Kwon Noya (1)

Ao mesmo tempo que Seo Jun-Ho estava voando de volta para Coreia, um homem caminhava em direção a sua casa na Fronteira, no 2º andar.

“Huh?”

Em frente à sua porta, havia uma caixa.

“Uma entrega via teleporte… Do primeiro andar?” Entregas via teleportes eram caras, mas elas chegavam em poucas horas.

‘Mas quem mandou?’

Entregas entre andares, ainda mais via teleporte, eram muito caras para uma pessoa comum.

“Eu não lembro de ter pedido nada…” Sua testa enrugou enquanto ele pegava o misterioso pacote.

‘É uma armadilha daqueles malditos demônios?’

Era possível. Atualmente ele estava buscando pelos segredos dos demônios. Lentamente ele preparou sua magia defensiva contra uma possível explosão e abriu o embrulho. Mas diferente do que ele esperava, lá continha uma caixa luxuosa.

“Espera…” Seus olhos se abriram ao reconhecer o símbolo encravado na caixa.

Como ele não poderia? As notícias sobre o grande leilão chegaram até mesmo ao 2º andar.

É o selo do The Auction.

Com bastante cuidado, ele abriu a caixa para encontrar um colar bastante grã-fino.

“Janela de Item.” Ver que era de qualidade rara só o deixou mais confuso.

‘Colar de Regeneração de Vitalidade…  Quem diabos me mandou isso?’

Mesmo após pensar por um tempo, ninguém vinha a sua mente. Ninguém da sua família, equipe, ou até mesmo de sua Guilda o enviaria algo desse calibre enquanto ele vivia se movendo.

‘Huh? Tem um bilhete.’

Olhando rapidamente o bilhete no canto da caixa, estava escrito:

— Espero que você esteja bem. Eu irei lhe visitar em meio ano. De seu tio.

“…” Ele acabou relendo várias vezes e encarando o céu estrelado. Seus olhos começaram a brilhar como o céu.

‘Meio ano… Então ele começou a se mover.’

Agora ele estava cheio de antecipação e preocupação. O 2º andar era um mundo completamente ‘diferente’ do que seu tio conhecia.

Mas no fim ele deu de ombros e soltou um pequeno riso.

“Sério, por que estou preocupado com ele?”

Seu nome era Arthur Green, filho de Gilberto Green e considerado como o sobrinho dos 5 Heróis.

***

Seo Jun-Ho piscou surpreso ao chegar no portão do Aeroporto Incheon. Alguém completamente inesperado estava lá por ele.

“Po-por que está me encarando assim…?” Cha Si-Eun murmurou enquanto se afastava do olhar. Ela estava vestida formalmente como sempre.

“Oh, foi mal. Eu não sabia que você viria até aqui.”

“… Lhe escoltar assim de volta para casa é o trabalho de uma secretária.” Ela o guiou casualmente até o carro. “Quer parar em algum lugar? Ou devemos ir direto para a Associação?” Ela perguntou enquanto ele se sentava.

“Direto para a Associação. E…” Procurando em suas coisas, ele retirou um livro bem embrulhado. “Um presente. Eu não sabia o que devia comprar, então escolhi um livro… Mas não sei se é do seu gosto.”

“Es-espera. Você me comprou o livro de fantasia que vai ganhar uma adaptação pros cinemas de Hollywoo, <O Caçula de Gates>? Edição de capa dura…?!”

“Oh, então conhece o livro? Era a última cópia na seção de mais vendidos.”

“Sim! É claro que conheço!” Sua boca estava largamente aberta enquanto ela estendia suas mãos de forma reservada, como uma criança ganhando seu dinheiro de Ano Novo. Após encarar o livro por um segundo, ela o abraçou fortemente como se fosse um grande tesouro e se curvou em agradecimento. “Eu tentei tanto conseguir uma cópia, mas falhei.”

“Sério? Fico feliz então.” Ele viu o rosto dela completamente iluminado. “Você pode ler agora se quiser.”

“M-mas… Eu estou em horário de trabalho agora.” Posição admirável, mas os seus olhos não negavam o desejo.

“Você possui algum formulário para preencher?”

“Eu terminei todos eles a caminho do aeroporto…”

“Então qual o problema?” Seo Jun-Ho sorriu enquanto se afundava no assento. “Boa leitura, me acorde quando chegarmos.”

“…” Cha Si-Eun hesitou um pouco antes de responder com um tom suave. “Bo-boa noite…”

Alguns minutos se passaram, Seo Jun-Ho já estava em sono profundo, ouvindo o som das páginas sendo viradas.

***

“Yo~ Se não é o mister Sherlock?” Com um caloroso e característico sorriso, Shim Deok-Gu o recebeu no escritório.

A expressão Seo Ju-Ho azedou. “Sherlock? O que você quer dizer com isso?”

“Para onde quer que você vá, coisas acontecem e temos o terror. Basicamente, você.”

“Do que caralho você está falando…” Com um sorriso fino, ele se sentou e retirou um licor que trouxe da loja livre de impostos. “Aqui, Balvenie 1975. Um presente.”

“É algo caro? O que que eu faço? Estou evitando beber no momento.”

“Depois você bebe.” Ele continuou falando enquanto seu amigo avaliava a garrafa valendo milhões de won com um sorriso.

“Entrei em contato com Arthur no caminho para cá. Eu disse que iria visitá-lo em seis meses.”

“Ótimo. Ele passou por muitas dificuldades, mas está crescendo bem.”

“Faz muito tempo que você o viu?”

“Ele não desce para o primeiro andar desde que subiu para o 2º. Ele fala que o 1º andar o lembra de seu pai…”

“Tsk.” Um gosto amargo preencheu sua boca. Mudando de tópico: “Oh, eu ouvi da Gong Ju-Ha… Ela me explicou sobre o convite que você me entregou.”

“Então você ficou sabendo?” Shim Deok-Gu concordou na cara de pau. “Era um aviso para o mundo do quanto eu me importo com você.”

“Ew, que nojo.”

“Hehe, essa nojeira vai te salvar em algum ponto.” Seo Jun-Ho estava um pouco constrangido com o carinho que seu amigo lhe demonstrava, afinal de contas, ele era um adulto, não uma criança.

“De qualquer forma, preciso de um favor.”

“Que tipo de favor?”

“Quero que você procure por um orfanato.”

“… Por que um orfanato?” Shim Deok-Gu não conseguia compreender o pedido.

“Escute com calma o que estou prestes a lhe dizer. Será tenso.” Com uma expressão séria, ele começou a relatar a informação.

Ele contou para Shim Deok-Gu como ele adquiriu a habilidade de ler a memória dos mortos, como ele deu conta dos Cães de Guarda em Las Vegas e, por fim, sobre o lugar onde os demônios treinavam órfãos para transformá-los em um deles.

Quando ele terminou, a expressão de Sim Deok-Gu estava rígida como pedra. “… O que você acabou de me contar, é tudo verdade?”

“Sim. Mas eu não sei a localização específica do orfanato. A única coisa que tenho certeza é que não fica na Coreia.”

“Merda, esses filhos da puta não sabem onde ficam os limites!” Sua respiração estava ríspida enquanto ele surrava a braçadeira de sua cadeira. Este era o nível do choque sobre o orfanato para ele. “… Hoo, eu prometo. Eu vou encontrar informação sobre tudo que puder.”

“Estou contando com você.”

Após tentar recuperar o fôlego, Shim Deok-Gu abriu o Balvenie 1975. Seo Jun-Ho ficou abismado. “Você não estava parando?”

“Foda-se! Como eu posso ficar sóbrio após ouvir essas coisas?”

“Espera.”

Ele colocou gelo nos copos com sua habilidade. Os dois viraram a bebida assim que servida.

“Keuh…” O rosto de Shim Deok-Gu se contorceu com o sabor forte do whiskey. Ele limpou seus lábios e disse: “Kwon Noya quer te ver.”

“Noya?”

“Sim. Sabe a espada que você pediu antes de ir para a América? Ele disse que terminaria amanhã e que queria lhe entregar pessoalmente. Não será mais estranho se os dois se encontrarem pessoalmente.” [1]

“… Entendo.” Ele concordou enquanto colocava o copo na mesa. Só existia um motivo pelo qual ele ainda não tinha ido ver o velho assim que acordou do gelo.

‘Eu era um zé ninguém na época.’

Enquanto isso, Kwon Noya era um nome tão famoso que a diferença entre eles era igual o céu e a terra. Mas agora era diferente.

“O que você acha? Já sou famoso o suficiente para vê-lo?”

“Bem, você ainda tem que fazer muita coisa se quiser ficar no nível dos Rankers do 2º andar… Mas se compararmos o 1º andar inteiro, você é incrível. Seu progresso é impressionante.”

Os outros países sabiam que ele estava acima do nível 15, mas existia um motivo dele ser tão famoso.

“Os Portais Não Concluídos ajudam muito.”

“Seu plano funcionou.” Seo Jun-Ho era um Jogador novato que entrou em um Portal Não Concluído e transformou a Coreia em uma Zona Especial Segura. Ele tinha conquistado coisas que ninguém imaginou ser possível.

“Você disse amanhã, certo?”

“Sim, iremos de manhã.”

“Ótimo. Vou dormir então.”

Shim Deok-Gu sorriu enquanto via o amigo sair. “Safado, ele está extremamente ansioso para ver Noya já tem um tempo.”

Ele se ajeitou na cadeira e bebeu outro copo. Ele parou de sorrir quando chamou a secretária.

“Consiga-me uma lista de todos os orfanatos de Jogadores do mundo.”

Não tinha como ele fazer um trabalho porco relacionado ao assunto.

***

Assim que amanheceu, Seo Jun-Ho foi em direção ao Mercado de Jogadores Insa-dong. No fim da rua de oficinas estava a forja de Kwon Noya. Seo Jun-Ho olhou para o lugar com carinho, não tinha mudado nada nos últimos 25 anos.

‘Agora que paro para pensar, o neto do Kwon Noya deve ter crescido bastante.’

Ele sorriu só com a ideia. A criança vivia levando bronca do velho ao ponto de viver com lágrimas nos olhos, então Seo Jun-Ho sempre o comprava um sorvete. Era muito fofo ver ele o seguindo igual um cachorrinho chamando-o de Herói-nim.

‘Ele era tímido e fraco, me pergunto como ele está.’

Pelo que ele ouviu de Shim Deok-Gu, o chorão tinha herdado a oficina de Kwon Noya e era o dono agora.

Conforme ele se aproximava da porta da forja, ele escutava um som rítmico.

Clang! Clang! Clang!

O som do martelo era bastante preciso e limpo.

‘O chorão aprendeu bem o ofício do velho.’

Assim que ele bateu na porta com antecipação, o som parou.

“Quem é?”

Quando a porta da frente abriu, um ar quente foi liberado, e um gigante musculoso de 1,91m atendeu. Ele estava vestido com roupas de trabalho e segurando um martelo como prova de que ele era, de fato, o ferreiro.

‘Espera… Então esse é o…’

Seo Jun-Ho o encarou surprese de cima a baixo.

‘Esse é o neto do Kwon Noya?’

Ele era igual um adorável filhotinho antigamente, mas após 25 anos ele tinha se tornado um cão de guarda dos portões do inferno.

O gigante musculoso o reconheceu e rapidamente o convidou para dentro. “Oh, você é o Jogador Seo Jun-Ho. A Associação me informou sobre você. Pode entrar.”

A oficina estava organizada e limpa. Era uma família com gerações de ferreiros, suas habilidades eram obviamente boas.

‘Noya está provavelmente lá em cima’

Seo Jun-Ho olhou o topo das escadas.

“Vagabundo, é tão difícil ver sua cara.” Uma forte e familiar voz veio de trás dele. Conforme Seo Jun-Ho lentamente se virava, um sorriso se formava em seu rosto quando ele viu o velho homem que tinha adquirido uma longa barba e cabelo brancos.

“Faz bastante tempo, Noya.” Era a primeira vez que eles se viam em 25 anos.

[1] “Noya” também significa “homem velho”, mas eles usam como um “nome/apelido”.

Deixe um comentário