Capítulo  1351

Cuidado com Versões Futuras de Você Mesmo que Tragam Presentes

O Pecado do Consolo

Essas palavras claramente faziam parte da trama fantasmagórica da Chave do Estuário. Sunny as encarou intensamente, sentindo uma estranha mistura de confusão, curiosidade… e temor.

Que diabos significava isso?

Movendo-se um pouco, ele olhou para o espectro da espada. A aparição estava nas sombras, usando uma expressão entediada e ressentida. Sunny havia se acostumado tanto com a companhia do Pecado do Consolo – primeiro na forma de uma voz desencarnada, depois de uma figura vaga e, finalmente, de um reflexo perfeito de si mesmo – que raramente prestava muita atenção a ele nos últimos dias.

Mas o espectro da espada não era nada benevolente ou inofensivo. Na verdade, era um ser sinistro e insidioso, gerado pelo sussurro de um temível demônio e destinado a enlouquecer o portador da espada.

O fato de Sunny ainda ter sua sanidade intacta… ou melhor, em parte intacta… era apenas devido à sua extraordinária resiliência mental e resistência a ataques mentais. A maioria dos humanos já teria se transformado em lunáticos raivosos pela jade jian.

Sunny, porém? Além de parecer um louco de vez em quando por causa do hábito estranho de falar sozinho, ele encontrava apenas a presença do Pecado do Consolo frustrante, nada mais.

‘…Há mais nesta maldita maldição?’

Ele sabia que a aparição nunca daria uma resposta honesta, mas mesmo assim perguntou:

“Não há motivo para o seu nome estar entrelaçado na trama da Chave do Estuário, certo?”

A espada espectral o olhou com desdém.

“Não sei. Talvez… você é o grande feiticeiro, então me diga.”

Sunny respirou fundo.

“Você está escondendo muitos segredos ultimamente, huh? Me faz pensar se eu não deveria apenas te alimentar para o Pesadelo. Melhor prevenir do que remediar, como dizem.”

O Pecado do Consolo riu.

“Vá em frente, se livre de sua Memória ofensiva mais poderosa. Por que não? Você vai morrer nesse Pesadelo, de qualquer forma. Na verdade, eu te encorajo a me destruir! Ah… você acha que eu quero estar aqui? Deuses, não.”

Ele sorriu.

“Ah, mas há um problema. Você tem certeza de que destruir a espada vai se livrar de mim? Pode ser, pode ser… mas então de novo, talvez não. Talvez o dano à sua mente já tenha sido feito, e estaremos presos juntos pelo resto de sua vida curta, desprezível e lamentável. Que destino cruel!”

Sunny rangeu os dentes.

De fato… ele não podia se dar ao luxo de destruir o Pecado do Consolo, e também não tinha certeza se fazê-lo baniria a aparição. Eles estavam realmente presos um ao outro, pelo menos por agora.

‘E não vou conseguir nenhuma informação desse bastardo também.’

Então… havia apenas duas maneiras de resolver o mistério da Chave do Estuário e sua conexão com o Pecado do Consolo. Uma era encontrar o grande feiticeiro que havia criado a Memória ameaçadora. A outra era deduzir a verdade, de alguma forma.

Sunny desviou o olhar com uma expressão sombria.

‘Agora que sei que o Pecado do Consolo tem algo a ver com a Chave do Estuário…’

De repente, ele sentiu um calafrio.

Depois de entrar no Pesadelo e descobrir que de alguma forma havia se apossado de uma Memória Suprema, Sunny fez várias teorias sobre como ela poderia ter chegado ao seu Mar da Alma. Uma delas era que a Serpente da Alma havia matado uma Grande Criatura do Pesadelo lá fora no mundo real…

A outra era que era o próprio Sunny quem havia criado a Chave do Estuário no futuro, mas de alguma forma o recebeu no presente devido à natureza estranha do Grande Rio.

E agora que ele havia aprendido certos fatos e sabia que o nome do Pecado do Consolo estava entrelaçado na trama da Memória inexplicável, uma suspeita arrepiante estava ficando cada vez mais difícil de negar.

Olhando para baixo, Sunny cerrou os punhos lentamente.

‘Foi ele… o Príncipe Louco. Ele deve ser quem criou a Chave do Estuário.’

Apenas pensar nessas palavras o fez tremer.

Mas era uma teoria muito convincente para ser descartada. Sunny suspeitava que a misteriosa Memória havia sido criada por uma versão futura dele mesmo. Ele também suspeitava que o Príncipe Louco era um de seus futuros possíveis.

Então, não seria lógico assumir que a versão futura dele mesmo que havia criado a Chave do Estuário era o Príncipe Louco?

O nome do Pecado do Consolo entrelaçado na trama, os fios fantasmagóricos de essência das sombras, a natureza inexplicável da Chave… e as palavras estranhas que a descreviam.

A resposta é o esquecimento.

‘Deve ter sido ele.’

Quantos tecelões havia que podiam criar fios de essência das sombras?

Sunny tinha certeza disso.

Então… o que exatamente isso significava?

‘Se essa abominação realmente criou a Chave do Estuário…’

Isso provava que Sunny estava realmente habitando o corpo de uma das Seis Pragas? Isso certamente facilitaria as coisas para a coorte. Afinal, um adversário já havia ido embora. E isso nem precisava ser apenas um… e se cada um dos membros da coorte tivesse sido enviado para o corpo desses Pecados poderosos?

…Na verdade, era um pensamento arrepiante. Porque, embora fosse maravilhoso não ter que lidar com as Seis Pragas, também significava que os outros membros haviam sido enviados diretamente ao coração da Profanação, à cidade de Verge. O Príncipe Louco era o único dos campeões Profanados que havia viajado para o futuro distante, afinal, pelo que Sunny sabia.

Certamente, o Feitiço do Pesadelo não teria sido tão injusto em sua provação.

Ainda assim, se Sunny realmente tivesse assumido o papel da abominação do futuro… ele também poderia explicar tentativamente a mudança repentina do Pecado do Consolo.

Por que a aparição da espada de repente havia se tornado tão vívida e real no início do Pesadelo, quase indistinguível da coisa real?

Seria, talvez, porque Sunny havia herdado não apenas uma, mas duas coisas do Príncipe Louco? Uma era a Chave do Estuário… enquanto a outra era o Pecado do Consolo.

E se o espectro da espada que o havia cumprimentado no Pesadelo viesse do futuro, assim como a Chave do Estuário? E se o Pecado do Consolo tivesse estado ao seu lado até se tornar Profanado e depois passado de alguma forma desconcertante ou esquema sombrio para a versão mais jovem de seu mestre corrompido.

A aparição havia deixado escapar que conhecia o Príncipe Louco ao interferir no sonho em que o vestígio da abominação apareceu. Foi por isso?

Sunny franzia o cenho.

De repente, a ideia de alimentar a espada de jade para suas Sombras não parecia tão louca.

‘Vou esperar e ver.’

Sunny encarou o Pecado do Consolo, desconfiado e cauteloso.

Encarando-o de volta, o espectro da espada sorriu.

“Olhe para você, descobrindo as coisas. Ah… não há visão mais cômica do que um tolo que pensa que é inteligente. Não acha?”

Sunny fez uma careta e permaneceu em silêncio. Aquilo era uma confirmação? Ou apenas uma zombaria?

Ele rangeu os dentes, sabendo que não havia como saber.