Capítulo 57
O Rapto
— Nossa, já são 14h. Dá para acreditar? Antes de começarmos a trabalhar, que tal comermos alguma coisa?
Por sugestão do entrevistador, o trio concordou ansiosamente.
Seus estômagos estavam roncando, provavelmente atraídos pelo cheiro tentador de comida que vinha da cozinha.
— Sigam-me.
Seguindo o entrevistador, eles chegaram rapidamente a uma mesa aconchegante.
O ar estava saturado com a fragrância deliciosa do ensopado de pasta de soja.
— Sabe, este café é muito especial. É um restaurante também.
Sorrindo, o entrevistador os conduziu até uma mesa e os outros se sentaram.
— Ei, chef!
Chamada pelo entrevistador, a proprietária saiu da cozinha trazendo uma bandeja com garrafas de água e copos.
Ela parecia jovem, talvez com trinta e poucos anos, para alguém no comando.
— Como foi a entrevista? Tudo certo?
Embora a entrevista final ainda estivesse por vir, o entrevistador fingiu ignorância e respondeu com um sorriso.
— Absolutamente! Graças a você, conseguimos concluí-lo em um ambiente tranquilo, sem ser perturbado por outros clientes. Seu apoio significa muito para nós.
— Ah, não tem problema. Na verdade, ficamos gratos por tê-lo aqui, até nos compensando pelo espaço. Este lugar está tão deserto, sem clientes. Estávamos com dificuldades financeiras. Graças a você, podemos ficar mais aliviados.
— É um alívio ouvir isso. Mas, por outro lado, sinto muito. Hoje foi seu dia de folga, mas a convenci a trabalhar…
Brincando, a proprietária descartou as preocupações do entrevistador. — Ah, de jeito nenhum. Não é costume tomar café depois de uma refeição em uma cafeteria?
Com um sorriso travesso, ela timidamente cobriu os lábios com a mão.
O cara não pôde deixar de acenar com a cabeça ao ver seu sorriso encantador.
— Bem, então, quando terminarem a refeição, prepararei alguns refrescantes cafés americanos gelados para cada um de vocês. Apenas me deem um momento e servirei a comida logo.
Como se preparado com antecedência, a proprietária prontamente apresentou o delicioso ensopado diante deles.
A mesa transbordou com uma variedade de acompanhamentos deliciosos.
E quem roubou a cena foi o saboroso ensopado de pasta de soja, pièce de résistance da refeição.
— Por favor, aproveitem.
— Muito obrigado, chef.
Sorrindo de orelha a orelha, o entrevistador olhou para a proprietária que saía, mas rapidamente desviou os olhos.
— Ahem, presumo que todo mundo está morrendo de fome? Vão em frente, não sejam tímidos e vão fundo.
Como se aguardassem ansiosamente essas palavras, os jogadores agarraram seus talheres, prontos para saborear o banquete.
O Dragão Negro na Minha Mão Direita devorou a comida, devorando rapidamente cada prato.
— Parece que você estava com muita fome. Hehehe.
— Nhom, nhom, nhom.
Sem se preocupar em responder ao comentário do entrevistador, ele permaneceu concentrado apenas em saborear os sabores que tinha à sua frente.
— Realmente, aproveitem a refeição o quanto quiserem. Isso irá fortalecê-los para a parte final da entrevista, permitindo que deem tudo de si.
Os jogadores hesitaram, olhando para o entrevistador com expressões questionadoras. Discutir assassinato durante uma refeição era sem dúvida desconcertante.
— Ah, minhas desculpas. Talvez este não fosse o momento certo para tal assunto, certo?
— …
— Suponho que não.
Observando a expressão irritada do entrevistador, os jogadores não puderam deixar de sentir uma sensação de alívio quando ele abaixou a cabeça mais uma vez.
— Se isso os deixou desconfortáveis, peço desculpas. No entanto, por favor, não tenham uma visão muito negativa do assassinato. Afinal, tudo isso não faz parte do incentivo à união entre os jogadores?
— Mas tirar a vida de civis inocentes parece…
As palavras de Ryu Min foram sumindo, deixando a frase inacabada. O gerente não pôde deixar de coçar o nariz.
— Hmm, então é o fato de serem civis inocentes que o incomoda?
— Sim…
— Não se preocupe. Os alvos que selecionei são criminosos.
— Sério?
— Sim. Então não há necessidade de carregar o peso de uma consciência pesada. É claro que, como jogadores que aspiram a liderar o mundo, vocês devem possuir um coração tão resoluto quanto o do Ceifador Negro aqui.
O entrevistador deu um sorriso travesso, apresentando orgulhosamente o Ceifador Negro.
Era evidente que ele já estava de olho em um papel de liderança para ele.
‘Bem, se o Ceifador Negro se juntasse ao café, ele rapidamente subiria para uma posição de liderança.’
Na verdade, Ryu Min também aspirava a uma posição de liderança.
Participar da entrevista não era apenas para obter a Runa Doppelganger.
Era uma parte vital de seu plano estabelecer uma aliança com o Café Refúgio dos Jogadores.
‘Se eu quiser reunir jogadores, é normal subir para as posições de liderança.’
Garantir uma posição de alto escalão no Café Refúgio dos Jogadores representava poucos desafios.
Assim como esse imitador diante de seus olhos, ele poderia facilmente revelar-lhes sua verdadeira identidade como o Ceifador Negro e passar com sucesso na entrevista.
‘Mas não é isso que eu quero. Não tenho intenção de me juntar recorrendo à matança de civis inocentes.’
Independentemente disso, ascender a uma posição de alto escalão no Café poderia esperar um pouco mais.
Por enquanto, a obtenção da Runa Doppelganger era a prioridade.
À medida que a refeição chegava ao fim…
— Vocês gostaram da refeição?
A dona se aproximou com um sorriso brincalhão, carregando uma bandeja com quatro cafés Americanos gelados.
— Aqui está um pouco de café para finalizar bem.
— Obrigado, chef.
— Não, sou eu quem deveria estar grata.
A risada do entrevistador provocou um sorriso recíproco da proprietária.
No entanto, o ambiente acolhedor durou pouco.
Quando a proprietária desapareceu na cozinha, um comentário escapou dos lábios do entrevistador.
— Bem, então, que tal aproveitarmos nosso café e prosseguirmos com a entrevista final?
— Quem vamos matar?
A pergunta do Dragão Negro na Minha Mão Direita provocou um sorriso malicioso do entrevistador.
— Bem, se algum de vocês tivesse alguém que quisessem eliminar, poderiam torná-lo o alvo. Mas…
Tomando um gole deliberado pelo canudo, o entrevistador continuou.
— Já que dizem não ter ninguém em mente, não nos resta escolha a não ser sequestrar um alvo pré-selecionado.
— Sequestrar?
— Sim. Após sequestrar o alvo, encontraremos um local adequado para descartar o corpo. Então, nós quatro trabalharemos juntos de forma harmoniosa, destruindo o alvo em pedaços. Se conseguirem isso, passarão na entrevista.
O plano parecia simples quando colocado em palavras.
Afinal, eles mataram vários indivíduos durante a quarta rodada.
Mas a realidade parecia diferente.
‘Matar civis inocentes na vida real… É bastante perturbador. Mas se fizermos isso juntos em vez de agirmos sozinhos, o peso da culpa poderá pesar um pouco menos.’
Ryu Min leu os pensamentos de todos, começando pelo entrevistador; entretanto, até mesmo o imitador, que havia cometido numerosos atos de fraude, hesitou em sujar as mãos com sangue.
Interessado apenas em dinheiro, ele não tinha inclinação para o assassinato, por isso era natural que se preocupasse.
‘Bem, eventualmente, uma vez que estabeleça uma reputação notória como o Doppelganger, ele não precisará mais depender de assassinatos e coisas assim.’
Embora o imitador se preocupasse com o assassinato, havia outros que não.
Um estudante do ensino médio com inclinação natural para matar tinha uma perspectiva diferente.
‘Se não for uma entrevista, mas uma situação da vida real, é moleza. O que tem de errado em eliminar um criminoso civil comum? Isso nem vai afetar minha reputação.’
Para o Dragão Negro na Minha Mão Direita, que já havia cometido assassinato na realidade, parecia ser um assunto trivial.
— Já terminaram seus cafés?
— Sim.
— Vamos levantar então?
Quando o entrevistador se levantou, os jogadores seguiram o exemplo.
A proprietária apareceu com um sorriso radiante.
— Oh, indo embora tão cedo?
— Sim, tivemos uma excelente refeição, chef.
— Vocês podem ficar mais um pouco.
— Não, obrigado. Temos assuntos urgentes para resolver…
No momento em que o entrevistador falou, uma expressão inesperada passou por seu rosto, como se sentisse um desconforto no estômago.
— Ah, não, devo ter comido demais… Onde fica o banheiro?
— Ah, se virar a esquina, vai encontrar.
— Chef, posso pedir um favor?
— Um favor?
— Você poderia preparar o carro para mim? Como pode ver, estou com pressa…
— Claro, ficarei feliz em ajudar.
A proprietária aceitou prontamente o pedido e pegou as chaves.
Quanto ao entrevistador, ele saiu imediatamente para o banheiro.
A proprietária foi até a van estacionada em frente ao café e abriu a porta.
Creak-
Quando ela se inclinou no banco do motorista para entrar…
— Ugh!
Alguém por trás agarrou o pescoço da dona com um antebraço forte.
Antes que pudesse identificar o agressor, a luta dela cessou quando ela caiu.
— Hehe, muito fácil.
A pessoa que sufocou a proprietária não era outro senão o entrevistador.
Depois de fingir que ia ao banheiro, ele voltou rapidamente e estrangulou a dona.
O entrevistador imediatamente colocou a proprietária inconsciente no banco de trás e gritou para fora.
— O que estão fazendo? Entrem logo!
Os entrevistados, que observavam estupefatos o processo de sequestro, embarcaram às pressas na van.
Vroom—
À medida que o veículo partia, os entrevistados ainda exibiam expressões de perplexidade.
— O-o que estamos fazendo agora? Por que você… a dona…
— Eu não já contei? Tínhamos um alvo predeterminado.
— E esse era a dona do café?
— Sim.
— …
Os entrevistados olharam para a dona inconsciente deitada ao lado deles, com os rostos cheios de confusão.
Ela parecia estar em um sono profundo.
— Você mencionou ter como alvo um criminoso.
— Sim, isso mesmo. A dona é uma criminosa que recentemente saiu da prisão e agora leva uma nova vida depois de lavar sua identidade.
— Criminosa… a dona?
— Com a formação dela, você acha que alguém na casa dos 30 anos poderia ter acumulado dinheiro suficiente para estabelecer um negócio tão grande? É tudo dinheiro que ela roubou.
— Ah…!
— Ela parecia de bom coração, mas que reviravolta surpreendente…
Ryu Min tentou fingir surpresa no último momento, fingindo que foi enganado por ele, mas Ryu Min percebeu a atuação dele. Ele sabia a verdade, pois as verdadeiras intenções do entrevistador eram claras como o dia.
‘Hehe, é tão fácil enganar as pessoas, não é? Mesmo se eu dissesse que ela vem de uma família de criminosos, eles teriam acreditado, certo?’
Estreitando os olhos, Ryu Min pensou consigo mesmo: ‘Rotular civis inocentes como criminosos.’
A manipulação foi projetada para facilitar a prática de assassinatos, acusando injustamente pessoas inocentes.
Não havia mal maior do que esse.
‘O plano deles é nos envolver na matança, tornando difícil recuarmos mais tarde.’
Se descobrissem que a pessoa que mataram era um civil comum, a culpa certamente os consumiria.
E essa culpa tornaria mais fácil para o entrevistador manipulá-los e ameaçá-los.
Por outro lado, o entrevistador poderia tentar convencê-los a estabelecerem uma nova ordem juntos.
Esse era o método do Café para impedir que os jogadores que haviam entrado, saíssem.
Ryu Min teve um vislumbre dos pensamentos do imitador e do Dragão Negro na Minha Mão Direita.
‘Será que a dona é realmente uma criminosa? Se for assim, ela merece morrer.’
‘Se ela for uma criminosa, ainda será mais fácil matá-la. Bem, mesmo que ela não seja, não temos escolha a não ser matá-la para nos juntarmos ao Café.’
Seus pensamentos eram um pouco diferentes, mas ambos decidiram matar a dona.
Eles acreditavam que sacrificar uma pessoa era inevitável para se tornar parte do café.
Screech-
O carro, que estava viajando pela rodovia, parou abruptamente ao entrar em uma estrada estreita na montanha.
— Chegamos. Este é o armazém onde acontecerá a entrevista final.
O gerente estacionou o carro em um armazém surrado situado nas montanhas e se aproximou da proprietária.
Embora parecesse um homem velho, ele era um jogador de nível 13, movendo a dona sem esforço como se ela não fosse nada.
Thud-
Mesmo que a dona tenha caído descuidadamente no chão, ela permaneceu imóvel.
Parecia que ela estava inconsciente.
— Vamos deixá-la aqui e começar a operação. Mas antes disso…
Um sorriso malicioso apareceu no rosto do entrevistador.
— Alguém quer se divertir? Seria uma pena matá-la assim, não acham?
— Hm…
O Dragão Negro na Minha Mão Direita, sendo jovem, não tinha interesse na dona, mas o imitador tinha uma mentalidade diferente.
— Ceifador Negro? A julgar pela sua expressão pensativa, você tem algo em mente?
— Bem… Se vamos matá-la de qualquer maneira, seria uma pena não fazer nada.
— Então por que não aproveitamos juntos? Não, isso exige generosidade. Concederei ao Ceifador Negro uma oportunidade especial. Deixe-o se divertir primeiro, hehe.
— Bem então…
O impostor balançou os quadris e deu um passo à frente sem nenhum sinal de arrependimento.
Lendo seus pensamentos, ficou claro que ele já havia decidido matar a dona.
Ele considerou aceitável, até mesmo agradável, praticar violência sexual antes de matá-la também.
— Dragão Negro na Minha Mão Direita e Berbigãozinho, por favor, esperem enquanto o Ceifador Negro termina.
— Sim. Vou ser rápido.
Naquele momento, Ryu Min deu um passo à frente enquanto o Dragão Negro na Minha Mão Direita, parecendo irritado, recuou.
— Um momento.
— Por que, Berbigãozinho?
— Posso ir primeiro?
— Hm? Berbigãozinho, você quer participar também?
O entrevistador ficou surpreso, mas logo exibiu um sorriso sinistro.
— Hehehe, isso é divertido. Não esperava que alguém tão tímido como você se interessasse. Mas estar no auge da juventude aos 19 anos… Ah! É sua primeira vez?
— Sim? Sim…
— Hehe, excelente. Ceifador Negro?
O entrevistador solicitou autorização ao impostor, que estava prestes a tirar as calças.
— Desculpe, mas você poderia dar uma chance ao Berbigãozinho? É a primeira vez dele.
— Bem, se for a primeira vez dele, então vou me afastar.
Sem qualquer decepção, o impostor levantou as calças.
Nesse meio tempo, Ryu Min, com o rosto inexpressivo, se aproximou do impostor.
Ao se cruzarem, o impostor falou em tom passageiro.
— Faça o seu melhor. Estou fazendo uma concessão especial aqui.
Ryu Min também sorriu e respondeu: — Obrigado. Farei bom uso da Runa Doppelganger.
— Hm? Runa? O que é…
Foi quando aconteceu.
Snap!
Ryu Min agarrou o rosto do impostor com as duas mãos e exerceu um pouco de força.
Crack!
Como se fosse o pescoço de uma galinha, a cabeça do impostor foi torcida e ele caiu sem vida no chão.
