Capítulo 175
O Último Teste (2)
‘Pai?!’ Embora os olhos de Gi-Gyu mostrassem uma expressão impassível, ele estava realmente chocado.
‘O rosto e a voz dele…’ Não havia dúvida de que era mesmo seu pai. Como poderia Gi-Gyu esquecer os olhos que tinham tanto veneno para ele.
Seu pai, que parecia um pouco mais jovem do que Gi-Gyu se lembrava, tirou o capacete e se apresentou como Cronos.
Gi-Gyu permaneceu quieto enquanto assistia. Cronos era o codinome de seu pai; embora não tivesse ideia do que estava acontecendo, o homem com o capacete era indubitavelmente seu pai. Surpreendentemente, seu pai estava vivo quando os governantes do mundo reinavam.
‘E ele era realmente um desses governantes!’ Gi-Gyu não pôde deixar de se sentir confuso.
O sistema anunciou abruptamente.
[Parece que você está confuso. A reprodução da memória será pausada por um momento.]
Gi-Gyu empurrou para olhar para cima. Ele viu que a cena diante dele havia parado como se alguém tivesse pausado. Parou no ponto em que seu pai tirou o capacete e se apresentou com confiança.
‘Obrigado.’ Gi-Gyu agradeceu ao sistema. Se a cena tivesse continuado, ele teria perdido muitos fatos importantes. Gi-Gyu estudou seu pai, que aparentemente era o governante dos humanos.
Ba dum!
Seu coração batia descontroladamente.
‘Mas… como?!’ Gi-Gyu não conseguia entender o que estava acontecendo. Este era definitivamente o pai dele, mas…
‘Posso me aproximar para dar uma olhada?’ Gi-Gyu de repente perguntou ao sistema.
[Claro. Isso nada mais é do que um resquício de uma velha memória. Você pode fazer o que quiser.]
Quando o sistema deu sua permissão, Gi-Gyu avançou até ficar bem na frente de Cronos. Ele olhou para o rosto de seu pai, especialmente seus olhos, e confirmou sua identidade.
‘Sim. Este é meu pai.’ Gi-Gyu já sabia disso, mas precisava verificar novamente. Então parecia que Cronos, o governante humano, era seu pai.
‘Como…?!’ A confusão de Gi-Gyu permaneceu enquanto ele se perguntava como seu pai ainda estava vivo durante esse período.
‘Ele não era humano?’ O pensamento se foi rapidamente porque seu pai se apresentou como o líder dos humanos segundo atrás.
Mas…
‘Ele tinha que ser algo além de humano.’ Esta foi a conclusão mais lógica que Gi-Gyu poderia chegar.
‘Haa…’ Gi-Gyu suspirou. Isso o fez sentir falta de Lou e El, pois ele poderia ter feito suas perguntas a eles. Quando Gi-Gyu voltou ao seu local original, o sistema perguntou:
[Deseja que a memória continue rodando?]
O tempo na memória começou a fluir quando ele assentiu. Era como se nada tivesse acontecido, mas certamente havia algo muito diferente em Gi-Gyu agora. Seus olhos ardiam intensamente. Ficou claro que sua atitude em relação a observar essa memória havia mudado.
‘Preciso aprender mais sobre meu pai’, Gi-Gyu pensou com determinação. Ele não podia mais evitar isso. Se ele aceitasse essa situação, então…
‘Talvez eu encontre a resposta do porquê ele olhou para mim com tanto ressentimento’, decidiu Gi-Gyu.
Alguém gritou de repente: — Cronos!
***
O orc deu um risinho: — Eu acredito que o nome ‘desgraçado’ cairia melhor em você do que Cronos.
— Cronos mostrou respeito! Portanto, você deve fazer o mesmo! — o homem com o tapa-olho advertiu o orc.
Todos os outros também franziram a testa para o orc, que retrucou: — Odin, você está do lado dele porque também é do mundo humano?
— Anu! Por favor, mostre algum respeito! — o homem com o tapa-olho protestou. Parecia que o homem do tapa-olho era Odin e o nome do orc era Anu.
Anu sorriu para Odin e perguntou: — Ele matou seu próprio pai para se tornar o governante. Se você me perguntar, até que o desgraçado parece bastante generoso.
Ninguém entrou na conversa com o comentário de Anu. Sentindo-se ainda mais presunçoso, Anu continuou: — Além disso, outra pessoa não deveria ser o governante do mundo humano?
Todos ficaram quietos quando, de repente, Cronos respondeu: — Claro. Você tem razão. ‘Eles’ deveriam ser os governantes do mundo humano, mas eu assumi o dever porque era isso que ‘eles’ queriam. Afinal, o governante de um mundo não é escolhido…
Os olhos de Cronos brilharam enquanto ele continuava: — Somente baseado no poder ou idade de alguém. Não concorda?
A energia de Cronos era muito mais poderosa do que Anu esperava, então ele não pôde deixar de suar estupefato.
Olhando em volta, Cronos anunciou calmamente: — De qualquer forma… existe uma solução.
Anu controlou sua raiva e recuou. Parecia que ele estava curioso sobre a solução e com medo de Cronos. Cronos estudou vagarosamente a sala enquanto todos ficavam quietos e escutavam. Quando teve certeza de que tinha a atenção de todos, Cronos declarou: — Devemos construir uma Torre.
— Uma torre? — O elfo deu um passo à frente e perguntou: — Você está chamando seu meio de desafiar deus de Torre?
O elfo e o resto da plateia pareciam boquiabertos. Alguns até suspiraram de aborrecimento. Eles tinham grandes expectativas em relação a essa “solução”, mas ela os decepcionou completamente.
Cronos de repente sorriu largamente como se esperasse tal reação. Seu sorriso parecia tão ameaçador que todos ficaram quietos novamente.
Cronos explicou: — Vamos construir uma Torre que conecte todas as dimensões e os mundos.
Quando a confusão se tornou a emoção generalizada na sala, Cronos bateu palmas abruptamente. Um holograma apareceu no ar, exibindo uma torre gigante. Tinha uma aparência abstrata e parecia enorme. Acima de tudo, parecia magnífico. Todos pareciam atordoados enquanto olhavam para ele.
Alguém perguntou: — Quem projetou uma estrutura tão bonita?
Essa era a pergunta que todos, incluindo Gi-Gyu, estavam curiosos.
‘Então essa é a Torre…’ Gi-Gyu pensou maravilhado. A Torre apareceu abruptamente em seu mundo, e inúmeros jogadores tentaram escalar até o topo, mas ninguém realmente viu sua verdadeira forma externa. Todo mundo acabava usando um portal para se transferir para a Torre. E quando o faziam, o sistema sempre fazia o mesmo anúncio.
[Você entrou na Torre.]
Sem esse anúncio, não havia como saber se alguém estava dentro da Torre. Alguns acreditavam que a Torre não era uma estrutura física. Todos a chamavam de “Torre” sem a terem visto.
Gi-Gyu era provavelmente o único jogador que poderia dizer que tinha visto a Torre. O holograma parecia ser um projeto provisório, mas Gi-Gyu suspeitava que fosse próximo do real.
‘A propósito…’ Gi-Gyu estava olhando para o desenho quando se deparou com outro pensamento confuso.
Como se seus pensamentos fossem ouvidos, alguém na reunião comentou: — Mas isso não é uma torre.
‘Isso mesmo. Não parece uma simples torre.’ Gi-Gyu pensou maravilhado. Sua forma externa certamente parecia uma torre, mas havia algo muito estranho nela.
— Isso não é uma lança? — perguntou um dos governantes.
— Sim. Parece mais uma arma do que uma torre — respondeu outro governante.
Gi-Gyu concordou com eles.
‘É uma lança’, pensou Gi-Gyu. À primeira vista, parecia uma torre, mas ele teve a sensação de que era apenas uma camuflagem. Era uma arma – uma lança, para ser específico – na forma de uma Torre.
Cronos respondeu calmamente: — Isso mesmo.
Todos assentiram em compreensão. Anu perguntou: — E você está dizendo que vamos lutar contra deus com isso?
Já que Cronos havia afirmado que a Torre era a solução, ele queria dizer que ela seria usada para derrotar deus. Cronos respondeu com um aceno de cabeça.
Anu sorriu de novo e respondeu: — Que ideia ridícula. Você realmente acha que uma Torre gigante seria suficiente? Pode ser uma arma gigante, mas você está sonhando. Você não testemunhou como deus suprimiu Caos?
Anu havia recuperado sua confiança, acreditando que a ideia de Cronos era inútil. Anu continuou: — Você pode derrubar Caos com essa coisa? Eu garanto que você não pode! E se não pode nem mesmo derrotar Caos, como enfrentará deus?!
O elfo interveio e disse: — Anu está certo sobre isso. Mas também não sabemos que tipo de segredos esta Torre pode conter. Vamos apenas nos acalmar e ouvir.
O elfo convenceu Anu a recuar, mas Anu se recusou a esconder seu ceticismo. Ele encarou Cronos abertamente.
Cronos sorriu fracamente e murmurou, — Esta não é uma simples torre. E também não é uma simples lança.
Voltando-se para o holograma, Cronos continuou: — Ela foi criada para lutar contra deus, mas seu propósito final não é derrotar deus.
Os olhos dos outros governantes se arregalaram.
— O mundo — Cronos declarou.
— O mundo?
— Esta é a lança que perfurará o mundo.
A voz de Cronos tinha um pouco de entusiasmo. Parecia que ninguém havia notado isso, mas os olhos de Cronos estavam cheios de loucura.
Cronos explicou: — Deus criou o mundo e espalhou uma parte de seu poder nele. Os governantes o receberam e começaram a reinar como o próprio deus.
Os rostos de vários governantes ficaram vermelhos. Por muito tempo, acreditaram que eles próprios eram deuses. Mas quando testemunharam Caos, perceberam que nada mais eram do que uma sombra fraca do verdadeiro deus. Comparados a seres poderosos como deus e Caos, os governantes nada mais eram do que partículas de poeira.
Cronos continuou: — Após o aparecimento de Caos que deixou um buraco no mundo, pudemos nos comunicar um com o outro assim. Mas mesmo agora, os caminhos entre os mundos são limitados. Apenas os governantes de certos mundos podem se conectar assim.
Cronos parecia apaixonado quando acrescentou: — Nossos poderes estão muito dispersos e fracos. É por isso que precisamos da Torre.
— …?
— Esta torre conectará todos os mundos. A Torre funcionará como um caminho, e…
Cronos não precisava mais gritar porque tinha a atenção de todos. Em um sussurro, ele disse: — Vamos reunir o poder de deus para fazer uma arma gigante…
Com uma risada, Cronos declarou: — E apunhalar deus com ela.
Cronos acenou com as mãos como se estivesse regendo. O holograma da Torre desapareceu, mas todos olharam para o espaço que havia deixado para trás. Ninguém poderia esquecer a bela vista.
A Torre.
A arma secreta contra Deus.
Um silêncio caiu até que alguém bateu palmas ruidosamente. Todos se viraram para descobrir que era Anu quem estava aplaudindo enquanto exibia seus caninos gigantes. Ele deu um passo à frente e murmurou: — Certamente soa convincente. Mas há uma grande falha em seu plano.
Agora que tinha ouvido o plano completo de Cronos, Anu estava pronto para destruir a ideia. — Então está dizendo que vai matar deus com seu próprio poder? Isso parece plausível, mas… acha mesmo que o pequeno pedaço de seu poder disperso neste mundo – que deus criou, a propósito – será suficiente para derrotar deus?
Anu continuou: — Mesmo depois de criar o mundo, deus ainda tinha poder suficiente para suprimir Caos. Estou dizendo que o que temos é apenas uma pequena parte do que ele tem. Então você realmente acha que será o suficiente para derrotá-lo? Vamos só dizer que conseguiríamos fazer isso pelo bem do argumento.
O sorriso de Anu ficou ainda maior quando ele perguntou: — O que isso vai mudar? Caos continuará a existir. Na verdade, com a morte de deus, Caos surgirá e causará o fim do mundo. Continuaremos fracos e inúteis. A Torre se tornará uma estrutura sem sentido. Diga-me se estou errado?
Era uma pergunta legítima. Todos se viraram para Cronos em busca de uma resposta.
O sorriso no rosto de Cronos se aprofundou.
