Capítulo 316
O Preço da Corrupção (4)
— Acho que deve ser… — Gi Gyu olhou em volta. — O Vaticano.
O espaço estava tão silencioso e vazio que ele só conseguia ouvir sua própria voz. E o lugar estava surpreendentemente desprovido de energia divina, preenchido apenas com branco e luz.
— Na verdade, parece mais um hospital psiquiátrico.
O lugar lhe lembrava uma enfermaria psiquiátrica, como se um paciente obsessivo tivesse descartado tudo que fosse preto. Isso encheu Gi Gyu de uma sensação desagradável.
— Mestre. — Os olhos de El se arregalaram enquanto ela olhava ao redor. Quando Gi Gyu se virou para ela, viu que El estava prestes a chorar.
— Este lugar é… — El sussurrou.
Muitos raios de luz brilharam sobre Roma. Há pouco, Gi Gyu escolheu aquele com a energia mais potente e, após matar o anjo que desceu, pulou na fonte de luz.
O feixe de luz era uma espécie de porta e, como Gi Gyu suspeitava, levava ao Vaticano, um lugar cuja localização poucos conheciam.
— El…
— Isso se parece com o lugar onde eu morava. — El, com tristeza no rosto, enxugou as lágrimas e murmurou: — Isso é incrível.
Ela olhou em volta lentamente e continuou: — Muitas coisas aqui me lembram da minha casa, e até a energia aqui parece a mesma. Mas…
Seu rosto se contraiu com raiva quando ela acrescentou: — Está distorcido com mentiras… É como uma ilusão.
Quando El acenou com a mão, o espaço se distorceu para revelar um cenário diferente. Foi apenas por um segundo, mas Gi Gyu viu uma cor escura e feia antes de desaparecer. O espaço ficou branco novamente como se tivesse se regenerado.
— Truques… — El ficou sentimental e Gi Gyu pôde sentir sua intensa tristeza. No entanto, ela rapidamente recuperou o controle de suas emoções e anunciou: — Acho que estão vindo nos cumprimentar.
Gi Gyu se virou e murmurou: — Parece que o dono da casa está vindo.
Ele estava sentindo sensações estranhamente desagradáveis neste lugar silencioso.
O espaço a uma distância deles se deformou e se abriu. De lá saíram vários anjos com as asas bem abertas. Eles também eram anjos, mas El não parecia considerá-los seus. O ressentimento ardente em seus olhos deixou isso claro.
Os anjos se aproximaram deles a uma velocidade alarmante e El abriu as asas. Ela tinha dezenas deles e suas asas pareciam mais magníficas que as deles. Além disso, ela tinha uma coroa de ouro na cabeça.
Gi Gyu avisou: — Teremos que nos apressar. Se estão aqui para nos atacar, significa que todos os envolvidos sabem que nos infiltramos no Vaticano.
Michael estava em perigo, então eles precisavam destruir seus inimigos rapidamente.
‘Acho que é aquele lugar.’ Gi Gyu viu um grande castelo que se erguia entre a brancura do lugar. Parecia muito perceptível e ele teve certeza de que Michael estava lá.
Badum.
O coração de Gi Gyu começou a bater descontroladamente.
– Rápido… Por favor…
Ele agora podia ouvir claramente a voz de Michael. Michael parecia estar morrendo e sua energia realmente vinha do castelo gigante.
— El, devemos nos apressar… — Gi Gyu se virou para El, mas antes que pudesse terminar a frase, El desapareceu.
Boom.
El rasgou o ar com um som alto e explosivo para voar em direção aos anjos.
— Ack! — os anjos que se aproximavam deles gritaram.
— Acho que sou eu quem preciso me apressar. — Gi Gyu ativou a Super Corrida.
Ele sorriu amargamente, mas ninguém percebeu, pois a rainha deste lugar finalmente havia retornado.
‘El, a Rainha…’ Gi Gyu correu para alcançá-la. No caminho, ele pegou um dos anjos que havia se esquivado de El. Ele agarrou o pescoço do anjo e o torceu.
Crack.
Um som feio soou e o anjo parou de bater as asas.
— Vou limpar o lixo do meu jeito — murmurou Gi Gyu, decidindo que esses anjos não mereciam uma segunda chance.
***
— Hmm. — O homem parecia pensativo enquanto acenava com a mão. Os dois chifres em sua cabeça eram um sinal revelador de sua identidade.
Era Lou.
Lou acenou com o braço ao acaso para lançar uma espada como se estivesse jogando um brinquedo.
— Kwerrk! — A espada voou em direção a um monstro, perfurou sua cabeça e depois mergulhou no pé de um homem. O homem gritou de dor e tentou puxar a espada, mas a espada negra, assim como Excalibur, se recusou a se mover.
De repente, alguém sussurrou no ouvido do homem atrás dele.
— O que devo fazer…? — Lou sussurrou.
— Ackk! — o homem gritou com um estremecimento.
— Hmm… — Lou pensou novamente. O homem desembainhou apressadamente a espada enquanto tentava balançar a pena na outra mão. Porém, antes que a pena cor de vinho pudesse fazer alguma coisa, Lou a arrancou da mão do homem e a destruiu, a transformando em pó.
Fssssh.
O homem estava controlando o monstro de um canto escuro. Ele era humano, mas estava ajudando os anjos a matar sua espécie.
— Devo te matar? — Lou se perguntou em voz alta.
— Hngggg!
— Você é muito barulhento. — Os gritos incessantes do homem irritaram Lou, então ele bateu na nuca do homem. O homem desmaiou. Lou deve ter controlado a sua força porque o homem não morreu.
— Haa… — Lou suspirou. Enquanto ele observava o homem, vários esqueletos se aproximaram dele.
Chacoalha.
Os esqueletos habilmente colocaram o homem inconsciente em cima de um grifo e se curvaram para Lou antes de partir. Parecia que eles já haviam feito isso muitas vezes antes.
— Droga — Lou praguejou frustrado, se perguntando por que ele tinha que perder seu tempo assim. O homem que ele acabara de encontrar não foi o primeiro que viu controlando os monstros das sombras. Ele encontrou muitos jogadores como ele. Teria sido mais fácil matá-los, mas Gi Gyu ordenou que suas criaturas os enviassem vivos para o Coliseu.
Foi por isso que Lou tinha que fazer essa tarefa servil.
— Haa… Apenas matar todos eles tornaria isso tão fácil. — Como Lou não podia matar os humanos, ele não podia usar nenhuma de suas grandes habilidades; consequentemente, ele passou muito tempo matando os monstros. Claro, ele ainda era mais rápido do que qualquer um em destruir os monstros, mas ainda assim não conseguia evitar de se sentir irritado.
Gi Gyu havia explicado a Lou anteriormente por que esses homens precisavam ser mantidos vivos.
— Eles são… ex-membros de uma organização chamada Argus. Tenho certeza que eles serão úteis algum dia. E…
Alberto pediu a Gi Gyu que não os matasse. Ele prometeu que se Gi Gyu permitisse que eles vivessem, seria leal a ele pelo resto de sua vida. Sem sincronização, não havia garantia de que ele cumpriria sua promessa, mas Gi Gyu concordou e encarregou Lou com essa missão chata.
— Oh! — Lou de repente pareceu feliz. — Vou matar um pombo agora.
Ele olhou ansiosamente para um feixe de luz que apareceu nas proximidades. Ele podia sentir um anjo descendo dele. Embora não pudesse matar humanos, ele tinha permissão para fazer isso com anjos. Matar esses anjos era especialmente útil porque eram mais fortes. Suas energias ajudaram Lou a aumentar sua força, que resultava da Morte. Lou agora tinha o poder de converter a energia divina dos anjos, originada da Vida, em Morte.
Lou chutou o chão e foi em direção à luz.
— …! — Um olhar confuso apareceu no rosto do anjo que descia.
Lou balançou casualmente a espada para matar o anjo, mas ficou surpreso com o que veio a seguir.
Clang.
— Hã? — Lou engasgou. Nenhum dos anjos até agora conseguiu bloquear seu ataque. O som e a sensação que alcançou sua mão sugeriam que ele não havia conseguido matar o anjo. Os olhos de Lou se arregalaram e ele olhou para o anjo.
— Acho que você é um Querubim? — Lou se perguntou. Em sua vida anterior, ele experimentou inúmeras guerras contra os anjos no inferno. Lou tinha visto muitos anjos de alto escalão e sabia o quão poderosos eles poderiam ser. Dezenas de milhões de demônios morreram nas mãos deles.
Os exércitos de anjos eram famosos por sua capacidade destrutiva. E os Querubins, um grupo com um número limitado de anjos, os lideraram. Enquanto o inferno tinha Assentos do Poder, os anjos tinham Querubins.
Lou recuou quando a energia divina do feixe de luz começou a se concentrar nele. A energia divina era útil para ele, mas muito dela poderia ser venenosa.
Crack.
Enquanto isso, o anjo começou a mudar. Ele torceu e virou; em pouco tempo, ele se transformou em uma fera gigante com vários chifres.
— Kwerrrrk! — O Querubim olhou para Lou.
Lou sorriu e perguntou: — Você sentiu o cheiro do sangue dos seus amigos em mim?
Aparentemente, o cheiro do sangue de seus companheiros anjos agitou o Querubim transformado. Um Querubim após a transformação não era diferente de uma fera estúpida, mas uma fera incrivelmente poderosa, claro.
Lou balançou a cabeça, irritado.
Com um relincho parecido com um cavalo, o Querubim galopou em direção a Lou. Chegou rapidamente a Lou e bateu nele, mas Lou não se mexeu. Em vez disso, ele agarrou os chifres do Querubim e murmurou: — Você não tem ideia de quem eu sou, não é?
Com um sorriso malicioso, Lou continuou: — Você pode ser um pouco mais forte que os outros pombos, mas eu costumava me especializar em matar criaturas como você na minha vida passada. Não sabe que eu era o rei do inferno?!
Lou ergueu o Querubim pelos chifres e o jogou no chão. Preso no chão, o Querubim grunhiu alto.
Lou recuou com um olhar irritado. — Você continua me surpreendendo, hein?
A fera estava ficando negra.
***
— Hahahaha! — Uma risada enlouquecida encheu o Coliseu. Hamiel gritou: — Eles eram meus amigos e família!
Hamiel encurralou o monstruoso Querubim Castro e riu. Mas embora ele estivesse rindo, seus olhos permaneceram sérios. A dor de perder os dois anjos diminuiu um pouco com a satisfação de lutar contra Castro, mas ele nunca poderia esquecer que eles se foram para sempre.
Kaboom!
Hamiel jogou o Querubim no chão. Mas apesar de claramente vencer esta batalha, Hamiel não parecia feliz.
— Porra! — ele xingou. Embora Castro fosse seu inimigo, isso não mudava o fato de que ele ainda era um anjo como ele. Eles escolheram caminhos opostos e mestres diferentes, mas ainda pertenciam à mesma espécie.
Castro havia matado sua espécie e Hamiel estava prestes a fazer o mesmo.
— Mas eu já caí… — Hamiel não se arrependeu de sua decisão. O Querubim gravemente ferido olhou para cima, mas Hamiel caiu no chão e deu um soco no rosto do monstro. Com o rosto torcido para o lado, Castro gemeu alto.
— Vamos acabar com isso — anunciou Hamiel, a energia escura flutuando de seu chifre quebrado. Essa energia alcançou suas mãos para formar uma espada mais afiada e venenosa que qualquer outra.
— Morra, apóstolo espectral — sussurrou Hamiel enquanto enfiava a espada em Castro. Ele pensou que finalmente havia acabado, mas foi surpreendido por um ataque abrupto de energia.
— Ugh! — A dor fez Hamiel grunhir. Castro, que estava às portas da morte, estava olhando para ele agora. A boca de Castro se abriu lentamente. Até agora, apenas gritos bestiais saíram disso, mas pela primeira vez, uma voz baixa e sombria falou. — Você acha que foi o único que ganhou esse poder?
Castro começou a ficar preto enquanto continuava: — Você não é o único que caiu.
Uma energia muito mais poderosa do que antes dançava em torno de Castro. Ele declarou: — Não existem mais anjos inocentes.
Castro se levantou de repente e avançou em direção a Hamiel.
Acontece que Hamiel não foi o único que obteve o poder da corrupção. Castro também pagou o preço de se tornar um anjo caído.