo para derrubá-lo. Ele girou no ar e eu embainhei minha espada.
— Não lutem contra eles um por um. Corram para dentro do templo!
Não há necessidade de lutar contra todos eles.
Afastei o soldado que me atacava e comecei a correr, com os outros três seguindo meu exemplo.
Entre as pessoas reunidas na praça, algumas descobriram os corpos.
— Aaah! O que… É-é uma pessoa morta!
Um grito estridente ecoou pela praça.
Entramos nas escadas que levavam ao portão.
O líder balançou a espada e gritou: — Bloqueie-os! Proteja o templo dos hereges!
Zing!
Tung!
Uma flecha perfurou a testa do líder.
Jenna atirou flechas nos soldados que nos seguiam enquanto subia as escadas correndo. Ela apontou para suas pernas e braços. Soldados escondidos ao lado dos pilares de pedra ao lado das escadas revelaram-se.
— Ignorem-os! Não temos tempo.
Aaron enfiou a lança no soldado que guardava a porta.
Bam!
Chutei a porta que dava para o interior do templo.
Assim que confirmei que Eolka também havia entrado, fechei a porta atrás dela.
— Eolka.
— Eu sei!
Eolka rapidamente entoou um feitiço.
Um pedaço de madeira de dentro do templo subiu sozinho e ficou preso entre as maçanetas da porta.
Bam! Bam!
Batidas altas na porta ecoaram do lado de fora.
Um sacerdote de meia-idade que estava lendo um livro no altar arregalou os olhos.
— Quem são vocês? Como chegaram aqui…
Eu rapidamente examinei o interior.
Havia passagens à esquerda e à direita.
Sete soldados armados saíram da passagem à direita e sacaram suas armas.
— Quem se atreve a entrar aqui?!
— Mate-os e siga-me.
— E você, irmãozão?
— Eu vou continuar.
— Vamos segui-lo logo logo.
Capítulo 58: Tipo de Missão: Escolta (2) (Parte 2)
Ao andar pela esquerda, cheguei a um corredor coberto por carpete branco. No final, havia uma escada que levava para cima.
— Eu vou lhe matar…!
Balancei meu escudo contra o capacete de um soldado que me atacava.
Bam!
Subi a escada em espiral.
Durante a subida, uma porta se abriu e um cavaleiro com armadura pesada apareceu.
O cavaleiro brandiu uma espada cravejada de pedras preciosas e começou a falar com voz digna.
— Eu sou Kyle von Strauss! A espada da família Strauss! Um Cavaleiro Sagrado representando a ira da deusa! Destruirei o mal diante de mim…
Passei pelo cavaleiro, continuando a subir.
— Ei, espere. Estou me apresentando… Espere! Não me ignore!
Ao lado do corrimão da escada, vi um pilar cilíndrico com uma jarra em cima. Chutei o pilar, derrubando-o, e o fiz rolar escada abaixo.
— Ah, droga, espere…!
Continuei a subir.
No topo da escada em espiral havia um longo corredor.
Pelas janelas de vidro na lateral do salão era visível uma parte da praça, então dei uma olhada. Soldados armados se reuniam ao redor do templo por todos os lados.
Segui pelo corredor.
Uma das muitas portas do corredor se abriu.
— Eu sou…
Bam!
Empurrei a porta com força.
A porta parcialmente aberta colidiu fortemente com o cavaleiro que tentava sair.
— Opa!
O cavaleiro enrugou o rosto e caiu no chão.
Corri para o fundo do corredor. No caminho encontrei algumas pessoas, mas elas passaram por mim como se não me enxergassem. Ao que parece, dentro do templo havia quem pudesse nos ver e quem não pudesse.
No final do corredor havia um amplo e esplêndido jardim.
A luz do sol entrava no jardim através de frestas no teto. No fundo do jardim ficava o terraço que eu tinha visto da praça. Sombras de pessoas apareceram além das cortinas penduradas no terraço.
‘Está ali.’
Faltavam mais ou menos três minutos.
O tempo estava se esgotando.
Abri a porta do jardim e entrei. Três cavaleiros emergiram das sombras das árvores. Eles tinham expressões solenes enquanto olhavam para mim e ajustavam as viseiras.
— Morte aos hereges.
Os cavaleiros se aproximaram lentamente com suas espadas longas apontadas para mim.
Suas posturas eram diferentes das dos soldados indisciplinados, exibindo treinamento formal de esgrima.
Uma sombra dentro do terraço se moveu.
Outra sombra apareceu atrás da cortina, mostrando o contorno da túnica de um sacerdote.
— Agora, é a minha vez?
— Sim, minha princesa. As pessoas reunidas na praça estão esperando.
— Mas o que é a comoção lá fora?
— Parece que alguns intrusos apareceram. Em breve iremos repeli-los, então, por favor, não se preocupe.
Duas figuras além do terraço conversavam.
Um pouco mais atrás, os três cavaleiros se aproximaram de mim. Eles tinham uma formação bem feita.
Respirei fundo e exerci força na mão direita segurando a espada.
— Aaah!
O cavaleiro do meio exalou bruscamente e atacou com a espada. Eu bloqueei com meu escudo. Os outros dois ao lado seguiram com suas estocadas em momentos diferentes. Dando um passo para a direita, desviei o golpe com minha espada. Mas os três cavaleiros trabalhavam em harmonia, atacando com suas lâminas sem invadir o espaço uma da outra.
Uma das espadas roçou minha bochecha.
O sangue saiu do corte, manchando a grama do jardim.
Rolei pelo chão, evitando dois golpes, e depois balancei minha espada em um amplo arco. Um dos cavaleiros bloqueou naturalmente. Ao me levantar, pisei com força em seu pé direito.
— …?!
Bam.
Movi minha espada para baixo acertando o pé esquerdo, fazendo o cavaleiro cambalear. Peguei a espada que ele segurava e cortei seu pescoço. Então, joguei a espada manchada de sangue no cavaleiro que estava atrás de mim. Ele recuou alguns passos e desviou usando a espada.
Ele caiu alguns metros para trás, permitindo que eu me concentrasse no cavaleiro diante de mim enquanto eu retirava minha espada.
O cavaleiro me atacou com três golpes rápidos, que desviei com meu escudo. Logo após isso, enfiei a lâmina na abertura de seu capacete, fazendo o cavaleiro cair enquanto o sangue jorrava de sua viseira. Ele desabou sem forças.
Restou apenas um cavaleiro.
Ele agarrou sua espada longa com ambas as mãos e assumiu uma postura defensiva.
Sorri enquanto avançava em sua direção, brandindo a espada e cortando seu pescoço.
O jardim ficou vermelho com o sangue dos cadáveres.
Limpei o sangue da espada e avancei para além do jardim.
— Agradeço a oportunidade que você me deu. Não vou esquecer isso.
— Não é um problema. A deusa certamente ficará satisfeita também.
— Então, lá vou eu.
Afastei as cortinas do terraço.
A brilhante luz do sol me cegou brevemente. Semicerrei os olhos e observei a vista além do terraço.
— …!
Olhei para um velho sacerdote que ali estava e seus olhos enrugados se arregalaram em descrença. Ele brandiu apressadamente seu bastão, mas não era eu o seu alvo. Estava mirando na pessoa que estava atrás de mim, indo em direção à grade do terraço.
Uma energia escura se reuniu na ponta do cajado, girando.
Eu já havia visto isso antes. Era a flecha mágica que o Sacerdote Obscuro usou no décimo andar.
Tung!
Eu cortei o pescoço do sacerdote do jeito que estava.
Kiiiiing!
A energia acumulada na ponta do cajado quebrou o teto do terraço e explodiu. E então a pessoa no terraço voltou o olhar para mim.
Era uma garota em um vestido branco.
Ela usava uma coroa dourada sobre seus cabelos prateados e esvoaçantes.
Ela parecia estar no meio da adolescência. A garota olhou para mim e levantou a voz surpresa.
— Quem é você?
Eu respondi brevemente.
— Você não precisa saber.
Capítulo 59: Tipo de Missão: Escolta (3) (Parte 1)
A menina arregalou os olhos ao ver a cabeça decapitada do sacerdote.
— O que…! Quem é você? Quem se atreve a invadir o templo e cometer tamanha loucura!
‘Esta garotinha também consegue me ver.’
Com uma espada ensanguentada na mão, aproximei-me da garota.
— Você é um assassino? Veio me matar? Eu sou…
— Se agache.
Agarrei a garota pela cabeça e a empurrei para baixo, fazendo-a cair deitada.
Três figuras surgiram abaixo da grade e nas mãos dessas figuras encapuzadas havia bestas.
Acompanhadas por um barulho alto, três flechas foram liberadas.
Eu não era o alvo. Eles estavam mirando na garota, que estava deitada de bruços abaixo de mim, tremendo. Desviei as flechas que vinham em três direções diferentes com minha espada. Então, três adagas foram lançadas de ângulos diferentes. O alvo novamente era a garota. Usei meu escudo para afastar as adagas.
— O que no mundo…
— Fique quieta.
Olhei para as adagas espalhadas pelo chão do terraço. Um líquido arroxeado escorria de suas pontas. Elas pareciam estar envenenadas.
Os assassinos disparam adagas semelhantes mais uma vez.
Zing!
Naquele momento, uma flecha perfurou a cabeça de um dos assassinos.
Aproveitei a oportunidade e me aproximei daquele que estava mais próximo de mim. Ele brandiu sua adaga envenenada, da qual eu facilmente evitei antes de enfiar minha espada profundamente em seu peito.
O último assassino estendeu a mão direita para mim.
Click.
Um som mecânico veio de dentro de sua manga e uma lâmina oculta foi disparada. Eu a bloqueei com meu escudo.
Eles eram habilidosos em truques, mas suas proezas de combate eram mais fracas que as de um cavaleiro.
Enquanto o assassino se preparava para atirar uma adaga na garota, uma sombra desceu de cima e o atingiu.
A lâmina dessa pessoa brilhou antes que o sangue jorrasse da garganta do assassino.
Edis virou a adaga ensanguentada na mão.
— As paredes eram muito altas, tive dificuldade em escalá-las.
— E quanto aos outros?
— Havia mais dois. Eu lidei com eles.
Edis embainhou a adaga e olhou para a garota deitada no chão.
Eu perguntei: — Você a conhece?
— Hmm, acho que já devo tê-la visto em algum lugar…
— Quem são vocês? — A garota perguntou com uma expressão assustada.
‘Esta garotinha é o alvo que precisamos proteger.’
É a única que pode nos ver que não é um inimigo.
A situação ficou clara à primeira vista.
Se eu tivesse chegado um pouco mais tarde, a garota teria sido despedaçada pela flecha mágica do sacerdote, na frente de todos na praça. Os assassinos que apareceram posteriormente também tinham claramente como alvo a garota.
Olhei para o terraço abaixo.
Devido à transmissão ao vivo da tragédia, o caos irrompeu em toda a praça.
Os soldados que estavam fora da praça correram em direção ao templo. O portão anteriormente trancado foi arrombado.
— Este não é um lugar onde pessoas como você deveriam entrar casualmente. Volte imediatamente… Ugh!
Uma flecha atingiu o chão ao lado da garota.
Arqueiros das janelas do segundo andar de um prédio próximo de dois andares miravam em nós.
Eu ri um pouco e disse: — Tem certeza que quer que voltemos? Se formos, você vai morrer.
— O que no mundo…
— Seja breve. Não temos tempo.
Eu desviei as flechas que chegavam com meu escudo.
— Se você quer viver, venha conosco. Caso contrário, morra ali mesmo.
— …
— Sim ou não. Não desperdice palavras. Sua resposta?
A garota olhou para os corpos espalhados pelo chão, alternando entre Edis e eu, depois fechou os olhos com força antes de dizer:
— …Eu irei.
【Missão concluída!】
NPC especial Priasis Al Ragna juntou-se ao Grupo 1!
< O tipo de missão foi alterado. >
Tipo de Missão – Fuga.
Objetivo – Fujam da cidade escoltando o alvo!
‘Agora devemos fugir.’
O objetivo da missão foi atualizado como eu estava esperando.
Eu disse à garota: — Tudo bem. agache-se perto da grade. Não saia até que eu diga.
A garota se abaixou profundamente atrás da grade.
Peguei uma besta ao lado de um dos corpos do assassino. Havia uma aljava cheia de flechas próxima a ela.
— Edis, prepare-se para descer.
— E você?
— Vou mantê-los sob controle.
Eu me protegi atrás da grade e mirei nos arqueiros. Puxando o gatilho, uma flecha disparou e atingiu um arqueiro no torso. Um acerto. Foi o meu primeiro, mas não foi difícil.
Comecei a atirar nos arqueiros do outro prédio.
Edis retirou uma corda longa e fina da bolsa do cinto. Criou um laço com a corda e depois o pendurou na parte saliente do corrimão, deixando-a pendurada.
Esta corda foi feita com os tendões da Rainha da Floresta1 e era tão forte que poderia facilmente suportar o peso de uma pessoa.
Colocando uma flecha na besta, falei para a garota: — Você já escalou uma corda?
— O que você está falando?
— Se você não sabe como, segure-se em mim. Se você cair e se machucar, será um incômodo.
Quando atirei no terceiro arqueiro com a besta,
Jenna, Aaron e Eolka se juntaram a nós. Suas roupas estavam manchadas de sangue.
Jenna falou ansiosamente: — Irmãozão, não temos tempo! Os soldados estão vindo de baixo.
— Eu não preciso que você me diga. É por isso que estamos nos preparando. — Apontei para a garota que estava nos observando com desconfiança. — Observem-na de perto. Esta pequenina é nosso alvo a ser protegido.
— Eu não sou pequena.
— Como podem ver, ela fica chateada se você a chama de pequena.
Jenna e Aaron olharam para a garota e assentiram.
No entanto, a surpresa brilhou nos olhos de Eolka.
— Essa pessoa é…
— Não importa quem ela é.
— Mas é surpreendente vê-la aqui…
— Quem é você? Você me conhece?
— …Estamos com pressa no momento.
Soltei a besta.
Jenna estava assumindo meu papel de suprimir os inimigos. Com seus disparos muito mais rápidos e precisos, os arqueiros do prédio caíram um após o outro.
— Ouçam. A partir de agora, desceremos nesta corda e encontremos uma rota de fuga.
— Eu conheço um caminho. Há menos soldados à esquerda. O caminho é complexo, o que facilita nós nos escondermos.
— Então iremos nessa direção. Alguma objeção?
Todos os três balançaram a cabeça.
— Eolka, crie uma parede de chamas. Evite que os inimigos se aproximem.
— Entendido.
— A ordem de descida: Edis, Aaron, eu, Eolka e, por último, Jenna.
Capítulo 59: Tipo de Missão: Escolta (3) (Parte 2)
A maioria dos soldados na praça havia entrado no templo.
Se voltássemos por onde viemos, encontraríamos numerosos soldados. O som dos soldados subindo as escadas era levemente audível.
— Já vou descer.
Edis segurou a corda e começou a descer.
Os soldados restantes na praça perceberam a corda e começaram a correr nessa direção.
【Ardeat!】
Kugugu!
Chamas irromperam das pontas dos dedos de Eolka, bloqueando os soldados na praça. Eolka apontou para a entrada do terraço com a outra mão. Desta vez, uma linha de chamas subiu em linha reta, bloqueando a entrada. Dois soldados que saíam do jardim foram envolvidos pelas chamas, transformando-se em restos carbonizados.
— É um mago! Matem o mago primeiro!
Flechas voaram além da parede de chamas. Chutei com o pé uma grande mesa no terraço, derrubando-a para o lado. A flecha bateu na mesa.
O próximo a descer foi Aaron.
Aaron respirou fundo e começou a descer pela corda.
Abaixo de nós estava um caos.
As pessoas tropeçavam e corriam para fora da praça devido às chamas repentinas e ao que aconteceu anteriormente. Foi uma coisa boa. A ausência de obstáculos desnecessários era melhor. Edis, que desceu primeiro, brandiu a adaga e atirou flechas, guardando o ponto de descida. Aaron logo se juntou a ela.
Fiz um gesto para a garota.
— Somos os próximos. Venha.
— Você está se referindo a mim?
— Com quem mais eu estaria falando? — Sorri e abracei a garota. — Segure firme.
— A-Ah, entendi.
A distância até o solo era de cerca de quinze metros.
Para um civil não treinado, esta era uma altura desafiadora. Nós cinco estávamos acostumados com esse método através de percursos de obstáculos no campo de treinamento. Até Eolka, uma maga, aprendeu esse método.
Agarrei com força as luvas de couro e segurei a corda.
A garota se agarrou a mim com olhos medrosos. Depois de um chute rápido no corrimão, aproveitei o impulso para começar a descer.
Zing!
Uma flecha voou de algum lugar e perfurou alguns fios do cabelo prateado da garota.
— Ah! — A garota gritou como se estivesse engolindo a voz e me apertou com mais força.
Segurando a corda com a mão direita e abraçando a garota com a esquerda, desci rapidamente. Pouco antes de chegar ao chão, chutei a parede para diminuir a velocidade. Pousei em segurança.
— Acabou, você pode soltar.
A garota se afastou apressadamente de mim.
Examinei a área próxima. A maioria dos civis havia evacuado e os soldados ocupavam constantemente os arredores. Embora tivéssemos a parede de chamas, ela não poderia cobrir todas as direções.
Eu gritei para cima: — Depressa!
Um soldado gritou com um uivo estranho e brandiu sua espada contra mim.
Eu desviei com minha espada e empurrei-a para o lado, perfurando seu coração.
Edis e Aaron estavam lutando ao meu lado. Juntei-me a eles, cuidando dos soldados que se aproximavam, um por um.
> Aaron (★★) está com Hemorragia. Seu vigor irá diminuir em intervalos regulares.
> Aaron (★★) foi Envenenado. Seu vigor irá diminuir em intervalos regulares.
Mensagens de mudança de status de um herói apareceram, visível apenas para mim.
‘…’
Ainda não é o momento certo.
Eu ignorei e balancei minha espada.
Depois de um tempo, Eolka desceu usando a corda e, por último, Jenna fez o mesmo, saltando.
— Ufa, pensei que seria deixada para trás.
Eolka e Jenna tiraram as luvas que tinham nas mãos e as jogaram fora. Elas as pegaram dos corpos mortos dos assassinos.
Com isso, o alvo estava seguro e os membros do nosso grupo saíram ilesos. Agora, se conseguirmos sair do cenário da missão, será fácil concluir o andar.
Os soldados começaram a sair do outro lado da praça e da entrada do templo.
Olhei para a garota e disse: — Corra para a esquerda se não quiser morrer.
A garota começou a correr freneticamente.
Formamos uma formação em torno da garota e fugimos dos soldados.
Um soldado que nos perseguia gritou: — Não os deixe escapar! Persiga a bruxa e seus seguidores!
— Ah, aquela mulher é uma bruxa?
— Parece que eles estão falando de você.
— Não pode ser… — O rosto da garota ficou pálido.
Um grupo de soldados saiu da passagem que levava ao lado esquerdo da praça.
Um cavaleiro de armadura pesada ergueu sua alabarda bem alto.
— Você não vai escapar…
A flecha de Jenna perfurou a abertura na armadura do cavaleiro enquanto ele falava.
Bati na cabeça do cavaleiro oscilante com meu escudo. Edis passou e cortou profundamente sua garganta.
— Matem eles!
— Matem todos!
Soldados apareceram bloqueando a estrada.
Havia pelo menos trinta deles. Se perdêssemos tempo com eles, logo seríamos cercados pelos soldados atrás de nós.
— Por aqui.
Edis sinalizou para virar para o lado, onde havia um beco sinuoso. Seguimos Edis.
— Para onde esta estrada leva?
— Eu verifiquei do telhado. Se seguirmos, devemos chegar aos arredores da cidade.
Soldados chegaram na entrada do beco.
Quando Eolka sinalizou com a mão, um lado da parede parcialmente desabada desmoronou, bloqueando a entrada. Os soldados gritavam do lado de fora, mas não conseguiram entrar por um tempo.
Depois de caminharmos um pouco pelo beco, surgiu um pequeno espaço aberto.
Edis virou-se brevemente para olhar para a garota atrás dela e sentou-se em um tijolo.
— Vamos descansar um pouco.
Acenei com a cabeça.
A garota estava ofegante. Assim que a palavra ‘descansar’ foi dita, ela desabou no chão de terra.
— Como as coisas acabaram assim… — A garota murmurou para si mesma com uma expressão confusa.
Peguei uma poção e tomei um gole. Mesmo sem nenhum ferimento, a poção em si teve um efeito curativo. Uma leve vitalidade percorreu meu corpo.
— Descansaremos por cinco minutos e depois voltaremos a nos mover.
O bloqueio na passagem que Eolka criou não duraria muito.
Este lugar logo seria descoberto. Ficar cercado em um beco seria mais difícil de escapar do que ficar preso em uma rua principal.
— …
Originalmente, o plano era descansar aqui e depois sair pelas ruas para escapar de uma só vez.
Mesmo se estivéssemos cercados durante esse processo, o plano era fazer com que Eolka usasse sua Magia de Fogo de nível três, e poderíamos romper temporariamente o cerco. Então guiaríamos o alvo para a rota de fuga.
Através do treinamento, Eolka chegou a um ponto em que poderia usar a carga máxima de sua magia de fogo sem desmaiar.
— Aaron.
— Sim.
— Você está ferido?
— … Acho que você percebeu.
Aaron inclinou a cabeça.
Uma adaga estava alojada no torso de Aaron. O sangue que escorria era violeta.
Parecia que ele havia sido atacado pelos assassinos espalhados entre os soldados.
‘Envenenado.’
Esta era uma anormalidade de status que não poderia ser recuperada com uma poção de cura de baixo grau.
Capítulo 60: Tipo de Missão: Escolta (4) (Parte 1)
— Beber a poção não ajudou com a dor — disse Aaron com um sorriso amargo. Sob seus pés estava uma garrafa de vidro vazia que antes continha a poção.
Jenna falou com urgência, sua voz cheia de preocupação: — Irmãozão, não há como ajudá-lo?
— …
Embora Aaron parecesse composto, sua pele foi gradualmente ficando pálida.
Ele só conseguia se mover corretamente por cerca de dez minutos.
Olhei para a garota, que batia a perna enquanto estava sentada, e perguntei: — Você tem algum tipo de habilidade?
— De que tipo de habilidade você está falando?
— Capacidade de recuperação.
A garota olhou para Aaron e virou a cabeça.
— Desculpe.
— Certo.
Ocasionalmente, entre os NPCs, havia indivíduos com habilidades especiais.
Eu perguntei só para ter certeza, mas ainda era uma decepção.
A poção de cura não funcionaria. Não tínhamos um antídoto.
Mesmo a ajuda de um NPC não foi possível.
‘Se esse é o caso…’
Aaron abaixou a cabeça.
Seu tom era calmo, mas sua voz tremia ligeiramente.
— O irmão mais velho disse que se alguém não conseguisse acompanhar, o abandonaria. Parece que agora é a hora. — Aaron cerrou os punhos, agarrando o parapeito da janela. — Vou ganhar tempo para vocês enquanto me deixam para trás.
— …
Eu observei os três.
Edis se virou, Jenna abaixou a cabeça e Eolka olhou para Aaron com uma expressão determinada.
— Eu quero ficar com você — Jenna disse.
— Senhorita Jenna, não tem como.
— Mas…
— Eu que fui fraco e me machuquei.
— E você?
— A decisão é sua — Eolka respondeu.
No final, estão deixando para que eu decida?
Fechei os olhos e contemplei profundamente.
Em termos de eficiência, abandoná-lo era a escolha certa. O alvo da escolta não tinha capacidade de se defender. Com a adição de Aaron, o fardo aumentaria mais do que o dobro. Proteger uma pessoa e proteger duas eram questões completamente diferentes.
E para acrescentar a isso, Aaron logo seria prejudicado.
Embora ele tenha dito que ganharia tempo, em vez de apenas ganhar tempo, provavelmente encontraria o seu fim.
‘Ah…’
Soltei um suspiro profundo e então abri os olhos.
A expressão de Aaron era de resignação. Depois de tomar um gole da poção, entreguei a garrafa meio vazia restante para Aaron. Ele pegou com surpresa.
— O que…?
— Beba.
— A poção é inútil.
— Isso pode não lhe curar, mas pode evitar que seus ferimentos piorem.
Havia outros frascos de poções na minha bolsa. Peguei outro e entreguei a Aaron.
— Todos, peguem suas poções.
Jenna pegou primeiro, que tinha três poções. Eolka retirou a única poção de cura dela com cuidado, devido às poções de mana. Edis tirou as que tinha. Cerca de dez poções foram reunidas em um só lugar.
— Beba um gole a cada dez minutos.
— É um desperdício…
— Eu que decido isso. — Cortei Aaron. — A partir de agora, vamos nos dividir em dois grupos. O primeiro seremos eu, Edis e a garota. O segundo será Aaron, Jenna e Eolka. O papel do primeiro grupo é guiar a pequena até a saída. E sua tarefa será manter Aaron vivo até concluirmos nosso objetivo.
— Ajudar o irmãozão Aaron é nossa tarefa?
— Eles estarão atrás da garota, então se você for na direção oposta, poderá encontrar um lugar seguro.
— I-irmão mais velho, eu…
— Fique quieto.
Aaron ficou em silêncio.
Edis, que estava encostada na parede com os braços cruzados, falou: — Han, será difícil sair desse jeito. Haverá muitos soldados para encontrar as brechas da nossa escolta.
— Isso é verdade.
Se dividirmos o grupo , duas pessoas terão que proteger o alvo da escolta.
O poder de combate disponível diminuirá significativamente.
— Só precisamos mudar nossa abordagem.
— Mudar a abordagem?
— De avanço frontal para infiltração.
Eu olhei para cima.
O céu antes claro agora estava tingido de tons rosa.
— Vamos esperar a noite e depois fugir da cidade.
Se nosso poder de combate cair abaixo da metade, será impossível tentar um avanço frontal.
No entanto, também existem vantagens neste plano. Com menos pessoas, podemos ser mais discretos. Dependendo de nossas ações, poderemos escapar sem entrar em combate.
Se não vamos entrar em combate, não há necessidade de trazer consigo uma arma de poder de fogo como um mago. Além disso, a magia do fogo inevitavelmente causa perturbações nos arredores. Portanto, Eolka está excluída. Se inserirmos a versátil Jenna a eles, ampliaria o leque de respostas a variáveis.
— Vocês dois, vão para os arredores da cidade. Provavelmente haverá grupos de busca ativos durante toda a noite. Vocês só precisam evitá-los carregando Aaron até que consigamos fugir.
— Para enfrentar essa humilhação…
— Se você morrer, nada disso importa.
Passos podiam ser ouvidos de longe. Os soldados estavam entrando no beco.
Aaron contorceu o rosto como se fosse chorar.
— Me desculpe.
— Não se iluda. Não vou mantê-lo vivo apenas para agradá-lo.
— Sim…
— Vocês duas, se não conseguirem proteger Aaron, não hesitem em deixá-lo. Suas vidas são mais importantes que a de um homem ferido. Entenderam?
Jenna e Eolka assentiram antes de colocar as poções nos bolsos.
— Vamos nos mover, o tempo de descanso acabou.
O espaço aberto onde estávamos descansando era dividido em três caminhos.
Um levava para baixo e outros uma bifurcação. Todos tinham terrenos complicados, sendo útil para evitar uma perseguição.
— Vocês vão pela direita. Iremos pela a esquerda.
— Entendido.
Jenna e Eolka apoiaram Aaron e seguiram seu rumo na bifurcação à direita.
Eles podem não escapar completamente da perseguição, mas deve haver mais pessoas nos procurando. O objetivo deles era matar a garotinha.
— Vamos.
A garota se levantou.
Edis se levantou.
Edis na frente, a garota no meio e eu atrás, avançamos pelo beco. O caminho era estreito e os muros altos.
— Existe algum bom lugar para se esconder?
— Alguns. Os becos são complexos e podemos entrar em vários lugares.
— Podemos?
— Eu tentei antes, não havia paredes invisíveis.
‘Obrigado senhor.’
Se pudermos entrar nos edifícios, as nossas opções expandem-se significativamente.
Contanto que encontremos um esconderijo adequado, podemos ganhar tempo até o amanhecer.
Depois de um tempo no beco, o caminho começou a se alargar.
O lixo estava espalhado por toda parte e as partes desgastadas nos prédios eram bem visíveis. Da rua podíamos ouvir gritos e risadas.
Era uma favela.
Capítulo 60: Tipo de Missão: Escolta (4) (Parte 2)
Mesmo que uma cidade seja um exemplo de organização, haverá locais onde estão as pessoas menos abastadas.
Um homem sentado próximo à entrada se levantou.
Seu rosto sujo de óleo estava coberto de suor. Rindo, ele se aproximou de nós.
Seu alvo era visivelmente a garota.
— Hehe, o que esse bolinho de arroz está fazendo aqui?
A garota deu um pulo de surpresa e recuou.
— A senhorita está perdida? Ou você fugiu? Deixe-me guiá-la…
O homem pareceu ignorar Edis à sua frente enquanto passava.
Edis o agarrou enquanto o mesmo passava e empurrou seu pé com força.
O homem girou no ar e caiu no chão.
Bum!
Edis bateu na nuca dele com o calcanhar. Com um som semelhante ao de ossos quebrando, o sangue jorrou.
O homem tremia, contorcendo-se no chão.
Ignorando o homem caído, adentramos na favela.
Assim que entramos, pedaços de lixo que estavam voando foram trazidos pelo vento. Junto com isso, um cheiro nauseante indescritível flutuava no ar. A garota franziu a testa e tapou o nariz.
Próximo dali, era possível ver um varal entre muros altos, onde roupas sujas estavam penduradas.
Mas não havia moradores à vista.
— Se estamos nos escondendo, este lugar deve ser bom. Os caminhos são tão emaranhados quanto um labirinto e há muitos edifícios.
Concordei com as palavras de Edis.
Primeiro, precisávamos de um lugar para ficar até escurecer. A ação viria depois disso.
Foi quando a mensagem apareceu.
[Dicas: Um fato sobre Missões Longas. Às vezes as missões podem demorar muito e mesmo que você saia, os heróis continuarão ativos.]
Era uma explicação sobre como lidar com missões longas.
Como havia sinais de que a missão estava se arrastando, o sistema resolveu agir.
— Vou verificar o local primeiro.
Edis se abaixou como se estivesse se fundindo com as sombras da parede, fazendo sua figura ficar embaçada.
Era o efeito da habilidade exclusiva dos ladinos, Furtividade. Edis, que ativou a habilidade, desapareceu no interior da rua.
— Fique atrás de mim.
Caminhei lentamente, examinando os arredores.
Quase não havia pessoas na favela.
Era melhor assim. Em breve, os soldados também chegarão aqui e a busca começará.
Olhei para trás brevemente.
A expressão da garota estava tensa, mas mantinha um certo nível de compostura. Não havia nenhum indício de infantilidade ou acessos de raiva que eram típicos dessa idade.
‘Ela não é como uma garotinha comum?’
Se fosse, provavelmente teria rejeitado a sugestão de nos seguir.
Em meio ao caos, ela rapidamente identificou sua maneira de sobreviver.
Depois de um tempo Edis voltou e, seguindo suas instruções, entramos em um prédio em ruínas.
Era um edifício feito de pedra de dois andares à beira do colapso. As janelas estavam cobertas com tábuas pregadas. Lá dentro, muito pouca luz penetrava, tornando-o escuro. Além da porta da frente, havia também uma porta dos fundos, e notei um beco visível que poderia ser usado como rota de fuga.
‘É um local apropriado.’
Mesmo que os soldados se aproximassem, havia uma maneira de fugir.
Decidimos passar um tempo aqui. Edis imediatamente começou a montar armadilhas usando cordas finas e pedras. Ela colocou uma pilha de pedras amarradas com barbantes no topo da entrada depois de esticar o barbante sobre ela. Se alguém tocasse a corda, a pilha de pedras desabaria, criando barulho.
Foi o efeito de uma das habilidades de Edis, Instalação de Armadilhas.
Ladinos têm mais ênfase em missões desse tipo. Edis também havia adquirido inúmeras habilidades ao longo do tempo.
— Vamos passar um tempo aqui.
A garota caiu contra uma das paredes meio desabadas.
Seu vestido antes branco agora estava sujo de lama e poeira.
Puxei uma cadeira empoeirada da sala e sentei nela. Com uma bainha de faca no colo, olhei pela janela. O céu visível através das frestas do pano pregado estava mal iluminado.
— Vou sair um pouco.
— Saindo de novo?
— Eu também tenho um papel a desempenhar. Você é mais que suficiente para lidar com a guarda. Vou encontrar uma rota de fuga. — Edis sorriu levemente e desapareceu silenciosamente.
‘Talvez eu devesse ter trazido Jenna em vez dela.’
Nesta configuração, não tenho muito o que fazer.
Descansei meu queixo na mão e passei um tempo em silêncio. O som dos insetos do lado de fora da janela podia ser ouvido. Cerca de dez minutos se passaram assim.
— Priasis Al Ragna.
Voltei meu olhar para a garota.
Com longos cabelos prateados e olhos dourados, a garota, Priasis, estava olhando para mim.
— É meu nome. Eu sou a segunda herdeira do trono imperial.
— E?
— Parece que você é bem teimoso.
Priasis soltou uma risada amarga.
No entanto, ela logo recuperou a expressão determinada e continuou falando.
— De onde você veio?
‘Que pergunta estranha.’
De qualquer forma, nosso relacionamento seria de curta duração.
Eu respondi brevemente.
— Você não precisa saber.
— Eu revelei minha identidade e nome. Você não pode ao menos dizer isso?
— Mesmo se eu disser, você não vai entender.
— É tão complicado assim? Você veio de algum lugar que eu não conheço?
— Vamos dizer que sim.
— Por acaso… Vocês são os heróis que salvaram Nelsa?
Eu fiz uma careta.
Nelsa era o nome da cidade que salvamos no décimo andar.
— Parece que acertei.
— Como você sabia?
— Eu vi isso em um sonho.
— … Um sonho.
— Nesse sonho, os heróis lutavam para proteger a cidade. Não consegui ver seus rostos, mas tive uma forte sensação de que era você. — Priasis soltou uma risada, mas logo assumiu uma expressão determinada. — Há um ano, tenho tido sonhos estranhos. Eram basicamente pesadelos. Naqueles sonhos, tudo estava chegando ao fim. A capital do Império que durou mais de mil anos, as grandes cidades das quatro principais famílias, todas as outras grandes e pequenas cidades e vilas. Tudo no continente estava queimando.
— …
— No meio daquele sonho, me convenci de que se as coisas continuarem assim, o continente será destruído. — Priasis baixou o olhar. — Você sabe? Coisas estranhas têm acontecido ultimamente em todo o continente. Doenças não identificadas estão se espalhando, os insetos estão fervilhando e os monstros estão enlouquecendo. A invasão na cidade de Nelsa deve fazer parte disso. Originalmente, eles não invadiam os territórios humanos.
Ela estava falando devagar.
Pasmo com o que ela estava dizendo, perguntei: — Por que está me contando isso?
— …Eu preciso de poder.
— Poder?
— O poder de salvar este mundo.