Seishun Buta Yarou – Capítulo 3 – Vol 02 - Anime Center BR

Seishun Buta Yarou – Capítulo 3 – Vol 02

Tradução: Ivo | IlustraçõesDraconic Translations

 

O dia 29 de fato chegou no final, e de manhã encontra-se Kaede acordando Sakuta.

“Bom dia, Kaede.” disse ele enquanto esticava o braço para pegar o despertador digital ao lado da cama. Seus olhos semicerrados viram a data certa de domingo, dia 29, exibida na tela.

Ele deveria ser grato por isso, ele se perguntou. Ele não tinha repetido o dia novamente, mas não saber a causa ou razão para isso tornava difícil relaxar.

Se ele não fosse acordar um dia pela segunda vez, ele realmente gostaria que alguém lhe dissesse isso. Se a possibilidade ainda existisse, ele preferia que alguém lhe dissesse isso também.

Não saber deixou um mal-estar em seu coração.

“Eu me pergunto se vou descobrir isso, andando com Koga.” ele murmurou para si mesmo enquanto observava Kaede conduzir Nasuno para fora de seu quarto. Parte do motivo pelo qual ele aceitou a sugestão absurda de Tomoe foi para descobrir a verdade por trás dessa instância da Síndrome da Adolescência. A única maneira de colocar sua inquietação de lado era, no final, fazer algo sozinho.

(NT: “instância” também pode ser entendido como “gatilho”)

Além disso, era importante compreender muitos tipos diferentes de Síndrome da Adolescência. Ele pode até encontrar algo que leve a resolver o caso que ainda atormenta Kaede até hoje.

As feridas não cobriam mais seu corpo, mas isso era simplesmente porque ela estava longe da internet, e ele acreditava que se ela experimentasse a má vontade das pessoas na internet novamente, essas feridas apareceriam mais uma vez.

Com tudo isso dito, ela não poderia simplesmente viver sua vida isolada de todos, ele não permitiria tal absurdo.

“De qualquer forma, não saber que dia é antes de me levantar e checar realmente não me deixa calmo…”

Se os planos não tivessem sido acertados ontem, talvez “hoje” ainda tivesse sido ontem.

Com aquela inquietação ainda presente, Sakuta começou seu turno do meio da manhã, cuidando atentamente do chão do restaurante.

“Se o amanhã for hoje de novo, terei trabalhado para nada…”

Apenas a repetição não o ajudaria a se sustentar.

Assim que seu turno acabou, Sakuta orou ao deus do autossustento para que o amanhã chegasse.

Pouco depois das duas, Sakuta terminou seu turno, saiu do restaurante e foi para a estação Fujisawa Enoden, usando seu ingresso de temporada para passar pelos portões.

Ele comprou uma garrafa de água em uma máquina de venda automática e sentou-se em um banco para esperar o encontro com Tomoe.

Sakuta costumava usar a plataforma para ir para a escola, nela havia atrações turísticas sinalizadas e anúncios com produtos famosos nas paredes. O início da tarde de um dia de folga pairava um clima bem diferente para as pessoas ao redor. Havia mais turistas do que habitantes locais. Havia um grupo de mulheres mais velhas que parecia estar indo para Kamakura, uma família que tinha vindo para ver a praia e um jovem casal que parecia estar em um encontro para Enoshima. A propósito, este era o mesmo plano que Sakuta e Tomoe estariam seguindo.

O tempo passou lentamente na plataforma antes que ele ouvisse o barulho de pés se aproximando.

“D-desculpe deixá-lo esperando!”

Sakuta ergueu o rosto e viu Tomoe parada timidamente ao lado.

Ela estava vestindo um short jeans curto, com uma blusa sem mangas que tinha babados na gola e nas cavas*. Ela usava tênis fáceis de mover nos pés e segurava uma bolsa listrada de azul e branco como se quisesse esconder as pernas nuas.

(NT: são os buracos das mangas.)

Embora ela ainda tivesse um toque de menina e suavidade, ela tinha uma impressão revigorante perfeita para um encontro na praia também.

Ela ficou na frente de Sakuta enquanto ele permanecia em silêncio, seu olhar vagando e sua preocupação claramente visível em seu rosto.

“Você está corando.” apontou ele.

“É porque eu estava com pressa.”

“Eu acho que funcionou.”

“Eu não me preocuparia com um encontro como esse.” acrescentou Tomoe defensivamente.

“Você está cinco minutos atrasada de qualquer maneira, Koga.”

Eles concordaram quando saíram do trabalho que se encontrariam aqui às duas e meia. Já se passavam trinta e cinco minutos quando Tomoe chegou, e já se aproximava dos quarenta.

“Eu não pude evitar, eu tinha que me preparar.”

“Preparar-se, hein?”

Sakuta a observou de perto, ele certamente podia ver como sua aparência era algo que ela teve que “se preparar”. Ela tinha uma aura moderna e elegante sem ser espalhafatosa e se encaixando no ambiente.

“O-o quê?”

“Bem, você está fofa.”

“N-não me chame de fofa.”

“Eu preciso, você está fofa.”

“Não fique dizendo isso!”

“Você perde pontos por não usar uma minissaia, mas suas pernas estão nuas, então vou te perdoar.”

“Você não tem permissão para apenas olhar para as minhas pernas”, protestou ela, agachando-se e envolvendo os braços em volta das suas pernas nuas para escondê-las, “elas são gordas de qualquer maneira.”

Os olhos marejados dela quando ela olhou para ele o fez querer provocá-la ainda mais, e a coisa que mais atraiu seus olhos naquele momento foi seu traseiro redondo coberto pelo short.

“Não diga nada sobre meu traseiro.” ela o impediu, tendo notado seu olhar. Isso foi surpreendentemente afiado da parte dela.

(NT: eu queria colocar outras palavras no lugar de “traseiro”, mas eu tenho que manter familyfriend, se é que você me entende)

“Por quê?”

“É grande.” disse ela de mau humor.

“Eles são bons quadris férteis.”

“N-não me dê elogios estranhos como esse!” Tomoe deu sua maior reação do dia. “Eu não posso acreditar em você!”

Ela tinha ficado com as orelhas vermelhas e estava tomando cuidado para que ninguém por perto pudesse ouvi-los.

“Onde você comprou essas roupas?”

“Eh? Apenas um estó-“

“Qual?”

“Por que você quer saber?”

“Pensei em comprar algumas roupas para minha irmã assim que recebesse meu salário.” Mai disse a ele para se interessar mais pelas roupas de Kaede, e Tomoe era apenas um ano mais velha do que ela, então ela deveria ser útil como referência.

“Você tem uma irmã, Senpai? Qual a idade dela?” Perguntou Tomoe, sentando ao lado dele.

“Um ano mais jovem que você. Ela é maior, porém.”

“Eu não estava perguntando sobre o peito dela.”

“E eu não estava falando sobre o peito dela, estava falando sobre a altura dela.”

“Eu-eu sabia disso… Ah, sim, qual é o seu ID?”

Tomoe ficou repentinamente muito séria e fisgou o telefone da bolsa.

“Hã?”

“Devíamos ter sido capazes de entrar em contato um com o outro se íamos nos atrasar, diga-me, qual é seu ID?” Ela fez beicinho para ele.

“Você está tentando dizer que é minha culpa?”

“Bem, foi minha culpa eu estar atrasada… Desculpe.” ela deu um pedido de desculpas adequado desta vez.

“Bem, eu não vou fazer um confusão por causa de cinco minutos.”

“Voce ja fez! Enfim, seu ID?”

Tomoe apontou a tela para ele, esperando seus detalhes.

“Eu não tenho um.”

“Eh?”

“Eu não tenho.”

“Você não usa o app!?” Ela gritou, em aparente confusão, que pessoas assim ainda existiam.

(NT: uma leve explicação; esse ID, é meio que o whats do japão.)

Foi um problema que ela ficou surpresa, no entanto.

“Eu não uso um smartphone, ou um telefone normal para esse tipo de coisa.”

“Hã?” Tomoe disse, com os olhos arregalados: “O que isso quer dizer?”

“Que eu não tenho um”, disse Sakuta com sinceridade, levantando as mãos. Ele tinha jogado o seu no mar. Foi no dia em que ele foi aceito na Minegahara High School e ele decidiu que iria jogá-la no mar para manter Kaede longe da internet.

“Eu não entendo de jeito nenhum.”

“Por favor entenda.”

“Mas como você vive !?”

“As pessoas morrem sem smartphones?”

“Elas morrem!” Ela proclamou.

Tomoe estava olhando para Sakuta como se ele fosse um zumbi, mas foi o rosto dela que empalideceu.

“Ah, o trem está aqui.” disse Sakuta, ignorando Tomoe como estava, e seguindo o caminho para o trem.

“Ah, espere!” Tomoe entrou em pânico, correndo atrás dele.

O sino soou para indicar a partida do trem e as portas se fecharam.

O trem partiu e balançou Sakuta e Tomoe para a esquerda e para a direita, onde eles estavam sentados um ao lado do outro. Por um tempo, Tomoe continuou murmurando ‘inacreditável’, mas de repente ela se acalmou quando chegaram à próxima parada.

Quando o trem partiu novamente, o ombro direito de Sakuta teve um peso caindo sobre ele. Tomoe estava encostado nele, e quando ele olhou, ela estava com a boca ligeiramente aberta enquanto cochilava.

“Ei.” disse ele, dando um peteleco na testa dela.

“Ow!”

Tomoe cobriu a testa com as mãos e olhou para ele com ar de censura.

“Você costuma adormecer assim?”

“Eu não dormi muito.”

“Animada para o encontro?”

“Fiquei acordado até duas… Depois mandei mensagens para todo mundo… Depois estava assistindo a vídeos engraçados de animais e era de manhã, então tive que voltar…” Tomoe deu um grande bocejo, cobrindo a boca com as duas mãos. Ela rapidamente enxugou as pequenas lágrimas dos olhos para evitar estragar a maquiagem e pegou um espelho na bolsa para verificar.

“Koga, não foi seu primeiro dia de trabalho ontem?”

“Sim.”

“Você não estava cansada?”

Fazer coisas novas geralmente deixava as pessoas mais cansadas do que o normal.

“Eu estava exausta.”

“Então você deveria ter dormido bem.”

“Eu não poderia ser a única dormindo.” ela protestou.

“Mas ficar acordado para assistir vídeos engraçados está bom.”

“Todos disseram que os assistiram e eu não pude participar. Além disso, Rena-chan os recomendou, sabe?”

“Rena-chan de novo, hein…”

A vida social é difícil, ele pensou.

“Oh sim, tenho que comentar.”

Tomoe pegou seu telefone antes de abrir rapidamente um aplicativo de mensagens gratuito e digitar uma mensagem sobre como os vídeos eram bons com movimentos hábeis nos dedos.

Uma resposta logo chegou, e quando Sakuta deu uma olhada, disse ‘Eu recomendo este também’, então Tomoe não iria dormir muito esta noite também, ao que parece.

Ou assim ele pensou, mas Tomoe começou a assistir ali mesmo. A pequena tela LCD* exibia um panda desajeitado caindo para trás, suas pernas formando um V perfeito no ar.

(NT: LCD = Liquid Cristal Display = Tela de Cristal Líquido, a mesma tela que se usa em TVs e nos celulares.)

O trem chegou antes do término do vídeo.

“Vamos, é nossa parada.” disse Sakuta, puxando Tomoe pelo braço para a plataforma enquanto ela continuava assistindo.

A estação Enoshima foi uma das maiores estações em que o Enoden parou. Você poderia mudar para o monotrilho Shonan e uma curta caminhada o levaria a uma construção de estação modelada no Palácio do Rei Dragão, Estação Katase na linha Odakyu-Enoshima. A propósito, a estação Enoshima não ficava na ilha chamada Enoshima, ficava perto.

Sakuta e Tomoe deixaram a estação e seguiram para o sul, em direção ao mar. O cheiro da brisa invocou pensamentos de verão enquanto soprava na direção deles.

A estrada era pavimentada com tijolos e se chamava Rua Subana. Havia cafés da moda, e o feriado significava que havia muitos pedestres, com muitos casais em particular.

“Tantos casais.” disse Tomoe.

“Bom, é domingo.”

“Nós nos parecemos com um também?”

“Eu duvido.”

“Por quê?”

“Bem…”

Sakuta calculou a distância entre os dois, era um pouco mais de um metro pelo seu cálculo. Era quase a largura de uma pista na estrada, então você podia chamá-los de pessoas praticamente sem parentesco e as pessoas estavam passando entre eles sem nenhuma preocupação. Se eles fossem vistos como um casal, as pessoas não o fariam. Tomoe pareceu perceber o significado de seu olhar e se aproximou. Um pouco mais de um metro encurtado para um pouco menos de um metro.

“Está melhor?” Ela perguntou.

“É mais assim.” respondeu Sakuta, indicando um estudante universitário e sua namorada que eram próximos o suficiente para ficarem batendo os ombros. Finalmente, Tomoe aproximou-se do lado de Sakuta.

“E então, também há coisas assim”, continuou ele, olhando para um casal da mesma idade que eles, que estavam lendo um menu do lado de fora de um café. A menina estava segurando dois dedos na mão do menino, seu dedo mínimo e seu dedo anelar. “Isso não deve ser nada para você, visto que você já namorou antes, certo?”

“C-claro. ”

Muito lentamente, Tomoe estendeu a mão. A mão dela não tocou a de Sakuta, mas em vez disso agarrou outra coisa, a ponta de seu cinto, segurando sua cintura.

Ela certamente teve um relacionamento saudável com seu último namorado. Se ele realmente existiu isso é…

Tomoe estava olhando para baixo com vergonha, como se isso estivesse exigindo seu máximo esforço. Com sua pequena estatura ao fazer isso, era estranhamente fofo no geral. No entanto, havia um problema.

“Eu sinto que fui transformado em um cachorro.”

Esse era o problema.

“Ah, minha familia tem um cachorro.”

“A minha tem um gato. De qualquer forma, você não precisa se forçar a agir como um casal.”

Pode ser diferente na escola, mas enganar pessoas estranhas não ajudaria em nada.

“Isso… pode não ser…” Tomoe começou inarticulamente, virando o rosto, “Umm… Senpai, há algo que eu queria dizer a você.”

O pavimento de tijolos acabou e o mar apareceu na frente deles. Flutuando nas ondas estava a ilha para a qual se dirigiam, Enoshima. Era uma ilha amarrada que se projetava para a baía de Sagami, que desenhava um arco como um arco esticado. A oeste, Odawara e Hakone podiam ser vistos e, se o tempo estivesse bom, o Monte Fuji também era visível, mas em um dia como hoje com nuvens no céu, a forma geral era tudo o que podiam distinguir.

(NT: pra quem não sabe, o país do japão é uma ilha gigante, com várias pequenas em volta dele.)

“Isso seria sobre os três se esgueirando atrás de nós?”

Desde que chegaram à estação Enoshima, Sakuta sentiu o fato de estar sendo observado. Ele havia verificado atrás deles enquanto fingia olhar para Tomoe e viu Rena e suas outras duas amigas, Hinako e Aya.

“Você notou então?”

“Bem, você estava sendo suspeita também.”

“E-eu estava?”

Eles não poderiam apenas tirar fotos e dizer que o encontro correu bem. Se Rena e os outros estivessem constantemente os observando, eles não teriam escolha a não ser realizar adequadamente seu ato de ser “mais do que colegas de escola, menos do que namorado e namorada”.

“Rena-chan disse que estaria julgando você…”

“Ela está desconfiada desde ontem.”

Ela não suspeitava se eles estavam mentindo, era sobre a sensibilidade e humanidade de Sakuta. Ela não conseguia acreditar que ele havia mudado tão facilmente para Tomoe depois de confessar a Mai na frente de toda a escola um mês atrás. Ela provavelmente estava preocupada com Tomoe estar com alguém assim.

“A amizade não é simplesmente incrível?”

“Tenho a sensação de que você não quis dizer isso no bom sentido.”

Essa amizade tornando a situação mais complexa o fez querer ser sarcástico. Honestamente, saber que estava sendo observado tornava as brincadeiras menos agradáveis. Certamente, era dever de um Senpai mostrar a dureza da vida para os Kouhais que estavam fazendo pouco caso de guardar um segredo.

“Koga, mudança de planos.” disse ele, agarrando o braço de Tomoe enquanto ela continuava em frente, Sakuta virou à direita na rota 134, virando as costas para Shichirigahama e cruzando uma ponte sobre o rio Sakai.

“Onde estamos indo?” Perguntou a Tomoe confusa com as ações de Sakuta.

“Lá.”

Seu destino apareceu assim que chegaram à outra margem, uma construção retangular voltada para o mar… o aquário.

Depois de comprar dois ingressos e entrar no aquário, Sakuta e Tomoe foram recebidos por criaturas marinhas de vários tamanhos da Baía de Sagami local. Eles esvoaçaram em torno de um enorme tanque que era alto o suficiente para chegar ao andar inferior. Havia tubarões de cabeça triangular, peixes dourados de aparência saborosa e tartarugas marinhas refinadas. Duas arraias nadaram ao lado uma da outra, exibindo seus estômagos semelhantes a rostos aos espectadores. Milhares de sardinhas formaram grupos e nadaram em círculo bem no meio do tanque.

Crianças pequenas pressionaram seus rostos contra o vidro, olhando para as criaturas marinhas vivendo suas vidas. Tomoe havia encontrado um nicho para si mesma também, conseguindo um assento especial quando um enorme tubarão de repente passou por seu rosto.

Ela soltou um grito fofo e caiu para trás, seu traseiro premiado apoiado nos pés de Sakuta. Com Rena e os outros assistindo, Sakuta agiu como um namorado e estendeu a mão, ajudando-a a se levantar.

Ele pensou que a taxa de entrada significaria que eles não seriam seguidos, mas ele julgou mal. No entanto, era mais fácil controlar seus movimentos do que fora, e ele planejou lançar um contra-ataque quando visse a chance. Sakuta não era o tipo de pessoa que se deixava exibir.

Na sequência dos peixes vívidos que viviam nas águas quentes, havia estranhas criaturas que viviam no fundo do mar. A área das águas-vivas era mais escura do que o resto do aquário e parecia um planetário. Vários casais parando para tirar fotos chamaram sua atenção.

A água-viva se movia languidamente na água.

“Eles são fofos.” disse Tomoe, pegando seu telefone para tirar fotos também.

Há alguns que parecem lanches, pensou Sakuta.

“Aquele é como um macaron”, Tomoe interrompeu, aparentemente pensando o mesmo, “Senpai, tire uma foto.”

Sakuta pegou o telefone e enquadrou Tomoe e a água-viva.

“Não assim.” ela o corrigiu, olhando para o casal que estava ombro a ombro ao lado de um tanque vizinho. O namorado segurava o telefone com a mão estendida, tirando uma foto dos dois.

Atendendo aos seus desejos, Sakuta se aproximou de Tomoe, roçando levemente contra ela e fazendo-a pular. Uma olhada em seu rosto revelou seu nervosismo.

Sakuta deixou a camêra tirar a foto independentemente.

Eles examinaram a foto e, como ele pensava, a expressão de Tomoe estava rígida.

“Senpai, seus olhos parecem mortos.”

“Eles estão como sempre.”

“Você está sempre morrendo então.” riu Tomoe, seus nervos aparentemente acalmados.

Eles continuaram ao longo do caminho através do prédio e notaram um grande grupo de pessoas reunidas em uma área. Eles estavam reunidos em torno de um tanque com uma reprodução de uma praia rochosa dentro e cerca de quinze pinguins de Humboldt.

Parecia que um show estava acontecendo quando um atendente entrou pela entrada.

“Quer assistir?” Sakuta perguntou.

“Sim.”

O atendente estava dando uma explicação concisa das características dessa espécie particular de pinguim. Aparentemente, o padrão no estômago de cada pássaro era diferente, com irmãos e pais tendo padrões semelhantes entre si. Ele pegou um deles e o trouxe para o vidro.

Os outros pinguins se reuniram em torno de seus pés. Quando ele se moveu para a direita, eles cambalearam atrás dele, e quando ele se moveu para a esquerda, eles cambalearam de volta.

A multidão murmurou sobre a adorabilidade dos pinguins.

“Eles são fofos, muito fofos!” disse Tomoe, nem é preciso dizer que seus olhos também estavam brilhando.

A próxima cena encantadora seria uma apresentação de natação. Quando Sakuta começou a se perguntar como eles fariam isso, o atendente jogou alguns peixes pequenos na água com um grito.

Os pinguins pularam simultaneamente, cortando a água como uma cortina de balas. Eles pareciam estar voando através da água, embora incapazes de voar no céu, aparentemente, eles voaram debaixo d’água.

“Aquele pinguim…” começou Tomoe.

“Hm?”

Tomoe estava olhando para um canto da área rochosa onde havia um único pinguim cochilando enquanto os outros corriam atrás dos peixes.

“Ele é meio parecido você.”

“Minhas pernas não são tão curtas, são?”

“É porque ele está apenas fazendo suas próprias coisas, enquanto todos os outros estão se apresentando no show.”

“Então você seria aquele segundo, saltitante?”

Nesse caso, o líder seria Kashiba Rena. Os peixes foram comidos principalmente por quatro pinguins específicos. Aparentemente, a sociedade dos pinguins também era hierárquica.

“Não, eu seria… aquele seguindo todo mundo por trás.” disse Tomoe calmamente.

“Ele também tem um traseiro grande.”

“Estou falando sério aqui!” ela protestou, cobrindo o traseiro enquanto olhava para ele. Mesmo esse ato em si era bastante semelhante ao de um pinguim.

“Eu me pergunto por que aquele pinguim não está com todo mundo.”

O pinguim no canto acordou de sua soneca e balançou a cabeça de um lado para o outro.

“Ele finalmente acordou, mas o show já acabou!” disse o atendente, percebendo, provocando risos do público.

Apesar disso, o pinguim apenas voltou a dormir, fazendo os espectadores rir ainda mais.

(NT: ru não acho que seria igual ao sakuta, mas em questão de dormir, eu seria igual a esse pinguim)

“Ele está bem mesmo sendo ridicularizado por todos… Ele realmente é como você” disse Tomoe triunfantemente com um sorriso.

Assim, o show de pinguins chegou ao fim com aplausos estrondosos.

A multidão começou a se dispersar.

Sakuta deixou Tomoe no tanque de focas e partiu em direção aos banheiros. Mas ele não foi ao banheiro e circulou pelo aquário até onde avistou Rena, Hinako e Aya durante o show.

Ele teve que voltar para perto da entrada, então ele caminhou rapidamente para encontrá-las na sombra de um pilar na loja de presentes, observando Tomoe enquanto ela espiava os selos.

“Viu algum peixe raro?” Sakuta perguntou enquanto se aproximava delas por trás.

Hinako e Aya se assustaram, e Rena se virou para olhar para ele com uma expressão de inocência no rosto.

“Você também está aqui, Senpai?” Ela respondeu descaradamente na mesma moeda.

“Cara, as colegiais têm uma vida tranquila.”

“Estamos ocupadas.”

“Não é o que parece.”

“E você? Você realmente deveria deixar Tomoe sozinha?”

“Ei, olhe!” Interrompeu Hinako, usando seus elegantes óculos novamente, seus olhos olhando por trás deles além do pilar em Tomoe.

Não vendo o mal, Sakuta se juntou a ela.

Tomoe estava sendo conversado por dois homens. Ambos tinham cabelos castanhos, com correntes penduradas na cintura e sandálias nos pés. Eles pareciam estar convidando-a para assistir ao show dos golfinhos enquanto faziam um gesto para fora.

“Eles parecem meio assustadores”, disse Hinako. Enquanto Tomoe parecia acenar com a mão na frente do peito em negação, um deles agarrou seu pulso. Hinako pediu conselhos a Rena, perguntando: “O que fazemos?”

Sakuta passou ao lado dela e deixou a sombra, caminhando até Tomoe.

“Ehh, eu tiro meus olhos de você por um minuto e já dão em cima de você?” Ele perguntou, batendo levemente no topo de sua cabeça antes de puxá-la dos homens pelos ombros.

“Então você tem namorado?” Um único homem disse, um pouco de raiva em seus olhos.

“Você demorou muito, Senpai.” Tomoe protestou baixinho.

“Foi um grande problema.” disse ele. Ele realmente tinha ido por um motivo completamente diferente, mas isso deveria bastar para desligar a dupla de cabelos castanhos.

“Você é realmente incrível, falando sobre merda em um encontro.” veio a réplica desdenhosa de um deles antes de ambos partirem.

“Eles eram caras pelos quais seus amigos também tinham uma queda?” Sakuta perguntou baixinho enquanto eles observavam o par se afastar.

“De jeito nenhum!” respondeu Tomoe em um volume semelhante.

“Então recuse-os imediatamente.”

“Eu gostaria, mas…”

“Mas o que?”

“Eles me surpreenderam quando começaram a falar comigo do nada.”

“Considerando como você é, você deve se acostumar rapidamente.”

A vizinhança seria inaugurada para a temporada de praia em breve, e haveria pegadores à espreita.

“O que você quer dizer com isso?”

“Você não viu como seu rosto é?”

“Eu vejo ele todos os dias.”

Tomoe olhou para seu reflexo no vidro do tanque.

“O que você acha dele?”

“…Isso não sou eu.” Tomoe murmurou, baixando a cabeça.

 

2

 

Sakuta e Tomoe deixaram o aquário e pisaram na ponte Benten que ia para a própria Enoshima. O som do vento e das ondas os envolveu com a brisa salgada do mar. A maré não estava muito alta, então parecia que você poderia simplesmente continuar andando na superfície.

Tomoe estava com o olhar no chão e parecia apática, como se ela tivesse pensado em algo desde que eles deixaram o aquário.

“Você quer agir submisssa ou algo assim?”

“Não.”

“Deveríamos ser um casal discutindo então.”

Tomoe lentamente diminuiu a distância entre eles. Quando ela chegou ao lado dele, ela apoiou as mãos no corrimão ao lado deles e soltou um suspiro ao ser tingida de vermelho pelo sol poente que entrava por entre as nuvens.

“Eu disse que vim de Fukuoka, certo?”

“Se gabando de sua cidade natal?”

“Não.”

“O que é então?” perguntou Sakuta enquanto ele se virava, encostando-se na grade ao lado dela.

“Eu não era assim antes do ensino fundamental”, ela falou enquanto olhava para o mar, “quer ver uma foto?”

“Na verdade não.”

“Aqui.” disse ela, colocando o telefone na frente do rosto dele para que ele acabasse vendo, mesmo que não quisesse.

Na foto, ela estava vestindo um uniforme antiquado de marinheiro e uma saia fora de moda na altura dos joelhos. E, além de tudo isso, seu cabelo estava puxado em duas tranças maravilhosas de cada lado de sua cabeça.

“Isso é… Uma caipira.”

“É por isso que eu não queria mostrar a você.”

“Não foi você que o forçou na minha cara?”

“Papai foi transferido por causa do trabalho, então viemos para Tóquio.”

“Esta é Kanagawa, no entanto.”

“Não se preocupe com as pequenas coisas, é Tóquio.”

“Bem, tanto faz.”

“Eu estava em um grupo no fundo da escola também.”

(NT: Tomoe e a galera do fundão)

“Hmmm.”

“Eu pensei que definitivamente sofreria bullying na cidade, seria chamada de coxo e não teria amigos.”

“Bem, eu acho que isso acontece.”

“Então, quando descobri que íamos nos mudar para cá em janeiro… Usei os três meses até partirmos para fazer muitas pesquisas”, disse Tomoe, entrelaçando o dedo no cabelo, “comecei com maquiagem, depois fui a um cabeleireira chique e mudei de cabelo… Comecei a copiar revistas de moda com minhas roupas, pratiquei meu sotaque… E acabei assim.”

“Você não gostou?”

“Eh?”

“Você não gosta de como está agora?”

Tomoe ficou pensativa com a pergunta, e depois de um tempo respondeu como se afirmasse seus próprios sentimentos:

“…Eu gosto, eu realmente gosto.”

“Então com o que você está se preocupando? É muito deprimente.”

“O-o que isso quer dizer!?”

“Você está fazendo coisas de uma adolescente normal e fica falando sobre como este ‘não é o verdadeiro você’?”

“S-sim.”

“Tãããooo laaame.”

(NT: Lame = Uma carta fora do baralho, sem chance de retorno, então fica algo como “Esquisitona”)

“Você é mau!”

“Bem, está tudo bem.”

“O quê?”

“Esta é você. O que quer que você fosse antes, esta é você agora.”

“Como é que você pode dizer isso?” Tomoe lançou um olhar desconfiado para ele.

“O que quer que tenha começado, você se esforçou para terminar assim, certo?”

“S-sim…”

“E você gosta de como está agora?”

“Sim.”

“Então o que você está querendo dizer com‘ não sou eu ’?”

Ela não respondeu.

“…Portanto, não se preocupe com isso.”

“…Eu não gosto disso.”

“Hã?”

“Parece que você acabou de brinca comigo.”

“Ei, eu-“

No momento em que Sakuta estava prestes a reclamar, a atenção de Tomoe foi desviada para seu telefone.

“Ah, é da Rena-chan…”

Ela mexeu na tela, abrindo a mensagem.

“O que é que foi agora?”

“…‘Parece que você está se dando bem. Senpai também parece uma pessoa surpreendentemente boa.’”

“Ela não precisava adicionar o ‘surpreendentemente’.”

(NT:sakuta injustiçado)

“‘Senpai disse que você não precisava adicionar o “surpreendentemente”’ e enviar.”

“Não envie isso.”

“Eu já enviei… Ah, uma resposta, ela disse ‘huh?’”

“Ela disse?”

Participar das conversas das meninas era simplesmente cansativo.

“Vamos, vamos para Enoshima, certo?”

“Sim… Ah, espere!”, Tomoe percebeu algo e correu para a praia ao lado da ponte. O sol estava se pondo e a praia estava com poucas pessoas, uma delas chamou sua atenção, uma garota a julgar pelo seu traje, que estava olhando para baixo e procurando por algo. Mesmo daqui, eles podiam ver que ela estava preocupada. “Essa é Yoneyama-san.”

“Você conhece ela?”

“Ela é minha colega de classe, Yoneyama Nana-san.”

É realmente típico dela ter certeza de aprender seu nome completo, pensou Sakuta, ele mesmo não se lembrando de quase nenhum dos nomes completos de seus colegas.

Tomoe deu as costas a Enoshima e voltou para a ponte, saiu da estrada e cambaleou ligeiramente para a praia. Ir para Enoshima sozinho seria inútil, então Sakuta a seguiu.

À medida que se aproximavam da beira da água, as características de Yoneyama Nana tornaram-se distintas. Ela usava óculos de armação preta e tinha o cabelo amarrado em dois cachos, como o de uma estudante do ensino médio, pendurado na frente dos ombros. Sua saia caia até o joelho e ela usava um cardigã azul marinho da cintura para cima. Ela tinha quase a mesma altura que Tomoe e parecia uma garota reservada à primeira vista, uma que caberia na biblioteca.

(NT: cardigã = Uma espécie de sobretudo de lã abotoado na parte da frente)

Ela parecia à beira das lágrimas e andava de um lado para o outro na areia.

“Yoneyama-san!” Tomoe gritou, fazendo Nana congelar de medo. Quando ela percebeu Tomoe, ela endureceu de surpresa novamente.

“Você fez algo com ela? Ela está muito nervosa.” Sakuta murmurou para Tomoe.

“E-eu não fiz nada!” Ela respondeu no mesmo volume.

“Koga-san… E-e aquele senpai que voltou a ser desejável.”

“Então isso realmente é uma coisa com os primeiros anos.” disse Sakuta. Nana encontrou seus olhos e mostrou um medo ainda maior do que antes.

“E-eu sinto muito.” ela se desculpou.

“E você, Senpai, o que você fez?” Interrompeu Tomoe, no momento certo.

“Nada ainda.”

“Não faça nada também”, disse Tomoe, lançando-lhe um olhar de advertência, “Yoneyama-san, o que há de errado?”

“Eh, nada…” disse ela, se recompondo e falando baixinho.

Não importa o que ela disse, certamente parecia que algo estava de errado com ela.

“Você está procurando por algo?” Tomoe mudou a questão.

“S-sim.” Nana assentiu.

Não parecia que algo tivesse acontecido entre elas, Nana estava apenas tímida e chocada por ter falado com Tomoe, com quem ela não tinha falado muito durante as aulas. Então, o fato de ela estar junto com Sakuta, que tinha vários rumores desagradáveis ​​circulando sobre ele, os fez parecer ainda mais distantes.

“Eu vou procurar também. Você deixou cair alguma coisa?”

“E-está tudo bem, quero dizer, você faz parte do grupo de Kashiba-san.”

Sakuta achou que era uma negação bastante interessante. Mas, ao mesmo tempo, ele tinha a sensação de que essas palavras mostravam como o poder era distribuído na classe.

Havia uma diferença definitiva entre Yoneyama Nana, que parecia bastante simples, e Tomoe e seu grupo, que parecia irradiar moda. Ele quase quis contar a Nana sobre como Tomoe parecia ainda mais simples durante o ensino fundamental, mas decidiu não contar vendo como ela tinha acabado de propor ajuda, e decidindo fazer Tomoe aceitar seu esforço.

“Três pares de olhos são melhores do que um.” disse ele, dirigindo os olhos para a areia, embora não soubesse o que estava procurando.

“Veja, o Senpai disse que ajudaria também.”

“C-certo… É uma pulseira de telefone.”

“Que tipo?”

“Tem um formato de água-viva, comprei no aquário.”

“Que cor é ela?”

“É transparente, mas meio azul, eu acho.”

“É importante para você?”

“Sim… Comprei para combinar com a minha amiga durante a Golden Week.”

Perder apenas o de um par faria qualquer um se sentir mal. Ele questionava por que ela não poderia simplesmente comprar um novo, mas não teria o mesmo significado que o que ela comprou com a amiga para Nana.

“Tem certeza que deixou cair por aqui?” Ele perguntou ao invés.

“M-me desculpe, não sei.”

“Você não precisa se desculpar.” Ele disse enquanto ela ficava assustada quando eles encontravam olhares de novo, então Sakuta apenas olhou para baixo novamente e acenou com a mão, um pouco deprimido por estarem obviamente com medo dele.

“Senpai é estranho, mas não é assustador.” foi o elogio indireto de Tomoe. Do ponto de vista dele, Tomoe era muito estranha também…

“C-certo.” Nana respondeu, mantendo uma distância óbvia entre ela e Tomoe também.

Havia uma tensão estranha no ar enquanto eles procuravam em vão por cerca de meia hora. O sol havia se posto e estava ficando difícil de ver. As coisas estavam chegando ao limite de um grupo de três que realmente não se davam bem.

Assim como Sakuta estava pensando que eles poderiam ter que desistir, Sakuta viu um brilho na beira da água.

Lá, deitada na areia molhada, estava uma pulseira de telefone de água-viva.

“Aí está.” ele gritou sem querer.

“Mesmo?”

Tomoe e Nana vieram correndo.

Sakuta foi pegá-lo, mas a próxima onda o fez hesitar e, embora ele não pudesse ver, havia uma sombra na água.

“Ah, Koga-san-” antes que o aviso de Nana estivesse completo, Tomoe mergulhou as mãos no mar. No momento seguinte, uma onda suspeitamente grande cobriu Tomoe completamente onde ela estava inclinada para a frente.

Tomoe soltou um grito de choque e perdeu o equilíbrio, caindo para trás, ficando toda encharcada.

“Ei, você está bem?”

Em resposta à pergunta de Sakuta, Tomoe voltou com um sorriso.

“Eu consegui.” disse ela, segurando a alça, sem parecer perceber que ele estava perguntando por ela.

“Você está bem, Koga-san?”

Ela não estava, não importa como você olhe. Ela estava definitivamente encharcada até os ossos, sua blusa branca grudada em sua pele, mostrando sua calcinha e pele.

Sakuta entrou com seus sapatos na água e puxou Tomoe para cima. Tomoe tropeçou na areia e se agarrou a Sakuta.

“Uau, saia, você está encharcada!”

“Você deveria estar feliz!”

“Você diz isso, mas seu delineador derretendo.”

“Wah, não olhe para mim!” Gritou Tomoe, escondendo o rosto, mas havia outros lugares onde ela deveria estar escondendo.

“Sua calcinha também está aparecendo, você deve esconder isso.”

“Ahhh, não tenho mãos suficientes!”

“Posso te emprestar um dos meus, se quiser?”

Tomoe pensou por um momento.

“Ei, isso obviamente não vai acontecer!”

Observando-os, Nana caiu na gargalhada.

 

3

 

No dia seguinte ao encontro de Sakuta com Tomoe… 30 de junho, chegou sem alarde.

Talvez os dias não se repetissem mais, talvez a causa da Síndrome da Adolescência tivesse sido curada.

Com essas coisas ocupando sua mente, Sakuta foi para a escola, onde por acaso chegou na estação Fujisawa Enoden com Tomoe.

Ele não podia simplesmente ignorá-la entre os outros alunos da escola. Afinal, ele era seu ‘mais que senpai, menos que namorado’. Ele deveria falar com ela. Pensando assim, ele se dirigiu a ela.

“Koga, quer ir pra escola juntos?”

“Sim.” ela respondeu com uma voz rouca com um aceno de cabeça.

Ele olhou para o rosto inclinado dela, percebendo que estava estranhamente vermelho.

“Você pegou um resfriado, hein?”

Ter sido encharcada pelo mar ontem foi provavelmente a causa. Isso e não poder andar de trem, e então caminhar cerca de trinta quilômetros até Fujisawa enquanto estava encharcada.

Pode ser verão, mas isso foi muito negligente.

“Estou completamente bem.” disse ela, os olhos em branco em contraste com suas palavras. Ela nem mesmo tinha energia para olhar para Sakuta e apenas continuou olhando para baixo, parecendo lutar para respirar.

“Você não parece nada bem.” disse Sakuta, colocando a mão na testa dela. Estava quente, muito quente. Quente o suficiente para que Sakuta ficasse muito feliz em ter o dia de folga. Mesmo assim, quando o trem chegou, Tomoe não hesitou em embarcar.

Em primeiro lugar, ele a sentou em uma cadeira vazia.

“Desça na próxima parada e vá para casa.” ele instruiu.

“Não quero.” foi sua resposta infantil.

“Você gosta tanto da escola?”

“Se eu tivesse um dia de folga, não seria capaz de acompanhar as conversas.”

“É apenas um dia.”

“Esse dia pode ser fatal.”

Aparentemente, ela nunca conseguia relaxar.

“Durma até chegarmos aí, eu vou te acordar.”

“Obrigada.” ela disse honestamente, antes de relaxar e fechar os olhos.

Sakuta caminhou com Tomoe para a escola, mas como ela não conseguiu trocar de sapatos, ele a arrastou para a enfermaria e pediu que a enfermeira cuidasse dela.

Claro, ele ignorou o rouco “Traidooor” dela ao sair.

Sakuta saiu sorrateiramente da escola na hora do almoço, caminhando até uma loja próxima e às pressas terminou suas compras e voltou antes que um professor percebesse que ele estava desaparecido, então apareceu na enfermaria.

Rena, Hinako e Aya estavam reunidas ao redor da cama em que Tomoe estava deitada. Quando as três notaram a entrada de Sakuta, elas saíram, com uma instrução provocante para o par se divertir.

A enfermeira também estava ausente, talvez fazendo alguma coisa.

“Sentindo-se melhor?” Sakuta perguntou quando ele se sentou em um banquinho ao lado da cama.

“Sim.” Tomoe respondeu baixinho, porém mais alto do que naquela manhã.

“Quer algumas tangerinas enlatadas?” Ele perguntou enquanto largava a sacola de compras na mesa presa à cama.

(Alguns de vocês conhecem Tangerina como Mexerica)

“É contra as regras sair da escola durante o dia.”

“Se você não quiser…” disse ele, tirando a lata de tangerinas da sacola.

“Vou quere-los.”, ela estendeu o braço, tentando pegar a lata.

“Espere um minuto.”

“Porrr que, eles são para mim, certo?”

(NT: nessa setença, ela fala com sotaque)

Sakuta pegou um saco de gelo picado.

“Gelo?” Tomoe perguntou em confusão.

Sakuta ignorou sua pergunta e adicionou água ao gelo, então colocou a lata na mistura, virando de vez em quando.

“Senpai, o que você está fazendo?”

Ele estava copiando um método de resfriamento rápido que Rio havia usado uma vez. Depois de cerca de dois minutos, ele tirou a lata, abriu a tampa e colocou-a na frente de Tomoe desta vez.

“Eu posso alimentá-los se você quiser.”

“Seria difícil comer assim, então estou bem.” Ela usou o garfo incluso e levou um bocado à boca. “Ah, está muito frio!”

Tomoe sorriu de felicidade.

“Não me veja comer.” disse ela à Sakuta enquanto ele olhava para ela com atenção.

“Por quê?”

“É embaraçoso.”

“Você o quê?”

As dúvidas de Sakuta apenas aumentaram, mas incomodar seu kouhai enfraquecido não o agradava, então ele se levantou e abriu a janela um pouco, deixando uma brisa salgada entrar no quarto com ar-condicionado.

“Ahhh, o cheiro do mar.” disse Tomoe, os cheiros naturais da brisa do mar aparentemente fazendo-a se sentir melhor assim que fechou os olhos por um tempo.

“Ei, Senpai?” Ela disse depois de um tempo sentada assim.

“Hm?” Ele respondeu, inclinando-se para fora da janela.

“Por que você ouviu meu pedido ridículo?”

“Seria aquele a ser mais do que seu senpai da escola, menos do que seu namorado?”

“Aquele para mim mais do que meu senpai da escola, menos do que meu namorado, sim.”

Sakuta observou os muitos surfistas deslizando pelas ondas do mar em Shichirigahama.

(NT: duvido alguém falar o nome da praia 3 vezes rápido)

“Porque você pediu tão sinceramente.”

“Mesmo que você mal me conhecesse?”

“Somos amigos que já chutaram as bundas, certo?”

“Nossa, eu estava falando sério.” disse ela, olhando por cima do ombro para ele e segurando o garfo na boca, aborrecida.

“Naquela época, eu pensava que você era uma garota legal.” ele insistiu.

Ela pensou que um pervertido estava atacando uma garotinha e então chutou Sakuta com toda a força que pôde nas costas. Foi um mal-entendido, mas nem todos teriam a coragem de fazer tal coisa, e a postura de Tomoe sobre esse tipo de coisa foi mostrada mais uma vez no dia anterior, quando ela ajudou a procurar a pulseira de Yoneyama Nana.

“E então você me ajudou?”

“Bem, também foi porque você é bonita.”

“Você está brincando novamente.”

“Eu não sei se eu teria feito a mesma coisa se você fosse feia, é assim que os homens são.”

“…Você teria.” disse Tomoe em voz baixa, e Sakuta decidiu fingir que não podia ouvir.

“Não sou tão gentil em ajudar à todos.”

“Mas, em troca, você é gentil com algumas pessoas.”

“Bem, sim, até eu quero que algumas pessoas pensem que sou meio decente.”

“Hmmm.”

Tomoe ainda não parecia concordar totalmente, mas ela não parecia querer continuar. Ela terminou de comer a fruta e bebeu os sucos que sobraram em um único gole.

“Koga, você tem alguém de quem você gosta?” Sakuta perguntou.

“Eh!?” Ela gritou em choque com a pergunta repentina: “P-por que você perguntaria algo assim?”

“Eu só imaginei que rumores sobre você namorando comigo causariam um problema se você estivesse gostando de alguém.”

“Eu não estou, então tudo bem.”

“Alguém em quem você está interessado?”

“Não há.”

“Hehhh, que desperdício.”

“Não tenho tempo para coisas assim.”

“Bem, sim, você tem que acompanhar os vídeos que suas amigas enviam.”

“Não gostei do seu tom aí.”

“Acho que isso significa que você mesmo tem dúvidas sobre isso.”

“O que isso deveria significar?”

“Se você estivesse bem com a forma como as coisas estavam indo, você não se importaria em como eu falaria.”

“…Eu iria.”, ela disse depois de pensar sobre isso em silêncio por alguns momentos, “Eu me importo com a forma como as pessoas me veem. Mesmo enquanto estou sentado aqui na enfermaria, estou preocupado com o que todos na sala de aula estão pensando.”

“Você é muito autoconsciente.”

“Você é o único estranho, Senpai. Como você pode continuar indo para a escola quando todos olham para você como uma aberração e zombam de você? Como você pode continuar? Você é muito insensível.”

“Cara, você está fazendo perguntas horríveis. Bem na minha cara também.”

“Uh, desculpe.”

“Elas não doeram, então está tudo bem.”

“Eu não sinto muito, então.” ela murmurou, seu olhar parecendo um tanto sério para Sakuta, pedindo a ele para responder adequadamente com seus olhos.

Sakuta não conseguia resistir àquele olhar, então apenas olhou para fora novamente e começou a falar, como se fosse consigo mesmo.

“É só porque não vivo para ser querido por todos.”

“Eu quero que todos gostem de mim… Ou pelo menos, não me odeiem.”

“Estou bem com apenas uma pessoa. Enquanto essa pessoa precisar de mim, posso continuar.”

Sakuta quebrou o lacre da caixa de onigiri que comprou para si mesmo, colocando o arroz embrulhado em nori na boca, apreciando a comida enquanto olhava para o mar. Isso por si só fez a escolha desta escola valer a pena.

“Mesmo que o resto do mundo odeie você?”

“Isso é melhor, certo?”

“Eu me pergunto.”

“Bem, você vai entender um dia, Koga.” Sakuta encerrou a conversa antes que ficasse ainda mais embaraçosa.

“Você me olhando assim de cima é irritante.” disse Tomoe fazendo beicinho. Sakuta riu levemente da expressão dela, mas sua risada logo morreu, tendo percebido porque ele a estava tratando como muito mais jovem do que ele.

Em seu primeiro dia de trabalho, ele pensava nela como uma kouhai desajeitada, mas falar com ela assim o fez perceber que ela estava realmente absorvendo e entendendo tanto o que ele estava dizendo, quanto o que ele não estava.

Mais precisamente, Tomoe estava fortemente focado no que estava acontecendo ao seu redor para que ela não perdesse nada. Para dizer a verdade, ela podia ler a atmosfera de maneira adequada, na verdade, poderia ser colocado como ela prestando muita atenção à atmosfera. Então, ela escolheria como agiria com base nessa atmosfera. Foi por isso que ela começou a se maquiar, mudou o penteado e ficou mais na moda.

Essa mentira sobre eles namorando era a mesma coisa.

Fazendo isso, ela evitou conflitos com o ambiente, mesmo na forma de fricções leves, e viveu bem. Ela se esforçou muito para não causar discórdia e estava sempre prestando atenção para não causar problemas.

Era uma forma de vida que Sakuta nunca seria capaz de imitar, definitivamente o deixaria exausto.

“Senpai, você está pensando em algo rude, não é?”

“Não, não realmente.”

“Você definitivamente está.”

“Na verdade, estou pensando em algo muito bom.”

“O que você quer dizer?”

Sakuta ignorou sua pergunta e respondeu com outra.

“Diga, Koga, se você acabasse gostando da mesma pessoa que sua amiga Rena, o que você faria?”

Ele podia imaginar a resposta sem realmente fazer a pergunta, o motivo pelo qual se preocupou era fazê-la perceber isso. Havia atritos nos relacionamentos que você não podia evitar e atravessar. Fazer isso faria com que o atrito o desgastasse.

“Se gostássemos da mesma pessoa, nunca contaria à Rena-chan.”

“E se você gosta da mesma pessoa que sua amiga Hinako?”

“Eu não diria.”

“Se fosse sua amiga Aya?”

“Eu não diria.”

“Então você simplesmente desistiria.”

“Acho que sim.”

“Isso foi o que eu pensei.”

“Não pergunte então.” era melhor decidir desistir enquanto podia. Quando seus sentimentos estavam naquele ponto, não importava, mas surgiriam problemas quando sentimentos que você não havia levado em consideração entrassem em cena. A resposta de Tomoe agora era inevitável, e ela sentiu o perigo nisso.

“Sim, pequenina.”

“N-não me trate como uma criança.”

“Dizer falas assim que te fazem parecer uma criança, não é?”

“Uggghhh…”, ela gemeu, antes de continuar, “Oh sim, Senpai, isso me lembra…”

“Hmm?”

“Como as coisas acabaram com Sakurajima-senpai?”

“Estou esperando a resposta dela.”

“Eh!? Ela não rejeitou você ainda!? ”

“Se esse acidente não tivesse acontecido, ela teria concordado em começarmos a namorar.”

“De jeito nenhum!?”

“É a verdade.”

“Não, isso é definitivamente uma mentira.”

“Por que você não acredit-?”

“Quero dizer, é Sakurajima-senpai, certo? A atriz Sakurajima Mai! Aquela Mai, certo!?”

“Sim.”

“E ela disse ‘eu te amo’?” Perguntou Tomoe com um olhar duvidoso.

“Bem, não.”

“Veja, tenho certeza de que você estava apenas imaginando.”

Era verdade que Mai nunca havia dito isso, e também era verdade que ele queria que ela dissesse. Isso também seria bom para o relacionamento deles.

A estranha insistência de Tomoe em apontar isso o deixou ainda mais ciente disso. No final, quer Mai gostasse dele, o sólido mês de confissões fez com que parecesse bastante descartável, e ela também ignorou a última confissão, então pareceu que concordou em fazê-lo parar. Esse pensamento trouxe um toque de desconforto ao peito de Sakuta.

“Vou fazer o meu melhor para que ela diga isso na próxima vez que eu me confessar.”

“Você definitivamente será rejeitado.”, disse Tomoe, ainda incrédula.

“Bem, de qualquer maneira, este semestre tem que terminar primeiro.”

Eles estavam enganando a escola neste período, se não superassem isso, não havia futuro brilhante esperando por qualquer um deles.

“…Sim.”

Felizmente, Rena e as outras não deram nenhum sinal de perceber a mentira. Atualmente, parecia que eles conseguiriam terminar as três semanas seguintes bem. A única coisa que não podia ser prevista eram as ações de Maesawa-senpai.

Apesar de sua mentira ser descoberta, se Rena descobrisse sobre sua confissão, isso seria o fim. Eles não podiam deixar Rena-chan ouvir sobre o que eles realmente almejavam.

Eles não podiam mais olhar para as coisas com otimismo.

 

4

 

O dia seguinte era terça-feira e marcava a transição do calendário para julho. Tomoe teve febre no dia anterior e passou o dia inteiro na enfermaria, portanto, finalmente cedeu e tirou o dia de folga.

No entanto, ela estava completamente de volta ao normal na quarta-feira, e quando o sino tocou para o almoço, ela chegou à sala de aula de Sakuta segurando uma lata de pêssegos.

Seus colegas tinham olhares questionadores sobre por que uma lata de pêssego.

Provavelmente foi um agradecimento pelas tangerinas na segunda-feira, mas Sakuta teve que provocá-la.

“É para ser supostamente o seu traseiro em forma de pêssego?”

Imediatamente, as mãos de Tomoe se cobriram.

“Não seja pervertido.” ela disse enquanto franzia os lábios.

“Vou aproveitar estes esta noite, pensando neles como seus.” ele continuou, fazendo Tomoe pegar os pêssegos de volta.

“I-idiota!” Ela saiu correndo da sala de aula, com o rosto vermelho de vergonha.

“Acho que fui longe demais.” disse ele, resolvendo passar só um pouco dos limites na próxima vez.

Ele podia sentir as meninas olhando para ele com desprezo por seu assédio sexual, e os meninos olhando para ele com ciúme do flerte. Nenhum deles parecia muito surpreso em vê-los juntos.

Isso caracterizou a era LTE, rumores sobre os dois haviam permeado completamente a escola.

(NT: O LTE é um padrão de redes de comunicação móveis que se encontra em fase de adaptação por parte dos operadores que utilizam tecnologias GSM. Em poucas palavras, fofoca em grupos de whatsapp.)

Tomoe não o perdoou mesmo depois da escola. Eles estavam no mesmo turno, mas cada vez que se esbarravam durante o trabalho, ela escondia o traseiro e olhava para ele como se eles tivessem uma rixa de sangue…

Infelizmente, no entanto, ela não era nem um pouco assustadora.

Às oito horas daquela noite, a correria do jantar finalmente deu sinais de acalmar, o número de clientes chegando diminuiu e os pedidos para os clientes que já estavam lá foram finalizados. Até a comida estava quase toda feita.

Tomoe se aproximou de Sakuta enquanto ele estava no caixa.

“Há algo que eu quero te dizer.”

“Se é sobre minha falta de delicadeza, estou bem ciente.”

“Eu já desisti de você com isso.”

“Então o que é?”

Tomoe olhou para Sakuta em silêncio por vários momentos, seus nervos óbvios. Deve ser algo importante que ela estava prestes a dizer.

“Minha bunda realmente não é tão grande.”

E, no entanto, apesar da aparente importância, era sobre seu traseiro que ela queria falar.

“Meu Deus, tão humilde!” Sakuta proclamou enquanto dava tapinhas consoladores em seu ombro.

(NT: eu me pergunto se o Sakuta seria linchado ou seria aclamado se ele viesse pro brasil.)

“O que há com essa resposta!?”

“Tenha mais confiança.”

“Em quê!?”

“Em seu traseiro de pêssego.”

“Eu disse que não tenho um!”

“Sabe, isso não é verdade.”

“Tudo bem então! Eu não vou falar com você.”

Ela parecia estar de péssimo humor desta vez enquanto se afastava com passos largos.

No entanto, um momento depois, ela pegou um pedido que continha álcool, com o qual ela nunca havia lidado antes, então voltou timidamente.

“O que devo fazer sobre a cerveja?” Ela perguntou sem jeito enquanto se mexia.

Sakuta fingiu não estar lá enquanto enchia os copos no bar.

“Não me ignore.” disse ela, mexendo no avental.

O silêncio continuou a reinar.

“P-por favor, diga-me”, ela estava à beira das lágrimas, “E-eu tenho confiança no meu traseiro.”

Com isso, Sakuta finalmente olhou para ela.

“E os pêssegos?”

“B-bem! Eu vou admitir, eu tenho um traseiro em forma de pêssego.”

Ela estava completamente desesperada.

“Entendo, acho que tenho que te contar então.”

“Você é mesquinho, Senpai.”

Com Sakuta provocando Tomoe assim, os dois trabalharam até as nove da noite. Sakuta a acompanhou até sua casa e então voltou para a sua por cerca de meia-hora.

Ele trocou de lugar com Kaede, que tinha acabado de terminar seu próprio banho e lavou o suor do dia.

Assim que se sentiu revigorado, saiu do banho e, depois de vestir a cueca, foi até a geladeira e serviu-se de um copo da bebida esportiva na geladeira antes de engoli-la em um só gole. O frio em seu corpo aquecido era agradável. Era uma bebida de que sempre gostou, mas Mai estava em um anúncio dela, então ele sentiu que deveria reavaliar seu gosto. Cada vez que bebia, ele se lembrava de Mai.

Pensando em Mai, ela estava em Kagoshima gravando para um drama de TV esta semana. Já eram dez horas, mas Sakuta pensou que ela provavelmente ainda estava gravando. Ou talvez ela já tivesse voltado para o hotel e ido dormir, ele não conseguia imaginar muito sobre o mundo do show business.

(NT: Show Business = O mundo do entreterimento, coisas como programas de TV, teatro, cinema, rádio e etc…)

Ele se serviu de outro copo e bebeu devagar dessa vez, em três goles.

Ele lavou o copo e o colocou no escorredor quando o telefone tocou.

Ele pegou o fone enquanto secava as mãos em uma toalha.

“Olá, é Azusagawa.”

“Sou eu.”

Sakuta sabia quem era no exato momento em que eles responderam.

“Mai-san, o que há de errado?”

“Achei que você gostaria de ouvir minha voz, então liguei.”

“Na verdade, estava pensando em você agora mesmo.”

“Espero que você ainda esteja de cueca”, ela pareceu desconfiar dele, “Eu entendo que você não pode evitar esse tipo de coisa, mas…”

Ela parecia já ter decidido que ele estava agindo.

“Na verdade, estou vestindo apenas minha cueca.”

“Hã? Por que apenas sua cueca?”

“Acabei de sair do banho.”

“Huh, surpreendentemente normal.” disse ela, aparentemente descontente com isso?

“Nas noites em que fico me debatendo e me virando, posso pedir ajuda a você.”

“Certo, certo, faça o que quiser.” disse ela.

Ele pensou que ela ficaria envergonhada com isso, mas ela simplesmente concordou.

“Como estão as coisas aí?” Ela perguntou .

“Bem, tudo quase como sempre.”

“O encontro com a sua namorada fofa foi divertido?”

“Bem, de certa forma.”

Obter novas reações de Tomoe tinha sido um passa-tempo divertido.

“Hmmm.” veio a repetição entediante de Mai.

“Havia uma maneira certa de responder a isso?”

“Correndo de sua casa agora mesmo e vindo me ver em Kagoshima?”

“E então eu posso te agarrar?”

“Isso não vai acontecer.” disse ela, seu desagrado batendo em seu tímpano. Aparentemente, ela realmente não queria.

“E você? Você fez alguma coisa além de filmar?”

“Eu comi um urso polar.”

“Você é um carnívora de verdade, hein?”

“Era apenas gelo raspado.”

“Eu sei disso na verdade, é aquele com frutas, certo?”

“Estou entediada.” disse ela em seu tom de rainha. A realeza é muito irracional, pensou Sakuta.

Mas, mesmo assim, sua voz estava tensa e parecia que ela estava alegre com alguma coisa. Ela provavelmente estava animada por ser capaz de atuar novamente.

“Você está se divertindo nas filmagens?”

“Eu estou”, ela respondeu honestamente, sem um momento de hesitação, “o que você quer como trabalho?”

“Os alunos normalmente não pensam em suas carreiras.”

“Isso é um desperdício.”

“Bem, eu acho que talvez eu pudesse ser o Papai Noel.”

“Porque você teria trezentos e sessenta e quatro dias de folga?”

“Você me pegou.”

“Se você disser coisas idiotas, vai se tornar um idiota. Enfim, boa noite.”

“Ah, sim, boa noite.”

Sakuta esperou Mai desligar antes de colocar o fone no gancho.

 

5

 

Com a chegada do fim de semana, a Associação Meteorológica Japonesa anunciou o fim da estação chuvosa na região de Kanto. O verão finalmente havia chegado e as temperaturas só aumentariam a partir daqui. Mesmo as praias de repente ficaram mais ativas, independentemente da temporada de praia, ela apenas começaria na próxima semana.

Sakuta viu vários grupos de estudantes universitários ao redor para visitas aéreas, e a praia de Shichirigahama estava vendo mais surfistas aproveitando as ondas.

A mentira cinzenta de Sakuta e Tomoe continuou mesmo durante a vívida estação azul do sol e do mar, enquanto eles mantinham uma distância cuidadosa entre eles como se tivessem acabado de começar a namorar.

Eles não saíam de seu caminho para ser pombinhos amorosos e só iam juntos para a escola se por acaso se encontrassem no caminho, com Tomoe priorizando sua vida social.

O relacionamento deles agora era conhecido em toda a escola e Sakuta freqüentemente fazia seus colegas lhe darem olhares curiosos como se quisessem perguntar algo a ele.

No entanto, apesar da clara curiosidade, nenhuma pessoa teve a coragem de se apresentar e perguntar a ele. Claro, nenhum deles pensava neles como “falsos amantes”.

Obviamente, ninguém pensaria que um de seus colegas seria capaz de enganar a todos assim, e ninguém se importaria em confirmar ou negar os boatos que circulavam. Era apenas visto como ‘problema de outra pessoa’. Honestamente, Sakuta estava grato pela falta de cuidado que as pessoas pareciam estar demonstrando. Talvez por isso, sua preocupação em ser descoberto fosse desnecessária.

No entanto, havia outra fonte de inquietação em seu coração. Parecia provável que isso tivesse acontecido por causa da Síndrome da Adolescência por parte de Tomoe, e isso não havia sido resolvido de forma conclusiva.

Por causa disso, ele verificava a data todas as manhãs ao se levantar, e isso estava se tornando um hábito.

A partir de agora, um dia não se repetiu desde o dia 27 de junho, mas não saber quando isso poderia acontecer significava que ele não conseguia relaxar. E sua sensação de mal-estar não havia diminuído mesmo agora, no dia 5 de julho, uma semana depois de terem escapado da repetição.

Sakuta esperou que as aulas terminassem e então visitou o laboratório de física.

“Futaba, você está aí?” ele chamou enquanto abria a porta.

Ele viu sua forma vestida de jaleco branco perto da janela, conversando com alguém do outro lado. Essa pessoa estava vestindo uma camiseta e shorts de corrida. Era Yuuma, com uma bola de basquete na mão, provavelmente a caminho das atividades do clube.

Rio e Yuuma olharam para a porta ao mesmo tempo após sua chegada.

“Desculpe por interromper.” disse ele após examinar seus rostos, em seguida, girando sobre os calcanhares e fechando a porta.

Ele ia perguntar sobre a Síndrome da Adolescência, mas seria melhor esperar outro dia pelo visto.

A porta então se abriu de dentro, uma Rio extraordinariamente em pânico a abriu.

“Você é um idiota, Azusagawa!? Você é, não é!?”

(NT: Futaba best girl)

Ela continuou tagarelando em voz baixa, olhando para trás, para Yuuma de vez em quando. O próprio Yuuma estava girando a bola de basquete em seu dedo.

“Bem, eu sou mais idiota do que você.”

“Não me dê uma ajuda dessas, Kunimi vai notar.”

“Se ele tivesse percebido algo assim, já teria notado seus sentimentos há muito tempo.”

De qualquer forma, havia uma possibilidade bastante alta de que ele estava apenas fingindo que não tinha notado.

“Isso… Seria um problema.”

Rio murmurou com uma voz praticamente silenciosa, seu rosto instantaneamente ficou vermelho.

Seria muito cruel continuar provocando-a agora, então Sakuta entrou na sala de aula.

“Na verdade, estávamos falando sobre você.” disse Yuuma ao se aproximar da janela.

“Que cruel, me insultando pelas minhas costas.”

“Você está realmente namorando Koga-san?” Yuuma perguntou sem rodeios, ignorando a piada de Sakuta.

“Eu estou.”

“Seriamente!?”

“Bem, é como uma espécie de teste ainda.”

“Hmmm.”

Yuuma não parecia convencido, e ele pôde sentir algumas dúvidas de Rio quando ela chegou no meio da conversa. Ele tinha uma ideia de por que Rio teria essas. Ele tinha falado com ela sobre a Síndrome da Adolescência e disse a ela que Tomoe era o Demônio de Laplace antes.

Mesmo assim, ela não o questionou mais.

“Bem, eu deveria te dizer isso então”, disse ele, quicando a bola no chão, “é sobre Koga-san.”

Sakuta poderia dizer que ele não queria dizer o que estava prestes a vir.

“O quê sobre ela?”

“Tem havido alguns rumores desagradáveis ​​por aí.”

“Como ela tendo mau gosto para homens?”

Isso parecia provável, considerando a reputação de Sakuta dentro da escola. Ele pode ter mudado com os primeiros anos, mas o segundo e o terceiro ano ainda estavam presos no boato sobre a hospitalização. Era como um adesivo, uma vez que você foi etiquetado, então mesmo rasgando a etiqueta ainda deixaria rastros para trás.

“As pessoas estão dizendo que ela é fácil, uma vagabunda, e que você estão indo como ‘coelhos’.”

A voz de Yuuma ficou mais baixa enquanto ele falava, talvez em consideração à Rio. Percebendo isso, Rio não se forçou a entrar na conversa e apenas parecia que estava ouvindo.

“Que diabos?”

Foi a primeira vez que Sakuta ouviu isso.

“Eu vi no chat em grupo da equipe.” Yuuma continuou, Sakuta mais ou menos entendeu. “Você perguntou sobre Yousuke-senpai no trabalho, certo?”

A expressão de Yuuma estava séria enquanto ele falava sombriamente sobre a origem desses rumores.

“As meninas também estão falando sobre isso em nossa sala de aula.” acrescentou Rio com indiferença.

Aparentemente, esse era outro boato que estava se espalhando pela escola.

Sakuta imaginou que isso acabaria sendo outra situação irritante, mas não sabia o que dizer a si mesmo e, embora não quisesse, provavelmente deveria verificar com Tomoe.

“Eu te disse, pelo menos.” disse Yuuma.

“Sim.”

Yuuma levantou a mão enquanto saía em direção à quadra para as atividades do clube, com Rio o observando sair.

Sakuta não queria atrapalhar, então virou as costas, pegando um bico de bunsen e acendendo-o, enchendo um béquer e colocando-o acima do queimador.

(NT: O bico de Bunsen é um dispositivo usado para efetuar aquecimento de soluções em laboratório, ele é parecido com a válvula de gás que se tem em casa.)

Se os rumores estavam se espalhando, ele tinha que fazer algo.

“Azusagawa, o que você está fazendo?” perguntou Rio, que havia chegado do outro lado da mesa enquanto ele estava concentrado.

“Por enquanto, achei melhor tomar um café e me acalmar.”

“Não é isso que quero dizer, estou falando de Sakurajima Mai. ”

“Onde está o pó?”

Não havia nada parecido nas gavetas sob a mesa.

“Isso é para ser um ‘não pergunte’?” Perguntou Rio. Sakuta abriu as gavetas ao lado da escrivaninha e encontrou o pote de café em pó. “Tudo bem então… Por que você veio aqui?”

“Não houve um dia que se repetisse desde então, então eu estava me perguntando do que se tratava.”

A água havia fervido, então ele apagou o queimador e jogou o pó de café no copo, deixando lentamente o líquido transparente em preto.

“Então não foi exatamente como você disse antes?”

“Hm?”

“Aquela primeiro ano que você está namorando é o Demônio de Laplace.”, Rio se referiu indiretamente à ela, evidentemente tendo notado a verdade, “Aquela primeiro ano continuou rolando o dado até que ela conseguisse o resultado que queria.”

Rio rolou um dado sobre a mesa, caindo no 5, depois no 4, depois no 2.

“Então…” ela continuou, “já que ela está satisfeita agora, ela não precisa jogar novamente.”

Rio parou de rolar o dado ao pousar em 1.

“Ela não parece perceber que faz isso.”

“Se ela percebesse, ela seria um verdadeiro demônio.”

“Você pode dizer isso de novo.”

Sakuta bebeu seu café, franzindo o nariz com o gosto amargo.

“Parece que você quer que aconteça de novo.” disse Rio preguiçosamente, tirando os óculos.

“Eu só quero que alguém me diga que não vai acontecer mais se realmente não for.”

“Você queria refazer alguma coisa?” Rio perguntou, ignorando suas palavras. Ela começou a conversa apenas para perguntar isso.

“…”

“Entendo, você quer.”

“Você nem pensa… ‘e se?’”

“Seria sua irmã para você?”

Mesmo enquanto tentava se esquivar da pergunta, Rio não desistiu, provavelmente por vingança por provocá-la sobre Yuuma.

“Sim, há um problema com isso?”

“Não há problema com isso, só pensei que não parecia uma resposta que você diria.”

“Não é como se eu realmente quisesse fazer de novo.”

“Então o que é?”

“Eu só quero fazer as coisas sem ter que pensar ‘e se?’.”

“Entendo, isso é exatamente como algo que você diria.”

“Eu faço o meu melhor para aproveitar ao máximo o que acontece. Voltar no tempo… Parece que todas as diferentes possibilidades seriam irritantes e deprimentes.”

Rio o ignorou e começou a ajustar o queimador de gás.

Sakuta jogou o dado na mesa e ele pousou no 3.

“Diga, Futaba.”

Ela parecia um pouco irritada ao acender a chama. Como se ela tivesse perguntado o que queria perguntar e não se importasse mais.

“Você consegue pensar em uma maneira de vencer alguém em um clube esportivo que está em forma melhor do que você?”

Rio parou de se mover e apenas olhou surpreso por um momento, que logo mudou para uma expressão horrorizada antes que ela finalmente bufasse.

“Essa não é minha área de especialização.”

“Imaginei.”

Ela ajustou o fluxo de ar para o queimador de gás, transformando a chama de vermelho para azul.

“Mas…”

“Hm?”

“Os humanos não são macacos, eles podem vencer porque usam a cabeça, certo?”

Essa foi realmente uma resposta que ela diria.

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