Capítulo 119: The Walking Dead
Nota: Tradução do título: Os Mortos que Caminham.
Akira e o resto chegaram ao terminal de contêineres. Aqueles que o viam pela primeira vez ficaram espantados com a área enorme em que de repente se encontravam.
Shikarabe deu uma olhada na área e se virou para Carol. “Então, onde é a saída?” ele perguntou, parecendo duvidoso. “Existe algum tipo de passagem secreta que possamos usar para sair daqui sem sermos detectados?”
“Não exatamente. Vê esses contêineres? Vamos pegar um deles para sair daqui”, ela disse, e então explicou seu plano com um pouco mais de detalhes para toda a equipe.
Quando ela terminou, Shikarabe fez uma careta. “Sério? Quero dizer, você conhece a história em torno desses contêineres, certo?”
“Desde que eu escolha um contêiner seguro para nós viajarmos, deve ficar tudo bem, embora, sim, escolher o errado pode nos levar a um destino horrível, assim como diz a história de fantasmas. E, a propósito, o processo de seleção é um segredo comercial”, ela disse com uma piscadela.
Shikarabe suspirou. “É, é, entendi, isso não vai ser de graça. Discutiremos a quantia depois, então se apresse e escolha um por enquanto.”
Carol foi na frente para escolher um contêiner para todos viajarem. Akira e os outros seguiram atrás dela pelo terminal.
Ei, Alpha, sobre aquela história de fantasmas. Akira começou, mas então se conteve. Naturalmente não houve resposta. Certo, ela não está aqui… Ah, cara, se estou cometendo um erro desses, talvez chegar até aqui tenha me desgastado mais do que eu pensava. Alpha ainda não havia retornado. E a tensão constante de ter que lutar sem o apoio dela o deixou bastante exausto. Isso aliviou um pouco do seu estresse excessivo, mas agora sua concentração também estava começando a diminuir. Eles encontraram vários monstros ao longo do caminho desde que Alpha desapareceu, mas como todos eles eram fracos e facilmente eliminados, Akira não teve que prestar muita atenção.
Controle-se. Acalme-se, mas não seja descuidado. Descuido leva à morte, independentemente da situação. Não posso esquecer que estou dentro de uma ruína agora.
O apoio de Alpha era incrivelmente confiável. Mas como Akira estava operando até agora sob a suposição de que Alpha sempre estaria ao seu lado, sua ausência repentina o tirou de sua cautela e compostura habituais. Sara falou. “Você está bem, Akira?”
“O-Oh, sim. Estou bem, não se preocupe.”
“Tudo bem, se você diz. Só não se esforce, ok? Eu sei que é um pouco difícil dada a situação, mas Elena e eu estamos aqui, então não sinta que você tem que assumir tudo sozinho a menos que não sejamos confiáveis o suficiente para você, é claro.” Pelo sorriso dela, estava claro que ela estava brincando, mas Akira, no entanto, percebeu que ele estava se esforçando demais. Resolvendo aliviar um pouco mais, ele sorriu de volta para ela.
“Nah, eu não acho isso de jeito nenhum! Eu confio em você para me apoiar.”
“Então você pode contar comigo! Bem, eu digo isso, mas tem Elena para cobertura também, Certo?”
Elena sorriu também. “Claro, claro, estou aqui.”
“Essa é uma resposta bem fraca”, Sara provocou.
“É porque você nem precisa perguntar,” Elena retrucou. “Deixe comigo!”
Pelas brincadeiras, até Akira podia dizer que eles estavam suficientemente à vontade para brincar. A calma deles não nasceu da negligência, mas de um senso de confiança e compostura que eles ganharam ao ajudar e apoiar uns aos outros por tanto tempo, um sentimento que nunca poderia ser alcançado por alguém que sempre sentiu que tinha que lidar com tudo sozinho. O antigo Akira certamente não poderia ter alcançado tal estado, foi somente depois de conhecer Alpha que ele finalmente conseguiu confiar em outra pessoa.
Agora Alpha se fora. Mas ele se viu pensando que talvez pudesse contar com outra pessoa para variar, e sua ansiedade se dissipou mais uma vez, não por exaustão dessa vez, mas por uma sensação de segurança.
Carol retornou, anunciando que havia escolhido um contêiner. Ela os levou a uma grande caixa metálica que poderia facilmente conter um tanque em miniatura com espaço de sobra. Estava lacrada e não havia maçanetas ou botões em lugar nenhum para abri-la. Mas Carol ficou na frente da caixa e aparentemente operou algum tipo de terminal invisível para o resto deles, e a porta se abriu assim mesmo. “Ei, como você fez isso?” Togami não conseguiu deixar de perguntar. “Isso é informação confidencial”, Carol respondeu com um sorriso.
“O que significa que você vai vendê-la, certo? Por quanto?”, ele perguntou. “Vinte milhões de aurum.”
“V-Vinte milhões?!” Togami praticamente engasgou com o valor exorbitante.
Carol lhe deu um sorriso sedutor. “Se você alguma vez sentir vontade de pagar, me avise. Eu até te darei um serviço bônus que fará o preço valer a pena”, ela disse, indicando seu próprio corpo e sorrindo coquete.
Togami permaneceu congelado no lugar, mesmo enquanto todos os outros se dirigiam para o contêiner. Mas antes que Shikarabe subisse a bordo, ele deu um tapinha no ombro de Togami. “Só avisando agora: eu não faria isso se fosse você.”
“Quer dizer, eu não tenho esse dinheiro todo”, Togami murmurou depois de alguma hesitação.
“Mesmo que você tenha, não faça.” A expressão sombria de Shikarabe parecia sugerir que havia mais em suas palavras, e Togami percebeu que seu superior o estava alertando seriamente.
Depois que todos entraram, Carol fechou a porta. Imediatamente as paredes do contêiner ficaram transparentes como vidro, oferecendo uma visão clara do lado de fora. Elena e os outros ficaram visivelmente alarmados, mas Carol os tranquilizou. “Não se preocupem, funciona como camuflagem ativa. Ninguém pode nos ver de fora.” Elena verificou os arredores com seu scanner só para ter certeza, e descobriu que ele funcionava normalmente. “Parece que posso usar meu scanner muito bem. Carol, este contêiner parece terrivelmente conveniente para nossos próprios propósitos. Todos eles são assim por dentro?”
“Claro que não. Eu escolhi a dedo o contêiner que seria mais adequado às nossas necessidades.”
“E eu imagino que se eu quisesse saber como você escolheu, isso também custaria vinte milhões de aurum?”
“Você entendeu. A informação é muito valiosa. Então, estou ansiosa para negociar com você mais tarde.”
“Não seja tão dura comigo agora ”, Elena disse provocativamente.
Carol apenas sorriu de volta.
Shiori interrompeu a brincadeira dos negociadores. “Odeio interromper, mas posso perguntar quando este contêiner está programado para partir?”
“Deve ser daqui a dez minutos, no máximo”, Carol respondeu. “Quero me apressar tanto quanto todo mundo, mas isso é algo que a ruína controla. Não posso mudar, infelizmente.”
“Eu entendo”, respondeu Shiori.
Com isso, Akira e os outros se acomodaram para esperar.
Dez minutos não era tanto tempo assim, mas mesmo assim, Akira e os outros não podiam se dar ao luxo de desperdiçá-los. Aproveitando a oportunidade para respirar, cada um deles recarregou e reabasteceu seus equipamentos e armas. Enquanto Akira se sentava no chão, trocando pentes de munição e pacotes de energia, ele deu um longo suspiro. Alpha ainda não voltou. Por que ela está demorando tanto? Ele esperava que ela voltasse muito antes, mas ela ainda não havia retornado. Claro, ela tinha algo importante para cuidar, mas ele não conseguia deixar de desejar que ela se apressasse.
Ao seu lado, Carol o ouviu suspirar e sorriu. “Não precisa ficar tão preocupado. Nós voltamos para casa sãos e salvos da última vez, não é?”
Embora ela não tivesse adivinhado o real motivo do seu humor, ele apreciou a preocupação dela. “É? Acho que passamos por um momento bem difícil antes disso”, ele disse com um sorriso pálido.
De forma deliberada e exagerada, Carol desviou o olhar dele como se dissesse: “Não tenho certeza do que você quer dizer”.
Ele podia dizer que ela estava brincando, tentando animá-lo. Ela se virou para encará-lo novamente, e eles sorriram um para o outro.
“Pensando bem”, ele lembrou, “você disse algo a Shikarabe sobre acabar como nas histórias de fantasmas. O que isso tem a ver com esses contêineres?”
“Quer dizer que você não sabe? Achei que já tivesse te contado antes. É uma das histórias de fantasmas mais famosas que cercam Mihazono.” Ela explicou que de vez em quando, caçadores explorando a ruína avistavam uma porta aberta que aparentemente não levava a lugar nenhum. Através da abertura, um tesouro de relíquias podia ser visto, mas se um caçador entrasse, a porta se fecharia imediatamente atrás deles, e eles nunca mais conseguiriam retornar. A “Porta para o Esquecimento” também não poderia ser ridicularizada como apenas uma história fajuta, já que um bom número de caçadores realmente desapareceu por ali.
Akira pensou por um momento. “Ah, entendi. Algumas dessas ‘caixas’ com camuflagem ativa foram deixadas abertas, então as relíquias estavam visíveis dentro. Então, enquanto os caçadores estavam coletando as relíquias, os contêineres começaram a se mover, levando as pessoas com eles.”
“Provavelmente. Mas é uma história de fantasmas, então quem sabe? Talvez haja algum tipo de sistema em funcionamento que detecte qualquer um suspeito tentando entrar e os leve para algum campo de concentração do Velho Mundo em algum lugar,” ela disse casualmente.
Akira enrijeceu. “V-Você acha que realmente ficaremos bem andando nessa coisa?”
“Como eu disse, não se preocupe. Eu escolhi uma segura. Além disso, nós andamos em uma antes e estávamos bem.” Então ela abaixou a voz para um sussurro. “Além disso, eu escolhi a mais resistente que eu pude encontrar. Então, mesmo se formos atacados no ar novamente, não será uma repetição da última vez.”
“O-Ok,” Akira respondeu, mas ele ainda parecia ansioso. Ele preferia não correr descendo pela lateral de um prédio novamente, especialmente sem o apoio de Alpha, se ele pudesse evitar.
Vinte minutos já haviam se passado desde que Akira e os outros entraram no contêiner, o dobro do tempo que Carol havia estimado inicialmente, mas a grande ‘caixa’ ainda estava no chão. Carol inclinou a cabeça preocupada. “Hmm… Isso é estranho. Definitivamente deveríamos ter decolado agora.”
Os outros trocaram olhares cautelosos. Akira, que estava olhando pela janela, falou, parecendo confuso.
“Ei, Carol, não havia um monte de contêineres sendo carregados para dentro e para fora pelos corredores quando estivemos aqui da última vez? Nada está se movendo agora. O que há com isso?”
Chocada, Carol correu até a janela para verificar por si mesma. “N-Não! Não pode ser, o transporte de contêiner está offline?!”
Como se fosse uma deixa, a voz de Monica veio pelo rádio. “Ah, você estava pensando que conseguiria escapar? Que azar, eu desliguei o terminal! Agora você não tem mais chance!” Sua voz presunçosa ressoou por todo o contêiner em que estavam.
“Isso mesmo, pânico! Tremam de medo! Vocês acharam que conseguiriam me superar?! Nunca! Vocês já sabem, certo? Não importa o que vocês tentem, não importa com o que vocês me ataquem, nada disso vai funcionar contra mim!”
Os novatos, Akira, Togami e Reina, começaram a entrar em pânico. Mas os veteranos já tinham se recuperado do choque e já estavam planejando o próximo movimento.
“Elena, você consegue localizar Monica daqui?” Shikarabe perguntou. “Um momento. Sim, eu a vejo.”
Monica estava parada na entrada de um dos corredores no alto de uma das paredes altas do terminal. Apesar dos inúmeros contêineres alinhados no chão, Monica havia escolhido ficar corajosamente em campo aberto em vez de se proteger, quase como se estivesse desafiando-os a tentar atirar nela. Isso por si só mostrou o quão confiante ela estava em suas defesas.
Da localização de Monica em seu próprio scanner dava para ver. “É, eu a vejo também. Diga, você acha que o alcance da chamada dela cobre todo o terminal?”
“Não, considerando a largura do espaço e todos os contêineres no caminho, provavelmente é mais como um quinto do terminal, no máximo.”
Shikarabe suspirou profundamente. “Entendo. Tudo bem, rapazes!” Suas palavras mudaram o clima entre o grupo, voltando sua atenção para o negócio em questão. “Vamos garantir que todos estejam na mesma página: ouviremos os pensamentos de todos e, então, discutiremos nosso próximo passo. Primeiro, quanto do que Monica acabou de dizer vocês acham que foi um blefe e quanto foi uma isca para nos atrair?”
“Hmm,” começou Elena. “Bem, se eu tivesse que dizer…” Ela notou que Akira, Togami e Reina tinham perguntas escritas em seus rostos.
Os dois veteranos trocaram olhares, e Elena sorriu ironicamente. Shikarabe pareceu relutante, mas assentiu.
O transporte de contêineres estava offline, e Monica estava de alguma forma envolvida. Esses eram fatos. Mas Shikarabe sentiu que uma mera segurança como Monica não teria recebido autoridade para desligar todo o sistema. Ela provavelmente pediu ao seu empregador para congelar o sistema, e ele o fez, mas apenas temporariamente. Então sua alegação de que eles não poderiam escapar era uma mentira. Se eles esperassem tempo suficiente, o sistema provavelmente voltaria a funcionar, e então eles poderiam chegar em segurança.
Ele também duvidava que Monica realmente soubesse que eles estavam aqui no terminal. Considerando o quão precisamente ela os perseguiu no caminho para cá, ela deve ter tido alguma maneira de saber a localização deles. Mas se ela sabia onde eles estavam agora mesmo, por que ela não atacou? O fato de que ela não tinha feito isso significava que ela realmente não sabia, ou que ela talvez soubesse, mas não podia atacar o contêiner em que eles estavam.
A teoria de Shikarabe era que o que quer que Monica estivesse usando para rastreá-los até agora provavelmente só funcionava dentro da própria fábrica. Quando eles não estavam em lugar nenhum lá dentro, ela provavelmente deduziu apenas pelo processo de eliminação que eles estavam indo para o terminal. Mas ela percebeu que se a equipe usasse uma passagem subterrânea escondida ou algum outro meio que ela não soubesse dentro do terminal, eles poderiam escapar facilmente. A verdadeira razão pela qual Monica se mostrou não foi porque ela estava confiante em suas defesas, mas para incitá-los a atacar e revelar sua localização, ou talvez apenas para atraí-los para fora do contêiner. De qualquer forma, se ela pudesse induzi-los a responder, ela saberia com certeza que eles estavam aqui no terminal. Se ela não obtivesse nenhuma reação, havia uma forte possibilidade de que ela pudesse sair para procurar em outro lugar, ou que o sistema pudesse retornar à sua operação normal nesse meio tempo.
“Então acho que nossa melhor aposta é esperar aqui,” Shikarabe finalizou. “Essa é só minha opinião, no entanto o que todos os outros pensam?”
Elena concordou. “Sem argumentos aqui. Além disso, nos últimos minutos, Monica tem se movimentado pelo terminal repetindo a mesma coisa que disse antes. Já que não respondemos, ela provavelmente está pensando que está fora do nosso alcance, e está tentando garantir que a ouçamos.”
“Se isso não é uma atuação, então basicamente confirma que ela não tem ideia de onde realmente estamos”, concluiu Shikarabe.
“Certo”, disse Elena com um aceno de cabeça.
A compreensão finalmente surgiu em Togami. Depois de chegar até aqui e finalmente ver uma chance de escapar, ele estava preocupado que tudo o que eles tinham feito tinha sido inútil e eles tinham chegado a um beco sem saída. Mas seu alívio ao ouvir que as coisas não estavam tão ruins era evidente.
Shikarabe olhou para ele e suspirou. “Togami, você já deveria ter percebido isso. Pense nisso, se você realmente tivesse tido sucesso durante as caçadas de recompensas e fosse colocado no comando de um batalhão como queria, você teria que fazer esse tipo de ligação sozinho.”
Tendo o futuro que um dia sonhou jogado na cara, Togami não teve como refutar.
Shikarabe não tinha terminado com ele, no entanto. “Ou você teria deixado tudo isso para os superiores? Nesse caso, seus ‘superiores’ seriam aqueles burocratas de escritório. Você realmente acha que é uma boa ideia confiar a vida de você e seus companheiros de equipe a um bando de empurradores de lápis que mal pisaram no deserto?” O colega de Shikarabe, Kurosawa, havia deixado Druncam exatamente por esse motivo: ele tinha a sensação de que se as coisas continuassem como estavam, os burocratas de escritório acabariam assumindo o controle de toda a organização e ele não queria fazer parte disso. Shikarabe, por sua vez, havia ficado para trás para evitar que esse futuro acontecesse.
Enquanto Togami abaixava a cabeça envergonhado, três outros desviavam os olhos, Akira, Reina e Sara, que geralmente deixavam esse tipo de julgamento para os outros. Akira geralmente deixava a tomada de decisões para Alpha, Reina para Shiori e Sara para Elena, até mesmo decisões que diziam respeito às suas próprias vidas. No entanto, eles não pareciam desanimados como Togami, porque cada um deles depositava tanta confiança em seu companheiro. Akira e Sara apenas sorriram ironicamente, e Reina abaixou a cabeça ligeiramente apenas porque desejava ser forte o suficiente para não ter que depender de Shiori.
Elena os viu e deu um pequeno sorriso. “Ei, Shikarabe, que tal deixar a conversa sobre Druncam para depois? Não acho que seja o melhor momento.”
“Ah, sim, desculpe. Voltando aos negócios, então qual é o plano?”
“Boa pergunta. Vamos ver…” Elena parecia séria enquanto pensava por um momento. “Vamos esperar.”
A líder da equipe tomou sua decisão, e a competição de resistência entre a equipe de Akira e Monica começou.
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Monica continuou a se mover pelo terminal. Ela estava começando a ficar ansiosa.
Assim como Shikarabe havia adivinhado, Monica não sabia onde Akira e os outros realmente estavam. Ela apenas inferiu que eles estavam no terminal com base na rota que Akira e os outros seguiram. Ela fez seu anúncio esperando expulsá-los, estimulando-os a procurar outra rota de fuga. Mas nada aconteceu, e agora a pressão estava sobre ela. O sistema havia congelado apenas temporariamente, mais cedo ou mais tarde, ele voltaria à vida. Mas ela não podia simplesmente começar a atirar em contêineres aleatoriamente na esperança de que Akira e os outros pudessem estar lá dentro, o sistema que a havia contratado não permitiria isso. Além do mais, eles podem já ter usado uma rota que ela não conhecia para escapar, o que certamente explicaria por que não reagiram. Se eles não estavam mais no terminal, então procurá-los aqui era um desperdício de esforço em primeiro lugar.
De qualquer forma, o pensamento da equipe escapando já a estava deixando em pânico. Mas ela notou algo que a fez congelar de terror, estava começando a chover.
“C-Chuva?! Oh, merda!”
Sua confiança anterior desapareceu sem deixar vestígios. Agora desesperada, ela tomou uma decisão precipitada e enviou uma nova solicitação ao seu empregador.
Foi concedido.
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A chuva começou a cair no contêiner em que Akira e os outros estavam, e gradualmente se tornou um aguaceiro. Akira, que estava observando a chuva pela janela, notou a expressão conflituosa de Elena. “O que há de errado?”, ele perguntou. “Hm? Quero dizer, agora que está chovendo, eu estava pensando sobre o melhor curso de ação a tomar.”
“O que você quer dizer? Você disse que vamos esperar, certo?”
“Bem, sim, ainda é uma opção. Mas…” Pela expressão no rosto de Akira, Elena viu que ele estava perdendo algumas informações importantes e começou a preenchê-lo. A chuva no Leste frequentemente continha traços de neblina incolor embora a quantidade variasse, dizia-se que a densa neblina que cobria os céus se misturava à chuva conforme ela caía. Então, a maioria dos caçadores não trabalhava em dias chuvosos: a chuva não apenas prejudicava sua visão, como a neblina incolor reduzia a precisão de seus scanners e a potência e o alcance de suas armas. Pouquíssimos caçadores escolheriam deliberadamente sair para o deserto especialmente quando era altamente provável que encontrassem um monstro perigoso a curta distância, em condições como essas.
Mas, por outro lado, o mesmo acontecia com os monstros, o alcance em que eles podiam detectar inimigos ou atacar também era drasticamente reduzido. Por esse motivo, alguns caçadores aproveitavam os dias chuvosos como uma oportunidade para explorar ruínas cheias de inimigos perigosos e poderosos contra os quais, de outra forma, nunca teriam tido chance. E, nesse caso em particular, a chuva foi, na verdade, uma bênção para Akira e o resto da equipe. Se o efeito da névoa incolor tivesse se espalhado para a fábrica também, eles provavelmente conseguiriam passar por Monica sem serem detectados. Suas armas, capazes de eliminar duas unidades de armaduras energizadas, também sofreriam redução de poder e alcance. E seria mais fácil ver seu escudo de campo de força na chuva. De várias maneiras, então, a chuva os ajudaria a escapar.
Mas também havia algumas desvantagens. Akira e os outros estavam tentando sair da ruína, mas tudo o que eles realmente precisavam fazer era ir longe o suficiente para contatar a base da cidade. E com seu ponto de retransmissão, as armaduras motorizadas, destruídas, também havia uma chance de que outra equipe já tivesse sido despachada para investigar. Nesse caso, eles só precisavam entrar em contato com essa equipe para retransmitir a situação para a base e solicitar ajuda. Considerando que um traidor assassino contratado pela ruína estava à solta, eles poderiam esperar uma resposta rápida, além da chuva, claro.
As comunicações agora seriam mais irregulares do que nunca, ruim o suficiente para que eles não pudessem se conectar à base mesmo se andassem bem perto dela. Isso daria a Monica mais tempo para matá-los e encobrir todo o incidente. Elena reconsiderou. “Meu palpite é que Monica só consegue detectar nossa localização em áreas que ainda estão ativas e funcionando. Nos setores desligados, é mais difícil para ela.”
“Parece razoável”, Akira ofereceu.
“Então eu estava pensando se valeria a pena correr o risco de expor nossa localização se tentássemos fugir, e quais seriam nossas chances nesse cenário.”
Akira assentiu como se tivesse entendido.
“O que você acha?” Elena o pressionou.
“H-Huh? Eu? D-Desculpe, não tenho ideia,” ele respondeu honestamente.
“Entendo”, ela disse, determinando que o sexto sentido dele não devia estar ativo no momento.
Shikarabe estava estudando Akira enquanto o garoto ouvia atentamente a explicação de Elena. Então ele nem sabe tanto assim? Seu conhecimento de caçador é basicamente o de um completo iniciante, mas ele é tão forte. Como diabos isso aconteceu? Não, talvez esse seja o segredo por trás de sua força?
Conhecimento era poder, conhecimento preciso levava à tomada de decisões corretas, que contornavam riscos e levavam a vitórias mais eficientes. O conhecimento de Akira era severamente deficiente, prejudicando seu poder de tomar decisões corretas. Isso o levou a perigo após perigo, forçando-o a lutar por sua vida constantemente. Mas ele sobreviveu e talvez todas aquelas situações desesperadoras, nascidas de más escolhas, o fortaleceram a um grau que poucos novatos poderiam alcançar.
Não havia melhor maneira de ficar mais forte do que superar a morte. Durante a luta com a tankrantula, Akira se comportou de forma incrivelmente imprudente mas para Shikarabe, o garoto pareceu casual sobre isso, como se este fosse apenas mais um dia de trabalho para ele. Se sua ignorância o colocou em problemas com tanta frequência que ele teve que enganar a morte regularmente, então não é de se admirar que Akira fosse tão capaz! Shikarabe finalmente sentiu que estava começando a entender, mas então balançou a cabeça.
Não, isso está errado. Mesmo que ele seja apenas uma criança, alguém tão forte não pareceria tão fraco quanto ele. Então, o que há? Shikarabe teve a sensação de que quanto mais olhasse para Akira, mais duvidaria de sua própria intuição. Então, em vez disso, ele voltou seu olhar para alguém que estava perfeitamente alinhado com sua intuição, Togami. O veterano agora assentiu em satisfação. Agora, esse cara, ele também é uma criança, mas em termos de força, ele não é tão ruim, pelo menos, ele é mais forte do que o resto do Grupo B. E até parece que nos últimos dias ele colocou uma tampa nessa arrogância dele. Com Togami, a intuição de Shikarabe não o traiu. Não havia nada que o impedisse de avaliar o garoto por uma lente imparcial e objetiva, e ele decidiu que Togami realmente possuía alguma habilidade. Ele ainda era um pirralho e tinha um longo caminho a percorrer, é claro. Mas a avaliação atual de Shikarabe sobre a habilidade de Togami, somada à recente mudança de atitude do novato, fez com que a opinião do veterano sobre ele melhorasse um pouco.
Togami continuou a olhar para fora, sentindo-se melancólico. Ele havia se recuperado das duras críticas de Shikarabe o suficiente para levantar a cabeça novamente, e sua melancolia havia clareado o suficiente para não atrapalhar sua performance.
Mas seu estado mental atual também não estava lhe fazendo nenhum favor. A confiança absoluta que Togami possuía antes tinha sido uma má influência para ele no geral, mas também havia melhorado seu desempenho. Agora que ele estava ciente disso, ele seria mais forte do que nunca se pudesse apenas recuperar essa confiança. Mas isso parecia cada vez mais improvável com o passar do tempo.
De repente, Shiori se dirigiu a ele. “Sr. Togami, você tem um momento?”
“Ah, claro, o que houve?”
“É sobre o Sr. Ezio. Se você quiser, eu posso tirá-lo das suas mãos por um tempo.” Togami hesitou a princípio. Embora fosse verdade que Shikarabe havia ordenado que ele carregasse a cabeça de Ezio porque Shikarabe não o via como um recurso valioso em combate, isso também significava que o veterano confiava em Togami o suficiente para proteger o ciborgue. O garoto sentiu que renunciar seu papel a Shiori o colocaria entre aqueles que precisavam de proteção, em vez daqueles que os protegiam. Mas então ele se lembrou de que Shikarabe também o havia encarregado de proteger Reina, então ele obedeceu. “Tudo bem. Eu agradeço.”
Shiori pegou a cabeça de Ezio, agradeceu a Togami e foi embora. Ela provavelmente entregaria a cabeça para Reina, Togami poderia descobrir isso. Mas uma vez que Reina a pegasse, o que ela faria? Ela tentaria tirar o fardo de suas empregadas e Togami fazendo um esforço para se proteger? Ou ela deixaria todos protegerem tanto ela quanto Ezio? Mas mesmo que ele soubesse a resposta, não importaria. Togami deixou essa linha de pensamento passar.
Sentindo a tristeza dentro dele aumentar, ele se virou para a janela mais uma vez e imediatamente esqueceu toda a sua melancolia.
“Ei! Tem alguém lá fora! Muitas pessoas, na verdade!” ele gritou. Diante dos olhos de Togami, várias figuras humanas estavam abrindo caminho entre as fileiras de contêineres na chuva. Devido a uma combinação de névoa incolor e puro acaso, Togami os notou antes mesmo de Elena, que estava examinando os arredores o tempo todo.
O scanner de Elena ainda era muito mais preciso do que a visão de Togami, e uma vez que ela examinou a área por si mesma, Elena não conseguiu esconder sua surpresa. “Ele está certo, não consigo ver tudo por causa da chuva, mas há um bando de figuras humanas passando pelo terminal. Eles parecem estar indo para algum lugar, não, se espalhando?”
Shikarabe pareceu confuso e soltou um gemido baixo. “Uma equipe de investigação recém-despachada, talvez? Não, há muitos deles e uma equipe como essa já teria pelo menos tentado nos contatar. Algo está errado.”
Sara tinha um olhar preocupado no rosto. “Bem, talvez eles tenham tentado nos contatar, mas não conseguiram por causa do clima? Mas sim, eles não parecem uma equipe, ou que estejam investigando alguma coisa, por falar nisso.”
Claro, isso não significava necessariamente que os recém-chegados eram inimigos, mas todos os presentes concordaram que eles provavelmente não eram amigáveis. Eles queriam sair e dar uma olhada mais de perto, mas se saíssem do contêiner agora, suas chances de serem detectados por Monica aumentariam drasticamente. Então todos usaram seus scanners e olhos para coletar o máximo de informações que pudessem sem colocar os pés do lado de fora.
Eles detectaram mais corpos, aparentemente espalhados por todo o terminal. À primeira vista, não pareciam ser muitos, principalmente por causa de todos os contêineres no caminho e quão vasto o terminal em si era para começar, mas eles já podiam contar bem mais de cem no total.
Akira foi o primeiro a reconhecê-los, porque Alpha havia melhorado as capacidades de análise de seu scanner, as figuras nebulosas na chuva torrencial apareceram claramente para ele. “É… Elena, acho que eles são inimigos. Definitivamente não são amigáveis.” Ele enviou os dados de seu scanner para todos os outros, e eles imediatamente perceberam o porquê.
“Os cadáveres” o rosto de Reina endureceu de medo “estão se movendo!”
Até mesmo Togami, que cresceu nas favelas e estava acostumado a ver cadáveres, parecia assustado com o que estava testemunhando. “Que diabos?!” Alguns dos rostos dos cadáveres pareciam apenas doentiamente pálidos, tinham perdido a cor natural da pele ou tinham ferimentos de bala na testa. Outros estavam mais obviamente mortos, com mais da metade da cabeça arrancada ou tudo abaixo do pescoço completamente esmagado. Alguns usavam capacetes, o que tornava mais difícil dizer, mas através de suas viseiras quebradas a equipe conseguia ter um vislumbre do conteúdo horrível dentro, e os capacetes estavam fixados no lugar sobre os trajes motorizados quase exatamente nas mesmas posições em que estavam quando os caçadores estavam vivos.
Akira fez uma careta. “Quem vocês acham que está controlando eles?”
Togami olhou para Akira surpreso. “Espera, alguém está controlando eles?!” Akira percebeu que tinha cometido um erro. “U-Uh, quero dizer, eles estão mortos, então não conseguem se mover sozinhos, certo?” ele disse, tentando disfarçar.
“Bem, claro, você tem razão nisso, eu acho”, o outro garoto respondeu. Akira deu um suspiro interior de alívio. Como ele estava tão acostumado com Alpha controlando seu próprio traje, o conceito de alguém além do usuário manipulando um era normal para ele, e ele imediatamente chegou a essa conclusão. Mas a reação de Togami indicou que essa ideia não era tão normal para todos os outros.
Nem Shikarabe tinha adivinhado a princípio. Mas ao ouvir a pergunta de Akira, ele achou que o conceito fazia sentido e correu com ele. “Esses trajes motorizados são provavelmente do tipo que permite ao usuário entregar sua autoridade a outra pessoa. Caçadores trabalhando em equipes os usam com frequência, se um deles ficar inconsciente, é mais fácil simplesmente assumir o controle do traje do que carregá-lo fisicamente, e mesmo se alguém morrer, seus companheiros de equipe não perderão necessariamente seu poder de fogo. Claro, isso pressupõe que você confie em alguém o suficiente para assumir o controle do seu próprio corpo…” Ele parou por um momento, então balançou a cabeça. “Mas duvido que seja isso o que está acontecendo aqui.”
Carol sorriu ironicamente. “É, isso é diferente. Esses são provavelmente os caçadores que morreram aqui, neste distrito, os corpos que Monica limpou da fábrica.”
“Eu concordo. Claro, eles não teriam dado permissão para Monica controlar seus trajes, e com essa chuva a interferência deve impedi-la de controlar os corpos remotamente de qualquer maneira.” Shikarabe suspirou. “Sabe, há uma história de fantasmas sobre caçadores que morreram em Mihazono e agora vagam pelas ruínas procurando por seus companheiros de equipe e atacando outras pessoas, mas isso supostamente é no distrito comercial. Não me diga que é verdade aqui?”
Se seus inimigos fossem zumbis comuns, armas anti-monstros teriam acabado com eles rapidamente. Cadáveres ambulantes seriam um pouco assustadores, mas dificilmente uma ameaça. Esses, no entanto, eram todos caçadores que tinham ido investigar as ruínas e, portanto, estavam bem equipados. E a julgar pela rapidez com que sacavam suas armas, eles podiam usá-las sem dificuldade. Em outras palavras, eles representavam uma ameaça real.
Mas isso não foi tudo. Os movimentos de Monica também mudaram. Ela saltou da boca do corredor alto em que estava parada e começou a voar ao redor do terminal como se estivesse procurando por algo. Finalmente, ela pousou em cima de uma pilha alta de contêineres nas proximidades e examinou a área ao seu redor.
Akira e os outros no contêiner observavam Monica atentamente. Ela tinha chegado perto, mas tinha que ser uma coincidência, ela não conseguia saber onde eles estavam. Ainda assim, eles não conseguiam deixar de se sentir ansiosos e se ela soubesse?
De repente, o olhar de Monica se voltou para o contêiner e ela sorriu, apontando seu canhão laser na direção deles.
“Ela nos encontrou?! Como?!” Carol gritou. Nada poderia tê-los entregado, ela tinha certeza disso quando escolheu esse contêiner.
Akira não achou que isso fosse um dos blefes de Monica, afinal, o cano do canhão estava acendendo. A imagem do poderoso canhão laser do caracol multigun detonando o monstro de recompensa de dois bilhões de aurum se repetiu no fundo de sua mente, e ele entrou em pânico. “C-Carol? Se essa explosão nos atingir… o contêiner será capaz de resistir?”
Carol sorriu severamente. “Sabe, essa é uma boa pergunta.”
“Todos, evacuem!” Elena gritou. “Carol, abra a porta!”
Carol foi direto para a entrada e a abriu. Akira, Sara e Shikarabe prepararam suas armas enquanto corriam para fora, para que estivessem preparados para lidar com Monica. Mas Shiori e Kanae ficaram para trás.
“Kanae!” gritou Shiori.
“Te peguei, mana!”
Kanae puxou Reina para trás quando ela estava prestes a seguir Akira e os outros, desequilibrando a garota. Togami viu isso e parou no meio do caminho, atordoado. No mesmo momento, Shiori se preparou para desembainhar sua lâmina na direção de Monica.
Monica atirou. Uma explosão de energia densa, ainda mais forte do que o tiro que havia destruído sem esforço as duas armaduras energizadas, irrompeu do canhão laser, destruindo tudo em seu caminho.
Shiori liberou sua lâmina exatamente ao mesmo tempo. Sua arma, tendo drenado tanto o pacote de energia no punho quanto o da bainha, estava transbordando de energia. Nem mesmo a lâmina em si conseguia lidar com a grande quantidade de poder infundido nela, e enquanto ela balançava, ela se dissolvia em partículas de energia. Mas em vez de ser repelida pela armadura de campo de força ao redor da arma, as partículas se reuniram ao redor dela, formando uma enorme lâmina de luz. Em um instante, a lâmina cortou o recipiente em que Akira e os outros estavam, tão facilmente que poderia muito bem não haver obstrução em primeiro lugar, e encontrou o feixe do canhão laser do Velho Mundo de Monica de frente.
A força da colisão destruiu toda a água da chuva na área, permitindo que todos vissem suas consequências: uma esfera de destruição se expandindo rapidamente a partir do ponto de impacto, engolindo tudo em seu caminho.
