O Príncipe Preguiçoso Pega Uma Espada (1)
Entretanto, havia algo mais pelo qual ele era mais famoso que aquilo, eram as crianças do Barão Pareira.
Localizado na parte sul do Reino Hael, a propriedade dos Pareira era famosa por seu comércio. Porque era próxima aos reinos vizinhos, havia muito movimento de bens e pessoas.
Um guarda veterano, que tinha ficado encarregado pelos portões por mais de 5 anos, falou com um grande sorriso:
“Haha, você está falando da Jovem Dama Kirill? Ela não é incrível?! Não há outra palavra para descrevê-la! Ela só tem 11 anos de idade, e ela já recebeu um título oficial?”
“Ah, é-é assim então! Ela foi selecionada diretamente pela família real?”
“Eu tô te falando! Você sabe muito bem disso! Quão precioso o título de mago é?!”
Com o questionamento do guarda sênior, o novato acenou com uma expressão confusa.
“Ah— Eu sei! Eu ouvi que eles são mais difíceis de achar do que magos!”
“Isso! Eles não podem ser comparados aos magos que estão estocados na torre! Agora que ela foi intitulada como Maga, o futuro da propriedade Pareira deve ter se solidificado, certo?”
O rosto do guarda sênior, que falou sobre a filha do Barão Pareira, Kirill Pareira, estava cheio de orgulho.
Era impossível que ele não estivesse. Ele havia vivido sua vida inteira aqui e tinha sido leal à família do Barão.
O orgulho dos Pareira é o orgulho dele.
Mas isso foi tudo por um tempo, um guarda com um nariz grande, que tinha ficado escutando silenciosamente até aquele momento, falou:
“Huh, e daí?! Não importa quão bem a princesa esteja indo, no fim, o filho mais velho é aquele príncipe.”
“…”
“Ele não tem intenção de sair da cama, ou da propriedade, o que é tão bom sobre ele? Eu vou ficar feliz se aquela criança não for comida pelas hienas ao redor dele…”
“Você! Tenha cuidado com o que diz!”
O guarda senior, que só era elogios para princesa até o momento, estava chocado.
Contudo, o guarda com nariz grande não parou de resmungar, e uma briga feroz começou.
“Esse desgraçado continua falando disso mesmo que o guarda sênior tenha te falado para não fazer isso…”
“E-eu não entendo, não é vida, é a verdade! Eu não posso falar a verdade também?! Esse novato, você vem de um país estrangeiro, então não sabe nada a respeito, então não aja como se você soubesse o que está acontecendo…”
“Mesmo assim, você…”
O rosto dos dois guardas ficou vermelho quando eles pararam.
O novato, que estava preso entre os dois, não tinha certeza do que fazer.
‘Não, mesmo eu só sei esse tanto, mas…’
Certo.
Era verdade que a jovem dama Kirill é famosa, mas havia outra pessoa mais famosa que ela.
Era o preguiçoso e jovem barão, Irene Pareira. O personagem principal. É claro, não era de um forma boa.
Como o guarda disse, ele era sempre ridicularizado de novo e de novo. Quando ele completou 15 anos, ele foi ignorado por pessoas demais, já que ele não fazia nada além de dormir o dia inteiro.
‘No último mês, o jovem mestre das propriedades vizinhas humilhou ele descaradamente, ainda assim, nosso jovem barão nem mesmo respondeu…’
Esse tipo de informação não era nada para aqueles que viviam na propriedade. Eles sabiam que Irene Pareira havia se tornado em uma pessoa preguiçosa.
Isso provavelmente tinha algo a ver com o acidente no qual ele perdeu sua mãe… Tinha que ser isso.
‘Bem, ver sua mãe morrer bem na frente de seus olhos naquela idade tão jovem, deve ter sido chocante… contudo…’
Foi quando ele estava divagando que uma voz aguda veio de trás.
“O que vocês estão fazendo agora?”
“Huh!”
“Ugh!”
Os dois guardas que estavam discutindo, se viraram e ficaram chocados.
Era Kirill Pareira e sua mãe, a segunda esposa do Barão, Amel Pareira. Seus olhos azuis estavam focados nos guardas. Os três deles imediatamente se curvaram na frente delas.
“Nós pedimos desculpas!”
“Quem disse que vocês poderiam fazer uma bagunça assim enquanto estão no serviço?”
“Nós realmente sentimos muito!”
“Por que fazer algo que você precisa se desculpar?”
“Nós nunca mais faremos isso!”
“Eu preciso deixar de mão porque vocês não vão fazer isso de novo? O que vocês vão fazer a respeito do erro que acabaram de cometer?”
“I-isso…”
Como se estivesse acostumada a reprimir os guardas, Kirill Pareira falou.
Amel parou ela com uma voz calma.
“Já basta, Kirill.”
“Mas, essas pessoas…”
“Esse tanto está bom. Eles sabem que o que fizeram era errado. Certo?”
“S-sim! Nós percebemos nosso erro!”
“Bom. Eu não sei do que vocês estavam falando, mas tenham certeza de focar em seu trabalho ao invés de outras coisas.”
Mesmo que ela sorrisse, eles não conseguiam entender o que ela queria dizer.
O guarda, que estava suando, respondeu novamente em uma voz alta, e a jovem maga e a Baronesa desapareceram em direção ao jardim.
O novato, que esteve assistindo a cena, engoliu em seco.
‘Eu preciso ter muito cuidado quando eu estiver trabalhando no futuro.’
Nem a princesa feroz nem a gentil segunda esposa pareciam estar felizes.
Naquela hora, Irene Pareira, o filho mais velho do Barão, estava deitado em sua cama.
Não era algo estranho. Ele raramente saía de sua cama depois de presenciar o acontecimento que ceifou a vida de sua mãe quando ele tinha 4 anos de idade.
Ele dormiria durante a manhã quanto os outros acordavam, e dormiria o dia inteiro quando outras pessoas estavam se esforçando para viver.
E quanto os outros dormem? É claro, ele dorme também.
Mesmo se ele não puder dormir, ele se força a dormir. Pelo menos quando ele dormia, o seu coração doía um pouco menos.
Suas ações eram bem escassas, mas estranhamente Irene Pareira não conseguia dormir.
“…”
Era verdadeiramente estranho.
O Irene de sempre dificilmente sonhava. Mesmo se sonhasse, ele só sonhava que estava imerso em água morna, como se sua mãe estivesse o segurando em seu abraço caloroso, de novo e de novo.
Mas os sonhos que ele esteve tendo durante os últimos dias eram completamente diferentes.
‘Treinamento de esgrima…’
Golpe, empunhadura, apunhalar.
A memória de um homem que continuava a torturar seu corpo sem ter uma pausa enquanto segurava um espada de ferro pesada se repetia ao longo de seu sono.
Não parecia que ele estava sonhando sobre uma outra pessoa.
Durante o sonho, Irene não era Irene. Ele se tornou um homem de meia idade e empunhava a espada, até que sua boca se machucasse e seus músculos gritassem.
Essa era a razão pela qual Irene não podia dormir. Ele sempre ficaria na cama para escapar da dor, mas agora os sonhos estavam dificultando isso para ele.
‘Que diabos foi aquilo? Aquele sonho.’
Não importa o quanto ele pensasse, nada fazia sentido.
Ele não sabia quem o homem era.
Talvez fosse um sonho, e não era como se sua memória não fosse perfeita, mas mesmo que não fosse, era um problema.
Em um jardim muito normal, ele já se cruzou com um homem que empunhava uma espada o dia inteiro?
“…”
Contudo, havia outra coisa importante.
Irene Pareira, que esteve embaixo de um cobertor quentinho, lentamente ficou de pé. Ele sentou e depois começou a se levantar.
Uma vez.
Duas vezes.
Três, quatro e cinco… Dez vezes.
Ele já estava sem fôlego já que ele nunca havia se exercitado.
Ele se movendo como uma pessoa normal não podia nem ser imaginado… Ainda assim, ele não conseguia parar.
Ele podia sentir cada pedaço de seu corpo, cada músculo se machucando. Querendo se mover, ele se levantou e tentou se esticar.
A dor que ele sentiu no sonho desapareceu e apenas as recompensas do treinamento permaneceram, o que encorajou o corpo de Irene a se mover.
“… Phew, phew.”
Irene, que tinha acabado de se sentar, ficou de pé e respirou fundo. Ainda assim, a sede de seu corpo para se mover não parou.
Seu coração estava batendo mais rápido que o normal e seu corpo inteiro parecia estar gritando. Aconteceu o mesmo quando ele se forçou a deitar novamente.
O garoto suspirou e falou enquanto olhava para a porta.
“Bem aí, há alguém aí?”
Ele não falou alto demais. Era porque ele não falava há muito tempo e sua garganta estava presa.
Mas a reação foi rápida. Um servo, vestido em um traje elegante, entrou quietamente abrindo a porta e se curvou.
“Sim. Você precisa de algo, jovem mestre?”
“Hm…”
Irene suspirou.
Ele pigarreou. Seu rosto demonstrava que ele tinha estado preocupado com algo. Aquilo fez o servo ficar curioso com Irene.
‘O que é que ele está tentando falar?’
Normalmente, o príncipe preguiçoso não pedia por muito. Ele pediria por água ou uma refeição leve.
Exceto por aquilo, quase não havia interação. Então, por que o jovem estava tão preocupado?
O servo olhou para Irene com um pouco de esperança e o príncipe preguiçoso fez um comentário que não o desapontou.
“Eu, espada… Eu quero balançar uma espada.”
“…”
“Eu não sei. Você pode preparar tudo que é preciso pra isso?”
“Hu-sim! Aí, eu consigo…”
O servo estava frustrado. Ele ouviu algo que nunca havia esperado. Então ele perguntou ao jovem príncipe de novo, para confirmar o que ele ouviu.
“Por acaso, agora mesmo, você disse que você queria praticar a espada… Das suas palavras, você parecia ter me pedido por orientação para preparar as coisas como espadas de madeira… Estou correto, jovem lorde?”
“… Huh, sim.”
O corpo magrelo acenou.
O servo levou um minuto até que saísse, sem mesmo tentar esconder a surpresa em seu rosto.
E depois de um tempo…
Pela primeira vez em sua vida, o príncipe preguiçoso, Irene Pareira, saiu de seu quarto.