Ao contrário dos dias de Maio, os quais ele passou envolvido com a Síndrome da Adolescência, agora era Junho, então Sakuta passava seus dias tranquilamente.
Ele tinha uma vida cotidiana tranquila, se confessando para Mai todos os dias assim como prometera.
É claro, houve uma influência por ele ter gritado seu amor no meio do campo esportivo, mas… Ao invés de ‘cara do incidente do hospital’, todos os estudantes tinham o rotulado como ‘cara vergonhoso’ e ‘esse é o Sakuta dos rumores’. Apenas por andar pelo corredor, ele ouvia risadas abafadas e a escola tinha se tornado num lugar mais e mais desconfortável.
No entanto, ele tinha sido capaz de trazer Mai de volta e assim tido uma mudança completa de atitude para ‘isso realmente não importa’. Honestamente, se ele não pensasse dessa maneira, ele não conseguiria ter feito isso.
Yuuma tinha dito.
“O seu coração é realmente feito de ferro!”
E então rolado de rir. Rio estava com ele e dito com uma expressão séria.
“Se tivesse sido eu, eu teria morrido de vergonha. Esse é o Azusagawa, um adolescente traste.”
“O que está querendo dizer com isso?”
“Antes, quando circulavam os boatos sobre o ‘incidente do hospital’, você tinha dito que ‘lutar contra a atmosfera é ridículo’, ou você esqueceu?”
“Ahh, o Sakuta havia dito isso, eu também tinha ouvido.”
Ele certamente se lembrava de dizer isso, e sua opinião ainda não havia mudado.
“Do que mais você chamaria alguém que não ficaria sério por si mesmo, mas que suportaria qualquer vergonha por sua bela senpai?”
Ele estava sem palavras por isso ter sido dito a ele tão claramente.
“…”
Assim como Rio havia dito, ele não tinha pensado em mudar a atmosfera sobre si mesmo, mas quando ele pensou que era para Mai, ele ficou animado e gritou seu amor no centro do campo esportivo.
“Isso é material para te provocar pelo resto de sua vida.”
“Você vai continuar me chamando assim mesmo quando eu for um velho?” À sua maneira, isso não seria tão ruim… ele decidiu pensar. “Hey, Futaba.”
“O que?”
“Então, sua hipótese estava correta no final?”
“Quem sabe. Instabilidades nas mentes dos adolescentes causando intensas interpretações subjetivas… se você disser que mesmo isso é a Síndrome da Adolescência, então isso não pode ser verificado cientificamente.”
Rio tinha francamente respondido assim quando Sakuta a visitou em outro dia no laboratório de física.
“Bem, acho que isso é verdade.”
Mai havia se comportado como a atmosfera, e os estudantes a tratado como a atmosfera. Como tinha sido algo subconsciente, não havia diferenças para a verdadeira atmosfera. Se não havia um ‘como’ e esse realmente era o caso, não haveria diferenças para a realidade.
E sendo esse o caso, Sakuta achava que isso provavelmente estava acontecendo em outras escolas. Porque quando as pessoas se reuniam em grande número, sempre haveria algum tipo de atmosfera criada…
No caso de Mai, o entendimento implícito dentro da escola só se espalhara pelo mundo como Síndrome da Adolescência. Nada mais. Como Rio havia dito, pensar mais nisso não ajudaria em nada.
“Bem, nosso mundo é simples o suficiente para que uma simples confissão consiga destruir isso. Assim como você provou.”
Enquanto saía do laboratório, Rio estava se preparando para um experimento e observou negligentemente. Eles tinham discutido bastante, mas essa era a verdade que parecia a mais estranha.
“Talvez.”
Ao menos, o mundo cotidiano que cercava Sakuta tinha tido sua cor alterada por uma simples confissão.
À sua maneira, Mai seguia em frente através da vida cotidiana que recuperara.
Ela começara por anunciar seu retorno ao show business. Tal conferência de imprensa tinha sido grandiosa porque era para Sakurajima Mai, e ela parecia ter conversado com sua mãe sobre isso, mas tinha ido ao local de trabalho de Sakuta e descarregado sua raiva de tudo, então elas não tinham se reconciliado muito bem.
Mesmo assim, se elas pudessem se ver e discutir, essa seria uma relação saudável o suficiente entre mãe e filha no ponto de vista de Sakuta, e ele ficou aliviado que a mãe dela conseguia se lembrar de Mai apropriadamente.
E assim, os dias passaram.
Já era cerca de um mês depois, vinte e sete de Junho, uma Sexta-Feira.
Sakuta tinha sido acordado por sua irmã Kaede e estava se preparando para a escola.
“Muito bem, Japão!” Aparentemente, a equipe nacional tinha tido uma vitória incrível no dia anterior. “Bom dia, hoje é Sexta-Feira, vinte e sete de Junho. Acho que vamos começar o dia com o futebol!”
Sakuta não sabia com qual país eles tinham jogado, mas a voz animada do locutor sugeria que foi uma grande conquista. Em destaque na tela estava o chute livre logo no final do primeiro tempo, que foi bem colocado no gol do adversário.
Depois de ver isso, ele disse a Kaede o seu habitual ‘Eu estou indo então.’ e saiu de casa como sempre fazia.
Ele caminhou até a Estação de Fujisawa, depois passou cerca de quinze minutos sendo sacudido pelo Enoden antes de descer na Estação de Shichirigahama e passar pelos portões da escola.
Nada de interessante aconteceu, mas nada de estranho também. Ele queria agradecer por esses dias normais.
Durante o almoço, nesse dia Sakuta comeu com Mai em uma sala de aula vazia no terceiro andar. Não havia outros estudantes lá, estavam apenas Sakuta e Mai.
Seus almoços estavam dispostos na mesa da janela entre eles, e eles podiam ver o mar a partir de seus assentos.
Felizmente, o almoço deles era um bentô1 feito por Mai, como resultado de uma pequena conversa que tiveram no dia anterior.
Tinha sido assim:
“Mai-san, você sabe cozinhar?”
“Eu sei, eu vivi sozinha por um longo tempo, afinal.”
“Ehh, sério?”
“Quero dizer, você está sempre comendo pão no almoço.”
“Então eu vou fazer um bentô para amanhã.”
Havia uma rica variedade no almoço. Havia frango temperado frito, ovos fritos, salada de batata guarnecida com tomates cereja e até mesmo algas marinhas e feijão cozido.
Ele provou todos eles um por um, perfeitamente ciente do olhar de Mai. Eles estavam saborosos, ligeiramente temperados, mas os sabores suaves estavam realmente saborosos.
“Agora, peça desculpas por sua grosseria ontem e implore por perdão.”
Mai sorriu triunfante, certa de sua vitória a partir da reação de Sakuta.
“Peço desculpas. Eu estava errado. Eu fui atrevido. Eu sinto muito.”
Ele obedientemente abaixou a cabeça. Honestamente, isso não era nada, ele tinha sido capaz de provar a comida caseira de Mai e se considerava absolutamente vitorioso.
“Contanto que você entenda.”
Mai estava satisfeita em mostrar sua habilidade, uma situação em que todos realmente saíram ganhando.
“Um, Mai-san.”
Ele levantou a cabeça e olhou fixamente para ela.
“O que?”
“Eu te amo, por favor saia comigo.”
“…”
Mai desviou o olhar e colocou o próprio ovo frito na boca com o hashi.
“…”
Ela o mastigou.
“…”
Mesmo quando ele esperou que ela engolisse, ela não deu uma resposta.
“É meio desestimulante.” Mai soltou um suspiro entediada. “Ter a mesma coisa sendo dita durante um mês inteiro faz com que ela perca o impacto.”
“Isso é horrível, embora você tenha feito eu dizer isso.”
“Eu disse ‘diga isso novamente em um mês’, foi você quem disse que queria falar isso todos os dias.”
“Isso é verdade.”
“Ah, é mesmo. Eu tenho um papel em um drama que vai ao ar em Julho.”
“Uwah, você até mesmo mudaria o assunto assim normalmente?”
Ela já havia tratado as confissões nessa maneira rude antes…
Mai pegou desinteressadamente um roteiro de capa amarela da bolsa e ele viu as palavras ‘episódio seis’ nele.
“É um de fim de noite, então eu só tenho um papel em um único episódio no meio do drama.”
Isso podia não ser suficiente para Mai, que estava acostumada em fazer o papel principal. No entanto, ele conseguia notar que ela estava francamente feliz em ter um papel apenas olhando para ela. Ele tinha a sensação de que era a primeira vez que a tinha visto falando sobre algo de maneira tão alegre.
No entanto, isso não tinha nada a ver com a maneira que ele sentia sobre sua confissão ser ignorada.
“Ahhh, o que se passa com a minha vida?”
Ele olhou vagamente para o mar. Os céus estavam em um de seus curtos períodos de tempo claro durante a estação chuvosa, e ele sentia vontade de andar na praia.
“O que? Você não está feliz com o meu retorno?”
“Eu estou realmente feliz.”
“Há uma cena de beijo.”
“…O que disse?”
Ele tinha a sensação de que acabara de ouvir algo impensável.
“Há uma cena de beijo.”
“Recuse por favor.”
“Está tudo bem, não está? Esse não seria o meu primeiro, afinal.”
“…”
Podia ser sua imaginação, mas ele pensou que Mai tinha acabado de dizer algo impensável.
“Espere um minuto, Mai-san.”
“O que?”
“Você disse que era virgem antes, certo?”
“Não se preocupe com isso.”
“Não não, beijos também contam.”
“Eu não sei no que você está pensando, mas mesmo que você tenha sido o único que eu beijei?”
“…” Ele não sabia o que dizer por um minuto. “Eh?”
Ele soltou um barulho atrasado de surpresa.
“Você é o pior, você não se lembra embora eu tenha lhe dado meu primeiro beijo.”
“Eh? Espere… huh?”
Ele tentou pensar sobre isso, mas ele realmente não sabia. Ele não sabia, mas não parecia que ela estava mentindo. Seu único pensamento foi durante aquele tempo que ele tinha se esquecido de Mai.
“Ah, poderia…”
“Não foi como os contos de fadas. Eu pensei que você poderia se lembrar de mim se eu te beijasse.”
A expressão decepcionada dela era extremamente difícil de suportar.
“Eu definitivamente vou me lembrar, então me diga o lugar e a hora exata.”
“De jeito nenhum.”
“Apenas uma dica.”
“Nunca.”
“Algo, por favor.”
Ele juntou as mãos e se curvou para ela.
“Então vamos fazer isso de novo?”
Mai deu uma sugestão inesperada. Ela olhou sedutoramente para ele através de seu olhar levantado. Ela tinha cuidadosamente o provocado, então ele pensou que isso poderia ser uma armadilha também, mas os olhos dela não tinham um charme pelo qual ele conseguiria recuar. [NT: o texto usa a expressão ‘upturned eyes’, que é um formato de olho contrário aos olhos caídos. Só estou com dúvida se ‘olhar levantado’ era de fato a melhor expressão para ser usada.]
“Com prazer.”
“Então feche seus olhos.”
“Hm? Agora?”
Ele pensou que eles iam replicar a situação do primeiro beijo dela, mas aparentemente não era isso.
“Você não quer?”
“De maneira alguma, mas eu vou fazer isso.”
Ele fechou os olhos e esperou. Seu coração estava batendo em seus ouvidos.
“Aqui vou eu.”
A voz de Mai estava um pouco tímida. Ele sentiu um ar em sua bochecha e o calor de Mai ao seu lado, deixando-o saber que Mai estava inclinada sobre a mesa entre eles. Cerca de um segundo depois, seus lábios foram cobertos por uma sensação suave. Os lábios de Mai estavam surpreendentemente frios e tinham gosto de dashi2. O mesmo que os ovos que ele havia comido mais cedo… na verdade, isso era um ovo.
Ele abriu os olhos apenas para ver Mai desesperadamente segurando uma risada enquanto pressionava um pedaço de ovo em seu hashi na boca dele.
“Você realmente pensou que eu faria.”
Ela sorriu provocativamente.
Sem responder, Sakuta comeu o ovo, colocando o hashi em sua boca também.
“Estou muito feliz por poder ter um beijo indireto com a Mai-san.”
Ele falou em um tom monótono forçado. Seria fácil tornar Mai ciente disso…
“…”
Assim como ele pensou, o olhar de Mai estava fixado nas pontas de seu hashi. Ainda havia quase metade do almoço dela na mesa, então ela estava preocupada sobre como lidar com isso.
“Bem, você é uma adulta, então um beijo indireto comigo, eu sendo mais jovem que você, não deve ser nada para você.”
Ele cortou a rota de fuga dela.
“S-sim.”
Com uma ligeira hesitação, ela se endireitou e usou esse hashi para comer seu almoço. Ela continuou em silêncio e esvaziou seu bentô. Enquanto fazia isso, suas bochechas estavam cobertas por um leve vermelho, e isso era um verdadeiro banquete para os olhos de Sakuta.
“Só para você saber, não sou eu.”
Mai embrulhou o bentô num guardanapo.
“Hm?”
“A cena do beijo é do ator principal.”
Sakuta olhou para ela em insatisfação enquanto ficava aliviado.
“Mai-san, sua personalidade é horrível.”
“Mas você não ama eu e minha personalidade?”
“Certamente parece que esse amor irá se acalmar dessa maneira.”
“P-por quê!?”
A voz nervosa de Mai estava mais alta que o normal.
“Bem, você não parece se sentir dessa maneira… você disse que era desestimulante, isso me deixaria desesperado.”
“…Eu não disse não.”
Mai fez beicinho mal-humorada e abriu o roteiro.
“Então você irá?”
“Isso é, um…”
Mai escondeu o rosto vermelho atrás do roteiro.
“Você irá?”
Ele perguntou mais uma vez, e ela espiou por cima do roteiro.
“…” Ela olhou timidamente para Sakuta e, em seguida, com uma voz fraca. “…Sim, eu irei.”
Ela acenou para ele.
Sakuta não se lembrava muito do resto do dia. Sua disposição tinha disparado com o início de seu relacionamento com Mai, e parecia que ele estava andando no ar.
Sua felicidade também não mostrava sinais de abrandar na manhã seguinte.
Enquanto ele se preparava para a escola, ele cantarolou e ligou a TV, olhando despreocupadamente para o noticiário quando:
“Muito bem, Japão!”
Ele ouviu a voz de um homem animado.
“…”
Confuso, ele olhou fixamente para a tela. Ele achou que já tinha ouvido isso antes.
“Bom dia, hoje é Sexta-Feira, vinte e sete de Junho. Acho que vamos começar o dia com o futebol!”
O que foi que o apresentador tinha dito?
Vinte e sete de Junho
Isso definitivamente foi o que ele disse.
Sakuta também se lembrou dos destaques do jogo que estavam sendo mostrados. Pouco antes do final do primeiro tempo, o jogador japonês tinha acertado um chute livre dentro do gol.
Ele voltou apressadamente para o seu quarto e olhou para o despertador. Ele mostrava a data também.
“…O que diabos?”
Até o despertador que ele sempre usou indicava vinte e sete de Junho.
Naquele dia, Azusagawa Sakuta acordou na manhã de ontem.
↑ [1] bentô: é um tipo de marmita japonesa para uma pessoa e servido em bandejas próprias que possuem repartições.
↑ [2] dashi: é um caldo rico em umami utilizado na culinária japonesa.