Capítulo 2: Uma aposta contínua
Depois de se separar de Sheryl, Akira foi direto para a loja de Shizuka. Uma notificação chegou de Druncam, eles depositaram seiscentos milhões de aurum em sua conta, e ele ficou emocionado. Eu sei que eles disseram que pagariam imediatamente, mas isso foi muito rápido!
Alpha também sorriu alegremente. Provavelmente porque Druncam queria você e os outros fora de cena o mais rápido possível. Mas isso nos ajuda do mesmo jeito.
Deve ser isso! Eu me pergunto o que eu vou conseguir comprar com seiscentos mil? Ele entrou na loja de Shizuka transbordando de expectativa. Como sempre, Shizuka o cumprimentou com um sorriso educado, mas quando Akira explicou no decorrer da conversa que ele estava aqui para substituir seu equipamento mais uma vez, seu rosto ficou nublado.
“Elena e Sara já me contaram o que aconteceu, mas vocês realmente passaram por momentos difíceis, não é?”, ela disse.
“Sim”, ele respondeu. “Foi super perigoso.” Desta vez, ele não conseguiu esconder ou esquivar o quanto teve que se esforçar demais diante do perigo, e, de qualquer forma, ela percebeu apenas pelo cansaço em sua voz. “Sinto que finalmente entendi quanta diferença ter o equipamento certo pode fazer. Não apenas os itens do Velho Mundo que nossa inimiga estava usando, mas também as armas corpo a corpo antiforça e munição que minhas companheiras de equipe tinham. Se não fosse por elas, eu provavelmente não teria sobrevivido. Graças a essa experiência, agora sei o quão importante o equipamento é para minha sobrevivência.” Dizer a Shizuka seus sentimentos honestos foi como tirar um peso de seus ombros e, com um sorriso, ele deixou de lado a conversa fiada e foi direto ao assunto. “Então, dito isso, se você não se importar, eu queria saber se você poderia recomendar algumas opções?”
Mesmo que ele tivesse dito “se você não se importar”, ele não achava que Shizuka o recusaria. Mas quando a expressão dela permaneceu preocupada, ele começou a parecer inseguro. “Er, ou não?”
“Akira, qual é seu orçamento dessa vez?” Shizuka perguntou.
“Ah, c-certo. Cerca de seiscentos milhões.”
“E foi isso tudo que você ganhou em Mihazono?”
“Não, essa é só a minha parte da recompensa de Monica. Também ganhei uma parte da missão de resgate com Elena e os outros.”
“Entendo.” Mas ela ainda parecia em conflito.
“Hum, Shizuka?” ele arriscou.
Mas quando ele estava ficando ansioso, ela abriu seu sorriso educado de sempre. “Tudo bem! Seiscentos milhões de aurum, você disse? Fiquei hesitante porque não tenho certeza se uma loja humilde como a minha está à altura dessa tarefa, mas vou tentar o meu melhor!”
Akira pareceu aliviado. “Obrigado, eu realmente aprecio isso!”
“Além disso, é verdade que o equipamento é importante, mas não se esqueça de que sua própria saúde vem em primeiro lugar. Tenho certeza de que você está exausto depois de tudo o que aconteceu em Mihazono, correto?”
“Sim, de verdade,” ele respondeu.
“Então descanse bem e por um bom tempo para rejuvenescer sua mente e seu corpo”, ela disse com um sorriso gentil, “já que eles são tão importantes para sua sobrevivência. Pense neles como mais um equipamento para ser consertado. Se eles não estiverem bem descansados e afiados, você não conseguirá se mover como quer quando for preciso. Entendeu?”
“Sim, senhora.”
“Bom. Agora, você pode me dizer que tipo de equipamento você está procurando dessa vez? Com seiscentos mil, você basicamente tem a escolha do lote, então não precisa se segurar.”
Percebendo que Shizuka só estava preocupada com ele, ele abriu um sorriso e contou o que tinha em mente.
Shizuka realmente estava preocupada com ele, mas não exatamente da forma como Akira havia imaginado. Ela estava nervosa sobre como ele gastaria seu dinheiro.
Quando os apostadores ganhavam dinheiro com uma aposta bem-sucedida, eles colocavam seus ganhos em uma aposta maior para um pagamento ainda maior. Mas a maioria não conseguia continuar saindo vitorioso em suas apostas contínuas e acabava atolados em dívidas ou com suas vidas em ruínas.
Como caçador, Akira estava fazendo a mesma coisa. Talvez Shizuka não tivesse se preocupado tanto se estivesse comprando equipamentos de alta qualidade com o único propósito de evitar perigos. Mas ela sabia desde que se conheceram que ele estava apenas atualizando seu equipamento para assumir riscos maiores. Repetidamente, ele arriscava sua vida, recebia uma recompensa enorme e então se virava e investia tudo em equipamentos ainda melhores para sua próxima jogada de dados.
Desta vez, ele ganhou seiscentos milhões de aurum, não era o suficiente por enquanto? Ela estava debatendo se deveria dizer a Akira que ele deveria dar um tempo (o verdadeiro motivo pelo qual ela parecia tão em conflito). Mas ela teve um palpite de que fazer isso seria perda de tempo, então no final ela decidiu contra isso e, em vez disso, tentou fazê-lo pensar em seu bem-estar como mais uma ferramenta que ele precisava manter para seu trabalho. Como ele havia percebido recentemente a importância do equipamento, ela esperava que ele pensasse duas vezes antes de se arriscar mais uma vez em sua aposta contínua.
Claro, ela sabia que no fundo ele não pararia. Ele era um caçador, eventualmente ele seria forçado a fazer sua próxima aposta e, sem dúvida, arriscaria sua vida mais uma vez. Mas talvez o conselho dela ao menos o convencesse a fazer um bom e longo descanso antes, para que ele estivesse em condições de pico quando as coisas piorassem mais uma vez.
Enquanto isso, enquanto ele e Shizuka conversavam, Alpha observava atentamente o comportamento de Akira.
♦
Depois que todas as relíquias de Akira foram inventariadas, Katsuragi, Sheryl e os empresários foram para outra sala no armazém para discutir planos de negócios em particular. Os comerciantes ainda se perguntavam como Akira tinha acabado com tal saque, mas havia relíquias valiosas o suficiente para despertar seu interesse, independentemente de suas dúvidas. Agora que eles tinham visto os bens por si mesmos e sabiam que Katsuragi não estava apenas soprando fumaça, eles estavam ansiosos para fazer a bola rolar.
“Katsuragi, você está realmente planejando montar a loja nas favelas?”, disse um homem. “Eu entendo que é o lugar mais conveniente para você vender relíquias adquiridas em circunstâncias incomuns, mas elas realmente estarão seguras lá?”
“Não se preocupe, Sheryl aqui vai fazer um acordo com a gangue que é dona do território na área.”
Todos os homens voltaram sua atenção para Sheryl, que sorriu calmamente como se dissesse: “Deixe comigo”.
“Também tenho alguns caçadores em mente para contratar para segurança”, Katsuragi acrescentou. “E se isso não for o suficiente, sinta-se à vontade para ajudar e contratar alguns caçadores seus para segurança extra. Isso deve cobrir tudo, não?”
“Bem, nesse caso…” o homem começou.
“Ah, na verdade…” Katsuragi o interrompeu, como se tivesse acabado de se lembrar. “Desculpe, Tomejima, mas você vai ter que ficar de fora dessa.”
“Huh?! Por quê?! Você me convidou aqui! O que você está tentando fazer?” O homem, que era de fato Tomejima, alguém que Akira conheceu quando Shikarabe o convidou para participar das caçadas de recompensas, parecia furioso.
Katsuragi franziu a testa, como se lhe doesse dar essa notícia. “Acabei de lembrar, você entrou em conflito com Akira antes, não foi? Ouvi dizer que foi tão ruim que se ele te visse de novo, provavelmente te mataria assim que te visse.”
Tomejima ficou rígido. “I-Isso não foi…” Ele encontrou Akira enquanto negociava com o grupo de Shikarabe no bar. Kadol, um caçador que Tomejima convidou, começou uma briga com Akira e quase acabou morto como resultado. Então, tecnicamente, Akira tinha problemas com Kadol, não com Tomejima.
Mas Katsuragi já sabia disso e balançou a cabeça de qualquer maneira. “Você realmente acha que Akira se importa com quem começou? Ele pode não ter reconhecido você quando esteve aqui há pouco tempo, mas e se ele se lembrar mais tarde? Não sei sobre você, mas prefiro não aborrecê-lo. Não quero correr riscos.” Nenhum dos outros empresários disse uma palavra. Eles também não podiam defender Tomejima, se Akira ficasse bravo, ele poderia pegar suas relíquias de volta, e toda a operação fracassaria.
“Olha, Tomejima,” Katsuragi continuou, parecendo simpático, “eu realmente queria que você fizesse parte disso também, então estou igualmente decepcionado. Você reúne caçadores em dívida e os faz coletar relíquias, certo? Eu o convidei aqui pensando que sua linha de trabalho seria útil para adquirir mais inventário, ou mesmo para pessoal extra para proteger a loja ou o depósito.” Ele pareceu se desculpar. “Mas se você está atualmente em desacordo com Akira, isso é um não. Desculpe, mas você terá que deixar passar essa.”
Tomejima olhou para os outros, mas nenhum deles parecia inclinado a ficar do seu lado.
“Embora,” Katsuragi continuou, “eu reconsideraria se você fizesse um acordo com Akira para que não houvesse mais ressentimentos. Mas eu não serei seu mediador, você está por sua conta. Como eu disse, não quero irritar aquele cara.”
Com isso, Katsuragi ficou em silêncio como se essa fosse a última palavra sobre o assunto. Tomejima, sentindo que dizer mais alguma coisa seria inútil, saiu do armazém com um olhar sombrio no rosto.
Depois que ele se foi, Katsuragi tentou aliviar as coisas com um grande sorriso. “Agora, eu sei que disse tudo isso para Tomejima agora mesmo, mas o resto de vocês não precisa se preocupar. Mesmo que vocês fiquem um pouco mal com Akira, ele e eu temos uma longa história, e passamos por muita coisa juntos. Eu devo ser capaz de amenizar as coisas, desde que vocês não irritem Akira tanto quanto aquele cara fez.”
Os outros homens pareceram aliviados. “Entendi,” um deles falou. “Isso me faz sentir melhor.”
“Agora, vamos passar para o próximo tópico, certo? Mencionei contratar alguns caçadores para trabalhar na segurança antes, certo? Bem, aqui está o que estou pensando…” Agora que Katsuragi havia assumido o controle da discussão, ele a direcionou para a direção mais conveniente para ele.
Quanto a Tomejima, Katsuragi o convidou com a intenção de expulsá-lo desde o começo. E Sheryl foi a única outra pessoa presente que percebeu isso.
Uma vez lá fora, Tomejima olhou para o armazém com arrependimento. “Merda!”, ele cuspiu. “Pensar que as ações daquele idiota iriam me ferrar até aqui!”
Kolbe estava esperando do lado de fora do armazém. “Você não parece muito animado. O que aconteceu?” Quando Tomejima explicou, Kolbe imediatamente entendeu, ele também testemunhou o incidente com Kadol. “Então é culpa daquele idiota, hein? Bem, o que você quer fazer então? Devemos contar o endereço dele para Akira, caso o garoto queira desabafar?”
À sugestão casual de Kolbe de que ajudassem Akira a matar Kadol, Tomejima lançou um olhar desaprovador ao caçador. “Não, não precisa ir tão longe…” Ele se ressentia de Kadol pelo que tinha acontecido e não se importaria se ele acabasse morto, mas não queria ser pessoalmente responsável pela morte do caçador. “Diga, Kolbe, lá no bar eu vi você conversando com Akira. Se você for amigo dele, você poderia me ajudar?”
“Desculpe, não posso fazer isso. Eu só o conheço, não somos próximos nem nada. E eu só o conheço porque um dos meus caras lhe causou problemas, então é duplamente impossível.”
“É mesmo? Droga! Tem alguma outra boa ideia, então? Eu realmente quero entrar nessa operação, se der certo, eu estaria nadando em dinheiro. Não quero perder por causa de algum idiota.”
“Não tenho boas ideias.”
“Quer dizer que você tem uma ruim?”
“Bem, se você está realmente tão desesperado, você sempre pode ir até Viola. Tenho certeza de que ela conseguiria alguma coisa.”
Kolbe fez sua sugestão improvisada apenas em tom de brincadeira. Ele poderia muito bem ter dito: “Por que você está me perguntando?” Mas Tomejima sabia quanto dinheiro o negócio de relíquias poderia render, e desejando um pedaço daquela torta, ele levou o conselho de Kolbe a sério.
♦
Akira mergulhou no banho, parecendo em conflito. “Hmm… Sinceramente não tenho ideia de qual escolher,” ele gemeu.
Muitas armas flutuavam no ar diante dele. Naturalmente, elas não eram reais, Alpha apenas as projetou em sua visão, mas os detalhes nas imagens as tornavam indistinguíveis da realidade. Alpha estava agindo como um modelo, nua e segurando cada uma das armas para mostrar a Akira suas características e funções enquanto ela listava suas especificações. Dependendo do que alguém estivesse interessado, a visão poderia até ser classificada como excitante.
Não desista, Akira. Esta é uma decisão importante que afeta suas chances de sobrevivência, então faça um esforço.
“Eu sei, mas…”
Essas eram todas as armas que Shizuka havia recomendado. Com um orçamento tão grande para trabalhar, havia tantas opções que nem ela conseguiu sugerir nada específico de imediato. Então, primeiro ela enviou a ele uma lista geral de armas para escolher com base nas características que ele havia pedido. Então, uma vez que ele escolhesse aquelas que gostava e restringisse sua seleção, Shizuka daria a ele uma lista mais específica de armas semelhantes às que ele havia escolhido. Eles repetiriam esse processo até que Akira finalmente encontrasse a arma que queria.
Ele ainda estava na primeira lista, que era apenas para mostrar suas opções e dar a Shizuka uma ideia da direção que ele queria seguir. No entanto, ele estava sobrecarregado pela variedade em exibição e não tinha ideia de por onde começar. “Não sei. Quer dizer, eu basicamente fui com o que Shizuka recomendou até agora. Isso significa que eu normalmente teria que escolher entre todas essas sozinho?”
Ela deve ter uma vida difícil, sendo dona de uma loja como essa. Ela regularmente tem que escolher dessa lista para seus clientes, e se ela fizer a escolha errada, esses caçadores podem acabar descontentes ou até mesmo mortos.
“É, sério.” Refletindo sobre o quanto ele havia confiado em Shizuka até agora, Akira tentou novamente reduzir suas opções.
Essas eram todas armas híbridas chamadas armas multifuncionais, a consequência de Akira ter feito o que Shizuka sugeriu e feito um pedido sem se preocupar com dinheiro. Pensando que não havia mal algum em pedir, ele pediu uma arma que pudesse disparar balas tão poderosas quanto as de seu CWH, a uma taxa rápida que pudesse se igualar ao seu DVTS, com a precisão e o alcance de um rifle de precisão e, de preferência, também capaz de disparar granadas como seu A4WM. Em outras palavras, ele queria uma única arma que tivesse todas as características de todas as armas que ele havia usado até então.
Até Akira achou que era um pedido ridículo. Ele não tinha imaginado que uma arma tão conveniente pudesse existir. Mas ele estava errado, Shizuka tinha recomendado a arma multifuncional.
Claro, uma arma para todos os fins tinha suas desvantagens. Primeiro, era um pau para toda obra e mestre em nenhuma, em outras palavras, nenhuma de suas funções individuais funcionava tão bem quanto funcionaria em uma arma construída para apenas um propósito. E armas multifuncionais eram caras de fabricar por causa de seu design complexo. Considerando que havia armas de função única mais baratas com melhor desempenho, muitos caçadores achavam que a maioria dos modelos multifuncionais não valia o alto preço.
Algumas das mais caras, no entanto, tiveram melhor desempenho em todos os aspectos. Tal arma era poderosa o suficiente para ser verdadeiramente polivalente e, nas mãos de um caçador habilidoso o suficiente para aproveitar todas as suas forças, ela se torna a arma de fogo definitiva. Portanto, armas como essas eram melhor deixadas para especialistas.
Parte de ser um caçador era aprender a selecionar o equipamento certo para cada situação. Mas para Akira, que trabalhava sozinho e frequentemente tinha que improvisar em situações inesperadas, Shizuka supôs que a arma multifuncional poderia ser uma escolha sólida.
Alpha escolheu duas das armas flutuando no ar e apontou para Akira. Vamos simplificar, certo? Por enquanto, escolha entre essas duas opções. Ou três, se você incluir a opção de abrir mão do lançador de granadas completamente. A arma em sua mão direita tinha apenas um cano, enquanto a em sua esquerda ostentava dois diferentes. Por que a diferença? A esquerda tinha canos separados para balas e granadas, enquanto a direita podia se transformar para disparar qualquer um deles ou qualquer outra munição, de qualquer tamanho. O último era conveniente, mas se Akira quisesse apenas que disparasse granadas, toda essa funcionalidade extra seria inútil. E não era como se ele precisasse uma arma multifuncional com um recurso de lançamento de granadas para começar, ele poderia simplesmente levar um lançador de granadas de verdade como arma de fogo reserva.
No entanto, isso significaria carregar uma arma adicional, e depois de carregar uma CWH, uma DVTS, uma A4WM e uma mochila cheia de munição durante sua última excursão, Akira estava procurando reduzir sua carga o máximo possível. Afinal, era por isso que ele queria uma arma como essa em primeiro lugar, e então ter que carregar outra arma apenas para granadas iria contra o propósito. Ele também poderia escolher não usar granadas, se sua outra munição fosse poderosa o suficiente, ele não precisaria delas, mas elas eram úteis para ter em mãos. Caso contrário, ele não teria desembolsado tanto dinheiro em armas de apoio para carregar a A4WM. Ele gemeu. Cada uma de suas opções tinha suas próprias vantagens e desvantagens, e ele tinha que manter o preço em mente também. Mesmo com apenas três opções, ele ainda estava tendo dificuldade para tomar uma decisão.
Nesse momento, uma ligação veio de Shizuka. Akira fez Alpha tocar a transmissão de seu terminal. “Akira falando,” ele respondeu.
“Oi, Akira, aqui é Shizuka! Você está livre agora?”
“Claro, o que houve?”
“Eu estava ligando só para falar com você sobre a lista que enviei. Se precisar de mais tempo para dar uma olhada, tudo bem, mas se já terminou, gostaria de ouvir sua opinião. Tentei escolher as armas que achei que atenderiam melhor aos pedidos que você me deu. Mas se não forem bem o que você tinha em mente, por favor me avise.”
“Na verdade, estou revisando-as agora.” Ele então admitiu a ela que estava tendo dificuldade para decidir, dada a grande quantidade de opções.
“Bem, pelo menos isso significa que você está satisfeito com a seleção,” Shizuka respondeu ironicamente. “Mas aguente firme, porque ainda temos que falar sobre trajes motorizados quando isso estiver pronto!”
“O-Oh, certo!” Akira estremeceu, percebendo que tinha mais decisões pela frente. “Falando nisso, tentei escolher armas que deixarão espaço suficiente no seu orçamento para um bom traje e qualquer outra coisa que você possa precisar. Então, se você preferir gastar mais e obter uma arma ainda melhor, me avise e eu lhe enviarei uma nova lista.”
“Não, isso deve ficar bem! Eu confio no seu julgamento!” Isso não era mentira, pois ele realmente confiava nela, mas ele também temia que se ela o revisasse, ele seria confrontado com ainda mais escolhas.
“Fico feliz em ouvir isso,” ela disse com um toque de secura, ela tinha visto através dele completamente. “Bem, leve o tempo que precisar para decidir.”
“Obrigado, eu vou. Ah, certo, antes de ir, há alguma diretriz ou métrica que os caçadores normalmente usam ao escolher uma arma? Ter algum tipo de padrão para julgar seria uma grande ajuda.”
“Vamos ver…” Shizuka pensou por um momento, mas então hesitou, sua resposta poderia inspirá-lo a ser ainda mais imprudente. Ainda assim, seu instinto lhe dizia para responder honestamente, então ela respondeu. “Pode ser melhor ir com um matador de titãs.”
“Um matador de titãs? Tipo, uma arma que prioriza o poder?”
“Sim. Nenhuma das suas armas foi eficaz contra aquela mulher Monica, certo? Mas com um matador de titãs, você pode ser capaz de lutar mais contra alguém como ela.” Shizuka acrescentou que mesmo que as defesas de um inimigo fossem tão fortes que as balas ricocheteassem, esses tiros extremamente poderosos poderiam atravessar essas defesas e mudar o rumo da batalha ou contra inimigos especialmente perigosos, pelo menos ganhar algum tempo para escapar. Por esse motivo, alguns caçadores achavam melhor simplesmente comprar as armas mais fortes que pudessem pagar. “Quanto ao seu orçamento”, ela disse, “eu disse a você na loja que recomendo gastar quatrocentos mil em um traje, cem mil em uma arma e cem mil em munição e pacotes de energia.”
“Certo. Fiquei surpreso ao ouvir você recomendar gastar tanto em munição, no entanto.”
“Bem, o que é uma arma poderosa sem munição poderosa? Na verdade…” Shizuka parou de falar, hesitando mais uma vez, ela tinha um mau pressentimento de que, uma vez que ela sugerisse comprar a munição mais poderosa que pudesse, ele se depararia com um cenário em que precisaria dela. Mas então ela reconsiderou, mesmo que isso acontecesse, ele estaria melhor preparado para isso. “Se você teve tanta dificuldade em Mihazono, talvez devesse esquecer a eficiência de custos e comprar alguns carregadores da munição mais cara e poderosa que puder pagar, só para ficar seguro.” Akira assentiu. “Sim, isso faz sentido.” A princípio, ele pensou que cem milhões era muito para gastar em munição, mas concordou mesmo assim, confiando que Shizuka tinha seus motivos. Agora ele entendia.
“Essa é só uma opção, no entanto,” ela continuou. “Pessoalmente, eu preferiria que você não se metesse em uma situação em que precisaria de munição tão poderosa. Então, tome cuidado de agora em diante.”
“Hum, eu tentei ser cuidadoso até agora…” ele começou. Ele sabia que suas palavras soavam vazias depois do que ele tinha passado em Mihazono, então ele sorriu fracamente. Shizuka podia dizer o que ele estava pensando pela forma como sua voz sumiu. Ela sorriu ironicamente, mas decidiu que, enquanto ele não estivesse procurando ativamente por perigo, isso estava bom por enquanto.
Depois que Shizuka desligou, Akira voltou sua atenção para selecionar uma arma. “Um matador de titãs, hein? Ei, Alpha, dessas três opções, qual delas me daria mais poder, você acha?”
Se você quer apenas uma arma que possa derrubar monstros perigosos, eu recomendo abrir mão das granadas e procurar armas que possam disparar as balas mais eficazes para perfurar blindagens.
“Parece bom para mim. Tudo bem, livre-se de todas as outras.”
Em um instante, as armas no ar que falharam em atender seus critérios desapareceram. Ainda assim, muitas outras permaneceram.
“Ainda há tantas?” ele gemeu.
Não tenha pressa, disse Alpha gentilmente.
“Tudo bem, vou tentar o meu melhor.” Não havia necessidade de pressa, afinal, então ele imaginou que poderia relaxar e aproveitar seu banho enquanto considerava suas opções.
♦
Em uma sala de um complexo de apartamentos no sul de Kugamayama, Viola estava conversando com um de seus clientes via terminal.
“Sim, claro! Se é isso que você deseja, eu certamente posso fazer acontecer! Embora eu tenha que perguntar: Você só quer que eu leve Akira para a mesa para negociar com você, ou você gostaria que eu lidasse com a negociação também? Eu recomendo a última opção, pessoalmente.”
O tom dela soou alegre, alegre demais para ser confortável, pensou Tomejima do outro lado da linha. “Eu vou lidar com as negociações pessoalmente. Tudo o que estou pedindo é que você faça as coisas, nada extra.”
“Ah, é? Não precisa ser pão-duro, sabia? Claro, vou ter que cobrar mais pelo último, já que isso vai me dar mais trabalho. Mas você pode mesmo se dar ao luxo de ser mesquinho a essa altura?”
“Você e eu sabemos que se eu deixasse as negociações com você, você encontraria uma maneira de incluí-las em seus próprios esquemas.”
“Bem, se essa é sua escolha. Agora, não me importo de ser o intermediário para unir vocês dois, mas garantir sua segurança vai custar um pouco mais.”
“O que você quer dizer?” Tomejima perguntou cautelosamente.
“Akira não está mirando em você?”
Tomejima ficou abalado, e levou um momento para responder. “Espere! Não fui eu quem o antagonizou! Foi Kadol…!”
“’Você realmente acha que Akira se importa com quem começou?’ Não foi isso que seu amigo Katsuragi disse? Se eu estiver errada, acho que entendi errado. Minhas desculpas.” Tomejima não tinha certeza se ela estava falando sobre o mal-entendido do que Katsuragi havia dito ou o fato de que ele havia dito. As palavras de Viola poderiam ter sido interpretadas de qualquer maneira, e isso o abalou. E agora que ela havia plantado uma semente de dúvida em sua mente ao apontar o perigo potencial, ela o guiou pelo resto da conversa exatamente como ela queria.
“Quanto mais custaria a proteção?” Tomejima perguntou. “Bem, vamos ver,” Viola disse, fingindo pensar. “Normalmente um serviço como esse custaria um bilhão de aurum, mas já que somos tão bons amigos, eu farei isso de graça. Em troca de um pequeno favor.”
“E o que seria isso?”
Sorrindo alegremente, Viola detalhou seu pedido. Tomejima sabia muito bem que ela o estava envolvendo em um de seus esquemas, mas acabou concordando, afinal, o trabalho em si era bem simples.