Capítulo 308
A Cidade da Morte (5)
— Isso foi tão difícil. — Gi Gyu gemeu. A entrevista era algo que ele precisava fazer para poder se movimentar livremente novamente. Também o ajudou a manter o que havia construído até agora. Mas aquela atividade consumiu seu dia inteiro.
— Obrigado pelo seu trabalho duro — disse Alberto a Gi Gyu.
Mais uma vez, Gi Gyu estava nas manchetes.
– Por que Morningstar reapareceu na Itália quando supostamente deveria estar se recuperando de lesões?
Após a última visita de Gi Gyu à Itália, Alberto e Sung-Hoon divulgaram um comunicado oficial; dizia que Morningstar estava se recuperando dos ferimentos sofridos durante a batalha dos monstros. Consequentemente, quando Gi Gyu retornou à Itália, ele teve que explicar publicamente por que estava de volta e o que sabia sobre o monstro.
— Foi tão difícil agir como se estivesse ferido e com dor quando me sentia perfeitamente bem — resmungou Gi Gyu. Como ele deveria estar se recuperando, ele teve que criar um disfarce. Um que mesmo jogadores com olhos aguçados não conseguiam ver.
‘Não acredito que ele ficou doente para isso.’ Alberto ficou pasmo.
Embora temporariamente, Gi Gyu ficou fisicamente doente antes de fazer sua declaração pública. Quando ele apareceu na TV, ele parecia pálido como um fantasma. Ninguém poderia duvidar que ele estava gravemente ferido e em recuperação.
– A besta negra! Chega à Itália!
– O governo italiano pede à Morningstar que destrua a corrupção dentro do país!
– A tragédia do Coliseu! A guilda Caravan estava por trás disso?
– Morningstar se sacrifica para salvar os cidadãos italianos!
Os meios de comunicação usaram a explicação de Gi Gyu como manchete. O fato de o público acreditar que foi o governo italiano, e não a associação italiana, que solicitou a presença da Morningstar era especialmente benéfico.
— O governo italiano está numa posição embaraçosa agora. — Alberto sorriu. — A popularidade deles disparou. Os cidadãos da Itália estão aplaudindo o governo por fazer a coisa certa.
O governo italiano estava agora preso entre o Vaticano e o seu povo. No final das contas, decidiu ajudar Gi Gyu.
Gi Gyu perguntou a Alberto e Go Hyung-Chul: — Qual você acha que é o objetivo final do Vaticano?
Gi Gyu agora estava livre para percorrer a cidade, mas eles ainda precisavam descobrir o que o Vaticano estava planejando.
Gi Gyu continuou: — O que estavam tentando realizar ao libertar um monstro como aquele?
— Talvez… — Go Hyung-Chul respondeu. — Eles estão tentando se tornar heróis. Considerando como têm se comportado e quão sorrateiros são, esta é a melhor resposta que posso dar.
— Heróis?
— Primeiro, crie uma enorme confusão na Itália. — Go Hyung-Chul sorriu. — Depois, resolva o problema. Em dois passos simples, podem se tornar heróis não só na Itália, mas também em todo o continente europeu.
— Então você acha que eles vão se tornar ativos a partir de agora? — perguntou Gi Gyu.
Em vez de responder, Go Hyung-Chul assentiu.
— Ele provavelmente está certo. — Alberto concordou. — Saber o que sei sobre eles e o comportamento deles até agora…
Alberto ficou quieto. De todos eles aqui, Alberto era quem estava mais irritado com o Vaticano. A Itália era o seu país, e mesmo que não se contasse o recente incidente no Coliseu, o Vaticano ainda seria responsável pela morte de numerosos italianos. Go Hung-Chul e Gi Gyu agiram rapidamente durante o incidente do Coliseu, mas muitas pessoas ainda morreram. As vítimas incluíram não-jogadores, jogadores e até membros de associações.
‘Especialmente os jogadores que apoiavam Alberto’, pensou Gi Gyu com tristeza. Aqueles que morreram naquele dia não eram pessoas corruptas com ambições e desejos ilimitados. Eram jogadores corajosos que tentaram fazer o que era certo pela Itália e pelo seu povo.
— De uma coisa sabemos com certeza — afirmou Go Hyung-Chul. — Aquele monstro do Coliseu… acho que há mais por aí.
De fato, havia mais criminosos por aí que haviam sido drogados com uma substância desconhecida. Eles estavam atacando jogadores e seu número não diminuiu – na verdade, aumentou. Além disso, eles permaneceram no subsolo, então encontrá-los não seria fácil.
— Precisamos detê-los — anunciou Alberto. — Se o que aconteceu no Coliseu se repetir, Roma e a Itália se tornarão sinônimos de morte.
Gi Gyu e Go Hyung-Chul assentiram.
Depois de pensar por um momento, Gi Gyu perguntou a Go Hyung-Chul: — Que tal ‘eles’?
Gi Gyu estava determinado a fazer o que fosse necessário.
Go Hyung-Chul sorriu para Gi Gyu e respondeu: — Na verdade, eles estão esperando sua chegada há muito tempo.
Os olhos de Go Hyung-Chul e Gi Gyu se encontraram, enquanto os olhos de Alberto brilharam. Os três saíram da sala rapidamente.
***
— Hng! — Um homem recuou com medo, mas suas costas bateram na parede – não, era um torso.
— Para onde pensa que está indo? — perguntou o homem com o torso parecido com uma parede. — Você precisa cumprir sua promessa.
Outro homem diante dele acrescentou: — Seu prazo expirou.
‘Estou cercado!’ o homem pensou em pânico.
— T-Tudo bem… quero dizer… Sim, senhor! — gritou o homem. Ele estava com medo, mas rapidamente percebeu que não poderia escapar. Eles estavam em um beco escuro e ninguém conseguia ouvi-lo.
O homem na frente murmurou: — Poxa, nós salvamos você, mas você ainda está reclamando.
O outro homem tremia de medo, remexendo no bolso em busca de alguma coisa. — Eu mal consegui fazer isso! Então pegue e, por favor, me deixem em paz…!
O homem implorou para ser libertado, mas quando viu o item em sua mão desaparecer em um piscar de olhos, ficou quieto. Ele era um não-jogador, e esses homens não eram pessoas de quem ele pudesse escapar. Eles poderiam matá-lo facilmente e deixar seu cadáver no meio deste beco escuro se quisessem.
‘Não quero acabar como meus amigos!’ Eles simplesmente se foram para sempre.
O homem implorou: — V-vocês vão me deixar ir, certo?
— Claro.
No entanto, o homem não conseguia se mover porque o asiático de olhos negros o segurava pelo pescoço.
— Ugh… V-você disse que me deixaria viver…
— E vou.
O asiático afrouxou lentamente o aperto em volta do pescoço.
— Hm…? — O homem de repente percebeu que estava cheio de energia.
— Você deve viver uma vida ética de agora em diante.
— M-mas que…? — Quando o homem finalmente conseguiu pensar com clareza, ele se viu sozinho no beco, envolvido por nada além do vento frio e do silêncio.
‘Eu estava sonhando…?’ ele pensou, mas sabia que não poderia ser isso.
— Ackkk! — De repente, ele começou a gritar e saiu correndo do beco.
Um momento depois, quando o homem desapareceu, a figura que o deixou ir murmurou para si mesmo: — Posso ter deixado você viver, mas… não sei se você realmente vai sobreviver.
Gi Gyu saiu da escuridão e revelou seu rosto.
— Vocês são tão frios. — Alberto apareceu de perto.
— Eu não diria que somos frios. Ele deveria morrer, mas nós o deixamos viver. — Go Hyung-Chul também apareceu da escuridão.
O homem que havia escapado agora era o único membro sobrevivente do grupo de bandidos que havia procurado briga com Go Hyung-Chul. Gi Gyu usou a sincronização para ler as memórias do homem e salvá-lo.
‘Não acredito que ele foi envenenado com uma toxina que não consegui remover’, pensou Gi Gyu preocupado. Ele poderia ter tentado removê-la, mas sabia que isso o colocaria em risco.
‘E este homem não valia a pena correr esse risco.’ Gi Gyu se esforçou para não vomitar. As memórias que ele leu, lhe disseram que este homem havia feito coisas terríveis. Gi Gyu não considerava o bandido um humano porque ele já era corrupto antes mesmo de usar a droga.
Antes que o bandido fosse embora, Gi Gyu lhe mostrou o que ele havia feito de errado.
Go Hyung-Chul murmurou: — Mas acho que ele acredita que foi curado.
Gi Gyu sorriu amargamente. Ele suprimiu a toxina dentro do homem, mas não a removeu. Isso foi o melhor que Gi Gyu pôde fazer para conseguir o que queria. Com base na avaliação de Gi Gyu, o bandido não duraria um dia e logo se juntaria aos outros amigos bandidos, o que era exatamente o que ele merecia.
Alberto parecia querer mudar de assunto. Apontando para a garrafa que Gi Gyu estava segurando, ele perguntou: — Então é isso?
Era a garrafa que o homem havia deixado para trás. Estava cheio de drogas vendidas secretamente nos becos de Roma e no resto da Europa.
Gi Gyu respondeu: — Sim, chama-se Lágrimas de Deus, hein?
A droga tinha um nome extravagante.
— Go Hyung-Chul — Gi Gyu o chamou, segurando a garrafa.
— Não se preocupe. — Go Hyung-Chul sorriu. — Já descobri quem é e como contatá-lo.
Gi Gyu leu as memórias do homem, mas não conseguiu descobrir isso. Provavelmente porque aquele que ele procurava não era um não-jogador. Gi Gyu suspeitou que o culpado apagou a memória relevante do homem ou colocou uma barreira ao redor deles. Esta foi uma das razões pelas quais Gi Gyu optou por não remover a toxina do homem. Se o culpado fosse tão poderoso quanto Gi Gyu pensava, ele saberia que algo estava errado se o bandido voltasse vivo, sem ser afetado pela toxina.
A maneira mais simples era seguir o homem. Para conseguir mais drogas, ele iria até o culpado e os levaria até ele no processo.
‘Mas não temos ideia de quão poderoso é esse culpado, então podemos acabar em uma situação perigosa’, pensou Gi Gyu. Se ele acabasse enfrentando um oponente que não pudesse conter rapidamente, eles poderiam ter baixas desnecessárias do seu lado.
‘Então este seria o caminho mais seguro.’
As coisas poderiam ter ficado ainda mais complicadas se Gi Gyu tivesse colocado uma habilidade de detecção secreta no bandido.
Só então, Go Hyung-Chul olhou para longe e anunciou: — Ele está morto. Vou cuidar do corpo dele.
Parecia que o bandido não durou nem um dia. Ele morreu nem uma hora depois de ter sido solto.
— Agora… — Gi Gyu precisava fazer seu trabalho.
Alberto perguntou: — Vocês vão agora?
Tanto Go Hyung-Chul quanto Gi Gyu assentiram ao mesmo tempo.
***
Gi Gyu não teve muito tempo para vagar livremente pela cidade. Por ter feito uma aparição oficial, muitos ficaram curiosos sobre ele.
Gi Gyu olhou pela janela e murmurou: — As ruas ainda estão cheias de gente.
Gi Gyu ficou no mesmo quarto de hotel em que ficou durante sua última visita. Do lado de fora do hotel, uma grande multidão se reuniu. Não eram apenas repórteres italianos, mas pessoas de todo o mundo. Todos estavam esperando na esperança de ver Gi Gyu.
— Acho que sou muito popular — Gi Gyu murmurou com orgulho. Na verdade, ele era incrivelmente popular. Ele ajudou a Coreia, a China e agora a Itália. Alguns o consideravam uma criança com muito poder, enquanto outros o consideravam um vilão que ajudou no golpe chinês.
Mas ninguém podia negar que Gi Gyu era um herói que salvou muitas pessoas.
Só então, a porta do quarto de hotel de Gi Gyu se abriu com um rangido alto. Os repórteres não foram autorizados a entrar no hotel e todo o andar onde ficava o quarto de Gi Gyu ficou vazio.
El havia entrado em seu quarto.
— El — Gi Gyu cumprimentou agradavelmente, mas El olhou para ele com frieza.
Ela respondeu: — Não chame meu nome com o rosto do meu mestre.
— Ah… claro… eu… pensei que talvez alguém pudesse estar nos observando.
— Eu já coloquei a barreira necessária, então pode desativar sua habilidade e descansar — El ordenou friamente.
— Tudo bem. — Rohan desativou sua habilidade única, Halloween. Agora parecendo ele mesmo, ele voltou para seu quarto.
— Mestre… — El suspirou profundamente enquanto olhava pela janela. Ela se perguntou quando Gi Gyu voltaria.
Só então, uma dor aguda atingiu seu peito.
‘Eu sabia…’ El olhou para a nuvem cinzenta e suspirou profundamente.