Capítulo 77
Quem Sou Eu?
Não muito tempo atrás, Ryu Min se viu em um cibercafé local, entre todos os lugares. Mas ele tinha uma missão específica em mente: juntar-se ao enigmático Café Refúgio dos Jogadores. No entanto, houve um problema; ele estava fazendo isso sob a identidade de Hwang Yong-min.
Veja bem, este café não exigia nenhuma verificação incômoda de nome real, o que o tornava um refúgio para falsificação de identidade. A razão por trás desta operação secreta? Bem, nasceu da necessidade.
‘Alguém está se disfarçando como o enigmático ‘Ceifador Negro’, e os altos escalões do PHC não podem simplesmente ficar de braços cruzados’, pensou Ryu Min. Seu grande plano era usar Hwang Yong-min como isca para atrair os executivos da PHC.
A escolha do apelido “Ceifador Negro” não foi uma decisão arbitrária. Ryu Min acreditava que isso atrairia mais do que apenas atenção. Serviria potencialmente como um ponto de entrada para confirmar a autenticidade do Ceifador Negro através de uma entrevista, talvez até mesmo uma visita à residência de Hwang Yong-min.
É por isso que ele listou meticulosamente o endereço residencial de Hwang Yong-min ao se inscrever, até o número do lote do bairro e detalhes da casa. Mal sabia ele que Hwang Yong-min havia passado por uma grande mudança, tendo se mudado de sua antiga morada atormentada.
‘Parece que ele fez isso para ficar independente da família, mas não posso deixar de me perguntar onde ele conseguiu os fundos’, ponderou Ryu Min com uma pitada de ironia.
— Onde quer que ele vá, ele está na minha palma — ele sorriu, confiante em suas habilidades de rastreamento, que poderiam revelar o paradeiro de qualquer pessoa. Esta era uma das vantagens de ser um jogador neste reino.
Embora Ryu Min pudesse entender o desejo de poder dos executivos do Café, ele discordava veementemente de seus métodos. Em sua busca pela supremacia, eles forçavam os membros a cometerem assassinatos, evitavam pessoas comuns e as tratavam como escravas. Suas ações estavam causando uma divisão perigosa entre o público em geral e os jogadores, uma divisão que poderia levar ao colapso social.
Era precisamente por isso que Ryu Min se sentiu obrigado a agir. Ele acreditava que os vilões do Café, que poderiam ser considerados os arquitetos desse caos iminente, precisavam ser eliminados. No entanto, ele também viu uma oportunidade de aproveitar o poder do Café, em vez de desmantelá-lo.
— Café Refúgio dos Jogadores é valioso demais para ser eliminado — pensou ele. Embora ainda estivesse no início, o café estava se tornaria uma organização formidável, com mais de 30% dos jogadores do país juntando-se a eles. Apesar de seu comportamento muitas vezes terrorista, eles seriam, sem dúvida, a organização de jogadores mais influente do país.
Então, em vez de destruí-lo, Ryu Min decidiu encontrar uma maneira de utilizá-lo. Ele já tinha um plano em mente, que lhe pouparia um tempo precioso. Seu plano? Assumir a posição de liderança existente dentro do Café, assumindo a função de presidente.
Veja bem, Ryu Min reconheceu que não importa o quão forte ele fosse individualmente, controlar um grande número de jogadores exigia mais do que apenas força bruta. Exigia uma organização bem estruturada, algo que ele não poderia construir do zero devido ao tempo que passava.
Mas se ele pudesse assumir um papel de liderança já estabelecido, tudo se tornaria mais administrável. E foi aí que entrou em jogo a posição de presidente do Café Refúgio dos Jogadores.
— [Presidente], esse cara não tem nenhum significado especial. O que realmente importa é o papel que ele criou — concluiu Ryu Min.
Foi por isso que ele se infiltrou no café: para derrubar os superiores e reivindicar para si o lugar de presidente. Hwang Yong-min era simplesmente um peão para atraí-los.
Com um sorriso malicioso, Ryu Min mudou de passo, indo em direção à casa de Hwang Yong-min.
***
Após o caos da quarta rodada naquele reino de pesadelo, muitos jogadores ficaram insensíveis ao assassinato. Eles não hesitaram mais em tirar a vida de pessoas comuns, e a má conduta dos jogadores atingiu níveis alarmantes.
De certa forma, era uma progressão natural. Com repetição suficiente, mesmo as tarefas mais assustadoras se tornam natural. Hwang Yong Min não era exceção. Ele se adaptou ao estilo de vida caótico que se tornou sua realidade diária.
O som estridente de uma campainha ecoou quando Hwang Yong-min entrou em uma casa lotérica. Ele se aproximou do balcão, onde o proprietário estava absorto lendo um jornal. Finalmente olhando para cima, o proprietário perguntou: — O que o traz aqui hoje, bom senhor?
No momento em que o proprietário avistou o convidado inesperado, suas palavras falharam. Era como se ele tivesse encontrado um ladrão de banco, o estranho usando uma máscara que escondia sua identidade.
Com um movimento repentino e rápido, Hwang Yong-min jogou sua bolsa no balcão, sua voz com um tom de aço. — Coloque todo o dinheiro que você tem nesta bolsa. Se não quiser problemas.
O proprietário hesitou, sua confusão era palpável e, em resposta, o punho de Hwang Yong-min bateu com força no balcão.
Thud!
Apesar do soco parecer comum, soou mais como um golpe de marreta, deixando um barulho duradouro.
— Por que está demorando? Acha que isso é uma piada?
‘Ele é um jogador?’ Só agora o proprietário reconheceu a seriedade da coisa.
Uma força tão incrível só poderia ser de um jogador. Lembranças sobre uma manchete de jornal recente passaram pela mente do proprietário:
[Proprietário de loja de conveniência resiste a jogador, e é atingido por objeto e morto].
Resistir a um jogador era tolice, especialmente na Coreia do Sul, onde armas de fogo eram uma raridade.
— Por que a demora? Vai logo e enche o saco. Você realmente quer se arriscar?
— V-Vou fazer isso imediatamente! — O proprietário rapidamente retirou o dinheiro da caixa registradora e apresentou a sacola, com clara ansiedade em seus olhos.
— Aqui…
— Isso é tudo que você tem?
— Bem, ultimamente, os negócios não têm sido bons. As vendas de bilhetes de loteria foram suspensas, sabe. Vendo vários itens como uma loja de conveniência, mas a receita…
— Quem pediu a história da sua vida? Você sabe que há um cofre, certo? Acha que pode me enganar? Vá pegar tudo de lá. Entendeu? Vai!
— S-sim! — Confrontado com o punho erguido, o proprietário retirou relutantemente o dinheiro do cofre. Eram cerca de dez milhões de won.
— Isso deve ser suficiente.
Contente, Hwang Yong-min se virou para sair, mas recuou abruptamente.
— Sabe, se pensar em denunciar isso, pense novamente. Vou fugir da prisão e, quando isso acontecer, venho atrás de você.
— … — O proprietário, agora pensando em relatar o incidente, engoliu em seco. Afinal, a máscara escondia inteiramente a identidade do ladrão.
Hwang Yong-min recuou rapidamente para um beco próximo, minimizando as chances de ser reconhecido.
— Ufa. — Após retirar a máscara, ele verificou o conteúdo da bolsa. Um sorriso involuntariamente se espalhou por seu rosto.
— Hehe, o resultado de hoje é bom. Isso deve me sustentar por um mês.
No mundo real, ele conseguiria, mas e o outro mundo? Ele poderia suportar a próxima rodada?
Tais pensamentos lançaram uma sombra sobre seu rosto. — Droga… se não fosse por essa penalidade.
A penalidade permanente por redução de atributos não apenas atrapalhou seu crescimento, mas também minou sua motivação.
‘Consegui derrotar cerca de 300 orcs desta vez, mas vou conseguir sobreviver à próxima rodada?’, quanto mais ele pensava, mais pesados se tornavam seus suspiros.
— Ceifador Negro desgraçado… É tudo por causa daquele maldito.
Era por causa do Ceifador Negro que ele perdeu seus amigos, sofreu reduções de atributos e recorreu ao roubo.
— É tudo culpa daquele desgraçado!
Ele gritou no beco antes de fugir. Ele ameaçou fugir da prisão e matar o proprietário se ele denunciasse o incidente. Mas ele não tinha intenção de fazer isso.
Ao voltar para casa, ele poderia amaldiçoar aquele maldito o quanto quiser.
Click!
Ao abrir a porta da frente, um apartamento apertado de um cômodo o cumprimentou. Surpreendentemente, ele pagava um aluguel mensal de 50.000 won por este lugar.
— Mesmo assim, é bom ser independente. Chega de pais irritantes.
Após o término da quarta rodada, ele cortou relações com seus pais. Ele havia adquirido dinheiro através de roubos e começou a perseguir o sonho de viver uma vida de bandido com membros de gangues.
— Mas com o mundo em caos, quem precisa ser bandido?
Tudo se tornou muito incômodo, então ele descartou essa ideia, garantindo este apartamento de um cômodo.
— Pelo menos posso ganhar dinheiro suficiente com roubos como as coisas estão agora.
Thud!
Depois de jogar casualmente o saco de dinheiro de lado, ele entrou para se lavar. No entanto, sua expressão estava longe de ser contente.
— Haa... quanto tempo ainda tenho para viver assim?
Nos últimos quatro meses, muita coisa aconteceu. Ele travou inúmeras batalhas contra monstros como goblins, trolls e orcs para sobreviver. Ele até perdeu um membro para o monstro conhecido como Ceifador Negro.
Ele também matou seu ídolo, Jo Jung-shik, o golpeando pelas costas. E quanto aos seus amigos mais próximos dos tempos de escola, ele pessoalmente acabou com suas vidas.
Numa tentativa desesperada de ganhar algum dinheiro, ele relutantemente recorreu ao roubo, evitando qualquer filiação criminosa.
Sua vida tomou um rumo caótico, caindo em espiral no abismo.
— Se ao menos eu não tivesse cruzado o caminho do maldito do Ceifador Negro…
Se não fossem as penalidades, talvez ele não tivesse caído em tal desespero. No mínimo, um vislumbre de entusiasmo pela vida poderia ter permanecido.
Um suspiro profundo escapou de seus lábios.
O vazio o consumiu, acompanhado por uma onda de autoaversão.
Sua existência agora girava em torno da espera pela próxima rodada, vivendo à beira da incerteza.
— Ah…
De repente, ele sentiu como se estivesse desperdiçando um tempo precioso, perdido em pensamentos. — Este não é o momento para tal luxo.
A próxima rodada poderia significar sua morte, e ele não podia perder nem um único momento.
— Tenho que fazer valer cada momento restante, experimentar tudo o que sempre desejei.
Neste mundo, ele matou e cometeu roubos, e o medo não o mantinha mais cativo.
— O que devo tentar a seguir? Devo tentar estuprar uma mulher?
Sua vida já estava em ruínas. O próprio mundo exibia sinais ameaçadores e era desnecessário pensar em planos futuros brilhantes.
— Ah, a propósito, todos os meus colegas não são jogadores também?
Subestimar as mulheres seria um erro grave. O gênero era irrelevante quando comparado aos atributos.
Além disso, aqueles que sobreviveram até agora resistiram às provações infernais da quarta e quinta rodadas como jogadores. Eles estavam longe de ser alvos fáceis.
— Não tenho escolha a não ser focar nas mulheres mais velhas.
Se tivessem mais de 30 anos, seriam mais fáceis de dominar.
No entanto, ultimamente, encontrar pessoas comuns lá fora se tornou uma tarefa desafiadora.
— Independentemente disso, devo procurar. Meu desejo é estar com uma mulher bonita, não é?
Talvez uma pessoa comum parecida com Seo Arin estivesse nas ruas.
Com uma melodia zumbindo em seu coração, ele vestiu o casaco, pronto para sair. Se estivesse com vontade, ele poderia visitar um salão de beleza.
Ele ansiava por gastar dinheiro como se fosse um personagem de filme, rodeado de mulheres, exibindo sua riqueza.
— Se eu ficar sem dinheiro, posso sempre invadir uma loja novamente.
Com determinação inabalável, ele abriu a porta.
‘Que diabos?’
A reação de Hwang Yong-min foi de choque. Um estranho estava à sua porta.
— O que… quem é você?
— Você é Hwang Yong Min?
— …
Hwang Yong-min olhou para o estranho com cautela nos olhos.
Em resposta, o homem de pele bronzeada ofereceu um sorriso amigável.
— Suponho que meu palpite estava correto, a julgar pela sua reação.
— Quem é você…? Você é policial?
— Um policial? Haha! Por quê? Cometeu um crime? Vamos discutir isso lá dentro.
Tentando entrar discretamente, o homem tentou passar por Hwang Yong-min.
— Ei, quem disse que pode entrar? Quem é você?
— Ah, minhas desculpas. Sou Lostyak, o entrevistador do Café Refúgio dos Jogadores. Você se inscreveu esta manhã, não foi?
— Você está usando drogas? De que bobagem você está falando?
— Você não é o Ceifador Negro?
— Ceifador Negro? Eu?
A resposta perplexa de Hwang Yong-min indicou a Lostyak a possibilidade de um mal-entendido.
— Deixe-me perguntar novamente. Você não é o Ceifador Negro?
— Você acha que eu sou o Ceifador Negro? Você está brincando?
— Você não se inscreveu para ser membro do Café Refúgio dos Jogadores?
— Café Re… o quê? O que é isso?
— Ah…
Lostyak suspirou, percebendo seu erro.
— Eu peço desculpas pela confusão. Estou de saída.
— O que está acontecendo? Você deveria pelo menos me dizer por que está aqui, seu idiota.
— Parece que alguém pregou uma peça usando suas informações pessoais. Dado que seu nome e endereço correspondem…
— Então, alguém usou minhas informações pessoais? Quem diabos foi?
— Fui eu.
Tanto Hwang Yong-min quanto Lostyak viraram a cabeça em resposta a uma voz inesperada.
No corredor, estava um homem mascarado com pintura facial branca, totalmente equipado.
— Foi você quem usou as informações pessoais dele?
— Que diabos… Quem é esse maluco?
A reação perplexa de Hwang Yong-min era esperada. Afinal, um lunático mascarado apareceu de repente e alegou roubo de identidade.
— Você está realmente admitindo isso, certo? Droga, como sabe quem eu sou?
— Apenas sei.
— Quem diabos é você?
Em vez de responder, Ryu Min pegou a Foice da Morte de seu inventário.
Testemunhando a arma colossal, tanto Lostyak quanto Hwang Yong-min ficaram em um silêncio atordoado.
— Isso responde sua pergunta?
