Legado Do Escravo

Atenção: A tradução carece de revisão, tenha isso em mente ao ler este conteúdo.

O dojo subterrâneo estava mergulhado na escuridão, e assim que Sunny desejou que a gota de ichor se manifestasse na realidade, essa escuridão de repente ganhou vida. Inúmeras sombras se moveram e dançaram ao seu redor, formando um redemoinho invisível. Seus movimentos eram estranhos e erráticos, cheios de antecipação, excitação e anseio.

Devagar, faíscas de luz dourada apareceram no ar diante dele e então dispararam em direção a um único ponto no espaço, coalescendo em um pequeno ponto radiante. No entanto, a Memória ainda não havia aparecido. Em vez disso, mais e mais faíscas voaram para dentro dela, milhares e milhares delas, até que, finalmente, parecia que amplas correntes de luz dourada brilhante estavam constantemente fluindo para a esfera de radiância que crescia lentamente.

Isso continuou por quase um minuto inteiro, e quando as faíscas finalmente desapareceram, uma brilhante gota de líquido dourado flutuava no ar diante de Sunny. Estava impregnada de uma luz bela que não parecia ofuscante, mas de alguma forma conseguia iluminar toda a extensão do dojo.

…No entanto, havia algo de sombrio na gota brilhante de sangue divino. Contrastando com sua radiância dourada, as sombras ao seu redor agora eram de repente muito mais profundas, mais escuras e nitidamente pronunciadas. Todo o movimento delas cessou, como se estivessem congeladas pelo espanto e pela reverência.

‘…Isso é o sangue do Deus das Sombras, com certeza.’

Sunny se forçou a desviar o olhar da Gota de Ichor e convocou as runas que a descreviam. Ele tinha que ter certeza de que seu palpite estava correto.

Tensamente, ele leu:

Memória: [Gota de Ichor].

Classificação da Memória: desconhecida

Nível da Memória: desconhecido

Tipo de Memória: desconhecido

‘Só como da última vez…’

Não surpreso, ele baixou o olhar e estudou a sequência de runas que era seu verdadeiro objetivo:

Descrição da Memória: [Antes, havia apenas um vazio infinito e eterno. Dessa escuridão sem fim, os -desconhecidos- nasceram. Assim como o caos em si, eles eram infinitos e eternos, vastos e sempre mutantes. Mas então surgiu o desejo, e com ele surgiu a direção. A partir dele, os deuses nasceram.

Quando os deuses apareceram, o vazio não era mais eterno.

Quando os deuses apareceram, a escuridão não era mais infinita.

Quando os deuses apareceram, o caos não era mais desordenado.

Os deuses apareceram e trouxeram consigo a guerra. Essa gota de sangue divino foi derramada por Shadow em um dos campos de batalha dessa guerra, antes que o vazio fosse selado.]

Sunny encarou as runas, perplexo.

Era… muita informação para absorver.

‘Então… ao contrário dos Desconhecidos, os -desconhecidos- eram de fato um tipo de criatura. Seres primordiais que existiam antes do tempo, do espaço e até da própria morte, em um vazio escuro e infinito. E os deuses eram… diferentes deles. Mas também parentes deles?’

Pelo menos agora estava claro qual terrível inimigo os deuses enfrentaram muito antes dos daemons e sua rebelião. E por que o Deus das Sombras foi compelido a criar a Morte. Como mais eles seriam capazes de derrotar criaturas eternas? Será que o tempo, o espaço e outros conceitos que Sunny sempre pensou serem absolutos também foram criados como armas na guerra dos deuses contra os -desconhecidos-?

Pelo menos era fácil dizer de que lado emergiu vitorioso. No entanto…

O detalhe mais assustador era que a descrição nunca dizia que o vazio primordial havia sido destruído. Apenas que ele havia sido “selado”.

…Estava ainda selado, agora que os deuses estavam mortos?

Sunny estremeceu e balançou a cabeça. A breve descrição continha uma vasta quantidade de informações, que tinha um número ainda maior de implicações. Ele não podia abranger tudo isso em um curto espaço de tempo.

‘Talvez depois de eu consumir a gota, eu vou aprender mais.’

Ele hesitou e, em seguida, olhou para a gota radiante de líquido dourado mais uma vez.

Imediatamente, o Feitiço falou. Desta vez, no entanto, sua voz não soou sutilmente excitada.

‘Estranho…’

[Você adquiriu uma gota de ichor. Deseja consumi-la?]

Sunny suspirou, lembrando da agonia das duas vezes anteriores em que decidiu beliscar um pedaço de divindade. Então, ele rangeu os dentes e disse:

“Sim.”

[…Que assim seja.]

‘O que isso deveria…’

A gota dourada de repente se separou em três partes iguais, que então voaram em direção ao seu peito, abdômen e cabeça. As gotas radiantes entraram nos seus três Núcleos de Sombra e desapareceram, se dissolvendo na escuridão de sua alma.

Sunny deu um salto.

‘J—já?’

As sombras ao seu redor explodiram em movimento, e ao mesmo tempo, a escuridão dentro dele fervilhou.

Ele sentiu algo entrando em sua corrente sanguínea, uma energia fria e desconhecida que trouxe consigo dor e euforia.

‘Isso… isso é! Está começando!’

Ele se abaixou até o chão, se preparando para o processo torturante de transformação. A energia fria se espalhou por todo o seu corpo, alcançando todos os cantos dele. Ela rugiu, à beira de se assimilar com a própria essência de seu ser…

E então, algo estranho aconteceu.

Sunny abriu os olhos amplamente em choque e horror.

Enquanto a linhagem do Deus das Sombras fluía por suas veias, a Trama de Sangue subitamente também avançou. Mas seu comportamento não era de forma alguma normal, nem causado por Sunny. Estava agindo por conta própria e parecia cheia de uma intenção sombria e ominosa.

…E fome.

‘Que diabos está acontecendo?!’

Uma súbita espasmo percorreu seu corpo, e Sunny caiu com um grito curto.

Dentro dele, duas forças lutavam pelo controle de seu ser. Uma era a linhagem do Deus das Sombras e a outra era a Trama de Sangue. E apesar do fato de uma estar completa e vir de uma divindade real, enquanto a outra estava fragmentada e incompleta… a herança proibida do Tecelão estava vencendo.

Era como uma besta selvagem que cravou os dentes na carne macia de sua presa e se recusou a soltar.

‘Pare! O que você…’

…E antes que ele percebesse, tudo havia acabado.

A energia fria da linhagem do Deus das Sombras tinha desaparecido, e a Trama de Sangue estava de volta ao seu estado normal, pacífica novamente, como se nada tivesse acontecido.

Pacífica, mas ainda… mais forte.

Enquanto Sunny encarava a escuridão em absoluto choque, não houve nenhum anúncio de que ele havia adquirido um novo Atributo.

Em vez disso, o Feitiço disse com um toque de satisfação sombria em sua voz:

[A Trama de Sangue evoluiu.]

[A Trama de Ossos evoluiu.]

[A Brasa da Divindade evoluiu.]

[…Sua Memória foi destruída.]

Sunny permaneceu em silêncio por um longo tempo e então soltou um grito furioso e indignado:

“…Weaver (Tecelão)! Seu desgraçado!”

Setembro

Atenção: A tradução carece de revisão, tenha isso em mente ao ler este conteúdo.

…O outono estava em pleno andamento. No mundo desperto, o céu estava cinza e os ventos começavam a ficar frios. As árvores estavam cobrindo o chão úmido com um tapete perfumado de folhas mortas.

Mas sob a expansão infinita e letal do Céu Acima, o mundo ainda estava quente e luminoso. Em uma ilha especialmente grande, coberta de grama esmeralda e ruínas cobertas de musgo, uma assustadora Criatura dos Pesadelos estava caçando sua presa.

Tinha quatro patas poderosas, um corpo magro coberto de pelos negros e uma mandíbula larga cheia de presas afiadas. Acima dele, dois olhos vermelhos furiosos queimavam de ódio e loucura.

A abominação se movia silenciosamente pela grama alta, se aproximando da fonte de barulho alto. A voz de um humano gritava, cheia de indignação:

“Estou bem aqui! Venham me pegar, malditos bastardos! Malditos sejam todos vocês!”

A criatura rosnou e se preparou para pular.

…Antes que pudesse, no entanto, uma flecha esguia caiu do céu e atingiu a abominação bem no olho, matando-a instantaneamente.

[Você matou uma Besta Caída, Devorador Negro.]

[Sua sombra fica mais forte.]

A algumas centenas de metros de distância, escondido com segurança nas sombras projetadas por um fragmento de uma antiga parede, Sunny baixou o arco e franziu a testa.

A sombra alegre pulou para cima e para baixo várias vezes, depois se virou para ele e aplaudiu.

Sunny olhou para ela, sua testa se transformando em uma carranca.

“O que você quer dizer, ótimo tiro? Eu estava mirando na perna dele, idiota!”

Com a cabeça baixa e deprimido, ele jogou o arco no chão e rosnou.

…Já fazia quase dois meses desde o dia em que ele havia adquirido — e rapidamente perdido — a linhagem do Deus das Sombras, mas o humor de Sunny ainda estava em frangalhos.

Ele havia passado a maior parte desse tempo treinando Rain e aprendendo a usar um arco. Nesse ponto, sua mira não era terrível, mas também não era nem de longe tão impressionante quanto o que ele tinha visto Kai fazer. O fato de sua habilidade com o arco estar melhorando tão lentamente só aumentava a frustração de Sunny.

Ele não estava usando o Arco de Guerra de Morgan, é claro, relutante em ser visto com uma Memória concedida a Mongrel — mesmo que ninguém, exceto o aterrorizante Mestre, soubesse exatamente o que era essa Memória, as pessoas poderiam reconhecer a marca do clã Valor em sua superfície, o que levaria a muitas perguntas.

Em vez disso, Sunny estava treinando com o Arco Blackhorn, que Santa costumava empunhar quando era fraca demais para lidar com Criaturas dos Pesadelos que povoavam as Ilhas Acorrentadas sem o apoio dela.

Sunny olhou para o arco em questão e reprimiu o desejo de lhe dar um bom chute. Dispensando-o com um suspiro, ele pegou o Visão Cruel de onde tinha sido cravado no chão e se dirigiu na direção da abominação morta.

Comparado com quando ele havia acabado de chegar às Ilhas Acorrentadas, Sunny estava muito mais forte agora. Ele tinha um arsenal muito melhor de Memórias à sua disposição, um Núcleo de Sombra adicional e uma terceira sombra, e sua maestria em combate era polida por centenas de batalhas sangrentas.

Além disso, depois da maldita e proibida — com razão! — linhagem de Tecelão ter absorvido a gota de sangue do Deus das Sombras, três de seus Atributos evoluíram. A [Brasa da Divindade] agora era [Chama da Divindade], aumentando ainda mais sua afinidade divina, o que também aumentou a durabilidade da Corrente Imortal.

A Trama de Sangue e a Trama de Ossos não mudaram de nome, mas se tornaram muito mais poderosas. Sunny agora era muito mais difícil de quebrar e matar. Provavelmente ele não poderia sangrar até a morte, mesmo se quisesse, e seria necessário um Santo… ou alguém como a Mestre Morgan… para quebrar seus ossos novamente.

Pelo menos isso…

Comandando a Pedra Comum para ficar quieta, ele a pegou do chão, a escondeu em seu cinto e caminhou na direção do cadáver do Devorador Negro.

A sombra sinistra virou lentamente a cabeça e olhou para o cadáver com fascinação perturbadora.

“Esse cara…”

Sunny revirou os olhos.

“Não fique aí parado, pervertido, venha aqui e ajude.”

A sombra se enrolou ansiosamente na lâmina do Espinho Espreitador, que foi usada para cortar a pele resistente da Criatura dos Pesadelos morta.

Sunny rapidamente pegou o fragmento da alma e o jogou no Baú Cobiçoso, que pulou no ar e o engoliu com um clique metálico. Normalmente, isso seria tudo, mas hoje Sunny precisava pegar algo mais também. Fazendo caretas de vez em quando, ele cortou várias placas grandes de carne do cadáver, embrulhou-as e jogou o pacote sobre o ombro.

“Deve ser o suficiente… né?”

Finalmente terminando com a tarefa macabra, ele se levantou, pegou o Visão Cruel e se dirigiu para a extremidade sul da ilha grande.

Esta ilha era um pouco especial, e por uma boa razão.

Quando Sunny chegou à borda, ele viu uma visão deslumbrante.

Longe e abaixo dele, a dispersão de ilhas flutuantes não existia mais. Em vez disso, o solo sólido se estendia até onde a vista alcançava, coberto por uma colcha de retalhos de florestas, prados, pântanos, colinas onduladas e fitas cintilantes de rios apressados.

Um abismo escuro e sem fundo se estendia entre a borda da ilha e o resto do Reino dos Sonhos, e esses rios caíam nele, criando majestosas cachoeiras.

Perto de onde ele estava, uma fortaleza em ruínas erguia-se do chão, e de suas portas, uma coluna de ferro colossal — muitas vezes mais espessa do que as correntes gigantes que ligavam as ilhas — se estendia até o abismo, conectando-se ao solo do outro lado do abismo sombrio.

Este era um dos ancoradouros das Ilhas Acorrentadas e a estrada pela qual os Despertos viajavam daqui das terras ao sul, que pertenciam ao Grande Clã Valor… tanto quanto qualquer coisa poderia pertencer aos humanos neste reino de pesadelos.

Sunny olhou para o sol e depois começou a fazer uma fogueira.

Quando tiras de carne estavam assando sobre as brasas, duas figuras finalmente apareceram na coluna colossal.

Um pequeno sorriso apareceu no rosto de Sunny — um dos poucos sinceros que ele tinha mostrado nos últimos dois meses.

…Effie e Kai finalmente tinham chegado às Ilhas Acorrentadas.

Agora, todos eles estavam aqui.

Anfitrião Gracioso

Atenção: A tradução carece de revisão, tenha isso em mente ao ler este conteúdo.

Effie e Kai escalaram os escombros do portão destruído e entraram na fortaleza em ruínas. Ambos estavam cansados e cobertos de camadas de sujeira, suas armaduras amassadas e suas armas com pequenos cortes. A viagem até a borda das terras exploradas não tinha sido fácil.

Mesmo que tivessem feito paradas e descansado em Cidadelas humanas pelo caminho, foi preciso muita força, resistência, determinação e um pouco de sorte para chegar às Ilhas Acorrentadas vivos.

No entanto, tanto Raised by Wolves (Criada por Lobos) quanto Nightingale estavam calmos e vigilantes, seus olhos afiados, suas mãos firmes. Estavam prontos para enfrentar qualquer perigo… felizmente, não havia inimigos dentro das ruínas.

Em vez disso, vários Criaturas dos Pesadelos jaziam mortas no chão, algumas delas cortadas em pedaços, outras estranhamente sem ferimentos, mas completamente quebradas — como se algo terrivelmente poderoso tivesse esmagado seus corpos com força inumana.

As sombras se moveram de repente, e um segundo depois, Kai já tinha seu arco em punho. No entanto, Effie fez um gesto para que ele o baixasse.

Das sombras, uma figura alta e graciosa em uma elaborada armadura negra saiu, com duas chamas rubras brilhando atrás da viseira de seu capacete. Em uma mão, ela empunhava um escudo kite firme forjado em aço fosco, e na outra, uma espada austera, cuja lâmina ainda gotejava com o sangue rancoroso das abominações abatidas.

Kai estudou cautelosamente a criatura ameaçadora.

“É o Eco do Sunny? Ela parece… diferente?”

Effie sorriu.

“Sim… ela fica assim de vez em quando. Ei, aí, linda! Onde está seu namorado sorrateiro… quer dizer, mestre?”

O demônio taciturno inclinou a cabeça um pouco, olhou para Effie por alguns momentos e, em seguida, virou-se silenciosamente e se afastou.

“… Acho que devemos segui-la.”

Os três saíram da fortaleza em ruínas e caminharam ao longo da borda da ilha. Logo, o cheiro celestial da carne assada chegou às suas narinas.

Alguns segundos depois, tanto Effie quanto Kai congelaram, com a boca aberta.

Uma fogueira foi acesa à sombra de uma parede antiga, tiras de carne suculenta e generosamente temperada assando sobre as brasas.

Mas isso não era tudo.

Também havia legumes frescos e frutas suculentas, uma cezve de cobre produzindo o inconfundível cheiro de café recém-passado e algumas coisas que as pessoas raramente viam no Reino dos Sonhos.

A pessoa responsável por toda essa festa estava sentada em uma confortável cadeira dobrável, desfrutando preguiçosamente de uma fatia de melão.

Quando ele os viu, um sorriso travesso apareceu em seu rosto.

“Oh, oi pessoal! Vocês finalmente conseguiram!”

Com isso, o jovem pulou da cadeira, pegou uma panela cheia de gelo e depois colocou duas garrafas geladas e caras de cerveja em suas mãos.

Sunny sorriu.

“Bem-vindos às Ilhas Acorrentadas!”

Algum tempo depois, Effie e Kai saciaram sua fome e estavam descansando com expressões sonhadoras em seus rostos. Sunny havia desistido de sua cadeira dobrável e agora estava sentado no chão. Interiormente, lamentava o fato de que o Baú Cobiçoso não era grande o suficiente por dentro para acomodar vários… pelo menos ainda não. Talvez depois de se tornar um Mestre, as coisas fossem diferentes.

Kai deu um gole em sua cerveja e olhou para a garrafa marcada com uma expressão engraçada.

“Sunny… como você tem todas essas coisas? Você está tão bem com o clã Pena Branca?”

Sunny riu.

“Não, entreguei todas essas coisas aqui pessoalmente. O que, você esqueceu do meu Empório Brilhante? Parece que a Aiko não pressionou você o suficiente para uma indicação… ou talvez tenha pressionado demais, e você esteja sofrendo de amnésia traumática? Quer dizer, você é basicamente um co-fundador! O primeiro acordo que fiz foi com a sua ajuda, lembra?”

Kai sorriu.

“Aqueles Memórias terríveis que você pediu para eu comprar em seu nome no Castelo? Sim, eu lembro.”

Sunny assentiu com entusiasmo.

“Minha operação pode parecer pequena em comparação com o que vocês dois viram em Bastion, mas aqui nas Ilhas Acorrentadas, eu sou o empreendedor de maior sucesso. Acho que é verdade o que dizem sobre negócios… sabe. Você tem que encontrar as pessoas certas nos poços certos. Ou algo assim.”

O arqueiro encantador piscou algumas vezes, mas não comentou.

Effie, por outro lado, o fez. Terminando sua cerveja, ela olhou para a garrafa vazia com pesar e suspirou.

“Sunny, eu tenho uma pergunta séria… pense nisso antes de responder… leve o seu tempo também. Você se casaria comigo? Não, sério! Estou reformada. Juro que não vou mais te provocar… nem vou me importar se você tiver uma namorada! Apenas continue me fornecendo todas essas coisas!”

Ele zombou.

“Não. Negado. Você é uma interesseira sem vergonha.”

Effie fez uma cara de decepção, depois jogou a cabeça para trás e riu alto.

“Ah, tudo bem. Tudo bem, então.”

Em seguida, ela ficou um pouco mais séria e perguntou:

“E então, qual é o plano? Como procedemos a partir daqui?”

Sunny suspirou e tirou seu mapa das Ilhas Acorrentadas, colocando-o na grama.

Effie e Kai se aproximaram e o estudaram atentamente.

Ele apontou para o ponto mais ao sul do mapa e disse:

“Estamos aqui. Em primeiro lugar, precisamos levá-los ao Santuário de Noctis, que fica a cerca de três dias de viagem daqui, e ancorá-los lá. O clã Pena Branca patrulha essa rota regularmente, então não devemos encontrar nada muito problemático.”

Em seguida, apontou para uma ilha específica marcada com a imagem de uma árvore queimada.

“Depois que vocês estiverem instalados, vamos verificar os Guardiões do Fogo e o progresso deles na nave. Pelo que ouvi, eles não terminarão de reparar aquela coisa por pelo menos mais um mês, então vocês terão que aproveitar esse tempo. Caçar, saturar seus núcleos o máximo possível, procurar por equipamentos melhores.”

Effie assentiu.

“E você e a Cassie? Estão bem preparados?”

Sunny hesitou, depois assentiu.

“Eu estou razoavelmente preparado. A Cassie… eu não sei. Mas nós dois temos outra tarefa para realizar antes que a nave esteja pronta para zarpar.”

Ele apontou para o extremo norte das Ilhas Acorrentadas, para uma ilha escura que quase tocava as encostas ameaçadoras das Montanhas Ocas.

“Há algo que precisamos recuperar do Templo Noturno. Se tudo correr bem, iremos para o norte e voltaremos dentro de um mês. Se levar mais tempo, faremos um encontro aqui.”

Seu dedo pousou na Ilha dos Destroços.

“… E desafiaremos a Semente. Essa é a essência. Não se preocupem, no entanto, conversaremos em detalhes antes de Cassie e eu partirmos.”

Effie e Kai se olharam.

“Parece um plano.”

Sunny assentiu, depois olhou para o sol se pondo.

“Boa. Descansem bem esta noite, então. Partiremos de manhã.”

…O inverno estava cada vez mais próximo.

E quanto mais perto chegava, mais nervoso ele ficava.

Abrindo O Jogo

Atenção: A tradução carece de revisão, tenha isso em mente ao ler este conteúdo.

No caminho de volta para o Santuário, Sunny tentou transmitir o máximo de conhecimento possível sobre as Ilhas Acorrentadas para Kai e Effie.

O arqueiro, em particular, precisava passar por um ajuste difícil. Sua principal ferramenta de combate era sua capacidade de voar, o que obviamente estava restrito nesta terra estranha.

Olhando para o céu azul claro com um pouco de apreensão, Kai perguntou:

“Então… esse Esmagamento. Quão mortal é?”

Sunny fez uma careta.

“Mortal o suficiente para matar um Santo. Mas também é situacional. Depois de um tempo, você desenvolverá um senso de quão alta ou baixa é a ilha em que você está. Quando estiver no ponto mais baixo, como agora, você provavelmente conseguirá subir vários metros no ar antes de sentir qualquer pressão. A margem exata depende do comprimento das correntes da ilha.”

Ele fez uma pausa e continuou:

“No entanto, quando estiver ascendendo ou descendo, é melhor ficar no chão ou não voar mais do que uma dúzia de metros para cima. E se já tiver atingido o pico… bem, você realmente deveria ter escapado para outra ilha a essa altura. Mas se você não conseguiu fazer isso a tempo, deite-se no chão e reze. Se as correntes forem curtas o suficiente, você sobreviverá.”

Kai estudou o Céu Abaixo um pouco mais, depois olhou para baixo.

“E quanto às ilhas abaixo? Posso voar livremente lá?”

Sunny assentiu.

“Teoricamente, sim. O Céu Abaixo é geralmente seguro, não há nada lá. Mas isso só é verdade para suas profundezas… a parte inferior das ilhas é na verdade muito mais perigosa do que sua superfície. As criaturas que habitam ali são os verdadeiros horrores deste lugar. Algumas delas ficam paradas, outras se movem pela escuridão enquanto caçam e migram entre as ilhas. Portanto, voar sob as ilhas é letal de sua própria maneira.”

…Effie estava menos preocupada com o Esmagamento, já que sua constituição poderosa permitia que ela resistisse a ele em pé de igualdade com alguém como o Mestre Roan ou o próprio Sunny. No entanto, ela estava muito interessada em todos os tipos de Criaturas dos Pesadelos que povoavam a região. A caçadora estava determinada a saturar seu núcleo no mês que restava antes da partida.

Sunny compartilhou todo o conhecimento que tinha sobre os habitantes das Ilhas Acorrentadas. Ele passou muitos meses lutando contra abominações locais, então sabia muito — quais criaturas frequentavam cada ilha, como atacavam suas presas, quais eram suas fraquezas e assim por diante. Ele também sabia quais ilhas deveriam ser evitadas a todo custo.

No final de sua jornada, até Effie parecia impressionada com a quantidade de conhecimento que ele tinha acumulado.

“Eu, uh… suponho que a Academia não te paga à toa. Você realmente fez muita pesquisa.”

Sunny sorriu.

“Quando caço Criaturas dos Pesadelos, vendo seus fragmentos, e também sou pago pela faculdade de pesquisa. Tanto dinheiro! Não é um sonho?”

Ela riu.

“O maravilhoso em você, Sunny, é que você é muito fácil de agradar…”

‘Uh… o que isso deveria significar?’

Enquanto isso, Effie olhou para o leste e perguntou com um pouco de tensão:

“E quanto à Santa que governa esta região? Qual é a sua opinião sobre ela?”

Sunny pensou por um tempo e depois disse com incerteza:

“Sky Tide… ela é um pouco reclusa. Eu realmente não sei. Mas o marido dela é um cara muito decente, então isso ganhou alguns pontos comigo.”

Effie sorriu levemente e não continuou a conversa.

…No terceiro dia, eles finalmente chegaram ao Santuário.

Devido ao quão proeminentes Raised by Wolves e Nightingale eram, o trio foi convidado para uma refeição com a Santa Tyris antes de visitar o Portal.

O jantar foi agradável o suficiente, mas quando os pratos ficaram vazios, a verdadeira conversa começou.

A Santa Tyris olhou para Effie e Kai com sua expressão severa e perguntou com sua habitual severidade impassível:

“Fiquei surpresa ao ouvir que mais dois dos Despertos mais brilhantes da nova geração decidiram visitar minha remota e insignificante Cidadela. Se me perdoam a franqueza… a que devo a honra?”

Os três se olharam. Eles tinham discutido o que dizer com antecedência… neste ponto, não havia uma maneira razoável de manter em segredo suas intenções, então era mais fácil simplesmente revelar tudo.

Kai sorriu educadamente antes de responder.

…Aquele sorriso dele era encantador o suficiente para fazer uma multidão de mulheres desmaiarem no local, mas Sky Tide nem piscou.

“Viemos aqui com a intenção de desafiar uma Semente dos Pesadelos. Sunny… o Desperto Sunless descobriu uma não muito tempo atrás. Como a Semente está a anos de florescer e não representa uma ameaça para o mundo desperto no momento, ele não a informou… por favor, perdoe-o por essa transgressão.”

O Mestre Roan franzia a testa.

“Há uma Semente nas Ilhas Acorrentadas? Onde?”

Effie apontou para baixo.

“Para alcançá-la, teremos que descer nas profundezas do Céu Abaixo. A Canção dos Caídos também se juntará a nós. Planejamos usar aquele antigo navio que os Guardiões do Fogo estão reparando.”

Roan piscou algumas vezes.

“Bem… que extravagante. Pelo menos isso explica algumas coisas, eu acho?”

Santa Tyris hesitou por alguns momentos e depois perguntou com calma:

“Vocês têm certeza de que querem entrar em um Segundo Pesadelo? Passou menos de um ano desde que os quatro de vocês Despertaram. A maioria das pessoas leva muito mais tempo para se preparar para os desafios do Julgamento do Feitiço. E mesmo assim, muitos não sobrevivem.”

Um sorriso selvagem apareceu no rosto de Effie.

“Certeza? Sim, eu acho que temos certeza, tanto quanto alguém pode ter. A decisão de desafiar a Semente não foi feita de forma impulsiva, nem foi baseada em ambição cega. Você está certa, é claro, mas a circunstância de nosso Despertar não foi comum. Mesmo que tenha acontecido recentemente, entre os quatro de nós, já compartilhamos uma década de experiência em batalha. E as batalhas que travamos não foram suaves.”

Sky Tide não respondeu imediatamente, virando o rosto para olhar a vista das Ilhas Acorrentadas.

Kai limpou a garganta.

“A senhora pretende nos dissuadir?”

Tyris permaneceu em silêncio por alguns momentos, depois balançou a cabeça lentamente.

“…Não. Se quatro Despertos com a designação SSA querem desafiar uma Semente dos Pesadelos, eles devem saber o que estão fazendo. Sua hora… na verdade, é boa.”

Sunny franziu um pouco a testa.

‘Boa hora? O que ela quer dizer?’

Mas Sky Tide não ia elaborar. Em vez disso, ela olhou para Effie e perguntou:

“Quando vocês partem?”

A caçadora deu de ombros.

“Cassie e Sunny têm uma missão para fazer no Templo Noturno. Então, partiremos assim que eles voltarem.”

Tyris mudou seu olhar para Sunny. Estaria ele imaginando coisas, ou sua expressão ficou mais sombria?

“Você vai para o Templo Noturno, Sunless?”

Ele assentiu.

“Sim. Faz parte de nossas preparações… por quê?”

A bela Santa ficou em silêncio por alguns momentos, depois disse simplesmente:

“Tome cuidado para seguir estritamente as regras enquanto estiver lá.”

Sunny concordou educadamente.

Internamente, no entanto, ele estava um pouco perturbado.

‘Bem, isso… não soou nada sinistro…’

Cassie, também, parecia um pouco apreensiva em relação ao Templo Noturno.

Que tipo de lugar era aquele?

Jantar Com Amigos

Atenção: A tradução carece de revisão, tenha isso em mente ao ler este conteúdo.

Algumas dias depois, um aroma delicioso se espalhava lentamente pela casa de Sunny. Ele estava na cozinha do primeiro andar, assoviando uma melodia animada enquanto suas mãos malabarizavam vários utensílios de cozinha. Havia várias panelas e frigideiras fervendo no fogão e uma variedade de ingredientes frescos sobre as bancadas ao seu redor.

“Ah, isso cheira tão bem…”

Dando um passo para o lado, ele tirou uma faca estranha do nada e começou a cortar os vegetais em pedaços, a lâmina triangular se movendo tão rápido que se transformou em um borrão.

Rain, encarregada de descascar as batatas, lançou-lhe um olhar longo e sombrio.

“Sunny… não que eu duvide da sua honestidade e integridade profissional, mas como exatamente isso faz parte do meu treinamento? Você tem certeza de que não está apenas me usando como mão de obra barata? Não, espera… nem é barata, na verdade, eu estou te pagando!”

Sem parar o que estava fazendo, Sunny olhou para ela e franziu a testa.

“Claro que sim! Tenho certeza. Além disso, é assim que você manuseia uma faca? Pelos deuses, você acabou de cortar metade daquela pobre batata e jogou na pia! Chama-se descascar, não destruir, sabe! Cadê sua habilidade? Cadê sua precisão? Controle melhor essa faca! Essas coisas são muito caras!”

Rain o encarou com ressentimento por alguns momentos, depois suspirou profundamente e continuou a descascar as batatas. Sunny sorriu.

Effie, que o observava cozinhar com uma expressão faminta, engoliu em seco.

“Então, hum… ainda não está pronto?”

Seus olhos piscaram.

“…Quarenta segundos, droga. Faz isso só um minuto atrás. Pela centésima vez. O que você acha que mudou desde então?!”

Effie abriu a boca para retrucar, mas, naquele momento, a campainha tocou.

Uma luz sádica brilhou nos olhos de Sunny.

“Oh. Eu me pergunto quem pode ser.”

Ele olhou para Rain e disse despreocupadamente:

“Rain, vá ver quem é.”

A adolescente bufou, colocou a faca de lado e foi até a porta, então a abriu.

Sunny a observou com grande interesse.

Rain olhou para cima, revelando que o visitante inesperado era bastante alto… e depois congelou subitamente.

Seu rosto empalideceu tanto que ficou quase completamente branco, e suas pupilas se dilataram como pires. Sua boca ficou aberta. Era como se a garota estivesse paralisada pelo horror.

Sunny segurou a pesada kunai na mão e se aproximou.

Enquanto caminhava, um som estranho escapou da boca de Rain.

“N… n… n…”

Um jovem alto e ridiculamente atraente estava parado no alpendre, olhando para ela com um sorriso educado e amigável. Seus cabelos eram castanhos avermelhados e absolutamente deslumbrantes, e seus olhos verdes elétricos eram de tirar o fôlego. Ele estava vestido de maneira simples, mas com roupas incrivelmente estilosas, segurando óculos de sol da moda e uma máscara facial em uma das mãos.

“Oh… eu sinto muito. Devo ter ido à casa errada.”

Até sua voz era encantadora e aveludada, fazendo os ouvidos de qualquer um formigarem.

Finalmente, Rain conseguiu forçar uma palavra, sua voz um guincho de pânico:

“N—Nightingale!”

Sunny lançou-lhe um olhar rápido, balançou a cabeça e, em seguida, sorriu para Kai.

“Hyung! Você está aqui! Desculpe, o jantar nem está pronto ainda… entre, entre!”

Kai devolveu o sorriso e entrou.

Sunny ergueu a mão e cutucou Rain nas costas, depois estreitou os olhos e disse com exasperação.

“Rain, por que você está apenas parada aí? Pegue um par de chinelos para o meu hyung rapidamente!”

Então, ele se virou para Kai e suspirou.

“Peço desculpas. Essa é a Rain, uma garota que eu ensino. Às vezes, ela é um pouco lenta.”

Kai a olhou, com dois covinhas adoráveis surgindo em suas bochechas.

“Tenho certeza de que isso não é verdade. É um prazer conhecê-la, Rain.”

Ela abriu a boca, tentando dizer algo, mas nenhuma palavra saiu.

Sunny esperou por alguns momentos, depois balançou a cabeça novamente e se inclinou para pegar um par de chinelos para Kai.

“Fique à vontade! Esta é a sala de estar. Eu vou estar ali na área da cozinha por um tempo, mas por favor, pelo amor dos deuses, você pode distrair a Effie? Ela está me deixando louco.”

Kai riu, deu um tapinha em seu ombro e entrou para cumprimentar a caçadora faminta.

Sunny e Rain ficaram momentaneamente sozinhos.

A adolescente respirou pesadamente por alguns momentos, depois olhou lentamente para baixo, para o avental sujo e as mãos com pedaços de casca de batata grudados. Uma expressão de horror absoluto apareceu em seu rosto.

Então, ela o olhou com os olhos arregalados e sussurrou:

“Sunny… por que o Night… o Night… por que o Night está na sua casa?!”

Ele piscou algumas vezes, fingindo não entender a pergunta.

“…O que você quer dizer? Kai é um grande amigo meu. Nós somos praticamente irmãos, eu diria! O que há de errado com você hoje?”

Sunny balançou a cabeça com desdém. Rain o encarou em choque, então abriu a boca para dizer alguma coisa.

No entanto, antes que pudesse fazer isso, a campainha tocou novamente.

Sunny abriu a porta calmamente, revelando uma jovem mulher pequena e excepcionalmente bonita de pé no alpendre. Tinha características delicadas, cabelos loiros claros e olhos azuis deslumbrantes. Apesar de estar vestida de maneira humilde, havia uma aura nela que tornava quase impossível desviar o olhar. Era como se ela fosse uma criatura celestial e imaculada que de alguma forma tinha encontrado seu caminho para o mundo mundano, sujo e imperfeito.

Em sua mão, ela segurava uma longa bengala branca.

Cassie hesitou por um momento, depois virou um pouco a cabeça, encarando Sunny.

“Espero não estar atrasada.”

Rain a olhou com uma expressão fantasmagórica.

“C—C… Canção dos…”

Então, ela se virou para Sunny também, seus olhos ainda mais arregalados do que antes.

A pobre garota parecia prestes a desmaiar.

Sunny sorriu brilhantemente.

‘Ah, finalmente! Vingança!’

Sobre Aquelas Batatas

Atenção: A tradução carece de revisão, tenha isso em mente ao ler este conteúdo.

Kai, Effie e Cassie se acomodaram na sala de estar e conversaram enquanto Sunny voltava para a cozinha. As duas áreas eram basicamente um único espaço, separado apenas pela distância e por um balcão alto, então ele podia vê-los claramente. Observar seus amigos à vontade e felizes por se reunirem com a garota cega fez sua expressão escurecer por um breve momento, mas Sunny rapidamente colocou uma máscara descontraída.

Rain estava ao seu lado, também observando-os.

Seu olhar se fixou em Kai por um tempo, depois em Cassie. Finalmente, ela olhou para Effie e estudou seu rosto com uma expressão complicada.

‘Lá vem isso!’

Alguns momentos depois, seus olhos se arregalaram. Sunny não achava possível que a garota adolescente pudesse ficar mais pálida do que já estava, mas ele estava enganado. Parecendo um fantasma, Rain se virou lentamente para ele e sussurrou:

“Effie… ela é… ela é…”

Sunny ofereceu um sorriso educado.

“Hein? Do que você está murmurando?”

Então, ele olhou para a sala de estar e levantou as sobrancelhas.

“Oh, você quer que eu a chame? Sem problema. Ei, Ef…”

Rain acenou com as mãos e pressionou uma contra a boca dele.

“Não! Não faça isso!”

Sunny a encarou com uma pergunta silenciosa nos olhos.

A garota olhou para ele, depois para sua mão, e depois deu um passo atrás de maneira desajeitada.

“O que eu queria dizer era… Effie, ela é…”

Sunny fez uma careta.

“…Athena Desperta, também conhecida como Criada por Lobos? O quê, você não sabia?”

Rain de repente se desequilibrou e segurou o balcão para se equilibrar. Uma expressão tragicomicamente envergonhada apareceu em seu rosto.

Realmente, ele não podia culpá-la por não reconhecer Effie. A garota não estava tão interessada nos Despertos, para começar, e o governo usava principalmente a imagem heróica de Criada por Lobos, conforme ela aparecia no Reino dos Sonhos – poderosa, alta e cheia de vitalidade – em sua propaganda.

Não era fácil associar essa imagem à jovem fraca, magra e doente que estava presa a uma cadeira de rodas. Sem mencionar que uma pessoa normal nunca esperaria conhecer um herói famoso em seu quintal… mas, olhando para Rain agora, era incrivelmente engraçado.

“Mas… mas ela e eu… oh deuses, eu até disse… oh, não. Oh, não!”

Ela abaixou a cabeça, depois olhou de repente para cima e perfurou Sunny com um olhar inesperadamente furioso.

“Seu desgraçado! Sunny… por que você é amigo de Criada por Lobos, Nightingale e Canção dos Caídos?! Eles são pessoas famosas!”

Ele franziu a testa, confuso, e depois deu de ombros.

“E daí? Costumávamos ser membros da mesma coorte.”

Rain piscou algumas vezes. Sua voz ficou ainda mais baixa.

“Mas… mas Canção dos Caídos, Criada por Lobos e Nightingale eram membros da coorte da Senhora Estrela da Mudança.”

Sunny sorriu inocentemente.

“Ah? Sim, é essa mesma.”

A garota sentou-se sem vida, quase perdendo a cadeira. Ela permaneceu em silêncio por um longo tempo e depois perguntou lentamente:

“Sunny… você conhece a Senhora Nephis? A Senhora Nephis? Estrela da Mudança do clã Chama Imortal? Você é do… do grupo dela?”

Ele sorriu.

“Quem, a Neph? Sim, claro. Eu acho.”

Rain fechou os olhos.

Sunny não disse nada por um tempo e depois limpou a garganta.

Ele esperou por mais alguns momentos e depois disse gentilmente:

“Então… sobre aquelas batatas…”

Ela deu um pulo, olhou para seu avental novamente e respondeu fraco:

“Oh, desculpe. Na verdade, eu tenho que ir para casa. Eu, uh… esqueci de fazer a lição de casa. Desculpa.”

Com isso, Rain se levantou e correu para a porta.

Sunny gritou para as costas dela:

“Ei! Que lição de casa? Hoje é sábado!”

Sem se virar, a adolescente gritou “desculpa” mais uma vez e fugiu de casa em pânico.

Sunny observou enquanto a porta se fechava atrás dela e riu.

Ele se sentia vingado. Ele se sentia… maravilhoso!

“Ah, impagável. Isso foi impagável… Eu só queria que ela terminasse de descascar as batatas primeiro, porém…”

Após o jantar, os quatro se acomodaram ao redor da mesa e passaram para a verdadeira razão do encontro de hoje – a discussão de seu plano para desafiar a Semente do Pesadelo.

Essa conversa poderia ter acontecido no Santuário, mas apesar de ter um relacionamento razoável com o clã Pena Branca, Sunny não queria dizer algumas coisas em voz alta em seu território.

Afinal, o território deles também era o território de uma Soberana.

Portanto, a coorte havia feito planos para se encontrar no mundo desperto.

Havia muito a ser discutido. O Segundo Pesadelo era um desafio mortal, e eles precisavam estar o mais preparados possível para enfrentá-lo. Também havia muitos preparativos a serem feitos para a jornada até a própria Semente – aventurar-se no Céu Abaixo e encontrar a fenda no oceano de chamas que se escondia em suas profundezas não era uma tarefa fácil por si só.

Portanto, passaram muitas horas examinando cada pequeno detalhe, compartilhando conhecimento e encontrando soluções para os problemas potenciais que poderiam encontrar. O Pesadelo em si era um mistério, é claro, então, não importa o quanto tentassem antecipar todas as possibilidades, eles ainda não tinham como saber o que os aguardava lá dentro.

Tudo o que sabiam era que seria perigoso, mortal e aterrorizante.

Ainda assim, havia coisas que podiam fazer para melhorar suas chances. Crescer mais fortes, melhorar seus arsenais. Mas, o mais importante, visar à máxima flexibilidade na coleção de ferramentas à disposição deles. Afinal, não era o mais forte que sobrevivia… era o mais adaptável.

Já era noite profunda quando a conversa parou. Parecia que tinham discutido tudo o que podiam, pelo menos por enquanto.

Sunny fez um bule de café para todos, derramou nas xícaras e se sentou em frente a Cassie.

“Agora que tudo o mais está resolvido, vamos falar sobre o Templo da Noite. Quanto mais eu ouço sobre isso, mais estranho me sinto… não se supõe que seja apenas uma Cidadela privada do clã Valor? Qual é a história por trás disso?”

Cassie permaneceu em silêncio por um tempo, depois deu um gole de café e suspirou.

“Templo da Noite… como eu descrevo isso? É um lugar sinistro. A primeira coisa que você precisa saber, acho, é que na verdade está situado na parte inferior da Ilha do Norte, e não em sua superfície. Na sombra eterna… isso torna mais difícil de acessar, mas também mais defensável. Duvido que até mesmo um exército de Criaturas do Pesadelo – ou Despertos, para falar a verdade – seria capaz de tomá-lo à força.”

Ela fez uma pausa e continuou:

À primeira vista, é um posto avançado na fronteira para os cavaleiros da Valor, uma base de transferência que deveria servir como um ponto de partida para sua expansão adicional para o norte durante as décadas anteriores. Mas, como você sabe, depois que os humanos encontraram as Montanhas Ocas, nosso progresso nessa direção parou. O Templo da Noite permanece, no entanto.”

Sunny franziu a testa.

“Então… está basicamente vazio?”

Cassie baixou a cabeça.

Quando ela falou, sua voz soou tensa:

“Logicamente, deveria estar. Mas não está.”

Templo Da Noite

Atenção: A tradução carece de revisão, tenha isso em mente ao ler este conteúdo.

Cassie escolheu suas próximas palavras com cuidado:

“Apesar de as Montanhas Ocas terem sido designadas como uma Zona de Morte, parece que o clã Valor ainda tem ambições de explorá-las. Talvez seja por isso que o Templo da Noite existe e por que um Santo está estacionado lá.”

Sunny franziu a testa. Até Kai e Effie pareciam perplexos.

“…Eu pensei que Sky Tide fosse o único Santa nas Ilhas Acorrentadas.”

A garota cega balançou a cabeça.

“Não, há outro. Santo Cormac. Ele supervisiona a Cidadela e se aventura na névoa das Montanhas Ocas de tempos em tempos… como se estivesse procurando por algo. Na verdade, foi assim que consegui permissão para ancorar a mim e minha coorte no Templo da Noite. Em troca, eu deveria usar meu Aspecto para ajudá-lo na exploração. Mas não aconteceu muita coisa.”

Sunny pensou por um tempo e depois disse:

“Até agora, tudo parece razoável, certo?”

Cassie assentiu, depois se moveu desconfortavelmente.

“Sim. Mas há coisas muito estranhas naquela Cidadela, coisas que não têm nada a ver com o Santa e sua missão. Para começar, há simplesmente muitos Despertos lá – cerca de cem, acho. Isso é muito mais do que é necessário para apoiar um único Santa. No entanto, a parte mais sinistra não é o número, mas quem são esses Despertos.”

Ela hesitou e depois disse sombriamente:

“Com exceção de dois Mestres que servem como tenentes de Santo Cormac, todos eles são… Perdidos.”

Sunny se animou.

O que Cassie havia dito era, de fato, estranho… e um tanto perturbador. Não havia tantos Perdidos entre os Despertos, então por que cem deles estariam reunidos em uma Cidadela remota e isolada?

Mas essa não era a razão pela qual Sunny estava de repente animado. Inclinando-se um pouco para frente, ele perguntou:

“Oh, é? Tem um chamado Mordret?”

Cassie pensou por alguns momentos e depois sacudiu a cabeça.

“…Não sei. Não fomos realmente autorizados a interagir com os Perdidos enquanto estávamos no Templo da Noite. Veja bem, toda a Cidadela é dividida em três áreas. O anel externo é onde nos deram espaço para estabelecer uma base. Foi proibido para nós entrar no templo em si, a menos que fôssemos escoltados por um dos Mestres. É lá que os Perdidos vivem e onde o Portal está situado.”

Ela de repente ficou em silêncio e depois acrescentou em um tom mais sombrio:

“…Mas há outra área dentro do templo também. Uma que nem mesmo os Perdidos têm permissão para entrar. O Santuário Interno. Uma vez, enquanto estávamos entrando no Portal, senti as portas do Santuário se abrirem e, sem querer, vislumbrei as pessoas que o guardavam.”

A garota cega tremeu.

“Ou pelo menos, pareciam pessoas. Mas não eram. Eram todas Eco… Eco humanas.”

Sunny franziu o cenho.

‘O que diabos?’

Um Eco humano já era assustador o suficiente, mas muitos? O que exatamente eles estavam guardando que humanos reais não podiam?

Não… isso não era importante. O clã Valor poderia manter seus segredos. Ele só precisava pegar a faca do altar.

“Então… e quanto a um altar? Você percebeu uma faca de marfim sobre ele?”

Cassie hesitou por alguns momentos, depois deu de ombros.

“O Portal no Templo da Noite é diferente do Portal no Santuário. Você não precisa tocar o altar para ativá-lo. Então eu só senti o altar de longe… parece que é realmente feito de uma laje de pedra negra, pelo que os outros me disseram. Há uma estátua de uma mulher velada segurando uma estrela e um raio atrás dela. Além disso, não posso dizer.”

Sunny suspirou, um pouco desapontado.

‘Bem, não importa. Tenho certeza de que está lá… o problema é convencer os representantes do clã Valor a me deixarem se aproximar do altar. Ou até mesmo me aproximar dele quando ninguém estiver olhando.”

“Você acha que vai conseguir convencê-los a me deixar entrar?”

A garota cega assentiu, mas havia um pouco de incerteza em seu rosto.

“Acho que não haverá problema. Embora eu não tenha conseguido ajudar muito Santo Cormac, nós nos separamos em bons termos. No entanto… todo aquele lugar é muito misterioso. Tenho certeza de que pelo menos nos permitirão ancorar ao Portal, mas…”

Sunny não gostou do som disso.

“Mas o quê?”

Cassie suspirou.

“Realizar um ritual sobre o altar é outra questão. Eles também podem simplesmente se recusar a nos deixar entrar. Duvido que isso aconteça, mas apenas por precaução, devemos estar preparados – o dia em que sairmos do Santuário pode ser a última vez que teremos acesso a um Portal antes que o Segundo Pesadelo termine.”

Sunny fez uma careta.

Embora odiasse admitir, ela estava certa. Era melhor se preparar para o pior… ele tinha algumas coisas para fazer nos próximos dias, então.

“Certo. Então sairemos em dois dias. Façam suas preparações, e eu farei as minhas.”

Cassie assentiu e ficou quieta.

Naquele silêncio, um som estranho pôde ser ouvido. Sunny se virou e viu Effie devorando ruidosamente as sobras do jantar recente. Percebendo que ele estava olhando para ela, a caçadora congelou.

“…O que? Vocês estavam ocupados, e eu estava com fome.”

Ele cobriu os olhos por um momento, depois balançou a cabeça.

‘Essa mulher…’

Falando em preparativos, ele tinha que fazer algo agora mesmo.

“Ei, Kai. Venha aqui e me dê a mão.”

Kai o olhou com uma pergunta silenciosa, mas não perguntou nada. Ele se levantou e se aproximou, esticando uma mão com um sorriso.

Sunny colocou um dedo sobre ela e enviou duas Memórias com um suspiro de arrependimento – o Arco Chifre Negro e o Aljava Completa. Effie estava bem equipada com Memórias poderosas de seu tempo na Costa Esquecida e dos meses que passou caçando como um Desperto, mas o charmoso arqueiro carecia de bons armamentos.

Embora doesse para Sunny abrir mão de duas Memórias Ascendidas, ele sabia que era o melhor. Isso daria a Kai a oportunidade de ficar mais forte no próximo mês e estar melhor preparado para o Pesadelo… além disso, ele ainda tinha o Arco de Guerra de Morgan e o Golpe do Trovão.

Kai franziu a testa confuso, depois olhou para o vazio, claramente lendo as runas. Em seguida, uma luz animada acendeu em seus olhos.

“Oh… obrigado, Sunny!”

Sunny fez uma careta.

“Agora, não me interpretem mal! Isso não é um presente. Estou emprestando a você… emprestando, entendeu? A Emporium Brilhante é um negócio respeitável, não uma instituição de caridade! Eu espero um reembolso completo ou uma troca de valor igual. No futuro. Entendeu?”

Kai sorriu amplamente e o olhou com um largo sorriso.

“Aww. Isso é tão fofo…”

A careta de Sunny se aprofundou.

“Fofo? O que ele quer dizer, fofo?! O que há de errado com esse idiota… acabei de dizer a ele que ele está agora em dívida…”

O sol já estava nascendo, o que significava que eles tinham que se separar. Cada um tinha muitas coisas a fazer.

Quando todos saíram, Sunny ficou olhando para a mesa cheia de pratos vazios por um tempo e depois suspirou.

De alguma forma, ele sentiu que não conseguiriam ter um jantar agradável como aquele por um tempo.

Última Lição

Atenção: A tradução carece de revisão, tenha isso em mente ao ler este conteúdo.

Já era de manhã, então ele não se incomodou em dormir e apenas preparou mais café, serviu-o em uma xícara e foi sentar-se na varanda.

O cansaço mental da longa sessão de planejamento deixou seus pensamentos um pouco lentos, mas Sunny sabia que seria capaz de permanecer acordado e lúcido por mais alguns dias sem problemas. Ele não retornaria ao Reino dos Sonhos até que todos os seus assuntos no mundo desperto estivessem resolvidos.

Portanto, Sunny apenas descansou por um tempo, observando o amanhecer e pensando calmamente em todas as coisas que precisavam ser feitas.

“… dizer adeus ao Professor Julius… conversar com a Aiko sobre o Empório…”

O Segundo Pesadelo poderia levar muito tempo para ser conquistado, então havia a questão de quanto tempo o suprimento de fragmentos de alma que ele havia dado a ela duraria. Sunny não queria voltar e descobrir que sua loja havia fechado as portas e perdido todos os clientes.

Ele deu um gole no café e olhou para baixo.

… Claro, havia uma possibilidade muito real de que ele nem sequer retornasse.

Sunny não estava iludido. Não importa o quão poderoso ele fosse e quão rápido fosse seu progresso, este Pesadelo não seria nada além de absolutamente mortal… como todos os Pesadelos eram. Pessoas melhores do que ele haviam se aventurado lá dentro e nunca retornaram. A possibilidade de morte era muito real…

Havia até mesmo um ponto em planejar o futuro?

Enquanto pensava nisso, de repente, um som de passos leves pôde ser ouvido no caminho que levava à varanda. Sunny sorriu um pouco e depois olhou para cima.

Rain estava parada a poucos passos de distância, olhando para ele com um pouco de constrangimento.

“Eu, uh… seus convidados ainda estão aqui?”

Ele balançou a cabeça.

“Não! Quer dizer… ruim? Eu só queria conversar com você… sozinha… é só isso.”

Sunny ergueu uma sobrancelha.

“Ah? Sobre o quê?”

Apesar de Rain estar claramente tentando ser apologética e respeitosa, uma familiar luz de raiva acendeu em seus olhos.

“Você sabe do que estou falando! Quero dizer, uh… desculpe…”

Ela tropeçou, ficou em silêncio por alguns momentos e depois perguntou em um tom mais educado:

“… Por que você não me disse que é um grande negócio?”

Sunny encarou Rain por um tempo, depois sorriu:

“Não lhe disse que sou provavelmente o Desperto mais forte do mundo, o melhor dos melhores, e tudo mais? Acho que aconteceu bem aqui neste local.”

Rain franziu a testa.

“Estou sendo séria!”

Sunny deu um gole no café e a olhou por alguns momentos. Lentamente, o sorriso desapareceu de seu rosto. Finalmente, suspirou e olhou para longe.

“Porque eu não sou. No que diz respeito aos Despertos, eu não sou um grande negócio. Na verdade, sou muito pequeno e facilmente esmagado. Então, não gosto de anunciar minha habilidade. É melhor que todos pensem em mim como fraco e estúpido. Dessa forma, eu serei muito mais difícil de matar.”

Rain o olhou confusa.

“Eu… Eu não entendo. Como os Monstros dos Pesadelos saberiam que você é considerado forte? Por que isso colocaria sua vida em perigo?”

Um sorriso sombrio e triste apareceu no rosto de Sunny. Ele olhou para Rain e depois perguntou:

“Quem disse algo sobre os Monstros dos Pesadelos?”

Sunny colocou sua xícara no chão e então disse:

“Depois que você saiu, deve ter pesquisado a rede em busca de todas as informações sobre a Costa Esquecida que pôde encontrar, certo?”

Rain corou e depois assentiu.

Ele também assentiu.

“Então você deve saber que cerca de quatrocentos Adormecidos morreram durante o Cerco do Pináculo Carmesim. Tantos. Mas você sabe quantos foram mortos nos meses anteriores? Quase o dobro disso.”

Seus olhos se arregalaram um pouco.

Sunny olhou para a jovem garota, sua voz não tinha mais leveza.

“E eles não foram mortos pelos Monstros dos Pesadelos. Eles foram mortos por pessoas. Portanto, ironicamente, mais humanos foram mortos por outros humanos enquanto eu estava lá, naquele inferno, do que foram por monstros. Bem… outros monstros, para ser preciso. E essa é uma lição que você vai ter que aprender, se quiser se tornar forte.”

Ele suspirou.

“Eu posso te ensinar como segurar uma espada ou uma lança, como atravessar o Reino dos Sonhos e não morrer de fome, e como matar seus inimigos. Mas não posso te ensinar como ser forte, Rain. Isso é algo que você só pode aprender sozinha. Este mundo… é um lugar cruel e implacável. Algumas pessoas têm a sorte de nunca aprender a verdade dele, mas outras aprendem. E daquelas, as mais fracas nunca sobrevivem. Você é muito, muito fraca… mas é sortuda? Eu não sei. Isso depende de você.”

Ela o ouviu atentamente, uma expressão um pouco séria e sombria demais para uma garota de sua idade aparecendo em seu rosto. Depois de um tempo, ela disse:

“Eu… eu acho que entendo.”

Sunny sorriu.

“Espero que sim. Mas também, uma parte de mim espera que não.”

Ele hesitou, depois tirou seu comunicador.

“Ah, a propósito… nossas lições terão que parar por um tempo. Meus amigos e eu vamos fazer uma grande expedição, sabe, e não tenho certeza de quanto tempo vai levar. Mas não se preocupe – eu já te ensinei o suficiente para continuar praticando por conta própria. Faça isso com diligência e não fique preguiçosa! Se sentir que dominou tudo antes de eu voltar, ligue para o número que acabei de enviar. Pertence a uma amiga minha. O nome dela é Aiko, e ela vai encontrar um novo tutor para você.”

Rain olhou para o comunicador por muito tempo, depois olhou para ele e perguntou em voz baixa de repente:

“Você vai fazer uma grande expedição?”

Sunny mostrou a ela um sorriso despreocupado e deu de ombros.

“Claro. Por quê?”

Ela hesitou por alguns momentos e depois perguntou, sua voz subitamente incomumente tímida:

“Será… será perigoso?”

Ele pegou o café, deu um gole e depois deu de ombros novamente.

“Perigoso? Sim, claro. Realmente perigoso, eu acho. Mas… qualquer coisa relacionada ao Feitiço é.”

Rain o olhou com intensidade repentina, sua timidez anterior desaparecida. Quando ela falou, sua voz soou tensa:

“Então por que? Por que você está indo?”

Sunny olhou para ela com perplexidade e, em seguida, jogou a cabeça para trás e riu.

Quando terminou de rir, olhou para ela e disse com um sorriso divertido:

“Por quê? Pela mesma razão que você queria treinar. Para ficar forte! Realmente forte…”

Sem Um Único Caminho

Atenção: A tradução carece de revisão, tenha isso em mente ao ler este conteúdo.

Algum tempo depois, Sunny esperava em um café, olhando pela janela para uma rua movimentada lá fora. As pessoas passavam apressadas, com pressa de entrar antes que as nuvens pesadas que cobriam o céu sombrio desabassem em chuva. O leve cheiro no ar indicava que essa seria uma chuva ácida – talvez não tão tóxica a ponto de queimar as roupas, mas ainda desagradavelmente perigosa.

A chuva ácida não incomodava muito Sunny, pois era algo com o qual todos estavam acostumados. Mesmo nos arredores, as pessoas sabiam como evitar ser pegas por ela. Na parte próspera da cidade, os cidadãos tinham muito mais proteção.

O que ele estava pensando era na rua em si.

Este era o mesmo café que ele costumava frequentar ao observar Rain, e a mesma rua que se tornara um cenário de evacuação em pânico durante o incidente do Portal há alguns meses. Veículos blindados do governo haviam rasgado a estrada, e vários conflitos violentos se espalharam para os arredores pacíficos.

No entanto, não havia sinais da batalha furiosa deixados. A estrada havia sido reparada e os danos da batalha, consertados. O café estava aberto novamente, e as pessoas continuavam com seus negócios como se nada tivesse acontecido. Elas tinham enfrentado o desastre e seguido em frente, mostrando a surpreendente resiliência da raça humana.

Nem mesmo o Feitiço do Pesadelo podia superá-la.

Pelo menos ainda não tinha conseguido.

Sunny suspirou e olhou para a pastelaria diante dele. Nesse momento, a porta do café se abriu, e a sensação familiar de frio fantasma o envolveu.

A Mestre Jet parecia ainda mais desgrenhada do que o habitual, seu paletó uniforme exibia na verdade vários pequenos buracos, com as bordas chamuscadas. No entanto, ela parecia tão relaxada e forte quanto sempre, seus olhos azul-gelo irradiando energia feroz. Ela parecia morta de cansaço, mas também, de alguma forma, transbordando de vida.

Jet olhou ao redor, notou Sunny e ofereceu-lhe um sorriso. Então, ela sacudiu algumas lascas de fuligem de seu ombro, caminhou até ele e se jogou na cadeira.

“Espero que essa pastelaria seja para mim…”

Ele sorriu e empurrou o prato e uma xícara de café fresco na direção dela.

“Claro.”

A Mestre Jet deu uma mordida na pastelaria, fechou os olhos em êxtase por alguns momentos e, em seguida, segurou a xícara de café nas mãos. Depois de um tempo, ela o olhou e suspirou.

“Então… Segundo Pesadelo, né?”

Sunny simplesmente assentiu.

A Ceifadora de Almas Jet era a única Ascendida que ele conhecia o suficiente para confiar… um pouco… então, ele a convidou para se encontrar com ele, esperando receber alguns conselhos. Nada do que ele pudesse encontrar na rede ou mesmo na biblioteca da Academia poderia ser tão valioso quanto falar com alguém que realmente tinha conquistado uma Semente antes.

Ela deu um gole no café e balançou a cabeça.

“Garoto louco…”

Um sorriso leve apareceu em seu rosto.

“Garoto? Eu não sou tão mais jovem que você. Bem… eu acho?”

Jet olhou para ele com um sorriso perigoso.

“Você está me perguntando sobre a minha idade? Droga. Acho que não te dou uns tapas há um tempo…”

Os dois se encararam por alguns momentos e depois riram.

Na verdade, Sunny sabia que a Mestre Jet estava na casa dos vinte anos, então a diferença de idade entre eles não era insignificante. Considerando o quanto havia acontecido com ele nos últimos dois anos, dez pareciam uma eternidade. Mas ao mesmo tempo, ele já não era mais uma criança… de jeito nenhum.

Ele olhou para baixo, pensou por alguns momentos e depois disse:

“Agora é um bom momento como qualquer outro. Pensei bem antes de decidir desafiar uma Semente. Isso é o melhor.”

Ela o estudou por um tempo, depois assentiu.

“Entendo. Bem, há muitos benefícios em ser um Ascendido. Há certas… desvantagens também. Mas você não precisa se preocupar com isso por enquanto. Agora, você precisa se concentrar em sobreviver ao Pesadelo.”

Sunny sorriu.

“Exatamente o que eu estava pensando. Então… há alguma sabedoria que uma venerável mais velha como você pode compartilhar com este júnior ignorante?”

A Mestre Jet o olhou, depois suspirou.

“Idosa? Talvez eu realmente devesse te dar uns tapas…”

Ela hesitou, depois disse em um tom mais sombrio:

“O Segundo Pesadelo… é muito parecido com o Primeiro, mas ao mesmo tempo muito diferente. O Feitiço o enviará a você e ao seu grupo para uma ilusão do passado, centrada em torno de um conflito central. Para conquistar o Pesadelo, você terá que resolver esse conflito – de uma maneira ou de outra. Não há maneira certa ou errada de fazer isso. Você só precisa encerrá-lo de alguma forma.”

Jet ficou em silêncio, como se estivesse se lembrando de seu próprio julgamento. Seus olhos azul-gelo fixaram-se na distância.

“…Isso não será fácil, é claro. Seus amigos podem morrer. Você também pode morrer. Mas você já sabe disso… vamos falar das diferenças, então. A primeira é bastante óbvia – o Pesadelo será maior, mais longo e mais difícil do que o seu Primeiro. As Criaturas do Pesadelo que o povoam terão classificações e classes mais altas, geralmente Desperto ou Caído. Mas, se você tiver azar, pode encontrar um Corrupto.”

Sunny fez uma careta. Seu Primeiro Pesadelo o colocou contra um Tirano Desperto… quais eram as chances de que ele tivesse sorte desta vez e encontrasse apenas abominações que ele pudesse lidar?

…Mínimas.

Enquanto isso, a Mestre Jet continuou:

“A outra diferença é menos comentada, mas muito importante. Ao contrário do Primeiro Pesadelo, este não será feito sob medida para você pessoalmente. Você é inteligente o suficiente para pensar nas implicações desse fato por si mesmo, mas mencionarei uma coisa que muito poucas pessoas consideram. O Feitiço tentará encontrar para você um corpo que se assemelhe de perto ao seu, mas devido ao que acabei de mencionar, pode não ser tão semelhante quanto você esperaria.”

Sunny inclinou a cabeça e franzia a testa.

“Estamos falando de quão diferente?”

Ela deu de ombros.

“Você será da mesma classificação, isso é certo. Sua estrutura será mais ou menos a mesma. Mas é aí que está o problema… se você não estiver preparado, em uma luta, o “mais ou menos” pode custar a sua vida. Um especialista precisa confiar em seu próprio corpo… ele é nossa primeira e mais importante ferramenta. Imagine que você de repente esteja um pouco mais alto ou mais baixo, seus membros tenham comprimentos ligeiramente diferentes, seu centro de gravidade tenha se deslocado um pouco. Muitas pessoas morreram porque não foram rápidas o suficiente ou não conseguiram se adaptar a essa mudança súbita.”

Sunny fechou os olhos por um momento.

Para um lutador, seu corpo era como uma máquina bem lubrificada que eles conheciam de dentro para fora. Eles conheciam todos os detalhes, como ele se movia, como se comportava em qualquer situação, o que podia realizar e o que estava além de sua capacidade. Todas as técnicas de combate eram afinadas para aquela máquina precisa… mudar seus parâmetros era como jogar uma chave inglesa na engrenagem, potencialmente causando seu colapso.

Ele não tinha conhecimento dessa informação. Felizmente, agora que estava informado, seria capaz de se preparar e reduzir ao máximo o período de ajuste.

“Obrigado. Essa é uma informação muito valiosa.”

A Mestre Jet balançou a cabeça.

“Não é como se fosse um segredo. As pessoas simplesmente não pensam nessas coisas.”

Ela hesitou e depois disse em um tom mais sombrio:

“A última grande diferença… espero que você não precise desse conhecimento. Mas, se as coisas piorarem, é melhor estar preparado.”

Sunny a olhou e levantou uma sobrancelha.

“O quê?”

Ela olhou para a xícara, deu um gole e depois a colocou cuidadosamente na mesa.

“A questão é… eu disse que não há uma maneira de conquistar o Pesadelo. Isso significa que algumas soluções podem se contradizer. E as pessoas que participam do julgamento não são forçadas a buscar o mesmo resultado.”

Ele fez uma careta.

“Uh… o que você está tentando dizer exatamente?”

A Mestre Jet o encarou, sua voz fria e sombria:

“Estou dizendo que nem todos os desafiantes precisam estar do mesmo lado. Isso raramente acontece… mas você deve ter isso em mente, de qualquer maneira.”

Sunny a encarou por alguns momentos, depois se virou.

Ele se perguntava o que ela queria que ele percebesse…

Ela estava o advertindo que seus aliados poderiam traí-lo e se tornar outro obstáculo que ele teria que superar para escapar do Pesadelo?

Ou estava dizendo que ele… poderia traí-los, se necessário?

…Eles conversaram por um tempo, discutindo vários assuntos relacionados à Semente do Pesadelo e ao próprio julgamento. Sunny adquiriu muitas informações úteis, bem como vários conselhos valiosos.

Mas durante toda a discussão, ele continuou pensando naquela única declaração.

“Raramente acontece… mas você deve ter isso em mente, de qualquer maneira…”

Peões Do Destino

Atenção: A tradução carece de revisão, tenha isso em mente ao ler este conteúdo.

Sunny saiu do café e pegou um trem para visitar Aiko. Depois disso, ele viajou para a Academia e se despediu do Professor Julius. O velho estava um pouco emocional por deixá-lo ir, mas não tentou dissuadir seu aluno rebelde. Em vez disso, tentou oferecer encorajamento.

“O Segundo Pesadelo! Ptui! Nenhum aluno meu pode ser morto por um mero Segundo Pesadelo. Não ouse manchar minha reputação, meu garoto Sunny… você me ouviu?”

Finalmente, Sunny saiu do complexo dos Adormecidos e ficou do lado de fora por um tempo, observando o sol se pôr. Então, ele se virou e se dirigiu mais profundamente para o complexo da Academia.

O quarto onde Nephis dormia não mudou muito. Ele substituiu as flores em uma das mesas e sentou-se, olhando para o rosto pálido e imóvel dela.

Não importava quantas vezes Sunny viesse aqui, vê-la… vê-la assim… trazia uma dor surda em seu peito. A mistura de emoções queimando em seu coração era profunda demais e fervia muito violentamente para que ele a entendesse. Sunny nunca foi bom com emoções, afinal.

Havia ressentimento, saudade, culpa, afeição, medo… e esperança.

Olhando para a tampa transparente da cápsula de dormir, ele suspirou.

“Ei, Neph.”

Assim como antes, isso foi a única coisa que ele disse em voz alta. Ele ficou por um tempo e depois pensou:

“Você ainda está viva, em algum lugar. Isso é bom. Isso… me faz feliz. Realmente faz. Sabe, logo depois que tudo aconteceu, eu não estava certo se queria que você vivesse. Pensei que talvez fosse melhor você morrer. Às vezes, eu pensava.”

Sunny baixou a cabeça e fechou os olhos cansados.

“Mas depois de um tempo, à medida que o tempo passava, eu… eu comecei a sentir sua falta mais do que queria estar livre de você. Talvez o que o Mestre Jet disse seja verdade… talvez ninguém realmente seja livre neste mundo. Talvez a única liberdade que existe seja a liberdade de escolher suas próprias correntes.”

Um sorriso sombrio apareceu em seus lábios.

“Mas essa é a questão, não é? Até mesmo essa escolha foi tirada de mim. Por você, por Cassie. Pelo destino. Eu nunca tive nada, e depois, tive ainda menos que isso. Você não ficaria com raiva de receber uma mão como essa? Porque eu estou. Estou com tanta, tanta raiva. E é por isso que… eu nunca vou parar de tentar me libertar. Dane-se a verdade e dane-se o destino. Quem disse que suas correntes não podem ser quebradas?”

Sunny se moveu um pouco e olhou intensamente para a jovem adormecida.

“Só preciso ficar forte o suficiente para rasgá-las. Você quer destruir o Feitiço? Bem, eu quero destruir o próprio destino. Qual de nós você acha que é mais louco?”

Ele riu de repente, sua voz cheia de alegria e amargura.

“Se o Tecelão fez isso, por que eu não posso? E se o Tecelão criou isso, por que você não pode quebrá-lo? Se essa é a nossa vontade… quem ousa nos impedir?”

Sunny sorriu largamente e depois ficou quieto novamente, seus olhos cheios de escuridão.

Depois de um tempo, ele esfregou o rosto.

“De qualquer forma… Cassie e eu vamos desafiar o Segundo Pesadelo em breve. Talvez não possamos visitá-la novamente por um longo tempo. Então você… cuide de si mesma, Neph. Não me decepcione. Estou contando com você para se manter viva… para me manter lutando para te superar.”

Com isso, ele suspirou profundamente, levantou-se e partiu sem olhar para trás.

Finalmente, era hora dele também dormir.

…

Antes de entrar em sua luxuosa cápsula de dormir, Sunny teve uma conversa com Effie. Ele moveu a cápsula dela para o dojo subterrâneo e a instalou perto da sua. Os dois provavelmente passariam muito tempo no Pesadelo, então a casa precisava ser trancada durante esse período.

Esperançosamente, Sunny conseguiria fazer isso sozinho depois de voltar pelo Portal no Templo da Noite, mas se algo desse errado com os representantes da Valor, Effie estava encarregada de fazer os preparativos finais. Ele deu a ela as senhas do sistema de segurança e explicou o procedimento.

Então, Sunny fez um diagnóstico na cápsula, certificando-se de que estava funcionando perfeitamente e poderia sustentar seu corpo por meses, se não anos, e suspirou.

…Na verdade, não importava. Depois de entrar na Semente, ele iria morrer ou se tornar um Mestre. Se a primeira opção acontecesse, o bem-estar de seu corpo físico era um ponto discutível. Se a segunda opção acontecesse… paradoxalmente, a mesma afirmação se aplicava.

A Ascensão fundia o corpo físico com o corpo espiritual… no entanto, mesmo que o corpo físico fosse completamente destruído, o processo criaria um novo. Então, talvez fosse mais apropriado dizer que a Ascensão permitia que o corpo espiritual se tornasse corpóreo. Em qualquer caso, o resultado era o mesmo.

Foi por isso que Effie queria se tornar uma Mestre tão desesperadamente, sabendo que isso a tornaria tão forte e saudável quanto estava no Pesadelo. Por isso muitos dos Perdidos sonhavam em desafiar o Segundo Pesadelo.

…E foi por isso que não importava mesmo que a cápsula de dormir tivesse mau funcionamento e torrasse completamente o corpo físico de Sunny em vez de preservá-lo. Se o Pesadelo não o matasse, ele estaria tão bom quanto novo.

Ainda assim, Sunny estava muito apegado à sua concha mortal. Ele não queria que nenhum mal viesse a ela, se ao menos por razões sentimentais.

Com um suspiro, ele se despiu, deu uma última olhada em seu espaçoso dojo e entrou na cápsula.

Effie, que o observava silenciosamente de sua cadeira de rodas, esforçou-se para levantar uma mão e acenar adeus.

“Sonhos doces!”

Sunny queria rosnar para ela e lembrar a caçadora glutona para não deixar pratos sujos pela casa, mas ele estava apenas muito cansado.

Assim que a tampa do sarcófago de metal começou a se mover, seus olhos se fecharam, e ele caiu na profunda e escura garras do sono.

Quando Sunny abriu os olhos novamente, ele já estava no Santuário de Noctis.

Sunny estava de pé na borda da ilha, olhando para a corrente celestial que se estendia ao longe. Seu corpo estava vestido com uma armadura esguia forjada em aço sombrio, e em sua mão estava uma lança sombria com uma lâmina polida de prata.

Cassie estava ao seu lado, usando seu casaco azul meia-noite sob uma couraça polida. Sua mão repousava sobre o punho da Dançara Silenciosa, e uma elegante meia-máscara repousava em seu rosto. Algumas mechas de seu longo cabelo dourado balançavam ao vento.

Eles estavam prontos para partir.

Sunny olhou para os dois e depois para o aço opaco da Corrente Imortal.

Ele não era tolo o suficiente para não reconhecer que isso era exatamente como a visão dela de sua morte aconteceu – com os dois sozinhos e ele vestindo uma armadura de metal.

A única coisa que faltava era a neve.

…Mas Sunny não se importava.

Ele havia sido enganado pelo conhecimento do futuro uma vez, e todas as suas tentativas desesperadas de evitá-lo só haviam ajudado a visão a se concretizar. Desta vez, ele não ia permitir que ele fosse um peão do destino. Ele faria o que precisava ser feito da maneira que queria fazer e enfrentaria as consequências sem arrependimentos.

Sunny suspirou, olhou para Cassie e disse:

“Vamos.”

Com isso, deu um passo à frente e mergulhou na beira da ilha.