Capítulo 186
Três Meses (2)
— El, certifique-se de que ninguém se aproxime de mim — ordenou Gi-Gyu com firmeza.
El respondeu: — Claro, Mestre.
Sua aparição repentina e voz clara e bonita confundiram os jogadores inimigos. Eles recuaram hesitantes e murmuraram entre si.
— M-mas que diabos? — um jogador engasgou em choque.
— Isso não faz o menor sentido! Ele não parece nem um pouco ferido! Como isso é possível? Nossa armadilha poderia ter matado o guardião do 60º andar. Como poderia falhar contra um alto ranker?! — outro jogador gritou.
Gi-Gyu parecia muito relaxado e ileso. Infelizmente, os jogadores inimigos não conseguiram terminar seus comentários, pois o som de uma melancia estourando encheu toda a área.
Crack!
O barulho horrível era de Gi-Gyu quebrando o crânio de um jogador, rapidamente seguido por um nítido barulho cortante feito por uma arma com aparência sobrenatural. O som que fazia era tão bonito e claro que era quase hipnótico.
— Ughhhh — gemeu um crânio desfigurado com a boca cheia de sangue. A cabeça decepada do homem que estava incrédulo um momento atrás caiu no chão. Uma fonte de sangue irrompeu do pescoço decepado do homem.
Fwoosh!
O sangue vermelho brilhante parecia horrendo contra a fumaça cinza de seus ataques.
Alguém gaguejou: — M-matem-no! Ataquem!
O mundo desabou.
***
Gi-Gyu teve que admitir que seus inimigos eram fortes. Não eram apenas suas forças e habilidades físicas; ele poderia dizer o quanto se prepararam para matá-lo. E dizer que a armadilha deles poderia ter matado o guardião do 60º andar não seria exagero. Honestamente, qualquer outro jogador alto ranker estaria acabado.
— Restrição — Gi-Gyu sussurrou, socando o chão e invocando Oberon. Ele estava usando sua manopla de metal preto depois de um longo tempo, então observou enquanto vinhas cheias de espinhos irrompiam do chão e serpenteavam em direção a seus oponentes. Antes que os jogadores pudessem reagir, os espinhos começaram a contê-los.
— Dissipar! — um jogador gritou para ativar sua habilidade.
— Cancelar! — outro fez o mesmo. Mas esses jogadores da categoria mágica eram indefesos contra o ataque de Gi-Gyu. As habilidades que eles usaram deveriam desativar ataques mágicos, mas…
— Ele nem estava usando nenhuma magia? Que diabos?!
O espinho de Oberon havia contido com sucesso muitos dos jogadores.
— Corte de força! — Alguns jogadores espadachins conseguiram cortar a videira e se libertar. Mas a batalha não acabou para eles quando Gi-Gyu convocou seu lobo: — Bi.
— Grrr! — Um rosnado ameaçador soou no prédio cheio de fumaça cinza.
— Deixe alguns dos mais fortes e mate o resto. Pode comê-los se quiser, Bi — ordenou Gi-Gyu.
— Grrrr!
Ouvindo o uivo do lobo, os jogadores gritaram de medo: — Isso soa como um lobo! Deve ser um dos seres invocados de Kim Gi-Gyu!
Clank!
De repente, sons pesados de armas caindo soaram no ar.
— Dissipar! Dissipem a besta convocada! Rápido! — um jogador gritou em pânico.
— Não está funcionando! — outro gritou sua resposta.
— Que diabos?!
Os atacantes de Gi-Gyu tentaram dissipar Bi, mas foi inútil. Na verdade, eles só conseguiram irritar o lobo.
Chiado.
Enfurecido, Bi usou o Fogo Elemental para se cobrir de chamas.
Enquanto isso, Hermes brilhava enquanto Gi-Gyu sussurrava: — Acelerar. Corrida.
— Peguem ele! — os atacantes gritaram. Agora, nenhum dos jogadores inimigos já se importava com sua estratégia original. A batalha frenética garantiu que eles não conseguissem descobrir quantos estavam mortos e quanto dano haviam causado a Gi-Gyu.
Tudo o que eles sabiam era…
— Precisamos matá-lo para sobreviver! — os jogadores gritaram. Afinal, era assim que o mundo dos jogadores funcionava.
Matar ou morrer.
Se um jogador atacasse outro jogador, apenas um poderia sair vivo.
‘Se não o matarmos, ele matará todos nós.’ O homem que havia atraído Gi-Gyu antes tremia de medo. Ele tentou esconder sua ansiedade, mas era impossível. Ele lentamente percebeu que era apenas uma questão de tempo até que Kim Gi-Gyu o destruísse. O homem cerrou os punhos e pensou com determinação renovada: ‘Tenho que sobreviver a isso.’
Ele queria viver – não, ele tinha que viver.
— Ackkk! — Infelizmente, os gritos de seus companheiros não paravam. Ele estava suando tanto que escorria por seus punhos cerrados como um riacho.
Corta!
De repente, ele gritou: — Ackkkkk!
Ele não percebeu o que tinha acontecido até que fosse tarde demais. Ele era um ranker bastante poderoso, mas agora tinha um pulso amputado e, finalmente, sentiu dor quando viu o sangue jorrando de seu braço decepado.
— Haa… haa… — Ele tentou desacelerar sua respiração para controlar a dor. Ele não tinha ideia de quem ou o que havia cortado seu pulso. Foi Kim Gi-Gyu? Honestamente, ele teria preferido se fosse um de seus companheiros de equipe que o confundiu com Kim Gi-Gyu. Dessa forma, isso significaria que Kim Gi-Gyu ainda não o havia encontrado.
Um dos jogadores apavorados gritou: — E-eu quero ir embora agora! Preciso sair daqui!
Um a um, os jogadores começaram a procurar a saída.
— Não quebrem a formação de batalha! Esta formação é a única coisa que nos mantém vivos! — o líder do grupo ordenou em desespero, mas foi inútil. O medo desenfreado fez o jogador esquecer todo o sentido e lógica.
— Droga! Todos vocês deveriam ser os melhores dos melhores! — o líder gritou, mas era tarde demais. Quando muitos jogadores estavam prestes a chegar à porta, um terrível rugido de lobo soou dentro do prédio.
Crunch!
Ninguém estava autorizado a sair.
Um dos jogadores machucados caídos no chão sussurrou: — Eu sabia que era uma ideia maluca desde o início… Eu sabia. Kekeke…
Outro comentou: — Como um novo alto ranker pode ser tão poderoso? Quem saberia? Não tem como ele ter se tornado um alto ranker recentemente. Ele é poderoso o suficiente para ser…
Os jogadores inimigos estavam perdendo a vontade de lutar. Todos eram lutadores fortes, jogadores que escalaram a Torre além do 51º andar e pessoas que passaram por dificuldades inimagináveis para se tornar o que eram. Todos eles pensaram que poderiam enfrentar e derrotar qualquer inimigo, mas seu mundo estava desmoronando agora.
E tudo por causa de um jogador.
— Eu vou mostra-los como… — Gi-Gyu anunciou: — Se parece o medo absoluto!
Thud.
Outra cabeça caiu no chão. Com a voz cheia de desespero, o líder do grupo ordenou: — Vão morrer assim? Use a coisa que ‘ele’ deu a vocês!
— Mas… aquilo é…! — Um jogador próximo parecia hesitante.
— Precisamos usar tudo o que temos agora, seus idiotas! Nesse ritmo, todos morreremos sem sequer poder arranhá-lo! Se levantem! — o líder gritou.
Mas ele logo grunhiu: — Ugh! — Gi-Gyu não o atacou; em vez disso, havia uma seringa fina cheia de um líquido desconhecido preso em seu pulso. De repente, a seringa de vidro quebrou e uma nuvem de fumaça preta saiu do corpo do líder.
— Isso é… — Gi-Gyu sussurrou surpreso. A fumaça negra era feita de energia feiticeira.
***
— Grrrr… — Os jogadores, que eram humanos apenas um momento atrás, tornaram-se bestas. Eles não podiam mais falar e pareciam estar se movendo apenas com instintos animalescos. Gi-Gyu suspeitou que eles não podiam nem sentir dor.
— Isso está se tornando tão complicado — Gi-Gyu murmurou quando decidiu que era hora de acabar com esse absurdo.
“Pervertido.”
Lou sorriu, e Gi-Gyu não negou a acusação. Ele tinha que admitir que Lou estava certo porque ele estava realmente aliviando seu estresse massacrando seus inimigos.
Enquanto Gi-Gyu se movia, Lou acrescentou:
“Acho que agora sei mais sobre as mudanças pelas quais você passou.”
Gi-Gyu não tinha certeza se os outros jogadores haviam notado que ele não estava usando nenhuma arma. Ele os estava destroçando com as próprias mãos.
“Esses humanos agora parecem inferiores a você? Como meros insetos? Ou abraçou o mal que está adormecido dentro de você? Ou…”
A voz de Lou tornou-se brincalhona quando ele perguntou:
“Ou você simplesmente não se importa mais?”
— Cale a boca — Gi-Gyu respondeu, não negando a avaliação de Lou. Ele não sentiu nada enquanto matava esses humanos e ouvia seus gritos.
Depois de aprender os segredos da Torre, deus e Caos… Era verdade que Gi-Gyu agora via os humanos como criaturas inferiores?
Talvez ele os visse como partículas de poeira, formigas e meros brinquedos para brincar. Afinal, os humanos não eram nada mais do que seres inferiores que viviam e morriam para agradar aos seres superiores?
‘Não, isso não é verdade’, Gi-Gyu disse a si mesmo. Ele era humano, não era? Gi-Gyu fez o possível para se lembrar desse fato.
‘E Júpiter…’ Gi-Gyu lembrou-se de seu outro eu que estava adormecido dentro dele. Ele ainda não sabia porque Júpiter existia e vivia dentro dele. Na verdade, Gi-Gyu não conseguia nem descobrir quem ele era.
Mas ele sabia de uma coisa.
‘Ele é mau.’ Gi-Gyu podia sentir que Júpiter era puro mal. Júpiter só seguia seus instintos; de certa forma, ele não era diferente dos inimigos que atacavam Gi-Gyu agora.
‘Então talvez seja verdade que eu não me importo mais.’ Gi-Gyu decidiu que Lou estava certo. Seu nível de estresse estava nas alturas depois de descobrir tantos segredos gigantes. Então, depois de três meses, este homem veio até Gi-Gyu para atraí-lo para uma armadilha. Esses jogadores estavam aqui para caçá-lo, então…
— É perfeitamente normal eu matá-los. — Os olhos de Gi-Gyu brilharam ainda mais enquanto ele se movia mais rápido. Graças à sua recompensa após o teste, seus Egos se tornaram incrivelmente fortes. Gi-Gyu podia sentir a força deles em seus ossos. Ele sabia que poderia ter aniquilado esse grupo em minutos se tivesse usado Lou e El. Mas ele optou por não fazer isso porque precisava aliviar sua raiva.
— Mas e essa energia feiticeira? — Gi-Gyu voltou seu foco para a batalha e estudou seus oponentes. A energia mágica da seringa quebrada transformou todos os jogadores em bestas.
‘Hmm…’ Gi-Gyu balançou a cabeça enquanto decidia: — Vamos terminar isso primeiro e descobrir isso depois.
Ele estava farto dessa luta sem sentido.
Crack!
Os sons de ossos quebrando continuaram. Seus inimigos sem dúvida se tornaram mais fortes, mas agora que Gi-Gyu havia pensado nisso, ele era muito mais forte do que seu estado aprimorado. Esses jogadores não tiveram nenhuma chance desde o início.
— Neste momento, acho que provavelmente sou tão poderoso quanto Soo-Jung. Talvez até mais forte — Gi-Gyu sussurrou. Graças a esse ataque surpresa, ele pôde ver e sentir o quão forte havia se tornado após o teste.
Finalmente, a fumaça baixou. E foi em parte por causa dos vendavais que Gi-Gyu criou com sua velocidade. Os grunhidos bestiais pararam porque apenas um de seus inimigos coberto de energia feiticeira estava vivo.
— P-por favor, não me mate. — O único sobrevivente foi o jogador que não fez nada enquanto os outros estavam ficando chapados de energia feiticeira. Foi ele também quem atraiu Gi-Gyu para este lugar.
Aquele que fingiu ser o mensageiro de Oh Tae-Shik.
— Agora, vamos conversar? — Com um sorriso forçado, Gi-Gyu caminhou em direção ao homem.
— Grrr. — Bi também mostrou os dentes e se aproximou.
— Hehehe… — O homem de repente começou a babar e rir como se tivesse enlouquecido.
Gi-Gyu declarou: — Não adianta fingir que é louco.
Gi-Gyu se agachou ao lado do homem trêmulo, trazendo seus olhos ao mesmo nível.
— Porque vou continuar te machucando até que você recupere sua sanidade — Gi-Gyu explicou e ergueu as mãos para agarrar o pescoço do homem.
Mas antes que pudesse, a voz pura de El o deteve.
— Mestre!