Vol. 1 Cap. 1 Eu vou indo primeiro… Não sinta muito a minha falta.

Para a pessoa destinada que é sortuda o bastante para encontrar minha carta,

Setecentos e cinquenta e dois milhões, seiscentos e quarenta e oito mil batimentos cardíacos.

Esse foi o número de vezes que meu coração pulsou dentro do meu corpo, antes de doá-lo. Eu, que tive uma vida dolorosa, mas feliz. Tive muitos arrependimentos e, entre eles, estava o de morrer… virgem!

Ahem! Não me olhe com esses olhos preenchidos de ridículo e desprezo, porque eu tenho certeza que você, sim, você! Aquele que está lendo isto neste exato momento, é meu semelhante. Ambos somos virgens!

O quê? Você não é virgem? Então, nesse caso… Vai se foder! Como você tem a coragem de ler essa carta?! Você não conhece os sentimentos de nós, os garotos lamentáveis e lindos de morrer, COMO EU, que nunca tiveram a chance de sair com uma garota?

Você conhece a nossa dor? Nosso sofrimento? Nossos intermináveis dias presos dentro do banheiro fazendo calistenia com uma única mão?

Tsk, seu porco inculto. O que aconteceu com o ditado: ‘Amigos antes de mulheres’? Que vergonha de você cara, que vergonha.

Sua escória, que não entende a importância da irmandade. Eu espero que o seu amiguinho aí nunca consiga se levantar de novo! Aí nós vamos ver se você continua popular!

Onde eu estava? Ah sim, eu morri virgem. Porém, antes de morrer, eu recebi meu primeiro e último beijo de uma linda dama que também é considerada a garota mais bonita de toda a escola.

Cara, os lábios dela eram tão macios que eu senti que estava nas nuvens.

Se os manos da escola pudessem ver esse momento, aposto que eles morreriam de inveja. Eu tenho certeza que os admiradores dela teriam se juntado para me matar.

Ruim para eles, já que quando alguém encontrar essa carta, eu vou estar morto. HAHAHA!

Eu deixo este mundo com muitos arrependimentos, mas se há algo que eu não me arrependo, este algo foi dar meu coração à ela. Mesmo que ela tenha sido minha namorada por apenas algumas horas, estas foram as horas mais felizes de toda a minha vida.

Eu espero que ela viva a vida ao máximo. Não só por ela, mas também por mim.

Para você, que está atualmente lendo esta carta, eu te desejo um dia abençoado. Eu não sei quem você é, de onde você é, ou pelo o que você está passando. Contudo, deixe-me te dizer uma coisa.

Viva sua vida ao máximo, e viva sem arrependimentos. Porque há muitos como eu, que não vão conseguir presenciar o nascer do sol amanhã após fecharem os olhos esta noite. Antes, eu nunca me importei muito com o mundo, mas quando eu vi o último pôr do sol da minha vida, eu percebi que realmente perdi muitas oportunidades

Não seja como eu.

Não desperdice sua vida.

Aproveite cada momento, como se fosse o último.

E, antes de eu terminar esta carta, permita-me te dar meu conselho final.

Sempre leve lenços aonde quer que você vá.

William, o garoto que morreu para que outros pudessem viver.

P.S

Na menor das possibilidades de que foi você que encontrou essa carta. Por favor, ignore a primeira e segunda metade do que você acabou de ler. Eu estava apenas brincando. Não leve o que eu disse a sério.

Se o destino quiser, nossos caminhos vão definitivamente se cruzar novamente. Eu desejo que da próxima vez que nos encontrarmos, nós vamos terminar nossos assuntos inacabados. Eu prometo que quando essa hora chegar, eu não vou te deixar partir.

Bem, eu vou indo primeiro… Não sinta muito minha falta, ok? Além disso, você está proibida de me seguir imediatamente! Porque se você vier comigo, eu vou ficar muito triste. Cuide dos meus irmãozinhos e irmãzinhas no orfanato por mim.

Vol. 1 Cap. 2 O Templo dos Dez Mil Deuses

Quando William abriu seus olhos, ele se encontrou em cima de uma nuvem dourada que voava pelo céu.

Primeiramente, ele pensou que ainda estava sonhando, mas as memórias de como Belle desmaiou na frente dele inundaram sua mente. Junto com o fluxo de memórias, uma realização o atingiu.

“É verdade. Eu já estou morto”, William murmurou. Ele inconscientemente colocou a mão no peito para sentir seu batimento cardíaco, mas ele não sentiu e nem ouviu nada.

Depois de um suspiro profundo, o garoto se sentou de pernas cruzadas no topo da nuvem como se fosse a coisa mais natural a se fazer no momento. Depois disso, memórias da vida dele começaram a passar diante dos seus olhos.

William viu memórias felizes, memórias tristes e memórias que ele não queria se lembrar. Ao final de suas lembranças, a imagem de uma garota bonita, com cabelo preto longo, fez-o morder os lábios em frustração.

Que a verdade seja dita, ele estava bem preocupado com ela.

A cirurgia foi um sucesso? Os médicos chegaram a tempo? O diretor do hospital vai cumprir sua promessa?

Muitas questões surgiram dentro da cabeça dele. Apesar disso, ele sabia que não tinha nada que pudesse fazer a respeito do resultado dos eventos que aconteceram. O motivo? Ele já estava morto. Não tinha sentido se preocupar com coisas além do controle dele.

“Eu espero que você esteja bem, Belle”, William falou enquanto levantava a cabeça.

Um portal dourado estava brilhando diante dele e ele sabia que sua jornada tinha encontrado seu fim. Ele nunca acreditou em Deus antes, pois Deus nunca fez algo por ele enquanto ainda estava vivo. Ele também não acreditava em Céu ou Inferno.

A única coisa em que ele acreditava era na reencarnação.

Talvez ele foi influenciado pelas incontáveis novels que leu durante sua estadia no hospital. Seu único passatempo era ler histórias sobre cultivo, construção de impérios, parte da vida, transmigração, romance histórico e vários outros temas.

“Se realmente há um Deus, então é melhor ele se preparar para tomar uma surra.” William estreitou seus olhos quando olhou para o portal que estava se alargando a cada segundo que passava. “Se eu ficar sabendo que ele também levou a Belle, eu vou espancá-lo tanto que nem a mãe dele vai reconhecê-lo.”

Estas foram as últimas palavras que William disse antes da nuvem entrar no portal.

O que ele viu do outro lado o deixou em choque. A cena o fez lembrar da vez que visitou o planetário com sua classe durante uma excursão de ciências.

“Mas que merda?” William perguntou distraidamente enquanto olhava para a vastidão do espaço. Incontáveis estrelas, planetas e galáxias eram vistas ao longe.

Antes que o jovem pudesse processar o que estava vendo, a nuvem acelerou e seguiu rumo a um planeta gigante que parecia bem similar à Terra.

Surpreendentemente, várias outras nuvens douradas apareceram ao lado de William enquanto a nuvem se dirigia ao planeta.

Uma procissão de nuvens douradas numerando os milhões se formou em menos de um minuto.

Cada uma delas carregava uma pessoa – cada uma variando no quesito idade. Algumas eram velhas, outras eram jovens e algumas eram incrivelmente jovens. Crianças com não mais de três anos olhavam de volta para William com olhares curiosos enquanto chupavam seus dedões.

William sentiu uma pontada no peito ao mesmo tempo que olhava para as crianças com uma expressão triste. Eles o lembravam dos seus irmãozinhos e irmãzinhas do orfanato.

Conforme eles se aproximavam do planeta, uma mudança surpreendente aconteceu na procissão de nuvens douradas.

As nuvens carregando os idosos se separaram da formação e seguiu em direção ao lado oriental do planeta. As nuvens carregando as crianças com idade menor que cinco anos se dirigiram para o sul.

Não demorou para William perceber que eles estavam sendo “segregados” por algum tipo de poder desconhecido que parecia estar manipulando as nuvens.

A nuvem em que William estava não mudou de direção e continuou a ir direto para o centro do planeta. Outras pessoas estavam no mesmo grupo que ele, mas eles não chegavam a cem.

As nuvens que os levavam desceram do céu. Um templo magnífico apareceu diante dos olhos deles. Um velho, com longo cabelo branco e barba, se encontrava na frente na entrada e olhava para eles com um sorriso no rosto.

“Saudações para cada um de vocês”, o velho disse com um voz gentil e tranquilizante. “Eu sei que todos têm suas perguntas. Apesar de eu não possuir a resposta para cada uma delas, eu vou estar mais do que feliz em responder aquelas que eu sei. Há alguém que gostaria de fazer uma pergunta?”

“Eu!” um jovem esguio que aparentava ter 20 e poucos anos levantou a mão.

“Continue”, o velho respondeu.

“Você é Deus?”, o jovem perguntou.

“Não”, respondeu o senhor. “Eu sou só um dos muitos ajudantes deles”.

“Ajudantes deles? Você quer dizer que existe mais de um Deus?” Uma moça bonita perguntou.

“Ah, sim.” O velho sorriu. “Alguns deles são velhos e outros são novos. A propósito, o nome deste templo é Templo dos Dez Mil Deuses. Mesmo que eu fale Dez Mil Deuses, o número exato de Deuses que residem nele é desconhecido.”

Ele pausou antes de continuar sua explicação. ”Fazem Éons desde que este templo foi nomeado e muitos Deuses nasceram durante o passar do tempo. Claro, é verdade que muitos Deuses pereceram também.”

William e os outros ficaram em silêncio enquanto assimilavam as palavras do velho senhor. Ainda assim, sendo tão jovens como eles eram, a curiosidade deles falou mais alto.

“Por que tantos?” Um garoto bonito com cabelos loiros e olhos azuis perguntou. “Não há só um Deus verdadeiro?”

“Bela dúvida.” O senhor acenou com a cabeça em apreciação. “Você veio da Terra, certo?”

“Sim”, o garoto respondeu.

“Vamos dizer que na Terra haja mesmo apenas um Deus verdadeiro.” O velho sorriu. “Então, e os outros mundos? Se cada mundo tem um Deus verdadeiro, isso não significaria que existem incontáveis deuses verdadeiros nos vários mundos ao longo do universo?”

O garoto arregalou os olhos em realização. Ele entendeu sobre o que o homem estava falando e não fez mais nenhuma pergunta.

O velho fez um gesto em direção ao templo e continuou sua explicação.

“Vejam, um deus nasce a partir da crença das pessoas. Seguindo essa lógica, isso também significa que um novo deus nasce de vez em quando. Quanto mais forte a crença, mais forte o deus vai ser.”

“Com o passar do tempo, muitos deuses nasceram e muitos se foram. O momento em que um deus é esquecido é o momento em que ele deixa de existir.”

“Resumindo, ao invés de vocês irem direto para o ciclo da reencarnação, todos vão ter uma chance de escolher um Deus patrono antes da jornada em suas próximas vidas.”

“Espera! Eu sei!” Um garoto nerd ajustou seus óculos e se preparou para falar sua suposição. “Se nós formos de acordo com o que eu li em novels, estes Deuses vão nos dar poderes roubados, artefatos poderosos, armas divinas e outras bênçãos que nos darão vantagens em nossas novas vidas, certo?”

“Algo assim”, o senhor disse enquanto mexia na sua barba. “Cada deus tem sua própria especialidade e a maioria deles dão a seus seguidores os mesmos itens e habilidades.”

“Eu sabia!” O garoto nerd levantou o punho com empolgação. Os olhos deles estavam brilhando enquanto ele olhava para para o portão atrás do homem em antecipação.

“Como nós não temos muito tempo restante, eu vou ser direto”, o velho anunciou. “Vocês estão aqui porque os deuses têm uma impressão favorável de vocês. Possivelmente vocês fizeram algo durante suas vidas que mereceu o reconhecimento deles.”

Ele pausou por um breve momento para permitir que suas palavras fossem assimiladas.

“Bem, como não há mais perguntas, vamos entrar.” o velho acenou com a mão e o portão do templo se abriu. ”Deixem-me dar boas-vindas a todos novamente ao Templo dos Dez Mil Deuses!”

Vol. 1 Cap. 3 Encontrando um Deus Patrono

“Venha um, venham todos! Dêem um passo à frente, não sejam tímidos!”

“Eu nunca acreditei em amor à primeira vista, mas isso foi antes de ver você.”

“Espero que você saiba respiração boca a boca, porque você acabou de me deixar sem ar!”

“Se ser sensual fosse um crime, você seria considerado culpado.”

“Eu estava me questionando se você era um artista, já que você é tão bom em me atrair.” 1

William olhou para a cena diante dele em transe. Após passar pelo portão do templo, ele se encontrou no que parecia ser uma feira.

Mercadores bonitos e vestindo roupas únicas estavam chamando as pessoas que acabaram de entrar no templo com ele. Os companheiros de William foram atraídos imediatamente pelas bajulações proferidas por estes homens e mulheres.

William estava surpreso em como estes mercadores conseguiam dizer frases tão bregas sem um pingo de hesitação. Além do grupo de William, haviam outras pessoas que estavam vagando pelas diferentes tendas como se estivessem indo às compras.

Ele também se divertiu vendo alguns destes mercadores até mesmo brigando entre si para chamar a atenção destes “clientes” para que os mesmos vissem o que tinham a oferecer.

Enquanto ainda tentava entender o que estava acontecendo ao seu redor, um homem gordinho vestindo uma túnica elegante andou até ele com um sorriso.

“Bom dia, amigo”, o homem saudou. “Você está interessado em se tornar o homem mais forte no mundo?”

William olhou para trás. Vendo que não havia ninguém ali, ele olhou de volta para o homem e apontou para si.

“Você está falando comigo?” William perguntou.

“Isso mesmo.” O homem gordinho acenou em afirmação. “Deixe que eu me introduza. Meu nome é Gavin e eu sou o Deus de Todas as Trocas. Se você busca o Deus patrono mais incrível neste templo, este sou eu.”

De repente, uma maçã acertou a parte de trás da cabeça de Gavin, o que fez ele chorar alto de dor.

“Seu bastardo, como você tem a coragem de mentir na frente das crianças?!” Uma mulher bonita usando um chapéu de árvore preenchido com pequenas maçãs rugiu com raiva. “Como você ousa se chamar de Deus patrono mais incrível deste templo? Garoto, esquece essa fraude em forma de homem. Vem aqui e me escolha como sua Deusa patrona.”

A mulher fez um gesto de ‘vem aqui’ e William se viu flutuando na direção da barraca dela. Ele fez o melhor que pôde para tentar recuperar o controle do seu corpo. Porém, não importa quanto tentasse, ele não conseguia nem mover seus dedos.

No fim, ele se conformou com seu destino e continuou em direção à barraca dela.

“Meu nome é Lulu e eu sou a Deusa das Maçãs”, Lulu deu um tapinha no ombro de William com um sorriso. “Você já ouviu falar de um famoso ditado sobre maçãs?”

“Uma maçã por dia mantém o médico longe?” William respondeu com incerteza.

“Você está meio certo.” Lulu sorriu.

“Ei, Lulu! Eu vi ele primeiro! Não roube o garoto de mim!” Gavin se direcionou para a barraca da Lulu com uma expressão determinada.

Os Deuses dentro do Templo eram todos competidores. Cada vez que um lote de novos escolhidos aparecia, todos eles iriam dar seu melhor para fazê-los seus seguidores antes deles reencarnarem.

“Cai fora!” Lulu gritou, parecia desconexo com sua beleza.

Ela então pegou uma das pequenas maçãs do seu chapéu e a tacou no Gavin. A pequena maçã cresceu durante o voo até ter o tamanho de uma bola de basquete. Ela acertou Gavin bem no centro do peito, o que o enviou voando centenas de metros de distância.

“Você viu isso, William?” Lulu sorriu. “Uma maçã por dia mantém qualquer um longe, se você jogar forte o bastante.”

“Ce-Certo…”, William respondeu enquanto lentamente se afastava da Deusa das Maçãs.

“Aww, não fica assim.” Lulu saiu da sua barraca e agarrou a mão de William. “Por que a gente não se conhece primeiro? Você sabe, se você me fizer sua Deusa patrona, você vai receber muitos benefícios!”

“Umm, que tipos de benefícios?”

“Por exemplo, eu posso te dar o poder de crescer árvores de maçãs em qualquer lugar. Seja um deserto, uma tundra congelada, debaixo da água, ou qualquer outro lugar em que você queira crescer uma maçã. Cara, você pode até mesmo crescer uma no seu corpo!”

“I-Isso parece ambientalmente amigável”, William gaguejou.

“Eu sei, né?” Lulu sorriu. “Agora, só assina este contrato e nós estamos prontos para ir.”

Lulu tirou um contrato e uma caneta do além. Ela até entregou a caneta pessoalmente para William, que estava com as mãos trêmulas, e insistiu para que ele assinasse o contrato.

William não estava disposto a assinar o contrato, mas o aperto nos ombros dele o impediu de fugir.

Felizmente Gavin voltou e retirou o braço de Lulu do William.

“Ei! Siga as regras!” Ele ficou entre William e Lulu. “Você não pode forçar alguém a assinar o contrato.”

“Tsk! Eu estava tão perto… seu bastardo”, Ela murmurou baixinho.

Gavin se posicionou ao lado de William e deu um tapinha no ombro dele. “Não se preocupe, irmão. Enquanto eu estiver por perto, ninguém pode forçar você a assinar o contrato! Desde que você acabou de chegar, permita-me ser seu guia.”

Gavin então deu a Lulu um olhar de ‘algum problema com isso?’, o que fez a Deusa das Maçãs mudar seu olhar para ele.

Ela bufou e retornou para sua barraca, mas, antes de ir, chamou William e disse que ele sempre poderia voltar para lá caso ele não encontrasse um Deus com o qual se identificasse.

Gavin andou ao lado de William enquanto eles andavam pela feira. Ele respondeu a cada pergunta de William e até corrigiu alguns equívocos que o garoto tinha sobre os Deuses.

“Existem três tipos de Deuses”, Gavin explicou enquanto caminhavam. “Os Deuses Primordiais, os Deuses da Personificação, e os Deuses da Nova Geração. Os Deuses Primordiais consistem daqueles que nasceram quando o multiverso foi criado. Você deve conhecê-los como Deus do Fogo, Deus da Água, Terra, Vento, Relâmpago, dentre outros.”

“Os Deuses da Personificação são Deuses que nasceram a partir de emoções e profissões. Deusa do Medo, Deus da Luxúria, Deus da Vaidade e Deusa do Orgulho são alguns exemplos de Deuses nascidos das emoções. O Deus da Guerra, Deusa da Forja, Deus dos Caçadores, Deus da Música, Deusa da Arte são exemplos de Deuses nascidos das profissões.”

Gavin pausou antes de continuar sua explicação. “Já para os Deuses da Nova Geração, estes são os Deuses que nasceram recentemente e possuem qualidades muito peculiares.”

“Qualidades peculiares?” William perguntou.

“Nós vamos ver um destes Deuses da Nova Geração daqui a pouco”, Gavin respondeu. “Você está vendo aquela fila bem ali? Eles estão fazendo fila para assinar o contrato de um Deus da Nova Geração.”

Observando a curiosidade de William, Gavin sorriu ironicamente e levou o garoto para ver a Deusa que estava manejando a barraca.

Uma pequena garota que parecia não ter mais de doze anos estava apertando a mão de um adolescente com um grande sorriso na cara dela. Seu cabelo rosa, olhos vermelhos e lábios fofos a faziam parecer extremamente adorável.

“Irmãozão, eu te amo!” A pequena Deusa beijou a bochecha do adolescente. “Agora, por favor, assine seu nome bem aqui.”

O jovem felizmente assinou o contrato enquanto aqueles que estavam na fila atrás dele estavam gritando coisas como “Liso é Justiça” e “Lolis sem Toque!”

William congelou enquanto olhava para a garotinha e Gavin. Ele tinha um palpite de quem a Deusa era, mas ele não tinha cem por cento de certeza.

Como se lesse seus pensamentos, Gavin acenou com a cabeça. “Essa barraca pertence à Deusa das Lolis, Lily.”

“Deusa das Lolis?”

“Sim. Ela é uma Deusa da Nova Geração que nasceu das crenças de… pessoas com um gosto único. William, não me diga… você é um desses cana- Eu digo, pessoas com um gosto único?”

“Claro que não!” William negou com cada fibra do seu ser.

Como se sentisse que eles estavam falando sobre ela, Lily olhou para William e Gavin. A loli fofa sorriu e acenou para William.

‘Eu sou um homem simples’, William pensou enquanto acenava de volta. ‘E vejo uma garota fofa acenando para mim, eu aceno de volta.’

Gavin sorriu maliciosamente e tirou um óculos de leitura de dentro do seu armazenamento dimensional.

“Não seja enganado pelo que você vê”, Gavin sussurrou. “Coloca isto.”

“O que é isso?” William perguntou.

“Este é um artefato divino chamado ‘Óculos da Verdade’”, Gavin explicou. “Ele pode ver através de qualquer disfarce e ilusão.”

William deu a Gavin um olhar cético antes de colocar os óculos. Ele então olhou para a garotinha fofa acenando para ele e congelou por causa do choque que teve.

A loli fofa havia desaparecido. Ao invés dela, uma idosa com a face enrugada e um nariz grande estava olhando de volta para ele. Ela sorriu e William pôde ver os três dentes que saíam de suas gengivas. Um em cima e dois em baixo.

A Loli-Vovó piscou e enviou um beijinho para William. Um coração rosa com asinhas se materializou do nada e voou com seu destino sendo o garoto. Por puro reflexo, William bateu no coração, enviando-o para o chão.

Determinado a cumprir sua missão, o coração rosa limpou a poeira de si mesmo enquanto lentamente se levantava do chão. Ele tentou bater suas asas para voar. Infelizmente, William não deu-lhe chances de se recuperar.

Ele pisou e estraçalhou o pequeno coração em pedaços. Depois de ter certeza que ele estava completamente destruído, o garoto correu com tanta vontade que parecia que o Diabo estava bem atrás dele.

Gavin riu e seguiu o garoto assustado que parecia estar correndo por sua vida. Em seus olhos, William era uma pessoa bem interessante. Se possível, ele queria que o menino se tornasse seu seguidor.


Nota:

[1] Trocadilho em inglês. Draw em inglês pode ser atrair e desenhar.

Vol. 1 Cap. 4 A Escolha de William

Depois de fugir da barraca da Deusa das Lolis, William visitou as outras tendas presentes no Templo dos Deuses. Após gastar três dias vagando pelo lugar, ele finalmente decidiu o Deus patrono que iria seguir.

“Bem-vindo!” Uma garota bonita com orelhas de gato apertou a mão de William. “Você tomou a decisão certa vindo aqui. Nosso Deus é o melhor.”

“Eu sei.” William corou enquanto olhava para o Deus que estava na frente da barraca. O homem bonito, com um comportamento nobre, notou o olhar de William e acenou com a cabeça na direção do menino.

Gavin, o Deus de Todas as Trocas, estava do lado de William. Ele não o escolheu como Deus patrono. Apesar de estar com uma expressão inconformada, ele ainda respeitou a decisão de William e decidiu permanecer ao seu lado até a assinatura do contrato.

Muitas mulheres bonitas estavam entregando os contratos às pessoas que estavam na fila. De acordo com a estimativa do garoto, haviam no mínimo quinhentos homens na fila deste pavilhão em específico.

O que era tão especial sobre esta barraca, você pergunta? Naturalmente, era por causa do Deus a qual ela pertence. Ele não era outro senão o Deus do Harém e muitos homens, sejam jovens ou mais velhos, estavam mais do que felizes em adorá-lo e se tornarem seus seguidores.

“Eu ainda não entendi”, disse Gavin. “Os cérebros de vocês estão localizados na parte inferior do corpo?”

Todos na fila olharam para Gavin em desdém.

William, por outro lado, desviou seu olhar.

Ele morreu virgem. Este era um dos seus arrependimentos que trouxe consigo de sua vida passada. Se possível, ele gostaria de compensar este acontecimento. Essa era a razão principal que o levou a escolher o Deus do Harém como seu Deus patrono.

Pode soar meio egoísta e meio vergonhoso, mas, para aquele que não foram capazes de viver uma vida digna, esta era uma tentação muito forte para ser ignorada.

Gavin sabia como William morreu. Todo Deus no templo possuía essa habilidade. Ele ficou bem impressionado com o garoto ter sido capaz de fazer esse tipo de sacrifício para salvar a vida de outrem.

Eram poucos aqueles que conseguiriam fazer isso. Possivelmente, essa foi a razão que motivou os Deuses a darem outra chance para William viver uma vida melhor.

Uma hora passou e finalmente chegou a vez de William assinar o contrato.

“Irmão, eu estou honrado em ter sido escolhido como seu Deus patrono”, o Deus do Harém disse com um sorriso sincero no rosto. Ele deu uma espiada no passado de William e viu o sacrifício que ele fez pelos seus irmãozinhos e irmãzinhas no orfanato.

Ele também admirou o quão resoluto ele foi ao doar seu coração para salvar aquela quem amava. Isso fez o Deus do Harém ter uma impressão favorável de William.

“William, além da bênção que você vai receber de mim como seu Deus patrono, eu também vou te dar um pedaço da minha divindade”, disse o Deus de maneira firme. “Deste momento em diante, eu te reconheço como meu irmão mais novo.”

“Irmãozão!” William jogou a vergonha de lado e descaradamente abraçou o Deus do Harém.

Gavin estalou a língua ao ver a cena, mas ele não podia fazer nada a respeito. A única coisa que ele conseguia fazer era ver seu candidato mais favorecido ser roubado por outro.

“Certo, agora, vamos assinar o contrato.”

“Tudo bem!”

O Deus do Harém acenou com sua mão para invocar um contrato, no entanto, nada aconteceu.

“Um?” O Deus franziu. Ele acenou com a mão pela segunda vez, só que nenhum contrato surgiu.

“Um, você pode me dar um minuto?” O Deus do Harém disse de uma maneira estranha. “Eu só vou contatar o Serviço ao Cliente e ver que está acontecendo.”

William concordou com a cabeça com um sorriso. Ele não estava preocupado porque este tipo de coisa acontecia a todo momento enquanto ele ainda estava vivo na Terra. Talvez a impressora tenha ficado sem tinta ou algo assim. Ao menos, isso era o que ele pensou naquele momento.

“Ola? Aqui é o Deus do Harém. Eu liguei porque eu fiquei sem contratos, você pode me enviar mais alguns?” O Deus explicou a situação.

“Um? Então é assim…” Ele franziu. “Vocês não podem fazer nada a respeito? Só mais um contrato vai ser o bastante! Eu não vou pedir por mais nenhum.”

“Desculpe senhor, você atingiu o número máximo de seguidores”, o representante do Serviço ao Cliente respondeu. “Mesmo que você peça por mais contratos, nada pode ser feito. O Sistema Divino não vai deixar ninguém violar esta regra. Só deixe pra lá , Senhor.”

O Deus do Harém suspirou e encerrou a ligação. Ele olhou para William com indisposição. Um irmão tão bom e ele não será capaz de dar a ele a felicidade que ele merece!

Gavin notou a mudança na expressão do Deus do Harém e imediatamente pensou em algo.

‘Poderia ser…’, Gavin pensou. Ele não ousou falar seus pensamentos em voz alta no caso de estar errado.

“Irmão, eu sinto muito!” O Deus do Harém curvou a cabeça. “Eu atingi o número máximo de seguidores. Eu não posso ter mais nenhum, mesmo que eu queira.”

Gavin quase pulou de empolgação quando ouviu a explicação do outro Deus. ‘Eu sabia!’

William estava devastado pela notícia. Foi como esperar na fila para comprar a edição limitada de um jogo que ele ansiava. Aí, quando era a vez dele comprar, o funcionário disse que acabou o estoque!

“Não se preocupe, irmão!” O Deus do Harém deu um tapinha no ombro de William. “Mesmo que você não assine meu contrato, eu ainda posso te dar minha divindade!”

“Huh?!” Gavin olhou para o Deus do Harém como se ele visse uma aberração. Garantir uma divindade a alguém era diferente de assinar um contrato. O contrato só te fornece a bênção regular de um dos Deuses.

Uma divindade, pelo contrário, te garantiria privilégios especiais que eram, no mínimo, dez vezes melhores que os de um contrato regular. Eles não eram nem dignos de comparação.

“E-Ei, você tem certeza que vai dar a William um pedaço da sua divindade?” Gavin perguntou.

“Não é contra as regras.” O Deus do Harém foi inflexível. ”Este é meu irmão! Meu irmão de juramento! Eu nunca vou fazer mal a ele!”

“Seu sortudo filho duma…” Gavin deu um tapinha no ombro de William. “Boas notícias para você, William.”

William estava desinformado sobre o quão importante a divindade de um Deus era. A única coisa que ele entendeu da conversa foi que, de algum jeito, ele iria receber algo melhor que um contrato.

O Deus do Harém deu à William uma peça de xadrez. O garoto a analisou e achou familiar.

“O Rei?” William murmurou. “Essa é a sua divindade, Irmão?”

“Exato.” O Deus do Harém acenou com a cabeça. “Coloque isto dentro da sua alma, irmãozinho. Dessa forma, ninguém vai ser capaz de roubar isso de você. Além disso, de agora em diante, sinta-se à vontade para me chamar de Irmão Issei.”

William obedientemente fez como foi lhe falado e colocou a peça do Rei próxima ao seu peito. A peça de xadrez brilhou e entrou no corpo de William. Ele sentiu que sua alma se tornou mais forte, mas ainda não conseguia entender qual tipo de habilidade ele ganhou da divindade que lhe foi concedida.

“Tudo bem, como eu cheguei ao limite, eu vou te seguir até você escolher seu Deus patrono.” Issei bateu em seu peito com confiança. “Não se preocupe. Enquanto eu estiver por perto, ninguém vai ousar te enganar e forçar você a virar seu seguidor.”

“Obrigado, Irmão Issei.”

“Não precisa me agradecer. Isso é o mínimo que eu posso fazer por você, William.”

William mal tinha acabado de concordar quando ouviu uma voz familiar gritando de trás dele.

“Você está aqui, Irmãozão!” A Deusa das Lolis, Lily, pulou para abraçá-lo como uma bola de canhão.

Tudo aconteceu tão rápido que William não teve tempo de desviar do ataque da loli. Lily se prendeu ao corpo de William enquanto posicionava sua cabecinha no peito dele.

“Irmãozão, eu realmente gosto de você”, a Deusa das Lolis disse. “Por que você não se torna meu seguidor? Eu estou disposta a te dar muitos benefícios. Tudo que você precisa fazer é… hehehe, dar-me um beijo.”

‘E-Eu… Merda!’ William gritou internamente. ‘Eu preferiria beijar um sapo a beijar você!’

O corpo dele se debateu incontrolavelmente enquanto cada fibra do corpo dele tentava se livrar do aperto de Loli Vovó. A pequena loli desconhecia o fato de William já ter visto através do disfarce dela. Lily continuou a fazer seu melhor para agir de maneira fofa e seduzir William a se tornar seu seguidor.

Gavin sorriu maliciosamente enquanto via a cena se desdobrar. Outra chance surgiu na frente dele e ele seria idiota se não a usasse a seu favor.

Vol. 1 Cap. 5 Assinando o Contrato

“Irmãozão, por favor, vire um dos meus seguidores”, Lily disse com olhos de cachorrinho.

William tinha certeza que se ele não tivesse visto a forma verdadeira da Deusa das Lolis, ele teria aceitado de imediato o pedido dela.

“De-Desculpe, mas eu não estou interessado!” William olhou ao redor desesperado. Ele olhou para seu irmão Issei tentando ter alguma ajuda, mas o último só acenou a cabeça com um sorriso.

“A Deusa das Lolis é uma boa escolha, Irmão”, Issei comentou. “Algumas das minhas amantes são lolis. Elas não só são fofas e adoráveis, como também são muito leais.”

Lily deu um sorriso enorme para William. “Irmãozão, vamos logo, me escolha como sua Deusa patrona. Eu prometo que você não vai se arrepender. Lembre-se, a cadeia é só mais um quarto. O que os olhos não vêem, o coração não sente.”

Vendo que seu irmão jurado estava de complô com a Loli-Vovó, o olhar de William se direcionou para o único Deus que nunca deixou sua companhia desde o dia que ele pisou no templo.

“Ga-Gavin! Por favor, me ajuda!” William suplicou.

“Por que eu deveria? Lily é uma boa Deusa.” Gavin sorriu maliciosamente. “Vocês dois são um par perfeito.”

“Isso! Nós somos um par perfeito!” Lily, com felicidade, assentiu em concordância.

William pôde sentir seu corpo começar a ficar dormente. Talvez fosse devido à reação do seu corpo perante a Deusa das Lolis, ou por causa da essência divina que estava sendo liberada por Lily.

Desesperado, William usou um trunfo que garantiria a sua segurança.

“Gavin, se você me ajudar, eu prometo que vou me tornar seu seguidor!” William gritou.

Lily ficou atordoada com a decisão de William. Essa foi a primeira vez que algo assim aconteceu com ela. A maioria das pessoas que entram no templo quase sempre concordam em assinar um contrato com ela no momento em que a mesma começa a agir de maneira fofa e pegajosa.

Nunca passou pela cabeça dela que, por causa das suas ações, ela forçou William a um beco sem saída.

“Você escutou ele, Lily”, Gavin deu um passo pra frente e tirou a pequena lol do corpo de William.

“Che!” Ela fez beicinho.

Depois de ser liberto das garras da Loli-Vovó , William finalmente conseguiu se acalmar. Ele respirou fundo algumas vezes para se recompor antes de olhar para Gavin com gratidão.

“Me dá o contrato”, disse William. “Eu vou assiná-lo.”

Gavin não fez nada além de simplesmente olhar para William com uma expressão séria. Ele realmente queria dar o contrato para o garoto, porém, não queria forçar ele também. O Deus de Todas as Trocas sabia que tinha jogado sujo para conseguir a promessa William e estava se sentindo culpado.

“Para que a pressa?” Gavin limpou a garganta. “Seria melhor se conversássemos enquanto estamos apreciando uma comida deliciosa.”

“Me parece uma boa sugestão.” Issei acenou em concordância. Ele sentiu que algo estava fora do lugar, mas decidiu só seguir o fluxo.

“Eu também vou ir!” Lily não quis ser deixada de lado, então decidiu acompanhá-los.

Gavin levou William e os dois Deuses para o restaurante mais popular do templo. Era um restaurante gerenciado pelo Deus da Culinária em pessoa.

A língua de William quase derreteu quando ele deu a primeira mordida.

“De-Delicioso!” William ficou encantado e começou a devorar a comida com gosto.

Mesmo que ele já estivesse morto, a comida o fez lembrar das vezes que ele teve que dormir enquanto sentia fome. O orfanato não tinha muito dinheiro e a comida era limitada. Ele costumava dividir sua comida com seus irmãos e irmãs para que eles não ficassem com muita fome.

Os três Deuses tiveram um vislumbre da memória triste que ele teve e começaram a pedir mais pratos para serem servidos. Eles olharam para o garoto com pena e decidiram deixar ele comer o bastante para uma vida inteira.

Depois que a refeição terminou, William estava contente e deu um tapinha na barriga inchada.

“Isso foi incrível”, William disse enquanto fechava os olhos com satisfação.

“Você quer repetir?” Gavin perguntou. “Nós sempre podemos pedir mais.”

“Obrigado, mas eu estou cheio.”

“Tudo bem. Se você diz.”

William olhou ao redor do restaurante. A maioria dos clientes eram Deuses. Ele considerou que a maioria dos Escolhidos já havia escolhido seus Deuses patronos e entraram no Ciclo da Reencarnação.

“Gavin, você pode me dizer meus deveres como um seguidor?” William coçou a bochecha timidamente. “Eu ainda não entendi esse negócio. Há algo que eu tenho que fazer em troca da sua bênção?”

“Antes, deixe-me falar mais sobre mim.” Gavin decidiu ser honesto. Ele queria que William o escolhesse por livre e espontânea vontade, não por ter sido forçado. “Depois da minha explicação, você pode decidir se vai me escolher como seu Deus patrono ou não.”

William estava surpreso com o comportamento de Gavin. No fim, ele optou por acenar com a cabeça e ouvir a explicação do Deus.

Vendo que tinha a atenção total de William, Gavin começou a falar.

“Como você já deve saber, meu lema é ‘Faz de tudo um pouco, mas não é bom em nada’. Assim como com seu Irmão, Issei, no momento em que você assinar meu contrato você irá receber minha benção. Ela funciona desse jeito: você vai receber um aumento de vinte por cento na experiência que vai ganhar após aumentar o nível da sua Classe de Trabalho.”

“Classe de Trabalho? Como nos jogos?” William perguntou. Ele jogou jogos RPG antes e era familiar com o conceito de nivelar. O garoto também já leu muitas novels que falavam sobre cultivação e jogos virtuais, então era fácil de entender a explicação de Gavin.

“Isso mesmo. Esse é o primeiro benefício por se tornar meu seguidor.” Gavin acenou em confirmação. “O segundo benefício é que você vai receber um ponto de habilidade a mais sempre que subir o nível da sua Classe de Trabalho. Não é incrível?”

“Parece mesmo ser incrível. Contudo, eu tenho uma pergunta.”

“E qual é?”

“A sua bênção vai funcionar no mundo no qual eu vou viver? Eu duvido que ela seria útil se eu reencarnasse na Terra. Afinal, não existem monstros na Terra. Lá você não consegue ganhar experiência.”

“E quem disse que você só consegue experiência matando monstros?” Gavin disse com um sorriso conhecedor.

“Você não tem que matar monstros?” William devolveu a pergunta.

“Você não precisa matar monstros para ganhar experiência e subir o nível da sua Classe de Trabalho. Lembre-se disso William, cada mundo tem suas próprias regras. Eu acredito que na Terra exista um ditado que diz ‘Quando em Roma, faça como os romanos fazem’. O mesmo pode ser dito sobre os outros mundos. Quando você vive em determinado mundo, você faz o que as pessoas daquele mundo fazem, entendeu?”

“Sim.”

“Certo”, Gavin continuou a explicar. “Agora, o terceiro benefício. Uma vez que você desbloqueie dez trabalhos, você vai ser capaz de fundi-los! Por exemplo, você pode ser um cavaleiro, um sacerdote, um feiticeiro, um druída, um guerreiro dragão e muitos outros!”

“Isso parece muito bom para ser verdade. Qual a pegadinha?” William não era ingênuo. Se todos pudessem ter essa habilidade apelona, Gavin não estaria desesperado para fazer dele seu seguidor.

Gavin deu um sorriso irônico e decidiu dizer a verdade para William. “Bem, a maioria das pessoas normalmente pode ter de um a três trabalhos durante sua vida inteira. Alcançar dez profissões ou mais só é possível para seres que podem viver muito tempo, como os elfos.”

“Então, simplificando, se eu não nascer um elfo, eu tô fudido?”

“Não exatamente. Só a habilidade de fundir suas Classes de Trabalho em uma não vai estar disponível. O resto dos benefícios permanece.”

“Ah, então são boas notícias.”William se sentiu aliviado porque as bênçãos que Gavin mencionou não eram ruins. “Certo, onde eu assino?”

“Você tem certeza que quer virar meu seguidor? Você sabe, há Deuses melhores lá fora”, Gavin respondeu.

“Tá tudo bem. Eu confio em você.” William olhou para Gavin seriamente. “Eu acredito que você está falando a verdade.”

Gavin se sentiu tocado. Ele acenou com a mão e o contrato apareceu do nada. Ele, então, deu o contrato junto de uma caneta para William. O Deus de Todas as Trocas fez o melhor para impedir que suas mão começassem a tremer. Na verdade, além de William, ele só tinha um único seguidor.

Um Deus sem seguidores deixaria de existir.

Essa foi a razão dele estar desesperado para recrutar William. No fim, sua honestidade com o garoto fez ele escolhê-lo como seu Deus patrono.

Após assinar o contrato, William sentiu uma conexão muito forte entre ele e Gavin ser criada. Era uma sensação calorosa e que o fez se sentir protegido.

Vol. 1 Cap. 6 Caralho! Eu vou te desmontar!

“Então, é assim que alguém se sente ao assinar um contrato com um Deus”, William murmurou.

“Eu estou com inveja, Irmãozão, você deveria ter me escolhido como Deusa patrona ao invés dele.” Lily fez biquinho. A pequena loli agarrou a mão de Wiiliam e olhou para ele com olhos de cachorrinho.

William ignorou Lily e olhou para Gavin com uma nova perspectiva. “Então, acabou? É hora de eu ir reencarnar?”

“Ainda não. Eu também vou te dar isso”, Gavin disse com um sorriso.

Issei e Lily fizeram uma expressão de surpresa, mas ela logo desapareceu dos seus rostos. Ambos reconheceram o presente de Gavin e acenaram em apreciação.

“O que é isso?” William perguntou. Ele analisou o objeto que Gavin deu a ele. Seu comprimento e largura eram de dois centímetros, no máximo. De algum jeito, ele parecia bem familiar. O garoto tinha certeza que já tinha visto esse objeto na Terra.

“Eu acredito que é chamado de núcleo da CPU na Terra”, Gavin explicou. “Esse é meu último presente para você. Eu rezo para que ele te ajude na sua próxima vida.”

“Obrigado”, William respondeu.

Ele estava grato pois podia dizer que Gavin deu a ele algo muito precioso. Apesar de não saber o que o núcleo era capaz de fazer, ele sentia que teria uma função importante após seu renascimento.

“Minha vez!” Lily levantou a mão e deu a William um pirulito. “Irmãozão, esse é meu presente. Por favor, não recuse!”

“Ei, Lily, o que você pensa que está fazendo?” Gavin olhou para a loli. “William é meu seguidor agora. Pare com essas tentativas.”

“Eu sei que ele é seu seguidor, mas o que que tem?” Lily bufou. “Eu não estou quebrando as regras!”

“Lily está certa.” Issei, que estava só assistindo de lado, sorriu. “Ela não está violando nenhuma regra. Irmão, você deveria aceitar com gratidão o presente da Lily. Não é todo dia que ela tem uma impressão favorável de alguém que não seja seguidor dela.”

“Tu-Tudo bem.” William pegou o pirulito que Lily ofereceu, o que fez com que o sorriso no rosto dela se expandisse. Felizmente, ele não estava usando os ‘Óculos da Verdade’. Se ele estivesse, provavelmente já teria recuado assustado.

Gavin suspirou, mas não deu continuidade ao assunto. “Obrigado, Lily.”

“Por que me agradecer? Eu dei isso pro Irmãozão porque eu gosto dele.” Lily bufou. “Eu não fiz isso por você. Não se confunda, Baka.”

O núcleo da CPU e o pirulito flutuaram no ar antes de dispararem em direção ao peito de William. Uma faixa de luz divina permeou a alma dele e o fez se sentir tonto.

Depois de dez minutos, William finalmente se recompôs. Ele mais uma vez agradeceu Gavin, Issei e Lily pelos presentes dados. Após terminarem a refeição, eles levaram William para o Ciclo da Reencarnação.

O Ciclo da Reencarnação era um lugar onde incontáveis portais – conectados a diferentes mundos – pairavam no céu estrelado.

Os portais coloridos por si só já pareciam estrelas e William sentiu medo e empolgação ao mesmo tempo.

“Eu acho que William deveria ir para aquele portal dourado bem ali”, Issei propôs.

“Portais dourados são bons, mas eu não quero que o Irmãozão viva a vida como um porco”, Lily interveio. “Os portais prateados seriam perfeitos para ele, já que dão espaço para seu crescimento.”

“Um, vocês podem me falar mais sobre os portais?” William perguntou. Desde que era relacionado ao seu renascimento, ele queria saber mais sobre as diferenças entre cada portal.

“Não”, os três Deuses responderam firmemente. “Nós não temos permissão para divulgar qualquer informação referente aos portais.”

William pode não ser muito inteligente, mas ele entendeu que Issei e Lily já deram algumas dicas a ele sobre quais portais eram os melhores. Gavin permaneceu ao lado dele e esperou que ele escolhesse o mundo em que viveria.

Enquanto estava ponderando sua decisão, o portal dourado na frente dele brilhou. Um homem velho, vestindo roupas brancas e carregando um cajado de madeira apareceu diante dele.

“Gavin? Issei? Lily?” O velho estava surpreso em ver seus conhecidos no Ciclo da Reencarnação. “Vocês estão aqui esperando pelo meu retorno? Desculpem-me, mas eu não trouxe nenhuma lembrancinha comigo.”

“Até parece, velhote!” Lily levantou o pequeno punho dela. “Nós estamos aqui para nos despedir do William e não te dar boas-vindas!”

“Che~” O homem suspirou levemente em desapontamento. Contudo, a expressão dele mudou quando olhou para William. “Oh, bem interessante!”

“Hah! Maravilhoso!” O velho se aproximou e analisou William de cima a baixo. “Para uma alma receber tantas divin-oooooomf!”

Gavin e Issei taparam a boca do velho senhor e o arrastaram para longe. Lily, pelo contrário, começou uma conversa fiada com William. Os três Deuses unanimemente concordaram que William deveria permanecer sem saber por enquanto.

“Velho, é melhor você não dizer nada!” Issei olhou para ele. “Isso é um segredo! Se os outros Deuses descobrirem sobre esse assunto, vai haver um tumulto!”

“Fecha a matraca, velhinho”, Gavin disse. “Essa é minha última chance de conseguir um seguidor, não me faça te espancar!”

“O-Ok, seus pestinhas!” O velho concordou, mas um sorriso malicioso apareceu no rosto dele. “Porém, me deixem participar também! Parece divertido! Além disso, o garoto parece ter sido feito sob medida para ser meu discípulo.”

“Huh?!”

“Calma lá, velho, você está falando sério? Você quer fazer do William seu discípulo?”

“Por que não? Não é contra as regras, certo? Além do mais, isso também é benéfico para você, Gavin.”

Gavin franziu. “Velho, a alma do garoto não é capaz de aceitar mais divindades. Ela já está além do limite tendo três.”

“Não se preocupe, eu não vou dar a ele nenhuma divindade.” O senhor disse. ”Eu vou dar a ele algo diferente.”
Após os três chegarem em um acordo, eles voltaram para onde William e Lily estavam esperando.

“Olá, William”, o velho cumprimentou o menino com um sorriso brilhante. “Meu nome é David e eu sou amigo desses três Deuses.”

“Oi, senhor David.” William curvou a cabeça.

“Você já escolheu algum portal?” David perguntou.

“Já!” William respondeu com determinação. “Eu vou entrar naquele portal prateado bem ali.”

William apontou para um portal prateado que estava dispersando raios de luz arco-íris do seu centro.

“Aquele mundo? Nada mal. É uma boa escolha.” David acenou em concordância. “Bem, já que nós dois nos encontramos, deve ser Destino. Deixe-me te dar uma lembrança antes que você vá embora.”

David entregou a William o cajado de madeira que ele estava segurando. “Leve isto com você.”

“Eh? M-Mas vovô, essa é a sua bengala, certo?” William olhou para David com confusão.

“Relaxa, eu tenho mais de onde este veio.” David acenou com a mão casualmente.

Um graveto de madeira, similar àquele que William estava segurando, apareceu na mão de David.

“Leve ele como uma lembrança do nosso encontro.” David deu um tapinha no ombro do menino. “Agora, hora de você ir.”

O corpo de William começou a flutuar e voou em direção ao portal. Porém, ele parou no meio do ar e olhou de volta para os quatro Deuses que fizeram sua estadia no Templo dos Deuses memorável.

“Obrigado a todos vocês!” William se curvou respeitosamente. “Eu vou fazer melhor na minha próxima vida.”

“William, antes de você ir, por favor, escute com atenção.” Gavin disse. “Ao iniciar esta nova jornada, lembre-se que a jornada em si tem seu significado. O nascer do sol, o pôr do sol e a beleza do mundo ao seu redor, abrace tudo isto e viva sua vida ao máximo.”

“Obrigado! Eu vou!” William acenou sua mão uma última vez e se virou para o portal a sua frente.

De repente, um caminhão surgiu do portal ao lado do portal prateado em que William estava planejando entrar.

Com um impacto alto, o caminhão atingiu William e o enviou com tudo para um portal vermelho não muito distante. Em questão de segundos, a alma de William entrou no portal, deixando os quatro Deuses congelados onde estavam.

Gavin, Issei, Lily e David: “…Merda!”

O caminhão finalmente parou e se transformou em um robô de dez metros de altura. “Hum? Eu acabei de bater em alguém?”

“Truck-kun! Caralho! Eu vou te desmontar!” Gavin gritou em fúria.

Vol. 1 Cap. 7 William Von Ainsworth

“Por que está demorando tanto?” Um elfo que parecia ter uns 30 e poucos anos andava para dentro e para fora do cômodo. Igual a todos os elfos, ele era muito bonito. Contudo, seu lindo rosto estava preenchido por ansiedade.

“Dar a luz leva tempo”, uma linda elfa respondeu. “Para de andar por aí, você está me fazendo ficar nervoso também.”

“Eu estou preocupado com a nossa filha”, o elfo falou. “E… E se algo acontecer com ela e com a criança? O que nós deveríamos fazer, Aerin?”

“Nada vai acontecer, Theoden”, Aerin olhou para seu marido com aborrecimento. “Se controla, tá? É só olhar para o Morgan. Viu? Ele está bem calmo.”

Theoden direcionou seu olhar para o homem ruivo que estava encostado na parede no canto da sala. Ele estava de braços cruzados no peito e parado como uma estátua. Seus olhos estavam fechados e ele parecia estar descansando.

O elfo finalmente se acalmou e sentou ao lado de sua esposa. Ambos seguraram as mãos um do outro e rezaram aos Deuses para manter a filha deles e seu filho seguros.

**********

Dentro da sala de parto…

“Minha senhora, eu consigo ver a cabeça do bebê”, a parteira disse com empolgação. “Só um pouco mais. Só mais um empurrão!”

A linda mulher que estava deitada na cama deu um grito alto ao mesmo tempo que obedecia a súplica da parteira. Seu longo cabelo loiro grudado na sua pele e seus olhos verde esmeralda tingidos de fadiga. Ela estava em trabalho de parto a mais de três horas e se sentia extremamente cansada.

A única coisa que mantinha sua sanidade, não a fazendo perder o controle, era sua vontade inabalável de ver seu filho.

Depois de muita dificuldade, o bebê finalmente nasceu.

A parteira segurou o recém-nascido nas mãos. Ela checou o sexo e estava prester a parabenizar sua senhora por dar a luz à um menino quando notou que algo estava estranho.

Depois de muito pensar, ela percebeu que o bebê não chorou quando nasceu. Ela franziu cenho enquanto usava mágica para limpar o corpo da criança. Ela prestou bastante atenção à respiração da criança e ao seu batimento cardíaco.

Por um breve momento, a parteira pensou que o bebê havia imediatamente morrido após seu nascimento. Ela já tinha presenciado tais casos antes e isso a deixou bem ansiosa.

Felizmente, ela notou o peito do recém-nascido subir, o que era uma clara indicação que ele havia começado a respirar. Porém, a respiração dele era bem lenta e fraca.

“Qual o problema?” A moça bonita que tinha acabado de dar a luz perguntou. “Alguma coisa aconteceu com meu bebê?”

A pergunta dele tirou a parteira do seu torpor. Ela rapidamente entregou o bebê à mãe e a parabenizou.

“Meus parabéns, minha senhora. É um menino”, a parteira disse. “No entanto, ele é bem fraco e eu temo que…”

A moça ignorou a parteira e levou seu filho recém-nascido para perto do seu seio. Toda a exaustão que ela sentiu durante o parto foi substituída pela felicidade que ela estava sentindo naquele momento.

“Você parece uma pequena lagarta”, a moça provocou seu filho enquanto uma lágrima escorria pelo rosto dela. Ela acariciou as bochechas da criança ao mesmo tempo que canalizava sua magia nas mãos.

“‘Tratar’.”

“‘Curar’.”

Depois de conjurar dois feitiços consecutivos, o bebê finalmente começou a se mover e a chorar.

Os dois elfos esperando foram da sala de parto se olharam. Aerin começou a chorar e enterrou sua cabeça no abraço do marido.

Apesar dela repetidamente falar para ele que tudo ficaria bem, ela mesma se sentia ansiosa.

O homem ruivo que estava encostado na parede finalmente abriu os olhos. Ele soltou um suspiro de alívio enquanto olhava para o teto da sala. Os olhos cinzas dele estavam tingidos de felicidade e tristeza.

Felicidade porque o filho do seu irmão nasceu. Tristeza porque a criança nunca veria seu pai durante sua vida inteira.

“Minha senhora, seu filho é muito persistente.” A parteira sorriu enquanto olhava para a criança. “Eu realmente pensei que ele não conseguiria.”

A mulher beijou seu bebê e sorriu. “Você está dizendo que ele tem uma vontade de viver forte?”

“Exato!” A parteira assentiu em concordância.

“Will…”, a moça murmurou. “De agora em diante, seu nome será William. William Von Ainsworth.”

Ela olhou amavelmente para o filho. “Cresça grande e forte, assim como o seu pai.”

Repentinamente, a porta se abriu e os dois elfos entraram no quarto.

Theoden imediatamente checou a condição da sua filha. Seu coração se apertou quando ele viu a exaustão que preenchia o rosto dela. Porém, ele também podia sentir felicidade e orgulho sendo vindos da sua expressão.

Aerin se aproximou e beijou as bochechas dela. “Meus parabéns, Arwen.”

“Muito obrigada, mãe”, Arwen respondeu com um sorriso sutil.

Vendo o par de filha e mãe, Theoden se sentiu excluído e decidiu examinar o bebê que estava aninhado no abraço de sua filha.

“Por que ele está tão quieto?” Ele perguntou. “Os bebês humanos são tão fracos?”

“Do que você está falando? Ele não é uma criança humana. Ele é um Meio-elfo”, Aerin corrigiu seu marido.

“Pai, meu filho não é fraco.” Arwen fez beicinho. “Ele é forte! Senão, ele não teria nascido neste mundo.”

Theoden franziu, mas sabia que era melhor não discutir com sua mulher e filha. Depois de checar sua filha e neto, os dois elfos saíram da sala para que a mãe e filho tivessem algum tempo entre si.

Afinal, eles teriam que partir mais cedo ou mais tarde.

Arwen desabotoou seu vestido e gentilmente guiou os lábios do seu filho para seu seio. O bebê ainda estava de olhos fechados. Claramente ele ainda estava fraco, todavia, seus instintos permitiram que ele fizesse a coisa mais básica que todo recém-nascido deveria fazer: beber o leite de sua mãe.

Lá no fundo das consciência de William, palavras começaram a se formar. Contudo, sua alma ainda estava machucada por ter sido atingida pelo Truck-Kun antes de entrar no Ciclo da Reencarnação. Por causa disso, ele foi incapaz de ver as palavras que apareceram na sua ‘Página de Status’.

*****

< Missão Diária: ‘Beba Leite’ foi concluída! >

< Recompensas: 5 pontos de Experiência. >

< Experiência Atual: 05/100 >

*****

Nome: William Von Ainsworth

Raça: Meio-Elfo

Pontos de Vida: 5/5

Mana: 10/10

Profissão: Nenhuma

Subprofissão: Nenhuma

< Força: 0 >
< Agilidade: 0 >
< Vitalidade: 1 >
< Inteligência: 2 >
< Destreza: 0 >

Habilidades: Nenhuma

Títulos: Nenhum

Vol. 1 Cap. 8 Feudo de Lont

“Por favor, prometa que você vai cuidar dele.” Arwen disse enquanto segurava amorosamente William em seus braços. Lágrimas caíam imparavelmente dos seus olhos, já que ela não conseguia suportar a separação.

Porém, para mantê-lo seguro, ela não tinha escolha a não ser deixá-lo onde os humanos viviam. Theoden e Aerin também estavam se sentindo deprimidos por seu primeiro neto não poder ir com eles.

Se não fosse pela responsabilidade trazida pela linhagem que portavam, eles teriam feito de tudo para manter William com eles.

“Eu não posso te prometer isso”, Morgan respondeu de maneira firme. “Você sabe que se ficasse comigo, ele viveria uma vida repleta de perigo. Entretanto, não se preocupe. Eu vou levá-lo para a minha cidade natal. Meu irmão e a esposa dele já estão esperando pela sua chegada. Tenho certeza que eles vão mantê-lo seguro e feliz.”

Os lábios de Arwen tremeram. William ainda estava dormindo e ignorante ao fato que seria separado de sua mãe. Ele chegou a este mundo há duas semanas e ainda não havia aberto os olhos este tempo inteiro.

Sua mãe estava preocupada com sua condição, mas já tinha feito o melhor que podia. O corpo da criança estava saudável, o que a fazia concluir que o problema era a alma dela.

Os elfos tinham fortes poderes espirituais. Depois de fazer uma varredura espiritual no seu filho, Arwen descobriu que a alma dele parecia estar danificada. As únicas boas notícias é que ela iria se recuperar com o passar do tempo.

Arwen acreditava que só levaria um ou dois meses para que a alma de William se recuperasse completamente. Infelizmente, William perdeu a chance de ver sua linda mãe antes de ser levado.

“Minha senhora, é arriscado atrasar ainda mais”, a donzela protetora de Arwen, Sheila, a lembrou. “O ‘Templo da Luz’ está fazendo seu melhor para atrasar o Conselho Élfico, mas as buscas deles já se ampliaram para esta parte do continente. Eu temo que seja só questão de tempo antes deles nos encontrarem.”

Arwen deu a William um beijo na testa antes de entregá-lo à Morgan. Ela, então, conjurou um feitiço protetor que iria colocar seu bebê em um estado em que o tempo parou. Somente quando Morgan chegasse na sua cidade natal que feitiço se dissiparia.

“Você quer dar algo a ele antes de eu ir?” Morgan perguntou. “Vai levar anos até que vocês consigam se ver novamente.”

“Eu já deixei uma lembrança”, Arwen respondeu e seu olhar parou no colar que ela entregou a seu filho.

No centro do colar, havia um anel preto. Era o anel que pertencia ao falecido pai de William, Maxwell, o irmão gêmeo de Morgan.

Morgan direcionou seu olhar para o anel familiar que estava repousando quietamente no peito do bebê e acenou com a cabeça. Ele disse o adeus final à Arwen e seus pais antes de ir em direção à sua montaria.

A Mantícora de sete metros de altura abaixou seu corpo massivo e deixou que Morgan sentasse em suas costas. A criatura tinha o corpo de um leão, a cauda de um escorpião e as asas de um dragão. Ela foi uma besta poderosa que acompanhou Morgan em sua jornada ao topo do reino mortal.

“Depois de alguns anos, tenha certeza de enviá-lo cartas”, Morgan disse, encorajando. “Eu tenho certeza que ele gostaria de conversar com a mãe biológica, mesmo que através de cartas.”

Arwen amargamente concordou com a cabeça. Mesmo sem Morgan a lembrando, ela ainda enviaria cartas ao filho. Não queria que pensasse que a mãe não se importava com ele.

A Mantícora bateu as asas e disparou em direção ao céu. Arwen desabou e começou a chorar enquanto seu filho desaparecia no horizonte.

**********

Em algum lugar na parte Ocidental do Continente Sul…

Um Mantícora pousou a uma milha de distância do pequeno feudo de Lont.

Apesar de que Morgar poderia só entrar na cidade com sua montaria, ele decidiu ser mais discreto em sua abordagem. Ele foi “exilado” do Reino Hellan muitos anos atrás. No entanto, se ele realmente quisesse retornar a sua terra natal, ninguém, nem mesmo o Rei do Ferro Sangrento, poderia pará-lo.

A família real, assim como os nobres, odiavam e temiam sua pessoa. Então, para que sua família vivesse em paz, ele decidiu deixar o reino e vagar pelo continente.

“Lembre-se, não cace indiscriminadamente.” Morgan deu um tapinha na sua montaria e deu um aviso severo.

A Mantícora deu um resmungo baixo de entendimento antes de disparar para as partes profundas da floresta. Morgan balançou a cabeça desesperançosamente enquanto andava a pé em direção à propriedade do seu irmão, localizada na parte de trás da cidade.

Ninguém o viu entrando. Nem os guardas que estavam manejando os portões, nem as patrulhas que faziam suas rondas. Em menos de meia hora, Morgan estava na frente de uma casa de três andares.

Esta foi a casa onde ele e seus irmãos brincavam durante a infância. Já faz quase quatro anos desde a última vez que visitou o local.

“Você realmente chega quando quer, irmão.”

A porta principal da residência se abriu e um homem que parecia estar chegando nos trinta o cumprimentou com um sorriso.

“Já faz algum tempo”, Morgan respondeu com um sorriso rígido. “Mordred.”

“Quatro anos”, Mordred bufou. “Você deveria visitar a gente mais frequentemente. Além disso, não fica usando essa desculpa barata que você foi ‘exilado’ e não pode vir nos ver. Quem você acha que engana?”

“Por que vocês estão conversando aí fora?” Uma mulher bonita com cabelo marrom escuro apareceu atrás de Mordred. “Morgan, é bom te ver de novo. Entre, eu preparei sua comida favorita.”

“Você não mudou em nada, Anna”, Morgan cumprimentou. “Continua tão bonita como sempre.”

“Tá bom, tá bom. Agora pare com essa bajulação toda e me dê o bebê.” Anna felizmente andou em direção a Morgan para dar uma olhada no bebê que estava no colo dele.

Ela olhou para a criancinha e sentiu que seu coração estava derretendo. Sem esperar pelo permissão de Morgan, ela pegou o bebê dele e deu-lhe um beijo na testa.

“Qual é o nome dele?” Anna perguntou.

“William”, disse Morgan.

“Muito bem, o apelido dele vai ser Will.” Ela sorriu.

Então, deixando para trás os dois homens, ela entrou na casa. Ambos suspiraram e a seguiram. Apesar de Mordred ser o Baronete de Lont, aquela quem mandava na cara era ninguém menos que Anna.

Quando eles entraram na casa, puderam ouvir ela conversando com alguém.

“Ella, este é o Will, ele não é fofo?”

“Meeeeeeh.”

“Olha, ele acabou de chegar de uma longa jornada, você pode dar a ele um pouco do seu leite?”

“Meeeeh.”

Morgan inclinou a cabeça ao ver Anna tentando persuadir uma cabra a amamentar William. A cabra só tinha um metro de altura e uma pelagem muito macia. Os chifres de doze polegadas presentes na sua cabeça tinham uma tonalidade vermelha que os faziam parecer mais refinados.

A cabra ficou parada enquanto Anna guiava os lábios do bebê para que ele pudesse beber um pouco de leite. A viagem foi demorada e se não fosse pelo feitiço de Arwen, William poderia ter morrido de fome durante o caminho. Desconhecido para o inconsciente William, sua Página de Status foi atualizada mais uma vez ao mesmo tempo que o leite da cabra entrou no corpo dele.

*****

< Missão Diária: ‘Beba Leite’ foi concluída! >

< Recompensas: 5 pontos de Experiência. >

< Experiência Atual: 75/100 >

*****

Vol. 1 Cap. 9 Fugir! Eu tenho que fugir!

Um mês se passou desde que William chegou em Lont. Morgan ficou por uma semana antes de deixar o Reino Hellan.

Anna se sentou em uma cadeira enquanto tricotava roupas para seu filho mais velho, Matthew. William estava deitado em um tapete grosso com a Cabra Angorá, Ella, ao seu lado.

‘Eu fico feliz por William ser uma criança bem-comportada’, Anna pensou enquanto olhava para o bebê que estava atualmente bebendo o leite de Ella.

Mal ela sabia que a criança “bem-comportada” estava ocupada planejando o seu futuro.

Cinco dias após William chegar em Lont, o pequeno bebê finalmente ganhou experiência o suficiente para subir de nível. Esse aumento foi o gatilho que fez com que a alma de William se recuperasse completamente e permitisse que ele recobrasse a consciência.

No início, William ficou confuso. Por um breve momento após acordar, ele pensou que nasceu como um bode. Ele quase entrou em pânico e gritou. Felizmente, a boca dele estava firmemente sugando o leite da mama de Ella, o que impediu que ele fizesse uma cena.

Não demorou muito para que ele se acalmasse e começasse a observar seu ao redor. Depois de alguns dias, ele finalmente foi capaz de entender a situação em que estava e relaxar.

*****

< Missão Diária: ‘Beba Leite ‘ foi concluída! >

< Recompensas: 5 pontos de experiência. >

< Experiência Atual: 125/200 >

*****

Depois de se saciar, William suavemente cutucou Ella para avisá-la que ele havia terminado de beber seu leite.

“Eyah!” (Mama, obrigado!)

“Meeeeeh.”

“Eyah.” (A gente pode ir lá fora?)

A cabra suavemente balançou a cabeça em negação e lambeu a testa de William.

Vendo que era impossível convencer sua ‘Mama’ a dar um passeio fora da casa, William focou nas coisas que ele podia fazer agora e uma delas era checar sua Página de Status.

“Eyah.” (Status.)

*****

Nome: William Von Ainsworth

Raça: Meio-Elfo

Pontos de Vida: 5/5

Mana: 10/10

Profissão: Nenhuma

Subprofissão: Nenhuma

< Força: 0 >
< Agilidade: 0 >
< Vitalidade: 1 >
< Inteligência: 2 >
< Destreza: 0 >

Habilidades: Nenhuma

Títulos: Nenhum

Pontos de Estatística Disponíveis: 6

Pontos de Habilidade Disponíveis: 0

*****

‘Como posso conseguir uma Classe de Trabalho?’ William pensou. ‘Bem, de acordo com as novels que eu li, os magos são extremamente valorizados. Será que eu deveria ir pelo caminho de um Mago e colocar todos meus pontos em Inteligência?’

De repente, William se lembrou de uma outra história que ele leu quando ainda estava vivo.

‘Se eu escolher me tornar um Mago, então eu vou ser considerado um gênio’, William considerou. ‘Eu não posso deixar isso acontecer! Gênios são usados de trampolim pelos protagonistas. Eu preciso permanecer discreto e surpreendê-los quando eles menos esperarem. Esse é o padrão para que pessoas que reencanaram ou transmigram sejam bem-sucedidas.’

Depois de pensar cuidadosamente, William decidiu manter seus pontos de estatística intocados e usá-los no futuro. Ele acreditava que enquanto usasse seus trunfos bem, ele venceria na vida.

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Um ano se passou enquanto William vivia a vida de um bebê. Apesar dela consistir em dormir, fazer cocô, conversar com Mama Ella e beber leite, o garoto que só viveu por dezoito anos na sua vida passada estava ansioso por um futuro brilhante.

Neste um ano bebendo leite, William ganhou quatro níveis.

*****

Nome: William Von Ainsworth

Raça: Meio-Elfo

Pontos de Vida: 10/10

Mana: 15/15

Profissão: Nenhuma

Subprofissão: Nenhuma

< Força: 0 >
< Agilidade: 0 (+1) )>
< Vitalidade: 1 (+1) >
< Inteligência: 2 (+1) >
< Destreza: 0 >

Habilidades: Nenhuma

Títulos: Nenhum

Pontos de Estatística Disponíveis: 12

Pontos de Habilidade Disponíveis: 0

Experiência Atual: 184/1366

*****

‘Conforme fui crescendo, eu ganhei alguns pontos de estatística.’ William arrotou. ‘Talvez essa também seja uma das bênçãos de Gavin. Ainda assim, eu queria achar um jeito de ganhar mais experiência e conseguir uma profissão.’

O dia passou igual a qualquer outro dentro da casa Ainsworth. Após o jantar, Anna levou William ao quarto deles. Ella seguia atrás. No momento em que William entrou na casa, ela começou a tratá-lo como seu próprio filho.

Você pode até dizer que ela era a segunda mãe de William neste mundo. Não importa aonde ele fosse, a Cabra Angorá o seguia.

O casal arrumou um espaço confortável para William e Ella no canto do quarto. O bebê e sua mamãe cabra foram colocados no topo de tapetes grossos e confortáveis. Ella gostava de manter William perto e nem mesmo Anna ou Mordred conseguiam pegá-lo sem a permissão dela.

Por volta da meia-noite, William de repente acordou de seu sono. Ele podia sentir algo quente no peito, então decidiu ver o que era. Suas pequenas mãos agarraram a fonte do calor e ele olhou para ela de perto.

O anel preto que estava pendurado no seu pescoço brilhava na escuridão.

‘O que está acontecendo?’ William pensou enquanto observava o anel brilhante em suas mãos. ‘O anel está esquentando.’

Repentinamente, William quase ficou cego quando um feixe de luz resplandecente saiu do anel. Quando a luz se dissipou, o bebê William se encontrou em um lugar que não lhe era familiar. O ar estava úmido e isso o fez se sentir desconfortável.

William engatinhou e escaneou seus arredores. O chão era grosseiro e paredes de pedra estavam alinhadas em ambos os lados. No teto havia pequenas estalactites que o fizeram perceber que não estava mais dentro do quarto dos seus tios Mordred e Anna.

William era um Meio-Elfo e isso o concedia ‘Visão Noturna’. Mesmo no escuro, ele podia ver as coisas com clareza.

“M-Mas que merda?!” O corpo de William tremeu ao ver três criaturas na sua frente lentamente se aproximando.

Elas tinham pele verde escura e estavam proferindo sons guturais que eram difíceis de decifrar. As criaturas tinham três metros de altura e só estavam vestidas com trapos na parte inferior do corpo. Mesmo assim, William não precisava ser um especialista em idiomas para saber o que elas eram e estavam pensando.

‘Goblins…’ William queria fugir, mas ele era só um bebê de um ano que tinha acabado de aprender a engatinhar. ‘Fugir! Eu tenho que fugir!’

Ele tentou mover seu corpo, mas estava congelado no lugar devido ao medo.

“Krush sha ka!”

“Sha ka rak thu!”

“Zido!”

Os três goblins dispararam em direção a William enquanto balançavam os porretes que tinham nas mãos.

“Uwaaaaaaaaaaaaaaaaaah!” William gritou alto. ‘N-Não! Fiquem longe! Mama!’

Os goblins atacaram a criança chorando com seus porretes sem nenhum pingo de misericórdia. Essa não era a primeira vez que ele viam uma criança humana. Nos seus olhos, o pequeno só serviria de comida para seus filhotes.

“Meeeeeeh!”

Uma Cabra Angorá furiosa investiu nos três goblins. Seus chifres vermelhos brilharam na mesma tonalidade e perfuraram o peito de um dos goblins. Então, ela deu um coice em outro, enviando-o em direção à parede.

Infelizmente, o terceiro goblin conseguiu reagir e desviou. Ele, então, contra-atacou e bateu seu porrete de madeira com tudo nas costas da Cabra Angorá.

“Meeeeeh!” Ella baliu em dor e o goblin, aproveitando a oportunidade, continuou a desferir ataques contra o corpo dela.

O goblin que foi perfurado pelos chifres de Ella ainda estava vivo e se levantou com dificuldade enquanto segurava o peito.

O goblin que foi jogado na parede juntou-se, em um estado de fúria, ao camarada para espancar a cabra.

Ella cuspiu sangue quando o porrete atingiu a lateral do seu rosto.

“Uwaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! Mama!” William chorou. Ele só conseguia assistir impotentemente enquanto os três goblins atacavam sua Mama com suas armas.

Depois de mais algum tempo de surra, Ella finalmente não aguentava mais ficar de pé e desabou no chão.

“Me-Meeeeeh!” A cabra berrou para William, como se estivesse dizendo para ele fugir.

“Uwaaaaaaaaaaaaaah! Mama!”

William viu o pelo da Mama Ella manchado de sangue. A lateral do rosto dela também estava sangrando e duas das pernas dela pareciam estar quebradas. A Cabra Angorá tentou se levantar, mas um goblin a chutou com raiva.

Enquanto dois dos goblins se revezavam para chutar a cabra caída, o terceiro, aquele que foi perfurado no peito, se aproximou de William.

Não demorou muito para William, que estava chorando, notar o goblin ao seu lado.

“Kraaaaa!” O goblin gritou e o atacou. Ele queria muito, mas muito, matar o bebê humano para extravasar a raiva que estava sentindo.

William só pôde assistir enquanto o porrete descia até ele. Um grito de dor acompanhou o ataque feito e o chão foi manchado de sangue fresco após a arma de madeira atingir seu alvo.

Vol. 1 Cap. 10 Hora do Contra-Ataque!

“Guwaaaaaaaaah!”

O goblin foi enviado voando a metros de distância da posição de William. Sangue espirrava do peito dele e manchava o chão com uma tonalidade verde.

Outros dois guinchos cheios de dor se seguiram. Os dois goblins que estavam espancando a Cabra Angorá também foram enviados para longe do animal caído.

Todos os três goblins perderam a consciência, o que tornou o arredor bem quieto. William saiu do seu torpor e apressadamente engatinhou para a Mama Ella. Ele nem olhou para o cajado de madeira flutuante que salvou a vida dele e de sua Mama.

“Eyaaaaah! Eyaaaaaah!” (Mama! Mama!)

William abraçou a cabeça ensanguentada de Ella e chorou.

“Me-ee-eeeeh”, Ella baliu. Sangue estava pingando das laterais de sua face e dos seus olhos. Sentindo que William estava do seu lado, ela lambeu as bochechas de bebê dele antes de recostar a cabeça no chão. A Cabra Angorá recebeu ferimentos severos e estava à beira da morte.

William continuou chorando enquanto segurava a cabeça de Ella. Ele não se preocupou com suas roupas sendo manchadas de sangue. O pelo da cabra estava encharcado e ele podia sentir que a vida dela estava lentamente se esvaindo.

“Uwaaaaaaaah! Mama! Não me deixe! Uwaaaaah!”

Ao mesmo tempo que William chorava desesperadamente, ele sentiu algo suavemente encostar nas suas bochechas. Ao virar a cabeça, ele viu o cajado de madeira flutuando ao seu lado.

“Caí fora! Uwaaaah!”

William bateu no cajado de madeira. Por causa do evento que ele acabou de presenciar e o cheiro forte de sangue permeado no ar, ele não era capaz de pensar propriamente. Essa foi a primeira vez que ele experienciou um acontecimento tão brutal nas suas duas vidas e isso fez com que ele perdesse a razão.

Quando sua mão tocou o punhal do cajado, um pequeno som ressoou dentro da cabeça dele. O som trouxe consigo um efeito calmante que fez com que William recuperasse um pouco da claridade da sua mente.

Apesar de ainda estar um pouco perturbado por causa da tristeza e do medo, ele foi capaz de ler as palavras que apareceram em sua frente.

*****

< Você gostaria de aprender a Profissão ‘Pastor’? >

< Sim / Não >

*****

Ele olhou inexpressivelmente para as palavras brilhantes. Levou alguns segundos para William processar seu significado.

“Eyah!” (Sim!)

*****

< Parabéns! O Hospedeiro acaba de adquirir a Profissão ‘Pastor’. >

< O Hospedeiro aprendeu uma habilidade: ‘Caminho do Pastor’ >

< O Hospedeiro aprendeu uma habilidade: ‘Conceder’ >

< O Hospedeiro aprendeu uma habilidade: ‘Primeiros Socorros’ >

*****

A atenção de William se focou na sua habilidade recentemente adquirida: ‘Primeiros Socorros’. Ele não perdeu tempo e imediatamente leu a descrição dela.

*****

< Primeiros Socorros >

(5 pontos de Mana)

– Cura 20 pontos de vida.

– Só funciona em criaturas pertencentes ao Rebanho.

– Esta habilidade não pode ser melhorada.

*****

‘É isso!’ William sabia que essa nova habilidade era o que ele precisava. Ele então olhou para Mama Ella e ficou surpreso ao ver a Janela de Status dela.

*****

Nome: Ella

Raça: Cabra Angorá

Pontos de Vida: 5/100

Mana: 20/20

< Força: 2 >
< Agilidade: 3 >
< Vitalidade: 4 >
< Inteligência: 2 >
< Destreza: 2 >

Habilidades:
– Ataque de Chifres
– Pisão

Títulos: Nenhum

Pontos de Estatística Disponíveis: 0

Pontos de Habilidade Disponíveis: 0

Experiência Atual: 0/100

*****

Vendo que Mama Ella estava de fato em uma condição de quase-morte, William tocou a cabeça da cabra e disse o nome da habilidade alto. O tempo era essencial e ele não poderia se dar ao luxo de desperdiçá-lo.

“Eyah!” (‘Primeiros Socorros’!)

“Eyah!” (‘Primeiros Socorros’!)

“Eyah!” (‘Primeiros Socorros’!)

“Eyah!” (‘Primeiros Socorros’!)

William repetidamente conjurou a habilidade até sentir seu corpo pesado. Ele também estava sentindo uma leve dor de cabeça devido à falta de mana.

A pelagem manchada de sangue foi restaurada para sua aparência sedosa e macia. As pernas quebradas voltaram ao lugar e o rosto sangrento de Ella voltou ao normal.

A cabra imediatamente se levantou e lambeu a cara de William. A língua quente e molhada com a qual ele se acostumou enquanto crescia trouxe alegria ao bebê que quase caiu em desespero alguns minutos atrás.

“Eyaaah!” (Mama!)

“Meeeeeh!”

William abraçou o pescoço da cabra enquanto ela fechava seus olhos em conforto. Os dois se mantiveram nessa posição por um minuto inteiro até que a paz foi quebrada por dois dos goblins que recuperaram a consciência.

“Meeeeeeh!”

Ella se posicionou à frente de William. A Cabra Angorá bateu seus cascos no chão, como se estivesse se preparando para avançar no momento em que os goblins entrassem no seu alcance de ataque.

William fez uma careta porque se esqueceu que a batalha ainda estava longe de acabar. Ele rapidamente olhou para seus Status para checar se alguma habilidade que possuía poderia virar o jogo ao seu favor.

*****

< Caminho do Pastor >

(Habilidade Passiva)

– Aumenta as estatísticas de todas as criaturas pertencentes ao Rebanho em vinte por cento.

*****

‘É boa, mas não boa o bastante’, William pensou e então olhou para a outra habilidade que aprendeu.

*****

< Conceder >

(10 pontos de Mana)

– Concede +10 pontos em todas as estatísticas.

– Só funciona em criaturas pertencentes ao Rebanho.

– Esta habilidade não pode ser melhorada.

– Duração da Habilidade: 2 Horas.

*****

William olhou para suas estatísticas e viu que não tinha nenhum ponto de mana. Depois de adquirir a profissão ‘Pastor’, suas estatísticas subiram muito se comparadas à última vez que as checou. A falta de mana, porém, o fez se sentir inquieto.

‘Eu tenho vinte pontos de estatísticas disponíveis’, William analisou. ‘Eu vou colocá-los todos em inteligência e servir como o suporte da Mama Ella.’

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Nome: William Von Ainsworth

Raça: Meio-Elfo

Pontos de Vida: 20/20

Mana: 260/280

Profissão: Pastor

Subprofissão: Nenhuma

< Força: 0 >
< Agilidade: 0 (+1) >
< Vitalidade: 1 (+1) >
< Inteligência: 14 (+1) >
< Destreza: 0 >

Habilidades:
– Caminho do Pastor (Passiva)
– Conceder
– Primeiros Socorros

Títulos: Nenhum

Pontos de Estatística Disponíveis: 0

Pontos de Habilidade Disponíveis: 0

Experiência Atual: 184/1366

*****
‘É hora do contra-ataque!’ William colocou sua mão na pelagem da Cabra Angorá e usou usa habilidade.

“Eyah!” (‘Conceder’!)

O corpo de Ella brilhou e cresceu em tamanho. Normalmente, sua altura era de apenas um metro. Contudo, depois do uso da habilidade de William, ela ficou com um metro e meio e seus chifres brilharam em um vermelho sangrento.

Apesar de ainda parecer uma cabra dócil e inofensiva, a sua proeza física cresceu exponencialmente.

“Meeeeeh!” Ella baliu e investiu contra os dois goblins. Além de ganhar mais força, ela também se tornou mais inteligente. Ela sabia que para proteger William ela deveria tomar a iniciativa e lidar com os dois goblins o mais rápido possível.

Os goblins berraram e avançaram em direção à cabra com seus porretes de madeira erguidos. Eles não tinham medo de gado humano. Desde que eles já a derrotaram uma vez, eles poderiam facilmente derrotá-la de novo.

Quando os dois lados estavam apenas a poucos metros de distância, Ella pisou forte no chão e aumentou sua velocidade. Ela pegou os dois goblins de surpresa, o fez com que um deles morresse imediatamente.

Os chifres dela se iluminaram e perfuraram o peito do goblin. Dessa vez, os chifres penetraram a pele e rasgaram em direção ao coração como uma faca quente na manteiga. Ele só foi capaz de dar um grito de morte antes de seu cadáver cair no chão.

*****

< Pontos de Experiência ganhos: 60 >

*****

Depois de matar o primeiro goblin, a Cabra Angorá pressionou seus cascos frontais firmemente no chão e usou suas patas traseiras para dar um coice poderoso na cabeça do segundo goblin.

Um som de algo rachando ecoou na caverna ao mesmo tempo que os cascos de Ella estilhaçaram o crânio do goblin. Ele gritou em dor antes de cair. A Cabra Angorá então, com olhos injetados de sangue, levantou seus cascos e pisou na cara do goblin.

*****

< Pontos de Experiência ganhos: 60 >

*****

Esse foi o goblin que atingiu seu corpo repetidamente com o porrete e, por isso, Ella estava louca para esmagar a face dele em polpa. Depois de dois pisões cheios de ódio, o rosto do goblin afundou, quase se transformando em pasta.

Ella grunhiu antes de mudar sua atenção para o último goblin, aquele que tentou acertar William com o porrete. Mesmo que ela odiasse o goblin que a espancou até um estado de quase-morte, o ódio que ela sentia pelo goblin que tentou matar William era ainda maior, era extremo.

A Cabra Angorá trotou em direção ao goblin. Ella sabia que ele só estava se fingindo de morto para que passasse despercebido. Infelizmente, ele havia tocado na escama reversa dela. Nem William nem ela tinham intenção de deixar o bastardo viver.

Como se sentisse que estava à porta da morte, o goblin se levantou com um salto e começou a correr com medo. Ele não se importava se sangue estava fluindo do seu peito. Sabia que se ficasse, a morte era certa.

William assistiu ao goblin enquanto suas mãos se moviam no espaço à sua frente. Depois de matar os dois goblins, a Cabra Angorá subiu o nível da sua profissão. Como Ella estava registrada como parte do “rebanho” de William, era ele quem distribuía seus pontos de estatística e habilidade.

Uma das habilidades que foram desbloqueadas após o aumento de nível foi uma habilidade de ataque chamada ‘Ataque Rápido’.

Ela permitiu que o usuário aumentasse sua velocidade exponencialmente para que desferisse um golpe no inimigo. Wiliam não exitou e escolheu a habilidade. Ele não queria deixar o goblin escapar, pois ele podia chamar reforços.

“Eyah! Eyah!” (Mama! Use ‘Ataque Rápido’!)

A Cabra Angorá pisou no chão e disparou em direção ao goblin como uma flecha.

Um grito miserável ecoou na caverna no mesmo momento em que os chifres sangrentos de Ella perfuraram as costas do goblin, empalando seu coração.

*****

< Pontos de Experiência ganhos: 60 >

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Depois de ter certeza que o goblin realmente estava morto, Ella retornou ao lado de William e lambeu as bochechas dele. Não muito tempo depois, os goblins se transformaram em partículas douradas de luz e desapareceram.

William estava se sentindo bem feliz pelo fato de sobreviver a algo tão perigoso. Ele abraçou o pescoço de Mama Ella enquanto a adrenalina começava a diminuir no seu corpo.

“Eyah. Eyah.” (Vamos voltar, Mama.)

“Meeeeeeh!”

William tocou o anel que estava pendurado em seu pescoço. Depois de obter sua Profissão, a habilidade de avaliação também foi desbloqueada. Por causa disso, ele era capaz de observar as funções especiais do anel.

Com um brilhante feixe de luz, o bebê e a cabra desapareceram da caverna escura e úmida, voltando ao quarto de Mordred e Anna.

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