Shinigami ni Sodaterareta Shoujo wa Shikkoku no Ken wo Mune ni Idaku - Volume 1, Capítulo 1 - Anime Center BR

Shinigami ni Sodaterareta Shoujo wa Shikkoku no Ken wo Mune ni Idaku – Volume 1, Capítulo 1

Tradução: Eudarda

Volume 1
Capítulo 1 O Filhote Deixa o Ninho

 

I

Ano 995 do Calendário Lunar

A paz que tinha durado quase 40 anos havia acabado e o continente de Dubedirica estava novamente engolido pelas chamas da guerra.

As brasas da guerra foram lançadas pela grande nação do norte.

O imperador do Império Arsbelt, Ramza 13º, de repente declarou que conquistaria todo o continente de Dubedirica e imediatamente invadiu sua nação vizinha ao leste, o Reino Farnesse, e começou uma guerra.

No começo apenas as duas grandes nações, o Império e o Reino, estavam em guerra. Mas as chamas da guerra rapidamente se espalharam pelas pequenas nações ao seu redor e finalmente arrastaram todo o continente para dentro também.

Ano 997 do Calendário Lunar

Com a guerra se alastrando por todas as nações do continente, o impasse entre o Império e o Reino chegou a um ponto de reviravolta. O Império tomou ao maior fortaleza no teatro de guerra central, o inexpugnável Forte Kiel.

Depois disso o Império usou o forte como uma cabeça de ponte e forçou as nações menores ao redor do reino com promessas e ameaças, juntando-os em uma velocidade alarmente.

A Confederação de Sutherland, situada no sul do continente, veio sempre insistindo em sua neutralidade. Mas com a mudança de situaçãoo, conspiraram em segredo com o Império. Usando a desculpa de colheitas absolutamente ruim na região sudeste do continente, eles diminuíram drasticamente as suas exportações de alimentos para o Reino.

Isso desencadeou fome em grande escala em todo o Reino e resultou em rebeliões. O Reino dependia fortemente de importações para o fornecimento de alimentos, sendo que setenta por cento da comida do Reino vinha de Sutherland. Isso piorou as coisas para o Reino que não conseguia produzir alimentos suficientes para se sustentar.

Ao mesmo tempo o Reino aumentou os alimentos recolhidos dos cidadãos para alimentar os soldados as linhas de frente, o que provocou mais agitação. O Reino reprimiu as rebeliões com tropas, que por sua vez intensificaram as rebeliões. Com a pressão da desordem civil interna e uma ameaça militar estrangeira vinda do exterior, os poderes do Reino rapidamente desmoronaram.

Ano 998 do Calendário Lunar

Relatos das lutas do exército do Reino foram enviados à capital um após o outro. O Reino não conseguiu reunir força para lançar uma contra-ofensiva eficaz e mal conseguiu manter as linhas da frente. O cerco do Império ao redor do Reino foi pressionando lentamente e o rei atual do Reino Farnesse, Alphonse Sem Garmunf, tomou uma decisão dolorosa.

Ele enviou a última linha de defesa da capital, a elite militar do Reino, o primeiro exército a retomar o Forte Kiel.

O Forte Gallia era situado no sul do Reino com as Montanhas Est o separando da capital Fizz.

Era uma fortaleza chave na linha de defesa do Reino Farnesse e o forte mais próximo da capital. A sudoeste do Forte Gallia e sudeste do Forte Kiel, estava o castelo Kaspar que tinha sido tomado pelo Império.

As aldeias e cidades ao redor do castelo Kaspar tinham caído nas mãos do Império e os soldados vigiavam as principais entradas a todo momento. Ao mesmo tempo em que colocavam seus olhos no ataque ao Forte Gallia no futuro, eles tinham que ter cuidado com os movimentos do Reino.

E nesse momento, o Capitçao Samuel, que estava encarregado de um posto de segurança chave na estrada para Canaria, reparou numa garota seguindo em direção ao Reino.

Ela tinha cerca de 15 ou 16 anos de idade.

Suas feições eram tão delicadas quanto uma porta e estava usando uma blusa marrom avermelhada, então provavelmente veio de uma das aldeias. Seus cachos prateados balançavam a cada passo que suas pernas esguias davam.

“Oh, essa é um grande achado…”

Enquanto Samuel estava admirando o rosto da garota, o item pendurado na cintura dela chamou sua atenção. A bainha na cintura da garota parecia muito caro para uma garota de aldeia. A bainha preta era revestida de um padrão próprio com ouro e prata.

Algo assim só poderia ser visto em nobres ricos ou vetereanos poderosos.

Só a bainha sozinha podia valer um bela quantidade de moedas de ouro. De qualquer forma, parecia não combinar com uma mera garota de aldeia.

“Dada o artesanato da bainha, a espada deve ser incrível.”

Apenas de imaginar a espada dentro foi o suficiente para fazer Samuel erguer o canto dos lábios num sorriso. Por um momento, ele suspeitou que a garota fosse um bandido mas rapidamente descartou aquele pensamento.

Era de conhecimento geral que o exército imperial tinha controle sobre as redondezas. Mesmo se não fosse soldados do exército, bandidos não ousariam mostrar a cara ali em plena luz do dia.

Samuel bateu no ombro de um jovem soldado ao seu lado —  Cliff — e apontou para a garota e disse:

— Sinta-se honrado, Cliff. Essa é sua primeira missão. Fazer a verificação de segurança naquela garota.

— Sim, senhor!

Cliff saudou elegantemente, então gritou para a garota num tom forte:

— Garota, você aí, alto!

— …

No entanto, a garota ignorou Cliff e continou andando pela estrada. Dada a distância, ela deve ter ouvido Cliff mas a garota ficou indiferente.

— Ei, Cliff. Seja mais gentil quando fala com uma garota. Sua mãe não te ensinou isso?

— É verdade. E se você assustar ela com seu tom grosseiro?

Vendo Cliff ser ignorado, os soldados ao redor começaram a provocá-lo. Irritado por seus companheiros, Cliff se aproximou por trás da garota e agarrou seu ombro.

— Eu disse “alto”, não me ouviu?!

— Eh? Está falando comigo?

A garota apontou para si mesma com os olhos arregalados. Ela não parecia estar mentindo e ficou verdadeiramente surpresa. Mas Cliff não achou isso. Guiado pela sua ansiedade, ele se aproximou de forma ameaçadora.

— Está brincando comigo? Vê mais alguma outra garota aqui?

— Eh, não consegue distinguir garotos de garotas? Eu consigo muito bem.

A garota então apontou para uma soldado mulher que também estava fazendo inspeções de bloqueio de entradas. O sujeito olhou para Cliff e para a garota surpreso e falou:

— Eh? Estão falando de mim?

Pensando que estava sendo feito de idiota, Cliff ficou vermelho de raiva e agarrou a garota pela gola.

— Como se atreve a zombar de um soldado imperial! Está querendo morrer? Essa área está o controle do Império, o exército insistente do Reino não vai te ajudar!

— Oh, então você é o sr. soldado imperial. Humanos de armadura parecem todos iguais, por isso não sei dizer. Seria ótimo se houver livros para diferenciar armaduras.

A garota disse com um rosto sério ao verificar a armadura de Cliff. Ela não demonstrou medo e seus olhos firmes e escuros mostraram isso claramente.

— Hahaha. Ora, ora, isso é interessante. Essa garota tem mesmo coragem.

Samuel ergueu a mão para conter Cliff que queria desembainhar sua espada. Mas Cliff manteve sua mão no cabo, seguindo com uma aura ameaçadora.

— Por favor, não me pare, capitão! Ela está obviamente zombando de nós. Me permita executá-la agora!

— Ei, não deixe isso te afetar. Eu nunca mato mulheres civis e também não vou te deixar fazer isso, muito menos com uma mulher interessante assim. Essa é a única regra séria na minha unidade e uma da qual me orgulho. Por isso lembre-se bem dela.

“Mas já estuprei inúmeras mulheres.”

Samuel pensou nas suas conquistas sexuais das aldeias enquanto a garota bocejava de tédio.

— Desculpe por lhe interromper mas a bainha da sua cintura parece muito valiosa, por isso me pergunto seu propósito na capital real. Esse lugar é cheio de “bestas famintas” e é muito perigoso. Quer que eu lhe acompanhe?

No momento que Samuel falou isso, os soldados riram de forma sombria. Até ignoraram os olhares frios das poucas soldadas que ficaram em seu caminho. Uma delas até imitou os movimentos de garra de um lobo e uivou, provocando ainda mais risos.

— Então é isso. Não preciso de escolta já que estou à caminho do Reino para me alistar como soldado. Então não se meta no meu caminho, beleza?

Por um instante, Samuel não entendeu o que a garota estava dizendo. Cliff ficou parado ali estático e os solados à sua volta ficaram perpexos. Samuel tinha certeza de que sua expressão não era diferente da deles.

A garota então disse:

— Ah, que cansativo.

E continuou a caminhar.

— Sua desgraçada!

Quando Cliff caiu em si, gritou e atacou a garota com sua espada.

Ao mesmo tempo, seu braço direito ainda segurando a espada voou no ar.

Era o ano 998 do Calendário Lunar.

O céu sem fim e os respingos de sangue se tornaram papel de fundo da estrada para Canaria.

— Huh?

Alguns soldados deixaram o espanto, caindo em si e se voltaram para Cliff com pescoços tão rígidos quanto engrenagens enferrujadas. Cliff olhou para o seu braço direito confuso e o seu rosto começou a se contorcer.

— Kyah!!

O sangue jorrava de seu braço direito cortado e o grito de Cliff ecoou pela estrada. Samuel olhou para a garota e uma espada negra estava na sua mão direita sem que ele percebesse. Ela pingava sangue.

O culpado por trás disso era claro como o dia.

— Isso dói! Dói demais!

Cliff que estava gritando de dor agarrou seu braço direito com a mão esquerda e se afastou da garota.

— Levanta…

A garota virou a espada negra na horizonal para o chão, então a lançou enquanto murmurava. A espada perfurou a armadura de Cliff sem piedade, como uma flecha atirada de um arco, apunhalando-o o peito. Uma névoa ameaçadora estava se espalhando dela.

— Ah! …Ah…

O corpo de Cliff teve espasmos e então desmaiou como um fantoche tendo suas cordas cortadas. A voz alegre da garota ecoou em voz alto pela silenciosa estrada para Canaria.

— Como eu disse, não se metam no meu caminho. Os humanos são mesmo agressivos. Talvez eu não tenha me expressado direito? A língua humana é complicada.

A garota falou algo inaldível, depois pisou na cabeça de Cliff para arrancar a espada dele. Ela tirou o sangue da espada a balançando lentamente e olhou para o homem com uma lança ao lado dela.

— Wargh!

O soldado que pegou o olhar da garota largou sua lança com um grito.

Os outros soldados pegaram suas armas em pânico. Por outro lado, a garota não se deixou levar e parou os ataques com o mínimo de movimentos. A sua saia curta, marrom avermelhada, flutuou no ar como se dançasse elegantemente.

Samuel mordeu a língua internamente. Mesmo um soldado veterano não tinha habilidades que conseguisse se igualar. Samuel estava em alerta máximo, não sabia quem era ela mas definitivamente não era apenas uma garota de aldeia.

— Hm. É minha vez, certo?

O movimento dos soldados se tornou monótono devida ao cansaço e a garota lhes arrancou as cabeças, esmagou seus rostos, arrancou seus membros e perfurou seus corações. Gritos, sangue e pedaços de carne voaram por todo lado. Aquilo foi um massacre desequilibrado possível apenas para os poderosos. Em pouco tempo os corpos e sangue cobriram os arredores e o cheiro de sangue adentrou o nariz de Samuel.

Os soldados que não se juntaram à luta largaram as armas e recuaram para longa da garota aterrorizante. Seus olhos estavam arregalados e cheios de horrir, como se estivessem olhando para um Deus da Morte.

O espírito de luta deles tinha sido esmagado. A garota coberta de sangue olhava para os soldados cheios de medo e mostrava um sorriso tão brilhante quanto o sol.

— Não! Monstro! É um monstro!

— N-Não brinque comigo! Não quero morrer aqui!!

— Mamãe, socorro!

Os soldados começaram a fugir com um grito.

Alguns deles rastejavam no chão como vermes.

Outros correram com os dentes rangendo alto.

E uns riam assustadoramente enquanto fugiam, havia todo tipo de gente.

Isso era desagradável para o honrado exército imperial. Mas Samuel não os culpava. Era natural que reagissem assim depois de testemunharem uma cena tão horrível.

A garota não perseguiu as tropas que fugiam, apenas os assistiu irem. Ela provavelmente queria poupar qualquer um que não apontasse uma arma para ela, Samuel pressupos.

— Erm, sr. capitão, não é? Você também pode fugir. Se não se meter no meu caminho, não terei que te matar.

A garota se virou de repente para Samuel, dando a ele a opção de fugir com os outros. Seus lábios manchados de sangue tinham uma estranha sensação de encanto.

— …Eu sei que não é uma mera camponêsa. Com isso em mente tenho uma pergunta para você.

— Sim, vá em frente.

— Onde aprendeu a usar uma espada e as técnicas de luta? Não é algo que possa ser dominado em uma idade tão jovem nem por uma mulher também.

— Eh, mesmo me perguntando, não posso fazer nada sobre isso. E fui ensinada por Z.

— …Z?

— Isso mesmo, Z. Sabe onde Z está?

A garota perguntou com um sorriso inocente. Sua expressão infantil fez que fosse difícil imaginar que essa garota acabou de massacrar aqueles soldados sem um pingo de misericórdia – mas ainda estava coberta de sangue.

— Sinto muito, não faço a menor ideia.

— É sério?

— Sim. Se ele é famoso então eu já deveria ter ouvido falar dele.

— Hm. Oh, não vai fugir? Não se preocupe, não vou te perseguir.

Samuel não era tão manso para seguir as instruções dela. Em resposta ao gesto da garota, ele negou com a cabeça.

— Huh? Não quer fugir?

— Hahaha, por que eu deveria fugir? Eu mesmo sou muito habilidoso.

— Sério? – Mas não consigo perceber.

Depois de um breve silêncio, a garota fez sua avaliação ousada. Samuel falou com um sorriso sinistro:

— Haha! Essa é a primeira vez que alguém me diz isso na vida. Quanto mais tempo eu ficar no campo de batalha, mais chance terei de combater monstros, que alegria.

— Está me chamando de monstro? Meu nome é Olivia, sabe.

Olivia colocou suas mãos na cintura e se apresentou orgulhosa.

— Entendo, vou me lembrar disso. Essa é a primeira vez que luto com uma mulher que não é do exército – Não, como meu adversário é um monstro, não estou quebrando minhas regras, certo…? Sim, é verdade.

Samuel murmurou para si mesmo enquanto lentamente tirava a espada das costas. A lâmina era extremamente fina, uma espada de dois gumes que era flexível e resistente ao mesmo tempo. A sua favorita que nunca tinha sido quebrada e que tinho o acompanhado por inúmeras batalhas infernais.

Ele lambeu a ponta da esada, respirou fundo e ficou em posição com a espada na horizontal mirando o chão. Olivia olhou para Samuel na sua frente com um sorriso. Ele se inclinou levemente, expirou e então correu para Olivia. Esse foi um golpe mortal que combinou a velocidade que parecia impossível para o seu enorme corpo com o seu enorme peso corporal.

“Violent Thrust”, um movimento temido por muitos. Samuel usou esse movimento para matar inúmeros inimigos. Seria o mesmo dessa vez e o monstro diante dele seria massacrado.

“O meu único alvo – é o coração!”

A ponta da espada cortou o ar e estava prestes a perfurar o coração de Olivia.

— Agora é meu!!

Confante de sua vitória, Samuel urrou. Mas no momento seguinte, o cenário diante dele parecia diferente do que ele esperava. Ele não viu Olivia cair com sangue saindo da sua boca, tendo seu coração perfurado. Ao invés disso, ele viu uma imagem estranha do seu próprio corpo a partir de um ângulo incrivelmente baixo.

Quando a consciência de Samuel se foi, ele ouviu alguém dizer de forma confusa: “Ele roubou alguma coisa”?

II

Exército Imperial, Campo Principal do teatro de guerra do Reino Farnesse, Castelo Kaspar

Capitão Samuel foi morto em combate.

O relatório urgente enviado pelos soldados que vigiavam a estrada para Canaria provocou um alvoroço no castelo Kaspar naquela noite. A fogueira no portão principal estava queimando mais intensamente que o normal e todas as patrulhas tinham os rostos tensos. O portão lateral estava aberto e os corpos dos soldados mortos eram trazidos para o castelo.

— É verdade que o Capitão Samuel morreu em batalha?

O General Osborne que estava nos seus cinquenta anos perguntou num tom confuso. Ele ocupava uma posição de alta autoridade dentro do Império Arsbelt e era o comandante-chefe do teatro de guerra sudeste. Ele era um general famoso por ser hábil tanto no ataque quanto na defesa.

O Oficial Não Comissionado (ONC) ergueu a cabeça e respondeu:

— Sim, Vossa Excelência. Os guardas da cidade de Canaria foram ao lugar com urgência para verificar e encontraram o corpo sem cabeça do Capitão Samuel. Havia mais de dez corpos num estado parecido. Estamos recuperando os corpos nesse exato momento.

— Corpo sem cabeça? …Provavelmente foram levados para receber uma recompensa. É natural já que a fama do Capitão Samuel se espalhou pelo exército real.

— Perdoe minha insolência, mas isso não foi obra do exército real.

Quando ouviu isso, Osborne franziu o cenho.

— Não foi o exército real? Então quem matou o Capitão Samuel? Não me diga que foram bandidos.

— Bom… Erm…

O ONC de repente gaguejou. Ao vê-lo assim, um homem com olhos frios e cabelo penteado para trás insentivou o soldado a continuar com um gesto de seu queixo. Ele era o estrategista do general, coronel Paris.

— D-De acordo com os sobrevivente, o Capitão Samuel foi morto por uma garota monstruosa com uma espada negra num só golpe.

— Uma garota monstruosa matou ele?

Paris não pôde deixar de perguntar.

— Sim, senhor. E essa garota monstruosa supostamente estara a caminho da capital para se alistar ao exército real.

O relatório absurdo do ONC foi ignorado por Paris com uma risada. As histórias inventadas por trovadores soavam mais plausíveis. Paris era da divisão de inteligência e nunca reconheceria tão facilmente o relatório absurdo sobre uma garota monstruosa. Ele julgou que a informação devia ter se perdido em algum lugar ao longo do caminho.

— Chega de bobagens – Não importa, vou perguntar diretamente aos soldados envolvidos, traga eles para dentro.

O NCO tremeu quando ouviu isso e negou com a cabeça fracamente:

— Infelizmente, os sobreviventes estão todos mentalmente frágeis e não conseguiriam conversar adequadamente. Depois de ver o estado em que se encontravam, houve rumores entre os homens de que um monstro tinha se aliado ao Reino.

— Oh, chegou nesse ponto… Então os relatórios são verdadeiros?

Osborne falou ao pôr os olhos em Paris.

— Meu senhor, por que acredita nessa tolice? Além disso –

— Paris, é perda de tempo dizer mais alguma coisa.

Osborne levantou a mão esquerda para cortar Paris. Paris queria falar muito mais, mas era como Osborne disse, já que os soldados tinham perdido o controle de suas emoções, não era possível reunir mais informações. Continuar seria perda de tempo e eles não podiam desperdiçar isso.

— Sim, senhor, me perdoe por ter perdido a calma.

— Tudo bem – Eu entendo a situação. Obrigado pelo seu trabalho árduo, está dispensado.

— Perdoe minha intromissão, posso ter um momento?

Osborne estava prestes a dispensar o ONC quando um homem viu uma oportunidade de interferir. Ele usava manto que parecia ter sido tingido pela escuridão da noite e um capuz que cobria sua cabeça. Em outras palavras, ele parecia incrivelmente suspeito. Estava apenas no fim dos seus trintas anos mas tinha aparência de alguém na casa dos sessenta. Seu rosto sob o capuz era estranhamente fino mas seus olhos eram brilhantes.

Ele era o Chanceler Dalmes, que estava aqui em missão de inspeção em nome do Imperador.

Paris ouviu que Dalmes costumava fazer parte da Divisão de Análise, que era uma carreira sem saída, Porém ele subiu nos postos com uma velocidade incrível nos últimos anos. No próspero Império Arsbelt, que havia crescido em grandes dimensões, ele ocupou o cargo de chanceler, ficando atrás apenas do Imperador.

A visão popular era de que i Imperador confiava em Dalmes profundamente, e sua patente como Chanceler era inabalável. Havia rumores até de que o conselho de Dalmes era a razão por trás da declaração do Imperador de conquistar o continente inteiro. Dalmes raramente fala e por isso foi chamado de o Chanceler Silencioso.

— …Lorde Chanceler, tem algo te incomodando?

Osborne perguntou. Dalmes deu de ombros com um sorriso suspeito.

— Não, não, não é nada demais. Só estou curioso sobre a espada negra que foi mencionada… Sobre essa espada, pode descrevê-la com mais detalhes?

Dalmes perguntou ao ONC. Surpreso com a pergunta repentina, os olhos do ONC começaram hesitar.

— Relaxa, só explique o que sabe.

Dalmes falou num tom tranquilizante. Sob a luz das velas da sala, o suor frio do ONC estava evidente e notável. Não tinha como evitar que estivesse tão nervoso já que era raro o Chanceler fazer uma pergunta diretamente à um ONC. No entanto, a demora do ONC em responder acabou com a paciência de Paris.

— Quanto tempo quer fazer o Lorde Chanceler esperar? Anda e responda!

— Não, não, senhor. E-Eu não sei! Apenas sei que a espada é preta!

O ONC finalmente respondeu e Dalmes sorriu quando ouviu isso.

— Entendo. Compreendo agora, pode sair.

— Sim, senhor! C-Com licença!

O ONC cumprimentou e saiu da sala rapidamente. Dalmes usou essa oportunidade para se levantar da sua cadeira.

— Então vou me retirar. Por favor, não hesite em me contatar se precisarem de alguma coisa.

— Está ficando tarde, obrigado por nos honrar com sua visito.

— Muito gentil.

Paris abaixou sua cabeça e Dalmes acenou suavemente com a mão. Ele então alisou as dobras de seu manto e saiu da sala calmamente. Por alguma razão, Osborne assistiu Dalmes sair da sala com o rosto pálido.

— Vossa Excelência, qual o problema? Você não parece bem.

— …

— Vossa Excelência!

Paris estendeu a mão e sacudiu o ombro de Osborne, finalmente ganhando sua atenção.

— Você voltou. O que aconteceu?

— N-Não, não é nada, não se preocupe comigo.

Osborne respondeu com um sorriso forçado.

— Entendo. Muito bem… Oh, sobre esse monstro — essa garota, se for verdade, os espiões que eu enviei vão definitivamente nos informar sobre ela.

— Erm, s-sim. Temos que reforçar a segurança do castelo por agora.

— É claro. Tenho que tratar de assuntos em relação ao Capitão Samuel, por favor, me dê licença.

Quando os passos de Paris se distanciaram, Osborne descansou a cabeça sobre a mesa. Ele sentiu um calafrio na espinha e seu coração estava acelerado.

Pegou um charuto com as mãos trêmulas e o acendeu depois de várias tentativas. Depois de dar uma profunda tragada, Osborne pensou na cena que viu há pouco.

Aquela cena digna de pesadelo.

“Paris pareceu não perceber… O que foi isso? A sombra do Chanceler Dalmes estava se contorcendo como se tivesse vida…”

III

Olivio, que acabou com os soldados imperiais na estrada para Canaria, caminhou pela estrada em direção à capital saltitante. As pessoas que passavam por ela de vez em quando ofegavam de surpresa. Era natural que reagissem assim já que Olivia estava coberta de sangue. Normalmente as pessoas perguntariam à garota o que tinha acontecid com ela. Alguns pedestres pensaram em perguntá-la.

Mas no fim ninguém falou com Olivia. Desviaram seus seu olhares para evitar qualquer problema e calmamente abriram caminho para ela. A razão era simples. Todos viram a espada ensanguentada na cintura de Olivia.

Mas havia outra razão.

— Que demora até chegar na capital.

Olivia estava alheia aos olhares dos outros viajantes e olhou para a outra ponta da corda em seu ombro – que levava um grande saco fedido. O fundo do saco agora estava vermelho escuro.

“Hm. Não está pesado mas isso é um incômodo.”

Ela pensou em jogos o saco fedido fora. Se jogasse na grama, as bestas selvagens iriam pegá-lo com prazer. Sem nenhum saco, Olivia poderia usar Fleet Footed Rush. Custou caro para o seu corpo usá-lo, então não podia usar mais, mas isso permitiria que Olivia chegasse mais rápido à capital.

Contudo Olivia imediatamente discartou isso e balançou a cabeça. “Não posso.” Ela se lembrou dos ensinamentos de Z.

— Se lembra que há muito tempo eu te disse que humanos são uma raça agressiva e cruel?

— Sim, lembro.

— Muito bem. Um exemplo seria a tendência dos humanos de caçar as cabeças de seus inimigos.

— Por quê? Cabeças humanas têm gosto bom?

— Não. A menos que não tenha outra escolha, os humanos não vão cometer canibalismo com a sua própria espécie.

— Entendi. Então por que fazem isso?

— Uma das razões é para provar o seu “feito marcial”.

— “Feito marcial”…? Não entendi.

— Bom… Simplificando, é um jeito de mostrar sua força.

— …Os humanos caçam as cabeças da sua própria espécie por uma razão tão idiota.

— Não é mesmo? Não são cruéis?

— Hm. Que outras razões poderia haver?

— Se eles cortarem a cabeça do inimigo, seus aliados vão ficar felizes. Dependendo da situação, pode haver recompensas.

— Recompensas? Tipo comida deliciosa? Ou talvez livros?

— Quanto a isso não tenho muita certeza…

Humanos gostam de receber as cabeças de seus inimigos. Z me disso isso. Nesse sentido, ser atacada pelos soldados imperiais foi um golpe de sorte. Não gosto de cabeças humanas mas o povo do Reino definitivamente vai ficar feliz se eu dar essas cabeças a eles. Então vão me deixar entrar para o exército.

A alegre Olivia fechou a mão num punho com um sorriso e começou a puxar a corda pelos ombros enquanto caminhava com a determinação renovada.

Depois de percorrer a estrada de Canaria, ela chegou a uma planície verde no topo de um monte. Não havia sinal de humanos nas aproximidades e no lugar onde estava haviam pequenas criaturas olhando para ela dos arbustos. Provavelmente foram atraídos pelo fedor de sangue. Todo fugiram com uma olhada de Olivia.

“Correram. Não estou com fome ou pensando em comer eles…”

Olivia pensando enquanto seguia com passos leves. Depois de passar por um campo de flores, ela caminhou por uma suave descida e chegou na marge de um amplo rio. Após encher seu cantil, Olivia seguiu o rio abaixo e viu um enorme forte. Tinha várias paredes e era uma fortaleza firme.

— Wow! Que grande!

Olivia achava que era muito maior do que o Portal para o Submundo. No topo do forte havia uma enorme bandeira  vermelha balançando com o vento. Olivia olhou cuidadosamente e viu um leão dourado e um prateado suportando uma prata de ambos os lados.

— Taça de prata, leão dourado e leão prateado…

Olivia sentiu que o brasão era familiar e pensou nisso.

— Hm… Entendi! Esse é o estandarte do Reino! Então esse é um forte do exército real, huh…

Satisfeita com sua memória, Olivia olhou para seu saco fedido. Ela conseguirar ter um fedor podre.

O que eu faço? Vou durar até chegar na capital?

Olivia lançou um olhar em direção ao forte, então cruzou os braços pensando profundamente.

— Está bom, já decidi! Antes de ir para a capital vou dar isso para o forte  como uma lembrancinha. Eles não vão poder dizer que essas são as cabeças dos soldados imperiais se aprodecerem.

Olivia concordou consigo mesma e começou a caminhar em direção ao forte com bom humor. O sol estava no seu auge e nesse ritmo ela deveria chegar antes do anoitecer.

IV

Exército Real, Acampamento Base do teatro de guerra sudeste, Forte Gallia.

Depois da queda do Forte Kiel no teatro de guerra central, uma grande quantidade de dinheiro foi investido urgentemente na expansão do Forte Gallia. Era capaz de guarnecer cem mil soldados e ser o maior forte do Reino.

Dentro do escritório do comandante do Forte Gallia estava o tenente-general Paul, um homem na casa dos 60 anos. Ele estava sentado numa mesa feita de ébano e era o comandante do sétimo exército e seus 40.000 soldados.

Paul se apoiu com força na sua cadeira de couro enquanto ouvia o relatório de seu adjunto.

— Um relatório urgente veio da capital essa manhã. Sua Majestade tinha decidido enviar o primeiro exército guarnecido na capital para recuperar o Forte Kiel.

— Se Sua Majestade tivesse tomado essa decisão inteligente um ano mais cedo, a guerra teria sido diferente. Agora que o Império nos cercou completamente não havia nenhum valor estratégico em fazer esse movimento. E mesmo se enviassem a elite do exército real, o primeiro exército, a chance de sucesso é pequena…

Paul suspirou, tirou um charuto do bolso do peito e o acendeu. Agora ele era um item de luxo que até oficiais de alta patente tinham dificuldade em conseguir. Paul pegou outro e colocou sobre sua mesa mas seu adjunto recusou com uma aceno suave.

Seu ajudando, o tenente coronel Otto, era como um amigo para Paul, tendo trabalhado com ele por 20 anos. Ele era talentoso mas sua personalidade era muito séria.

— A vontade da Sua Majestade não é algo que um mero mortal como eu possa decifrar. Por falar nisso, Sua Majestade em uma mensagem para Vossa Excelência.

— Uma mensagem, huh… Vamos ouví-la.

— Sim, senhor. O tenente general Paul vai guarnecer o forte e defendê-lo até o fim. Fim da mensagem.

— Não fique tão triste. Se o Forte Gallia cair, será o fim do Reino. Sua Majestade também entende isso e teve que deixar claro.

Paul confortou Otto que parecia incomodado. Otto limpou a gargante e respondeu:

— Independente do que aconteça,o nosso dever é defender esse forte. Fora isso, Sua Excelência, você conhece um homem chamado Samuel do exército imperial?

— Samuel? Hm, me soa familiar… Certo, eu lembro agora. Ele é o homem que matou o major general do quinto exército.

Com apenas 27 anos, o major general era uma estrela em ascensão conhecida pela sua perspicácia e bravura em combate.

No entanto ele foi derrotado por Samuel e morreu na intensa Batalha de Arschmitz. Seu corpo foi crucificado e deixado para aprodecer sob o Forte Kiel por três dias e três noites.

Dias depois, o quinto exército, liderado pelo tenenete general Belma, foi dizimado em batalha.

— É isso mesmo. Esse Samuel morreu em batalha recentemente.

— Oh! Uma façanha de um guerreiro corajoso do nosso exército? De que unidade é esse guerreiro?

— Bom, na verdade…

A essa altura, os olhos de Otto começaram a vacilar.

— Você mesmo levantou esse assunto, então por que está hesitando? Está tudo bem, só fale o que está pensando.

— Minhas desculpas. A verdade é que Samuel não foi morto por nossos soldados mas sim por uma garota viajante.

— Acho que estou ouvindo coisas por causa da minha idade. Pode repetir isso por favor?

Paul prestou atenção e o inabalável Otto repetiu.

— Samuel foi morto por uma garota que estava viajando.

— Entendo. Então Otto também pode fazer piadas. Nunca se sabe quando uma tempestade vai se formar.

Paul olhou pelas janelas e nuvens escuras tinham coberto o céu que ainda estava claro momentos antes. Mas ele não parecia estar se referindo ao tempo.

— Vossa Excelência, infelizmente isso não era uma piada. Dias atrás essa garota nos trouxe a cabeça de mais de dez soldados imperias, incluindo a de Samuel.

Alguns dias antes.

Otto estava trabalhando em seu escritório quando os guardas na porta entregaram um relatório urgente, dizendo que uma garota havia trazido a cabeça de um grande npumero de soldados imperiais. Era uma garota coberta de sangue. Nos seus pés estava um saco ensanguentado.

Ele verificou o conteúdo e o encontrou cheio de cabeças usando capacetes do Império. Perguntou à garota o que aconteceu e ela respondeu que foi atacada por soldados imperiais quando passou pela estrada de Canaria então matou eles. Isso foi chocante mas uma surpresa maior o esperava.

Depois de checar as cabeças, Otto encontrou a pertencendo a Samuel.

— É realmente a cabeça de Samuel?

— Não há dúvidas de que pertence ao Samuel do “Violent Thrust”.

— …Isso é inacreditável.

Se fosse um garoto em vez de uma garota, ele ainda poderia acreditar nisso. Afinal os heróis eram homens que demonstravam proezas extraordinárias de batalha desde jovens.

Paul tragou profundamente seu charuto e soltou a fumaça lentamente.

— Eu não teria acreditado se não tivesse visto com meus próprios olhos.

— Então qual é o objetivo dela em trazer essas coisas para o forte? Quer a recompensa?

Isso era um objetivo razoável. Ninguém odeia dinheiro. Depois de Paul ter feito essa pergunta com isso em mente, Otto negou com a cabeça.

— Não. Ela quer usar esse feito para se tornar um soldado da capital. Ela encontrou esse forte no seu caminho até lá, então decidiu nos dar as cabeças antes que apodreçam.

— Haha, que ousadia. E ela quer se juntas a nós nessas circunstâncias, isso é incompreensível… Você tem chamado ela de garota, quantos anos ela tem?

— Quando perguntei a ela, disse que tinha 15.

A resposta inesperada quase fez Paul deixar o charuto cair. Essa era a idade da sua neta. Do ponto de vista mundial, ela mal era adulta. Para Paul ela era apenas uma criança.

Paul olhou para Otto sem acreditar, mas Otto apenas negou com a cabeça calmamente, pois a resposta seria a mesma independente de quantas vezes o perguntassem.

— Hah… Então onde a garota está agora?

— Ela deve estar confusa. A propósito, considerando o mérito dela em apresentar a cabeça dos inimigos quando se alistou, lhe dei a posição de subtenente.

O charuto caiu de verdade dessa vez.

Paul ignorou o charuto e olhou para Otto, mas ele não estava intimidado. Isso foi demais, então Paul o advertiur diretamente:

— Adjunto Otto. Não importa o quanto estamos com falta de pessoal, você foi longe demais.

— É sério?

Mesmo assim, o rosto de Otto permaneceu indiferente. Era por isso que os homens o chamavam de máscara de ferro.

— Pois é. Matar Samuel é um grande feito, se ela fosse um soldado receberia a medalha de “Leão Prateado”. Mas infelizmente ela não estava alistada no momento. Porém alistar uma garota que não atingiu a idade mínima… Isso é ruim não só como um soldado mas também como uma pessoa normal.

— Me perdoe Vossa Excelência mas não podemos poupar esforços com essas banalidades. Seja uma garota ou uma velha, se ela poder matar soldados imperiais, farei pleno uso dela. Entendo as suas preocupações – Se não precisar de mais nada, tenho assuntos a tratar então vou me retirar.

Otto saudou  elegantemente, então saiu do escritório do comandante. Poul pegou seu charuto que tinha deixado cair e o colocou de volta em seus lábios lentamente.

Como Otto disse,  não podemos facilitar as coisas. Mas mandar uma garota para a guerra só por causa dos seus feitos marciais, isso é inadequadro para um adulto… Que descarado.

Paul suspirou profundamente e a fumaça que soltou ficou parado no ar.

Exército Real, Refeitório do Forte Gallia

Num canto da desordem onde um grande número de soldados tinha se reunido, um jovem continuava a suspirar.

Seu nome era Ashton Senefelder. Ele estava estudando em uma das melhores escolas do Reino e tinha ótimos resultados acadêmicas. Ele foi dispensado do recrutamento porque seu futuro era brilhante. Infelizmente, com a situação do Reino se agravando, sua dispensa foi revogada e ele recrutado para o exército no teatro de guerra sudeste.

Ele suspirou.

Ashton estava em desespero. Ele nunca tinha usado uma espada corretamente antes, então para ele o Forte Gallia era um bilhete direto para a sua cova. Sua morte era quase certa agora. O jovem estava confiante de que morreria no campo de batalha, independente do tipo de treino pelo qual iria passar.

Antes que Ashton percebesse, uma garota tinha se sentado ao seu lado e começado a comer um pão. Seu rosto era bem proporcional e seus olhos estavam hipnotizados. Aquela era a primeira vez que Ashton viu uma garota que literalmente pensava não ser desse mundo.

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Depois de terminar seu pão, ela olhou para sua bandeja com olhos ressentidos. Por outro lado, a bandeja de Ashton ainda estava intacta.

“Parece que ela não comeu o suficiente para estar satisfeita. Eu deveria dar meu pão… Não, não tenho nenhum motivo aparente…”

Enquanto Ashton procurava por uma desculpa para si mesmo, ele cruzou com os olhos da garota.

— …

— Hm?

— E-Ei, quer o meu pão? N-Não tenho nenhum objetivo oculto, só pensei que você ainda não estava cheia. Eu ainda não toque no meu pão, por isso não se preocupe.

— Posso? Muito obrigada. Você é um humano bom!

“Uwah – Eu falei. Huh? Humano bom?”

A escolha de palavras da garota lhe pareceu estranha mas Ashton ainda ofereceu seu pão à garota. Ela estava toda sorridente quando pegou o pão e o colocou na boca.

— Namuh, gnirefforuoy htiwdesaelpmaI.

— …Está dizendo que acha o pão gostoso?

A garota concordou com uma expressão que dizia que Ashton estava certo. Ele se sentiu confuso com a reação dela. Comparado com o pão da capital, esse era duro e seco. Estava longe de ser chamado de gostoso. Mesmo o comparando com o pão fora da capital, a qualidade era realmente inferior.

— Pode ser rude dizer isso para alguém que acha esse gosto bom mas o pão daqui não é assim tão gostoso, sabe?

— Huh!? É sério?

A garoto o olhou muito surpresa.

Ashton sentiu um sentimento de superioridade.

— É verdade, o pão da capital tem um gosto muito melhor. É crocante por fora e macio por dentro, uma verdadeira delícia. Mas por causa do problema no fornecimento de comida, não é fácil conseguir um pão gostoso.

— Ah, entendo. Essa é minha primeira vez comendo pão e já o achei com um sabor incrível. Os livros mencionavam pão várias vezes então sempre quis experimentar.

A garota falou enquanto olhava para o meio pedaço de pão em seua mão. Quando ouviu isso, Ashton cuspiu a sopa de sua boca. A soldada olhou para ele como se estivesse olhando para um lixo ambulante. Ashton pediu desculpas mas sua mente só tinha as palavras que a garota acabou de falar.

Como era possível alguém nunca ter comido pão? Por mais remoto que fosse o lugar onde ela viveu, deveria ter pão sendo vendido lá.

Ela deve estar brincando.

Com isso em mente, Ashton esperou a garota continuar. Mas ao contrario do que esperava, a garota se concentrou em comer seu pão e não mostrou sinal de querer falar mais. Ela terminou seu pão num instante.

“Fala sério…”

Ashton olhou para a garota como se estivesse tentando olhar para um buraco dentro nela. E com isso ele percebeu que a garota estava falando a verdade.

— …Então essa é a sua primeira vez comendo pão. De onde você veio?

— Oh. Eu vim de um santuário chamado Portal do Submundo, no meio de uma floresta. Vivi lá todo esse tempo, já ouviu falar de lá antes?

A garota olhou diretamente para os olhos de Ashton. O coração de Ashton começou a acelerar e ficou preocupado que a garota pudesse ouvir o bater do seu coração enquanto começava a vasculhar suas memórias. Apesar da sua aparência, Ashton era lido bem fácil. Ele repetiu o nome Portal do Submindo mentalmente mas não conseguiu encontrar nenhuma memória relevante.

— Desculpa, nunca ouvi falar disso.

— Entendo. Bom, isso é natural já que realmente não sei nada sobre lá mesmo tendo vivido lá.

A garota riu alto, se levantou da cadeira e pegou sua bandeja vazia.

— Obrigada pela refeição. Pode me dizer seu nome?

— Oh, s-sou Ashton.

Ashton respondeu formalmente quando de repente perguntaram seu nome.

— Ashton então. Eu sou Olivia, vamos nos encontrar de novo se houver oportunidade.

Com isso, Olivia se virou e foi embora depois de um aceno. Ashton olhou para os cabelos prateados dela que chegavam até a cintura e pensou que Olivia era inesperadamente alta. Nesse momento, alguém puxou a cadeira ao seu lado e deu um tapa forte no ombro dele. Ashton se virou e viu um homem de cabelo loiro desarrumado. Ele era Maurice, que chegou no forte ao mesmo tempo que Ashton.

Quando conversaram há alguns dias, ele parecia estar numa situação semelhante à de Ashton, tendo suas dispensas cancelada e sendo enviados para esse “cemitério”. E assim como Ashton, ele era terrível com a espada. Os dois eram frequentemente advertidos pelos seus superiores durante o treino.

— Ei, Ashton, você sabe quem é aquela garota?

Maurice perguntou com um sorriso malicioso enquanto apontava para a garota.

— Do que está falando assim do nada. Você a conhece, Maurice?

Ashton perguntou de volta e Maurice formou um rosto que dizia “Pensei que nunca perguntaria”. Ele falou baixo, cuidado para não deixar os outros o ouvirem:

— Isso é confidencial, então se isso se espalhar – já ouviu o rumor da pessoa que se alistou ao exército com um saco cheio de cabeças de soldados imperiais?

– Então é isso quer quer dizer. Isso não é apenas um rumor?

“O que quer dizer com confidencial?”, Ashton zombou quando ouviu isso. Afinal, se um soldado como Mauricia sabia, então não poderia ser confidencial, certo? Ashton voltar a falar mentalmente.

— Não, não, não, não é um rumor, é verdade. E quanto ao assunto principal –

Maurice deu uma pausa e sorriu maliciosamente para Ashton. Ashton estava cansado das atitutes dele e perdeu a paciência.

— Se não quer falar então estou indo.

Ashton se levantou depois de dizer isso e Maurice puxou os braços dele loucamente para fazer ele sentar.

— Eu sei, eu sei. Não fica zangado. A garota com quem estava falando é a lendária recruta dos caçadora de cabeças – Subtenente Olivia.

— Eh!? Aquela garota… Não, essa moça é uma subtenente?

Maurice ficou chocado com a reação de Ashton.

— A razão pela qual está surpresa deveria ser outra. Normalmente… Não importa. De fato é uma exceção extremamente raro para alguém que acabou de ser recrutada para a patente de subtenente.

— Não está brincando?

— O que ganharia mentindo para você? Em vez disso vocês dois parecem estar se divertindo conversando, me fala sobre o que foi essa conversa.

Maurice então colocou um braço ao redor dos ombros de Ashton de forma intimidante. Ashton empurrou o braço para o lado e pensou que a conversa deles normalmente não duraria tanto tempo. Parecia que Maurice estava bastante interessado na subtenente Olivia.

“Bom, é normal ficar atráido pela aparência dela.”

Ashton suspirou e falou exasperadamente:

— Não sei o que pretende, Maurice, mas não falamos de nada em especial. Ela só falou que essa era a primeira vez dela comendo pão e que costumava viver num santuário. Só isso.

— Ela viveu num santuário? Poderia ser a Igreja de Saint Illuminas… Ela é uma “feiticeira”!?

A expressão alegre de Maurice sumiu e ele começou a pressionar Ashton a responder com um rosto surpreso.

A Igreja de Saint Illuminas era uma religião popular que adorava a Deusa Cítrica, tinha muitos seguidores devotos no continente. Diziam que os devotos que viviem em seus santuários eram chamados de “feiticeiros” e eral seriamente respeitados. Isso era porque eles podiam usar “feitiçaria”, uma habilidade que tinha sido perdado desde os tempos antigos.

De acordo com a “Bíblia Branca” publicada pela Igreja de St. Illuminas, a Deusa Cítrica criou o continente de Dubedirica através da poderosa feitiçaria.

“Rídiculo. Isso é apenas um conto de fadas, não tem como feitiçaria existir. É tudo forjado pela Igreja para os promover. Estou surpreso que Maurice acreditasse em algo tão duvidosso.”

Preocupado com o olhar afiado de Maurice, Ashton continuou:

— Não, o santuárioa que ela estava se chama o Portal do Submundo. Essa é a primeira vez que ouvi, por isso provavelmente não está relacionado com a Igreja.

— É sério?

— Bom, mesmo se me perguntar… Não consigo encontrar isso nas minhas memórias, por acho que não está relacionado.

— …Hm, ela não tem ligação com a Igreja, huh. Bom, acho que é isso.

Maurice se despediu e então saiu do Refeitório em passos rápidos. Parecia desinteressado na conversa depois de saber que Olivia não estava relacionada com a Igreja.

“Maurice é um seguidor da Igreja…? Bom, tanto faz.”

Ashton surpirou fundo e se forçou a terminar sua sopa.

Exército Real, Campo de Treinamente do Forte Gallia

A lua prateada tinha se escondido como se tivesse vestido roupas escuras e a chuva forte batia no chão como se estivesse liberando sua fúria. Nesse dia chuvoso, um homem foi num canto da muralha da cidade em passos leves. Ele estava vestindo roupas escuras, se misturando dentro da escuridão. Até seu rosto estava coberto por uma máscara negra.

Ele era o segundo tenente Zenon da divisão de inteligência do exército imperial, “Miragem”.

Ele habilidosamente evitou a visão dos soldados e se apoiou perto de uma árvore ao lado do campo de treinamento. Um breve momento depois, um homem com um longo manto apareceu da sombra da árvore.

— Segundo tenente Zenon. Já faz um tempo.

O homem falou com um sorriso.

Ele era um espião imperial que tinha se infiltrado no Forte Gallia – Sargento-mor Maurice.

— Já chega de cumprimentos. Relatório.

— Sim, senhor, o exército real não fez nenhum movimento significativo. Parecem satisfeitos com a defesa desse forte.

— Tem os números do forte?

— Sim, tem cerca de 40.000 homens guarnecidos aqui.

Zenom assentiu com satisfação.

— Muito bem. Mais alguma coisa para reportar.

— …Tem algo que chamou minha atenção.

O tom de Maurice se tornou sombrio.

— Continue.

— Uma garota se juntou ao exército daqui depois de trazer as cabeças de vários soldados imperiais.

Zenon ficou chocado e permaneceu sem palavras por um tempo. Ele nunca pensou que a garota dos rumores estava no Forte Gallia e sentiu vontade de bater em si mesmo pela mente superficial.

Era tão óbvio se ele parasse para pensar nisso. Como a garota se dirigia para a capital, o caminho mais curto iria levá-la diretametne para o Forte Gallia. Não era surpresa que ela tivesse parado ali. Ou melhor, ele devia ter pensado nisso primeiro. Isso foi um grave descuido.

— …Ela tem cabelo prateado?

— Tem sim… Então conhece ela?

Não havia qualquer dúvida agora. Zenon suspirou e concordou com a cabeça.

— Sim, ela matou o Capitão Samuel afinal de contas. Provocou um grande tumulto no castelo Kaspar.

— Ela matou aquele “Violent Thrust”!? Como isso é possível!?

Era a vez de Maurice ficar surpreso. Zenon rapidamento chechou os seus arredores.

— A chuva está barulhenta mas isso ainda é terreno inimigo, abaixe o tom. No início, também pensei que tinha ouvido errado. Mas infelizmente essa é a verdade.

— Peço desculpas. Agora posso entender porque que ela foi nomeada para a patente de subtenente. Mas para essa garota matar o Capitão Samuel… Como pode!?

Maurice arregalou seus olhos e parecia pensar profundamente. Zenon não podia se dar ao luxo de ficar em terreno inimigo  e pressionou Maurice a falar com um estalar de língua:

— O que foi? Se tem uma informação então me conte!

— Ah, sim, senhor. Eu ouvi que a garota costumava viver em um santuário e suspeito que ela possa ser uma feiticeira.

— Feiticeira…!? Se isso é verdade então as coisas vão ficar complicadas.

— Lutar contra um feiticeiro seria um assunto cansativo.

Os dois ficaram em silêncio nesse momento. Uma voz tão clara quanto um sino interveio em meio ao barulho da chuva.

— Eh. Mas não sou uma feiticeira.

— O quê!?

A voz repentinda fez Zenon e Maurice saltarem para os lados. Eles desembainharam suas espadas e se viraram encontrando uma garota encharcada pela chuva.

— Quem é você!?

Maurice gritou.

— Ei, a chuva está tão forte, o que estão fazendo aqui? Treino noturno? Vocês vão pegar um respriado, sabem disso, né?

A garota balançou seu cabelo prateado molhado e abriu um sorriso encantador.

— A garota de cabelos prateados…

— É ela.

Maurice falou brevemente.

— Como pensei.

Zenon pegou com rapidez uma adaga e atirou no rosto da garota. A adaga foi feita sob medida para ser atirada e tinha sido pintada de preto para se misturar com o escuro.

Os olhos de pessoas normais não seriam capazes de achar aquela adaga.

Se mistura ao escuro e se torna difícil de medir a distância.

Mas a garota se esquivou facilmente com um balançar de sua cabeça. Zenon continou atirando adagas no seu peito, braços e pernas, mas nenhum deles chegou ao seu alvo. As adagas todas desapareciam na escuridão, como se ele tivesse jogado uma ilusão.

“Oh, ela desviou das minhas adagas… Interessante. Como esperado da pessoa que matou o Capitão Samuel.”

Zenom lambeu os lábios e se aproximou rapidamente da garota. Ela não se mexeu nem desembainhou sua espada, apenas olhou para ele com um sorriso.

Esse era o orgulho de alguém que tinha confiança absoluta na sua capacidade.

Quando ele pensou demais, Zenon sentiu um arrepio repentino na sua espinha. Uma sensação que nunca tinha sentido antes se espalhou pelo seu corpo. Era diferente de inteção de matar e algo mais horripilante. Se ele tivesse que descrever isso com uma palavra, seria a sensação de “morte”.

“Essa sensação ruim! Tenho que me afastar e ver o que meu adversário faz.”

Zenon firmemente acredita nos seus instintos. Ele entendeu que isso poderia ser a diferença entra a vida e a morte. E a verda era que o instinto de Zenon já tinha o ajudado a escapar da morte cerca de várias vezes. No entanto ele estava muito próximo da garota e poderia ser muito perigoso fazer movimentos evasivos agora. E do jeito que a garota se esquivou das adagas, o seu contra-ataque pode se provar fatal.

A mente de Zenon começou a trabalhar em alta velocidade.

“Eu deveria atacar com a intenção de morrer.”

“Ou deveria fugir com o risco de morte.”

Uma dessas duas escolhas.

Zenon tomou sua decisão num instante e aumentou a velocidade de seu impulso. Quando sua espada entrou no alcance de ataque, Zenon intencionalmente deixou a arma cair em sua mão direita.

— Eh!?

A garota gritou e olhou incrédula para a arma abandonada de Zenon, incapaz de dizer o objetivo dessa jogada.

“Enganei ela!”

Vendo que seu esquema funcionou, Zenon surpreendentemente começou a agradecer à Deusa Cítrica em sua mente. Se houvesse um espelho mostrando seu rosto, Zenon definitivamente veria seu próprio sorriso maldoso. Ele então puxou o mecanismo em sua cintura e o “clique” que se seguiu foi como música para os seus ouvidos. Uma lâmina escondida surgiu da manga esquerda de Zenon e ele a jogou na garganta da garota. O ataque no ponto cego dela foi um plano brilhante, no entanto…

— C-Como isso… é possível…

O que ele viu a seguir mergulhou Zenon no desespero. A garota virou o seu corpo para esquivar do ataque e usou seu impulso para pegar sua espada. O seu movimento cortou osso e tendão, e o som que fez, ecoou na mente de Zenon. Ele sentiu que estava em outro mundo e a visão de Zenon ficou escura.

— Hmp, essa foi uma ideia interessante. Porém Z me ensinou muitas coisas. Infelizmente, você é muito lento. Precisa trabalhar na sua velocicade.

Olivia embainhou sua espada e falou com Zenon que foi dividido no meio na cintura. E é claro, Zenon nunca conseguiria responder. Essa cena assustadora fez Maurice tremer. Não era por causa do frio da chuva mas sim por puro medo da garota.

— …Eu gosto de verdade de dias de chuva.

Olivia olhou para o céu e disse algo do nada. Maurice se afastou em passos trêmulos e perguntou:

— D-Do quê está falando?

— Porque independente de quanto sangue derrame em mim, a chuva vai limpá-lo. Não acha isso incrível?

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Olivia se virou para Maurice em passos de dança. O seu rosto coberto de sangue e ela chuva tinha um sorriso brilhante.

— …Não.

Maurice se virou e correu. Zenon, que era um dos mais habilidosos entra divisão de inteligência, foi morto pela garota em segundos. Maurice tinha sobrevivido a muitas batalhas e estava confiante das suas habilidades. Mas apesar de tudo isso, ele não se atreveu a desafiar esse adversário.

“Já confirmei uma rota de fuga em caso de emergência. Só tem uma coisa que eu posso fazer: sobreviver e reportar qualquer informação que eu tenha ao império. Não posso morrer aqui para esse monstro.”

No entanto, Maurice caiu de cara no chão depois de correr alguns passos. A lama entrou em sua garganta e ele tossiu intensamente. Tentou se levantas mas suas pernas não se moviam. Quando escorou o corpo, olhou para seus pés – suas pernas além do jelho tinham desaparecido e o sangue estava jorrando.

— Kyah!!

— Me desculpa. Balancei minha espada por instinto quando tentou fugir. Me deixa resolver isso.

Olivia correu e colocou as pernas de Maurice na sua frente.

— Na verdade, eu ouvi tudo o que vocês dois estavam falando então sei que é um espião. O que deveria dizer nessa situação…? …Hm… Lembrei! “Vou te levar como prisioneiro”, certo? Não é assim que se age como um soldado?

Olivia soudou e mostrou um sorriso inocente. A sua figura era como a de um diabo ou um Deus da Morte.

Para escapar da dor e do medo, Maurice desistiu de se agarras à sua consciência.

Forte Gallia entrou em caos. A razão era a cabeça com máscara cortada que ele estava segurando na mão esquerda e o homem sem pernas que arrastava com a direita, enquanto caminhava corajosamente pelo forte. Os guardas imediatamente informaram Otto e ela foi rapidamente enviada para a sala de interrogatório para ser interrogada.

Otto e Olivia se sentaram frente a frente na sala de interrogatório, com uma mesa entre eles. Paul, que estava em seu pijama, ficou atrás de Otto com um sorriso.

— Com licença, eu tenho que continuar sentada aqui? Já quero voltar e ir dormir.

— Ainda estamos fazendo as checagens, por favor espere.

— Mais quanto tempo tenho que esperar?

Olivia pressionou. Otto não respondeu, pois já tinham tido essa conversa várias vezes e ele tinha se cansado delas.

Em 25 anos de Otto no exército, ele tinha visto todo o tipo de soldados. Porém ele nunca tinha conhecido uma soldada como Olivia. Menos de uma semana depois de se alistar, ela matou o soldado inimigos que se infiltrou no forte e pegou o espião que já tinha estabelecido raízes na unidade. Nunca tinha visto um soldado que tivesse obtido tais resultado.

Mas ele não podia simplesmente ficar parado, surpreso. Otto ouviu passos e olhou para fora, então recebeu alguns documentos da pessoa que andava rapidamente para a sala de interrogatório. Dentro estava o relatório da investiação sobre o corpo deixado no campo de treino. O relatório confirmou que o corpo pertencia a um agente da inteligência imperial.

Essa prova foi um alívio para Otto. Por segurança, ele tinha várias elites escondidas na sala de interrogatório, o que provou ser desnecessário. O relatório concluiu que a condição de Maurice era estável.

Quando ele se recuperasse, seria interrogado.

— Conseguimos as evidências. A subtenente Olivia está certa, eles são espiões.

— Finalmente acabou! Eu já te falei tantas vezes.

Olivia resmungou enquanto esticava as costas e Otto falou com uma carranca:

— Cuidado com seu tom. Os regulamentos militares devem ser seguidos rigorosamente, não posso simplesmente aceitar suas palavras por causa do seu rosto.

— Sim, senhor! Ouço e obedeço!

Ela pode estar dizendo isso, mas Olivia estava enchendo as bochechas descontente. Ela podia ter habilidades incríveis mas agora mesmo parecia apenas uma garota de 15 anos. Otto sorriu de forma estranha com sentimentos confusos e uma pergunta passou pela sua cabeça.

— Pelos deuses, subtenente, como você descobriu o espiãao?

— Sim, senhor, eu estava passeando lá fora quando me deparei com alguém agindo de forma suspeita. Eu o segui e percebi que ele estava susurrando para outra pessoa. Depois de ouvir a conversa deles, percebi que eram espiões imperiais.

“O que achou? Sou fantástica, não é?”, Olivia inflou o peito e respondeu de forma convencida. Otto olhou novamente para a figura encharcada dela e falou:

— Que elegante da sua parte dar um passeio com uma chuva tão forte.

— Sim, senhor, eu amo dias chuvosos!

— …Tem um toque de recolher obrigatório de noite, correto?

— Sim, senhor, eu esqueci sobre isso!

Olivia disse de forma atrevida, o que fez Otto franzir as sobrancelhas. O riso abafado de Paul veio de trás e Otto limpou a garganta em protesto.

— Tanto faz, vou ignorar seu toque de recolher mas não viole mais nenhuma ordem… De qualquer maneira, você agiu bem dessa vez. Para ser honesto, o problema dos espiões estava me incomodando.

— Sim, senhor! Obrigada pelo seu elogio!

Otto suspeitava que espiões imperiais tinham se infiltrado no Forte Gallia. Mas com 40.000 soldados e milhares de não-combatentes, era quase impossível diferenciá-los.

Otto já tinha começado uma investigação em segredo mas não conseguiu obter nenhuma pista. A conquista de Olivia ultrapassou muito a violação de suas ordens.

— Tudo bem então, subtenente Olivia. Vamos te dar um pagamento bônus num furuto próximo pela sua conquista. Está dispensada.

Otto se levantou e dispensou Olivia mas a garota não mostrou qualquer intenção de se levantar. Além disso, ela murmurou com um rosto indignado:

— Pagamento bônus… huh.

— Qual o problema? Não está feliz com seu pagamento bônus?

— Sim, senhor, se possível, quero deliciosos pães da capital.

Por um momdngo, Otto pensou que estava ouvindo coisas mas Olivia repetiu. Ela disse exatamente o que ele pensou ter ouvido, por isso não houve erros. Ao invés de dinheiro, ela preferia pão, o que fez Otto pensar que a garota fosse uma tola.

— …Por que você quer pães da capital?

— Por que Ashton me disse que os pães da capital tem gosto bom, por isso quero prová-los. É crocante por fora e macio por dentro.

— …Agora eu entendo. E quem é esse Ashton?

— Huh? Ashton é o Ashton, um humano.

Olivia pareceu surpresa e a cara dela dizia “Você não sabe nem isso?”. Otto reprimiu sua raiva, olhou para Olivia e perguntou:

— É claro que sei que ele é humano. Estou pergunto quem é ele.

— Como eu disse, ele é um humano. Parece que não consigo transmitir minhas palavras adequadamente.

— Sua pirralha! Se falar com os seus superiores nesse tom, vai ser punida por atrevimento!

Otto bateu o punho na mesa com raiva. Ele então refletiu sozinho, pensando que não deveria perder a calma por causa de uma garota. Enquanto Otto acalmava seus nervos, Olivia se inclinou para ele perguntou:

— Você está bem?

Isso enfureceu Otto e ele quase gritou “De quem você acha que é a culpa!?”, mas conseguiu engolir aquelas palavras.

— Tenente coronel Otto, por favor se acalme. Você não é sempre calmo? Isso não é nada pareciso com você.

Paul bateu nos ombros de Otto alegremente e ficou parado na frente de Olivia. Olivia olhou para Paul com o rosto perplexo. Isso era porque Paul só tinha lhe dito seu nome durante uma ocasião oficial.

— Subtenente Olivia. O pão da capital pode ser bom mas o bolo deles é ainda melhor. A minha neta também adora bolo. Você já provou antes?

Olivia reagiu dramaticamente e seus olhos brilharam como jóias. Ela tinha um sorriso brilhante e único para as garotas da sua idade.

Sua beleza suprimiu a raiva de Otto e o hipnotizou.

— Bolo!! Vô Paul, você disse bolo, certo!? Eu nunca comi bolo antes mas li sobre isso! É uma sobremesa muito doce, não é?

Olivia saltou alegremente da cadeira, agarrou os ombros de Paul e o balançou. Paul assentiu com um sorriso.

— Haha, entendo. Nesse caso, vamos te dar isso junto com o pagamento bônus num futuro próximo.

— É sério!? Isso é incrível!!

— Sua pirralha! Cuidado com o tom de voz e esteja ciente do seu lugar quando falar com o tenente general Paul!

— Está tudo bem, estou vestido desse jeito afinal. Não faz mal se soltar um pouco. E para a subtenente Olivia eu pareço mesmo um avô. Não tem problema.

— Sua Excelência! Temos que dar o exemplo aos homens –

— Otto. Esse é um cenário não-oficial. E a subtenenete Olivia.

Paul cortou Otto num tom calmo, então mudou sua personalidade de avô gentil e assumiu a atitude do comandante do sétimo xxército.

— O que foi, o que foi?

— Apesar de como estou vestido agora, ainda sou o comandante desse forte. Tive que dar um exemplo para todos. Você deve ter cuidado com seu tom de voz comigo durante os ajustos formais. Muito bem então, pode voltar e descansar.

— ?… Sim, senho. Ouço e obedeço. Subtenente Olivia, agora volte e vá dormir!

Olivia saudou com uma expressão confusa e murmurou “A linguá humana com certeza é complicada” enquanto abria a porta. Ela gritou “Bolo! Bolo!” quando saiu da sala de interrogatória, o que fez Otto apoiar sua cabeça.

— Ela matou Samuel e prendeu espiões… Pensei que seria uma mulher desbastada mas ela é bonita o suficiente para estrelar numa peça. Também tem uma personalidade interessante.

— Vossa Excelência, isso não é engraçado. Ela tinha provao suas habilidade com esse evento mas o jeito que ela se mantém não é diferente de uma vadia do interior. Vou precisar educá-la adequadamente.

— Bom, esse não é um lugar apropriado para aprender etiqueta e senso comum, por isso não exagera.

Paul saiu com um sorriso fraco no rosto. Otto que estava sozinho, caiu na sua cadeira e soltou um longo suspiro. O corpo do espião imperial que viu antes do interrogatório passou pela sua mente. Essa foi a primeira vez que Otto viu um corpo que foi dividido ao longo da cintura. Os feitos de Olivia podiam ser claramente notados. 

“Parece que deixar Olivia executar o plano que eu tinha desistido serio uma boa opção…”

Otto pensou enquanto olhava para a chama cintilante da vela.

V

O Império Arsbelt apareceu no palco da história durante o ano 700 do Calendário Lunar.

Havia muito mais países naquela época e todos eles lutaram pelo domínio do continente. O Império foi fundado durante essa era caótica. A teoria mais popular dizia que o Império foi fundado por um senhorio do Reino Farnesse, Richard Heinz. Ele se revoltou por causa da corrupção do Reino e reuniu muitos companheiros para construir seu próprio país ideal e partiu para o norte.

No entanto, não havia nenhuma evidência conclusiva que apoiasse essa teoria e muitos estudiosos a refutam. Não fazia sentido para um senhorio do Reino ter o luxo de ir embora e fundar uma nação independente.

Porém não havia dúvidas de quenaquela época o cenário político do Reino estava repleto de corrupção. Contudo, o ministro chefe Leonheart Várquez usou suas excepcionais habilidades políticas para revolucionar o cenário político do Reino durante essa época, então o período de tempo coincide. Essa foi a razão pela qual essa teoria era a dominante entre os estudiosos.

A segunda teoria mais popular era que a Igreja de St. Illuminas, então conhecida como a “Seita da Deusa Cítrica”, estava particularmente ligada à fundação do Império. A razão é que o nome do seu arcebispo estava entre a lista dos membros fundadores.

No entanto a Igreja de St. Illuminas tinha oficialmente desmentido esse argumento.

As terras do norte onde o Império estava situado eram montanhosas e as planícies eram escassas. Além disso, a terra era infértil então o rendimento das colheitas era fraco. Os animais selvagens também vagavam livremente, por isso não era um lugar adequado para a habitação humana.

Apesar dessas condições, o Império se ergueu como uma potência que batia de frente com o Reino devido às brilhantes administrações dos seus Imperadores. E agora, um vegetal chamado “abóbora ars” que podia ser cultivado em terra árida era popular na terra. E essa colheira estava sendo aprimorada por pesquisadores, sob oedens do Imperador. Fora isso, o Império tinha muitas outras conquistas.

Por outro lado, o Império desfrutou de 200 anos peculiares de prosperidade porque as outras nações deixaram ele em paz. O Império era rodeado de montanhas, o que tornava fácil a defesa e difícil o ataque. Como a terra era infértil, os governantes não lhe daram atenção.

Com esse cenário, o Império aproveitou uma era de paz durante esses tempos de guerra e pôde se concentrar na construção do seu poder nacional. Os seus Imperadores do passado que detestavam guerras também desempenharam um grande papel.

A era da guerra que parecia durar para sempre, terminou por volta do ano 950 do Calendário Lunar. O Reino se cansou da longa guerra e retirou os exércitos que enviou para as outras nações. Depois disso, um grupo de pequenas nações do sul do continente formou uma aliança e se autodenominou Confederação das Cidades de Sutherland. Ainda havia atritos pequenos entre os países menores mas no geral o continente estava em paz.

Durante esse tempo, o Imperador anterior, Ramza 12º faleceu devido uma doença no ano 965 do Calendário Lunar.

Ele tinha apenas 40 anos e seu reinado durou sete anos.

Ele foi o que menos viveu dos imperadores. O sucedente estava o Primeiro Príncipe, Diethalm, que foi coroado como Ramza 13º. Aos 15 anos de idade, ele mostrou excelentes conhecimentos políticos e levou a prosperidade do Império à outro nível. Quando atingiu a idade do seu antecessor, 40 anos, foi avaliado como o mais ilustre de todos os imperadores e foi respeitado como o “Imperador Benevolente”, seu nome ficou famoso por todo o continente.

E então Imperador Benevolente declarou subitamente a sua intenção de conquistar o continente. Não apenas os cidadãos do Império, mas os povos das outras nações também ficaram chocados com a declaração de Ramza, que odiava a guerra tanto quanto seu antecessor. Mas os cidadãos imperiais não sentiram nenhum desconforto. Eles firmemente acreditavam que seu Imperador Benevolente estava sempre certo.

A Capital Imperial Orsted do Império Arsbelt, Castelo Listerine, Salão de Audiência

Como a maior nação do continente, o Salão de Audiência do Império Arsbelt foi majestosamente projetado para impressionar os ilustres estrangeiros que acolhe. As paredes foram enfeitadas com decorações únicas e pinturas famosas também eram notavelmente expostas.

Lustres dourados pendurados nos tetos iluminavam a sala com uma luz brilhante. O tapete vermelho macio cobria o chão e tinha um excelente efeito de anular barulhos. Na parede do fim da sala estava uma faixa azul com espadas cruzadas em forma de um “+”. Esse era o brasão do Império.

O mestre do Castelo Listerine, o Imperador Ramza 13º, se sentou no seu trono e ouviu os relatórios de guerra dos seus vassalos. Ao lado de Ramza, em seu devido lugar, estava o Chanceler Dalmes. O relatório estava sendo feito por um jovem oficial do Império, o General Felixus von Zega, um homem que Ramza avaliou como sendo extremamante talentoso desde sua juventude.

Ele era um dos três generais do Império e liderou a elite dos Cavalheiros de Azure. Honesto e sincero, ele era um homem bonito que hipnotizava as damas da corte. Esses dois fatores combinados lhe davam imensa popularidade com o povo.

Felixus usou o grande mapa num pedestal para dar uma explicação detalhada dos teatros de guerra centrol, sudeste e nordeste. Ramza assentiu em reconhecimento mas não disse uma palavra.

— Isso conclui o meu relatório sobre a guerra. Com a bênção de Vossa Majestade, podemos começar o nosso ataque ao Forte Gallia? Pode nos dar sua permissão, meu senhor?

Felixus perguntou com uma expressão confusa. Ramza então susurrou lentamente nos ouvidos de Dalmes. Era atrevido da parte dele mas Felixus ainda resmungou mentalmente “Isso de novo?”. Recentemente Felixus não teve nenhuma chance de conversar diretametne com Ramza com Dalmes sempre servindo como o mensageiro. Depois de perguntar por aí, parecia que era assim para todos.

Dalmes assentiu respeitosamente, então respondeu Felixus:

— Em nome do nosso Imperador: ‘É muito cedo para isso, vamos observar qualquer movimento do Reino”. Fim do decreto.

— …Sim, meu senhor.

Felixus colocou a mão no peito, deu um passo para trás e fez uma reverência profunda. Ele então se virou e caminhou elegantemente em direção à entrada da Sala de Audiência.

“Como esperado, o Imperador tem agido de forma estranha nos últimos anos. Ele não era tão falante no passado mas também não era tçao silencioso. Pela sua cara, ele parecia estar doente. Mas por que Vossa Majestade não dá a ordem para atacar o Forte Gallia? Não consigo entender o porquê.”

Os planos de batalha elaborados pelo General Osborne eram impecáveis. Eles tinham muitas tropas no sul e o ânimo estava alto. A única surpresa foi o relato chocante de um dos seus soldados de elite que foi morto por uma viajante.

Pelo grande esquema das coisas, isso foi um detalhe trivial. Agora era o melhor momento para atacar o Forte Gallia e era por isso que Osborne estava pedindo permissão de Ramza. Essa não parecia ser uma decisão que o grande Ramza tomaria. O pensamento disso encheu Felixus de preocupações.

Felixus saiu do Salão de Audiência com um suspiro. Dalmes fez uma reverência respeitosa para Ramza e seguiu Felixus. Quando os dois saíram do Salão de Audiência, os guardas fecharam a porta em movimentos treinados. Apenas o Imperador Ramza e alguns guardas ficaram lá dentro. Quando o sol se pôs no oeste, o Salão de Audiência foi tingido de vermelho.

O indiferente Ramza simplesmente se sentou no trono sem se mover um centímetro.

VI

Reino Farnesse, Castelo Letizia dentro da Capital Real Fizz, Sala de Guerra

Por ordem do rei Alphonse, o primeiro exército realizou um conselho de guerra para retomar o Forte Kiel.

Segundo os registros do continente de Dubedirica, os principais participantes eram o velho general Cornelius, o forte general Lambert, e o adjunto Neinhart.

— Temos confirmado as forças dentro do Forte Kiel?

— Sim, senhor, de acordo com os nossos agente, o número total de homens deles é… 80.000.

A sala ficou em silêncio. O tenente general Lambert foi o primeiro a falar. Ele era um oficial feroz que tinha sobrevivido a centenas de batalhas dentro do primeiro exército e era um homem de puro poder marcial. As cicatrizes por todo o corpo dele falavam da sua histórias.

— 80.000, huh… O primeiro exército tem 50,000. Estamos em menor número

O coronel Neinhart colocou as peças no mapa e acrescentou mais más notícias que foram tão boas quanto uma sentença de morte:

— 80,00 se refere apenas ao exército imperial. Se incluirmos os estados vassalos imperiais próximos, Swaran e Stonia, suas forças chegariam a 140.000.

— Haha. É inútil colocar 50 mil contra 140 mil. Eu sei que isso é difícil mas podemos contar com a ajuda do terceiro e quarto exército?

— Eu tentei procurá-los antes nas ambos os lados disseram que não podiam economizar nenhum homem.

Neinhart respondeu Lambert com calma, enquanto calmamente colocou peças brancas no teatro de guerra nordeste marcado em vermelho e as cercou com peças pretas.

Quando a guerra começou, o exército imperial mandou um exército de 80.000 homens para atacar o norte do Reino. Seu objetivo era de tomar o limitado número de armazéns que o Reino tinha e forçá-lo a uma escassez de alimentos. Ficou claro a partir desse movimento que o Império esperava que essa guerra durasse muito tempo.

Em resposta o exército real mobilizou o terceiro exército liderado pelo tenente general Rex Smythe e o quarto exército comandado pelo tenente general Linz Balt, e enfrentou o inimigo com 60.000 homens. Os tenentes generais Rex e Linz eram amigos íntimos desde seus tempos de estudantes, sua cooperação foi impecável e acabaram com o exército imperial com facilidade.

Depois disso eles aproveitaram seu sucesso na Batalha de Verkul, que foi um exemplo de tática perfeita.

O terceiro exército fingiu derrota e recuou, atraindo com sucesso o exército imperial para um beco apertado. Com a formação do exército Imperial arrastado numa longa fila, o quarto exército que estava caindo numa emboscada atacou. O terceiro exército também voltou para atacar os seus perseguidores.

O exército imperial ficou imediatamente confuso e foi desviado. Essa batalha fez com que o Império perdesse 40.000 homens. Depois disso, o terceiro e quarto exército cavalgaram no entusiasmo para recuperar o território do Reino e pareciam prontos para invadir o Império.

Infelizmente, depois de perder a Batalha de Arschmitz, a situação reverteu. O quinto exército sendo exterminado significava que o terceiro e quarto exército corriam o risco de ser atacado por trás. Alguns dos oficiais sugerem fortemente que deveriam invadir o Império mas foram rejeitados por Rex e Linz. As suas linhas da frente foram puxadas para trás drasticamente e eles resolveram cobrir as costas um do outro.

O julgamenteo deles não estava errado, mas não conseguiam trabalhar juntos estrategicamente. Isso resultou na luta do terceiro e quarto exército sozinhos e tiveram que se defender contra o ataque implacável do inimigo, enquanto tentavam manter a linha de defesa.

— Tenente general, não insista se sabe que não é possível. Estou impressionado por terem mantido o teatro de guerra sudeste com seus pequenos números, o que é um desempenho excelente.

O marechal de campo Cornelius olhou para o mapa e suspirou. Ele era o comandante do quinto exército e conhecido com o general sempre vitorioso na sua juventude. No entanto ele envelheceu com seus 70 anos.

Lambert deu de ombros e olhou para Neinhart.

— De qualquer forma, como vai o teatro de guerra sudeste?

— De acordo com o relatório do tenente-general Paul, o exército imperial está reunindo suas forças em volta do castelo Kaspar, se preparando para seu ataque ao Forte Gallia.

— Nesse caso o sétimo exército não terá soldados para dispensar.

— Não tem como fazer algo sobre isso. Paul recebeu uma ordem direda de Sua Majestade para defender o Forte Gallia até a morte. E se ele movesse todas suas forças de forma imprudente em tal situação, apenas atrairia mais forças inimigas.

As palavras de Cornelis fizeram com que todos os oficiais presentes temerem. O Forte Gallia era uma fortaleza importante e a Capital Real ficaria muito aberta se ele caísse. O exército imperial então poderia atravessar as montanhas Est e marchar até a Capital Real, Fizz. Se chegar a isso então o exército real não teria outra escolha senão lutar até a morte contra o inimigo.

Mas mesmo assim não era sensato esperar e ver o exército imperial fazer o que quiserem. O exército real não podia simplesmente deixar o sétimo exército que não sofreu quase nenhuma perda em potencial de combate ficar parado. Não podiam dizer em voz alto mas era o que os oficiais pensavam.

— Se ao menos ainda controlassemos o Castelo Kastar…

Um dos oficiais murmurou e os olhos de todos caíram sobre um ponto do mapa.

O Castelo Kaspar tem uma longa história que vem desde o ínicio da era de querra. Foi construído pela primeira vez para intimidar as nações sudestes mas sua importância estrategica sumiu com a construção do Forte Kiel e foi quase abandonada nos últimos anos. Porém a queda do Forte Kiel mudou tudo e a importância do Castelo Kasper aumentou uma vez que podia servir como base avançada para atacar e tomar de volta o Forte Kiel.

Já era tarde demais quando o Reino respondeu. Depois que o exército imperial tomou o Forte Kiel, eles enviaram uma unidade para atacar o Castelo Kaspar duas semanas depois. Antes que os reforços pudessem alcançá-los, o primeiro tenente Kutom e seus 500 homens posicionados no forte foram dizimados.

E agora nas mãos do exército imperial, o Castelo Kasper tinha se transformado numa cabeça de ponte para atacar o Forte Gallia.

— Bom, não vale a pena chorar pelo leite derramado. Em vez disso temos uma ideia de quão grande é a força posicionada no Castelo Kaspar?

— Um momento por favor.

Neinhart folheou o documento que tinha em mãos e encontrou um relatório com o nome de “Forças estimadas no Castelo Kaspar”. Esse relatório não era completamente confiável e tinha tendência de subestimar os números para apresentar uma situação mais ideal, porém dessa vez ele era uma exceção.

Com o rosto do homem máscara de ferro, Neinhart respondeu:

— …De acordo com a estimativa, eles têm cerca de 50.000 homens.

— Hm, 50.000, huh…

Depois de dizer isso, Lambert cruzou os braços e pensou profundamente com os olhos fechados. Ele deveria estar pensando num plano.

Neinhart não foi o único que pensou assim.

— Tenente general, o que está planejando?

Cornelius perguntou a Lambert com um olhar interrogativo. Com os olhos de todos nele, Lambert abriu lentamente os olhos e disse:

— Bom, acabei de ter uma ideia. Por que não retomamaos antes o Castelo Kaspar? O primeiro exército pode disponibilizar 25.000 homens e combinar isso com 30.000 homens do sétimo exército para fazer uma força de 55.000. Então teríamos até uma chance de ganhar.

Alguns oficiais elogiaram a sugestão de Lambert. Estavam enchenco a bola de Lambert já que ele seria o comandante do primeiro exército no futuro. Porém Lambert não se importou com as pessoas querendo se aproveitar dele.

“O Reino está balançando com a tempestade e essas pessoas ainda têm tempo para fazer isso.”

Neinhart olhou para eles com uma cara surpresa mas não se importaram e fizeram um show de discussão sobre a proposta de Lambert. Em vez do destino do Reino, eles se preocupavam mais com seus próprios futuros.

Cornelius não deu muita atenção a isso e falou:

— Já discutimos isso, o sétimo exército não pode mover suas forças de forma imprudente nesse momento.

— Só temos que ter certeza de que o movimento não seja imprudente. Se retomarmos o Castelo Kaspar, o cerco do Império sob o Forte Gallia seria quebrado. Poderiamos então trabalhar em conjunto com o sétimo exército para recuperar o Forte Kiel.

— De fato… É verdade… Mas Vossa Majestade…

Cornelius murmurou enquanto acariciava a barbe. Ele não tinha um argumento contra pois Lambert estava certo. Para dar um empurrão final para convencê-lo, Lambert continuou:

— Pelos relatórios anteriores, nossas forças sozinhas não têm chance de recuperar o Forte Kiel. Senhor marechal de campo, também tem que compreender isso. Perdoe minha insolência mas não deseja que todo o primeiro exército morra por nada sob o Forte Kiel, certo?

— Hm…

Os conselhos sarcásticos de Lambert deixaram a cara de Cornelius azeda. Os outros oficiais assistiram a interação deles com as respirações travadas.

— Eu compreendo. Vou tratar da questão de convencer Sua Majestade. Vou deixar os planos de batalha para você e o tenente general Paul. Discuta isso adequadamente antes de tomar uma decisão.

— Sim, senhor! Obrigado por aceitar minha proposta!

Cornelius acenou para Lambert que queria se levantar e bater continência. Os outros oficiais se olharam e suspiraram de alívio, felizes por poderem evitar uma batalha imprudente. Neinhart também sentiu o mesmo.

Neinhart rapidamente reuniu seus pensamente e propôs a Cornelius:

— Senhor marechal de campo, posso tratar da comunicação com o sétimo exército? Tem algo me preocupando.

— …Tudo bem. Você será o melhor candidato para isso. Não sei o que tem em mente mas não trabalhe demais.

Com isso Cornelius se levantou de sua cadeira. Com aquele sinal, Lambert terminou a reunião e todos os oficias saíram da sala de guerra com rostos cansado.

Neinhart arrumou os documentos que tinha em mãos quando viu um relatório do sétimo exército. Não era relevante para a reunião, por isso Neinhart não o trouxe à tona. O relatório mencionava que um soldado matou Samuel, seu inimigo jurado que matou seu querido amigo Lance durante a Batalha de Arschimitz.

Era um relatório sobre a subtenente Olivia.

“Pelos relatórios ele é apenas uma garota de 15 anos… É difícil acreditar mas o tenente-coronel Otto não é alguém que mentiria num relatório da inteligência. Independentemente, tenho que a conhecer e oferecer os meus agradecimentos.”

Neinhart pensou sobre a garota que nunca tinha conhecido e fechou silenciosamente a porta da sala de guerra.

Exército Real, Forte Gallia, Escritório do tenente coronel Otto

Enquanto o conselho de guerra para retomar o Forte Kiel estava em curso…

Otto convocou Olivia no seu escritório para lhe falar de uma certa missão. No entanto Olivia não apareceu na hroa marcada. Se passaram cinco minutos, depois dez e então um som rítmico de rangido veio do escritório. Os soldados que pasaram pelo escritório todos inclinaram a cabeça em confusão quando ouviram aquele som.

Após 30 minutos, Olivia finalmente se apresentou na sala de Otto. E ela bateu continência de forma elegante, sem qualquer sentimento de culpa. Otto reprimiu sua desaprovação e perguntou:

— Subtenente Olivia, primeiro de tudo, por que está 30 minutos atrasada?

— Senhor, a razão é por causa do relógio!

— …Relógio? O que isso tem a ver com seu atraso?

— Senhor, eu não tenho um relógio bonita como o do adjunto Otto e não sei ler as hoas com precisão. É por isso que estou atrasada!

Olivia falou enquanto olhava para o relógio de bolso na mesa com inveja. Otto suspirou por aquela desculpa absurda, depois foi até sua mesa e ele pegou o relógio de bolso prateado com um desenho fraco de uma flor na tampa. Ele abriu a tampa e o ponteiro vermelho de segundos marcou junto com um rítmo fixo. Otto olhou fixamente para o relógio de bolso durante um tempo e depois o atirou no ar. O relógio voou pelo ar e Olivia o pegou rapidamente.

— …Huh?

— Vou te dar esse relógio de bolso. E agora, não tem desculpa para chegar atrasada mais.

Otto perdeu a calma por causa de Olivia há uns dias. Depois dessa experiência, ele sabia que seria melhor para seu estado mental se ele desse o relógio de bolso para ela.

Otto deu o relógio de bolso para Olivia com esse tipo de sentimento em mente, mas Olivia alternou seu olhar entre o relógio de bolso e Otto em surpresa. Ela parecia realmente chocada. Otto acenou com a mão em resposta ao olhar de Olivia.

— Posso ficar com isso?

— Sim. E você deveria dizer “Posso aceitar esse presente?”. Já te disse várias vezes para ser mais educada quando falar com seus superiores.

— Sim, senhor, peço desculpas! Vou aceitar com gratidão o relógio de bolso do adjunto Otto!

Depois dela dizer isso, Olivia começou a mexer no relógio de bolso alegremente. Ela abriu e fechou a tampa do relógio várias vezes. A maneira como ela brincava com seu novo brinquedo como uma criança, lembrando Otto de sua filha de 6 anos na capital. Depois de se lembrar por um tempo, ele notou que Olivia estava olhando para seu rosto de forma curiosa. Parecia que ele estava muito tranquilo.

— E-Está na hora de ir direto ao assunto. Guarde seu relógio de bolso.

— Entendido, vou guardar isso agora!

Olivia guardou cuidadosamente o relógio de bolso como um tesouro. Otto limpou a garganta e cruzou os braços.

A razão pela qual te convoquei, subtenente Olivia, é para te dar uma missão especial. Como sabe, você tem a opção de rejeitar missões especiais. O tempo é curto então espero que possa tomar a decisão imediatamente, subtenente.

Missões especiais eram serviços secretos e difíceis atribuídos a um pequeno grupo de pessoas. Havia um alto risto de morte, por isso o responsável tinha o direito de rejeitar a missão.

A propósito, se a missão fosse realizada com sucesso, ela definitivamente seria promovida. Considerando a personalidade de Olivia, Otto não pensou que ela rejeitaria isso. E como esperado, Olivia respondeu sem qualquer hesitação:

— Entendido, não tenho objeções. A subtenente Olivia vai assumir essa missão especial!

— Boa resposta. Então vou te informar o conteúdo da sua missão. Subtenente, preciso que lidera uma equipe e retome o Forte Lamburg.

Otto se levantou da cadeira e apontou para um ponto do mapa que estava na parede atrás dele. Era um forte marcado com um “x” e identificado como “abandonado”. Olivia olhou para o mapa e inclinou ligeiramente a cabeça.

— Esse castelo não está abandonado? – Oh, não, na minha humilde opnião, esse castelo parece estar abandonado.

Percebendo que ela estava falando casualmente, rapidamente mudou o seu tom. Otto suspirou enquanto via o rosto risonho e falou:

— É verdade, como você mencionou, esse forte foi abandonado há uma década. Agora é um esconderijo para bandidos. Em outras palavras, quero que retire o forte dos bandidos.

— Por que está pegando de volta algo que foi jogado fora?

— O seu linguajar… Esquece. Os tempos agora são diferentes. Como sabe, subtenente, o nosso exército está em desvantagem contra o exército imperial. Para impedir mais ataques do Império, precisamos do Forte Lamburg agora.

Otto enviou vários pelotões para acabar com os bandidos no Forte Lamburg, mas sempre acabavam em fracasso. Os sobreviventes disseram que a maioria dos soldados foram mortos por um habilidoso usuário de lança.

Ele pensou em enviar um expedição de tamanho empresarial mas que não aconteceu. Uma operação em grande escala chamaria atenção demais. Com o Império tendo colocado olhos em toda parte, ele não podia mover suas forças apressadamente, já que ele não sabia se os imperialistas estavam observando.

Se a missão fosse descoberta e o Império soubesse da existência do Forte Lamburg, enviariam uma unidade para tomá-lo. Na pior situação, isso reforçaria o ataque do Império. Após ponderar as suas opções, Otto desistiu de retomar o Forte Lamburg.

No entanto, a situação mudou agora que Olivia estava aqui. Para lidar com aquele hábil usuário de lança, só precisavam enviar Olivia, que provavelmente era a pessoa mais forte do sétimo exército.

Depois que Otto deu uma explicação detalhada, ele perguntou a Olivia como uma confirmação final:

— …Como eu disse, toda as missões de subjugação do passado falharam. Ainda quer aceitar essa missão?

— Sim… Só preciso matar todos os bandidos, certo?

Olivia respondeu perigosamente e a cara de Otto ficou tensa. Ela estava certa então ele assentiu:

— Sim, isso mesmo.

— Entendido. A propósito, quer que eu te graga as cabeças?

— Cabeças?

— Sim. Cabeças humanas.

Otto ficou confuso por ela ter mensionado cabeças de repente. Ele pressionou Olivia por uma explicação mais clara e ela falou incrédula:

— Pensei que os humanos ficavam felizes em receber as cabeças de seus inimigos.

Quando ouviu isso, Otto finalmente se lembrou que ela apresentou um saco com cabeças de soldados imperiai quando chegou ao forte. Otto sentiu um calafrio em sua nuca e falou balançando a cabeça:

— …N-Não, não tem que trazer as cabeças.

— Entendido, então retomarei o Forte Lamburg como ordenado!

— Muito bem, estou ansioso pelas suas boas notícias. Pode ir.

Olivia se virou e saiu do escritório de forma elegante. Seus passos eram cheios de confiança, sem um pingo de desconforte em relação à missão. Como se fosse para provar isso, Otto podia ouvir a voz despreocupada atrás do lado de fora de sua porta dizendo “Oh, esqueci de perguntar quando vou buscar meu bolo”.

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